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Turismo mórbido


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[t1]Rota do medo[/t1]

[t3]Em meio a lendas e histórias, roteiro leva turistas a pontos "mal-assombrados" de São Paulo[/t3]

Por Diego Dacax

 

“Tem louco para tudo!”. Essa é uma das expressões que podem ser pronunciadas por alguém que descobre que em São Paulo há um passeio turístico que passa pelo viaduto de onde as pessoas se atiravam nas horas de desespero, pelo prédio que foi palco de uma das maiores tragédias da cidade, pela casa que abrigou uma louca durante décadas e vários outros pontos carregados de histórias e "energias negativas". Pois é, esse passeio existe e se chama Circuito São Paulo Além dos Túmulos.

 

Organizado pela Graffit Viagens e Projetos Turísticos, o tour temático passa por locais que, por seus dramas e importância histórica, foram incluídos no roteiro que é realizado mensalmente. De acordo com Carlos Silvério, diretor da empresa, a ideia, que foi colocada em prática em 2000, surgiu a partir de sua experiência de ter vivido em uma casa mal-assombrada durante a infância.

 

No início, o passeio era mais procurado por góticos, mas com o passar do tempo a coisa foi mudando. Atualmente, o público principal é formado por jovens de 20 a 35 anos, mas pode variar bastante. Para se ter uma ideia, o Guia da Semana fez o trajeto junto com uma turma de estudantes do ensino médio. O ônibus sai decorado, a guia Ângela Arena e a monitora Sandra Andrade se vestem a rigor. Durante o trajeto, são servidas algumas guloseimas para acompanhar os relatos que explicam o passeio.

 

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A guia Ângela fala sobre o passeio

 

A rota

Embora nem sempre seja assim, o ponto de partida do roteiro foi a Casa da Dona Yayá, no Bixiga. Atualmente pertencente ao Centro de Preservação Cultural da USP, o local abrigou durante mais de 30 anos Sebastiana de Mello Freire, mais conhecida como Dona Yayá. Única herdeira de uma das famílias mais ricas de seu tempo, ela foi considerada louca na década de 20. Por decisão judicial, teve que se mudar para o casarão que, à época, ficava numa chácara isolada do centro da cidade. A construção foi adaptada para o seu tratamento psíquico. Yayá morreu em 1961, mas reza a lenda que seu espírito ainda paira sobre o local.

 

Outra construção que ainda é cercada por histórias de almas penadas é o Edifício Praça da Bandeira. A princípio o nome pode não despertar a atenção, mas a conversa muda quando se descobre que esse é o novo nome do prédio que um dia já se chamou Joelma. Em 1974, o local foi palco de um incêndio que terminou com quase 200 mortos. Na ocasião, 13 pessoas desesperadas entraram no elevador para fugir do fogo e morreram carbonizadas. Seus corpos não puderam ser reconhecidos e há quem diga que suas almas ainda circulam nas imediações. O número que ronda a lenda, 13, não poderia ser mais oportuno.

 

Antes de abrigar um edifício, o terreno do Joelma pertenceu a um homem que matou sua mãe e suas irmãs e as enterrou por lá. Quando o caso foi descoberto, ele cometeu suicídio.

 

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Sandra indica um dos túmulos de personalidades

 

Tendo como foco a região central da capital paulista, o passeio também passa pelo Cemitério da Consolação, um dos mais importantes do país quando o assunto é arte tumular. Apesar de ser, escancaradamente, o último reduto dos mortos, as lendas assombrosas são menos intensas por lá. As histórias dos ilustres que estão enterrados na necrópole é que se destacam. Entre os mausoléus do local estão o dos escritores Monteiro Lobato e Oswald de Andrade e da pintora Tarsila do Amaral. O passeio também passa, mas sem parar, pelos cemitérios do Araçá e Redentor.

 

O Teatro Municipal, a Catedral da Sé, o Largo São Francisco e o Viaduto do Chá são alguns outros pontos que fazem parte do roteiro visto de dentro do ônibus. Desses três, o último é o que mais desperta o interesse dos turistas urbanos. Essa atenção especial é dispensada por conta do local ter sido palco frequente de suicídios no século passado.

 

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Os turistas se atentam às histórias

 

Depois de passar por esses pontos turísticos, os visitantes são levados até a Capela dos Aflitos, na Liberdade. Lá, as pessoas que estão na rua e nas calçadas são avisadas que estão em cima de restos mortais decorrentes do que já foi um cemitério público. Os olhares imediatamente se desviam da Capela e se direcionam para o solo.

 

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O público registra os detalhes do Cemitério

 

Na seqüência o ônibus ruma para o Castelinho da Rua Apa, o último ponto do roteiro. Construída em 1912 em uma travessa da Avenida São João, a edificação foi a morada da família Guimarães dos Reis, uma das mais ricas e tradicionais de São Paulo. Em 1937, a mãe e os dois irmãos que habitavam o local foram mortos a tiros. Até hoje o caso não foi totalmente esclarecido. No início dos anos 90, foi levantada a possibilidade de transformar o prédio no Museu do Crime, mas a ideia não vingou. Atualmente ocupado pelo Clube das Mães do Brasil, o Castelinho encontra-se em péssimo estado de conservação.

 

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Faça você mesmo

Para quem se interessou pelo roteiro, mas prefere fazer o percurso sozinho ou não está disposto a desembolsar R$ 30, a dica é fazer uma pesquisa na web acerca dos locais, abastecer o bilhete único, colocar um calçado confortável e partir para a aventura. Desse jeito, a São Paulo Além dos Túmulos pode ser conhecida por menos de R$ 10, mas o clima e o conforto talvez não sejam os mesmos.

 

Saiba mais

Circuito São Paulo Além dos Túmulos

Empresa: Graffit Viagens e Projetos Turísticos.

Endereço: Rua Carlos Petit, 391, Vila Mariana, São Paulo.

Telefone: (11) 5549-9569.

Preço: R$ 30,00.

 

[creditos]Guia da Semana[/creditos]

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