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Turismo global pede socorro anticrise


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FONTE: DCI

http://www.dci.com.br/noticia.asp?id_editoria=9&id_noticia=285681

 

FLORIANÓPOLIS SÃO PAULO - As empresas da cadeia global do turismo desejam chamar a atenção dos governos para a necessidade urgente de maiores incentivos ao setor, em um momento em que sofrem com a queda das taxas de ocupação dos hotéis e com o recuo da demanda de passageiros aéreos, o que, segundo especialistas, deve ocasionar uma retração de 15% na receita da atividade mundial, em 2009. Ao todo, o impacto do segmento no Produto Interno Bruto (PIB) mundial é de US$ 5,89 trilhões, se considerada a movimentação direta e indireta da cadeia. Só no Brasil são mais de US$ 80 bilhões.

 

Entre os principais argumentos que serão usados pelos executivos do trade turístico para que os poderes reconheçam a necessidade de fomento à atividade, está o número de empregos que ela gera - mais de 238 milhões no mundo. Além do óbvio impacto sofrido por conta da turbulência econômica, fatores como a carência de financiamentos e as altas taxas que são praticadas aos serviços relacionados à atividade são pontos em que a ajuda do poder público será crucial nos próximos meses.

 

"A indústria automobilística obteve verba e incentivos em alguns países porque mostrou aos governos sua relevância para a economia mundial", comentou John Walker, presidente e economista-chefe da Oxford Economics, ao sinalizar que o setor de turismo poderia fazer o mesmo.

 

Entre os países que mais arrecadaram com as viagens em 2008, estão os Estados Unidos (EUA) no topo da lista, seguidos pela China e pelo Japão. Em sequência estão os europeus Alemanha, França e Espanha. A maioria deles sofre hoje grandes efeitos negativos pela redução do turismo. Para se ter uma ideia, só nos EUA foram investidos mais de R$ 280 bilhões no desenvolvimento do setor.

 

"Além de um grande gerador de empregos, o turismo pode ser uma ferramenta para ajudar na recuperação das economias", afirmou Jean-Claude Baumgarten, presidente do World Travel & Tourism Council - WTTC (Conselho Mundial de Viagens & Turismo). O presidente do WTTC foi, por anos, um dos principais executivos da companhia Air France.

 

Baumgarten pretende se unir aos principais CEOs da cadeia global de turismo, para buscar uma união com os governos a fim de conseguir que o setor se recupere diante da crise, e se fortalecendo economicamente para "proteger os empregos que gera em todo o mundo", como disse durante a 9ª Conferência Global de Viagens e Turismo, que terminou no último fim de semana, em Florianópolis (SC). Esta foi a primeira edição do evento no Brasil.

 

Impacto

 

Hubert Joly, presidente e CEO do grupo Carlson, empresa que atua em mais de 150 países em negócios de hotelaria, alimentação e viagens de negócios, dimensionou o tamanho do impacto no setor. "Para 2009 é estimado recuo de 11% nas viagens, sendo que para as corporativas, a retração pode passar de 20% e em alguns países os eventos e conferências podem sofrer impacto negativo de até 40%", calculou, incluindo que é o momento "de uma ofensiva do setor", no sentido de buscar alternativas para reverter o quadro.

 

Joly também observou que, nesse sentido, a participação do poder público é essencial para retomada. Já Sebastian Escarrer, vice-presidente de um dos maiores grupos hoteleiros do mundo, o Sol Meliá, foi enfático ao colocar que o segmento está fora da pauta do poder público, e desabafou: "Precisamos lutar, pois nosso setor não está na pauta dos governos".

 

O impacto negativo da retração do turismo pode ser ainda maior em países cuja economia está diretamente ligada a essa atividade, como, por exemplo, na região do Caribe. Durante o encontro de Florianópolis, executivos perguntaram a Paulo Nogueira Batista Jr, que exerce a função de diretor executivo do Fundo Monetário Internacional (FMI), de que forma o órgão poderia ajudar o setor. Ele explicou que não existe um plano de ajuda direta, mas acrescentou que o fundo "já amparou financeiramente países que têm no turismo a principal atividade econômica", explicou.

 

Por outro lado, em parte dos países a atividade turística continua a render frutos, e em alguns casos, como na África do Sul, a equação entre a participação do setor público versus o privado é oposta ao que ocorre no resto do mundo. "Lá 95% do setor é financiado pelo poder público", afirmou Jabu Mabuza, presidente do Board South Africa, que incluiu que, mesmo com a crise, a região pretende atingir a casa de 10 milhões de turistas ainda em 2010.

 

Em Dubai, por exemplo, as ocupações dos hotéis beiram a média de 95%, contabilizou Gerald Lawles, presidente do Jumeriah Group. No país, o governo participa ativamente na divulgação do destino pelo resto do mundo. Contudo, se os incentivos se fizerem presentes, os países vão disputar o recebimento dos chineses. Calcula-se que 45 milhões deles viajam para fora do país, e segundo projeções, esse número deve duplicar até 2012.

 

Entre as barreiras também estão questões diplomáticas, que com a turbulência econômica devem se atenuar, para mais facilidade da entrada dos turistas nos Estados Unidos, que estão pensando em uma política para melhorar o quadro. "O Brasil está no topo da lista", disse uma fonte que não quis se identificar.

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