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Galera, em primeiro lugar quero agradecer a todas as pessoas que contam suas historias de viagens aqui no fórum, todas me ajudaram muito, MUITO OBRIGADO.

 

Em segundo lugar, quero dizer que esse relato é o meu ponto de vista dos dias em que viajei pela Bolivia e Peru com meu grande amigo Marcelo. Vou tentar ser o mais fiel aos acontecimentos e me desculpe se eu escrever algo que ofenda algum leitor.

 

Terceiro ponto: Se vc pretende fazer um mochilão por Bolivia e Peru, ou pra qualquer outro lugar do mundo, não pense duas vezes. FAÇA. Viajar é uma experiencia incrível. Espero que meu relato te incentive a isso.

 

Sem mais delongas, vamos começar a historinha:

 

Depois de alguns meses imersos em nostalgia, saudade e até uma certa depressão finalmente tomei coragem e contarei nos próximos dias minha primeira experiência mochileira.

Tudo começou em meados de Março de 2013, quando o destino quis que eu e meu companheiro de viagem/primo/brother Marcelo tivéssemos um hiato de 25 dias disponíveis em nossas vidas chatas e burocráticas. Eu recebi um singelo aviso de demissão, e o Marcelo, que na época trabalhava como corretor de imóveis, fechou algumas boas vendas. Tinhamos tempo e dinheiro para viajar.

Nos falamos em uma terça-feira qualquer, nos reunimos na quarta e nesse mesmo dia estávamos de passagens compradas. Iriamos dia 14/04 e retorno para 01/05. Não tínhamos sequer ideia do que iríamos fazer nesse período, o máximo que fizemos foi eleger alguns lugares chave que não poderiam faltar de jeito nenhum, como o Salar de Uyuni, Chacaltaya, Titicaca, Death Road e Macchu Picchu.

Alias, esse é meu primeiro conselho: NÃO SEJA UM TURIS-CHATO COM UMA PLANILHA.

Tenha em mente os lugares que você quer conhecer, quanto quer gastar, etc, mas não se prenda incondicionalmente a isso. Aconteceram alguns imprevistos na nossa trip, o segredo é não se desesperar, muito menos ficar nervoso, e claro, aproveitar para descobrir as coisas boas que os imprevistos podem trazer.

Vamos ao que interessa, vou colocar o que utilizamos de roupas e equipo na viagem, o roteiro que fizemos e aproximadamente o quanto gastamos.

Roupas/Equipo:

1 Mochila cargueira 80l ( Sam’s Club – leve, resistente e barata) – R$ 140,00

1 Mochila Ataque 25l (Doite - comprada por acaso no Lago Titicaca) – R$ 50,00

1 Mochilinha compacta de 20l (comprada na Decathlon) – R$ 25,00

1 Agasalho corta-vento (Triboard - Decathlon) – aprox. R$ 110,00

2 Camisetas segunda pele (Decathlon) – aprox. R$ 20,00 cada

1 Calça segunda pele (Decathlon) – aprox. R$ 20,00

1 Par de botas Bull Terrier – aprox. R$ 150,00

1 Frasco de Rinossoro – Muito importante para quem tem problemas nas vias aéreas

Listei acima o que considero mais importante, além disso levei algumas camisetas, shorts, meias, cuecas e etc. Pô, não vai esquecer de levar essas coisas, pelamor.

 

 

Roteiro

O roteiro planejado era um pouco diferente, mas nada que tenha comprometido o andamento da trip.

• São Paulo/Santa Cruz de la Sierra (Aéreo)

• S. Cruz/ Oruro (Aéreo)

• Oruro/Uyuni (Bus)

• Uyuni/La Paz (Bus)

• La Paz/Titicaca/Cuzco (Bus)

• Cuzco/Macchu Picchu (Trilha)

• Macchu Picchu/Cuzco (Trem)

• Cuzco/La Paz (Aéreo)

• La Paz/Santa Cruz (Bus)

• S. Cruz/ São Paulo (Aéreo)

 

 

 

1º dia – SP – S. Cruz – 14/04/2013

 

Excitação, é a melhor palavra para descrever o que eu sentia na manhã do dia 14 de abril, domingo. Após semanas de pesquisa, principalmente aqui no Mochileiros.com, nos reunimos no sábado à noite em nosso QG, a casa do Marcelo. Fizemos e desfizemos as malas pelo menos 3 vezes, tudo conferido, estávamos prontos. Deitamos já era madrugada, mas cadê o sono?

Acordamos, ou melhor, levantamos da cama às 6h, café e partimos pra Guarulhos. Nosso voo estava marcado para as 10h na manhã.

Voo sussa, vazio, com uma comissária muito simpática (sempre que eu referir uma moça como simpática subentende-se que ela era pelo menos bonita).

Chegamos em Santa Cruz as 13h aproximadamente.

Cambiamos 10 US$ no aeroporto ( Troque o mínimo possível em aeroportos, rodoviárias, etc. , de preferencia á casas de cambio de rua, ou então as Cholas que trocam no centro das grandes cidades, qualquer centavo vai fazer a diferença)

Nosso hostel era próximo do Centro de S. Cruz. Tentamos primeiro um Taxi, o usurpador teve a coragem de cobrar 60 bolivianos por pessoa. Nada feito, andamos alguns metros e arranhamos um portunhol com um motorista de ônibus, falamos o endereço e ele nos indicou qual ônibus pegar. Nova tentativa de comunicação e o motorista do ônibus confirmou que passaria naquela rua. Preço do ônibus: 1,50 bolivianos, algo em torno de R$ 0,45.

Combinamos que ele iria nos avisar quando estivéssemos próximo do ponto. Rodamos, rodamos, e nada de aviso. O Marcelo, que fala espanhol melhor do que eu, foi falar com o motorista. Coitado, fez uma cara arrependido, parou o coche com tudo e se desculpou, dizendo que o ponto havia ficado pra atrás a alguns minutos. Sem problema, agradecemos a força e voltamos algumas quadras a pé. Um pequeno parênteses: os Bolivianos são um povo maravilhoso, educados, sempre prontos a ajudar turistas desavisados como nós.

Chegamos no hostel e tivemos nossa primeira experiência cômica.

Novamente o Marcelo foi o porta voz da dupla, se apresentou e mostrou o papel da reserva (essa foi a única situação que reservamos hostel do Brasil, já que era o primeiro dia e estávamos em um lugar completamente desconhecido. Percebemos depois que não era necessário ter feito a reserva, e inclusive perdemos alguns bolivianos por ter feito com antecedência), o dono do hostel de um sorrisinho, e disse que tinha um quarto esperando por nós, detalhe: o quarto tinha uma cama... de casal.

No mínimo o cara entendeu pelos e-mails do Marcelo que eramos um casal gay.

Tentamos trocar, mas de acordo com ele todos os quartos estavam ocupados

( mentiraaaaaa, tinha umas 5 pessoas no hostel, foi sacanagem mesmo, haha).

Saímos para dar uma volta, andamos pela cidade, almoçamos um Pollo Broasted e voltamos.

O hostel não tinha chuveiro quente, mas não era necessário, Santa Cruz é um lugar quente e abafado, tomaria banho gelado de qualquer jeito.

A noite fomos andar por uma avenida próxima do Hostel no intuito de conhecer a cervezza Boliviana. Paramos em uma birosquinha que tocava uma musiva local, misto de eletrônico com música andina, que se dançava feito forró/funk, com as chicas descendo até o chão e sensualizando com a rapaziada. Sentamos e fomos brindar o primeiro gole em terras estrangeiras. Uuuuurgh, a cerveja era ruim, muito estranha, parecia que foi feita com água com gás, lembrei na hora do parque das aguas que eu ia quando criança em Caxambu. O gosto da cerveja pouco importava, tomamos algumas garrafas ( 7 ou 8, não me recordo), e ficamos imaginando o que nos aguardava nas próximas semanas.

 

2° dia – S. Cruz- Oruro – 15/04/2013

Primeiro imprevisto, esse dia que fiquei puto da vida com a cia área.

 

Como não tínhamos muito tempo, e as estradas bolivianas são terríveis, resolvemos ir de avião para Potosi, e de lá pegar um ônibus de algumas horas para Uyuni, dessa forma iríamos economizar tempo, e o preço da passagem aérea não estava muito caro, pagamos algo em torno de R$ 150,00.

O voo estava programado para as 9:30h da manhã.

Bem, vocês lembram que dormimos em uma cama de casal certo!?!? Esqueci de mencionar que o quarto era um forno, e fomos obrigados a dormir de cueca, simplesmente um luxo, haha, amigo é pra essas coisas mesmo.

Nessa manhã eu descobri uma faceta de minha pessoa que até então era desconhecida. Eu tenho a habilidade de acordar extremamente cedo, sem a necessidade de um despertador, mesmo tendo ido dormir borracho.

Combinamos de acordar as 6:30, já que o aeroporto era nas redondezas.

O Marcelo era o dono do despertador, e até então ele era o responsável por nos acordar.

 

Acordei todo atabalhoado, gritando... Maaarcelo, acorda c***, tamo fu***, perdemos a hora. Ele levantou assustado, jogando tudo pra dentro da mochila, se trocando... quando foi ver o celular, a surpresa: 4:45h da manhã. PQP.Imagina um cara nervoso pra c****, o Marcelo devia estar um pouco mais. Dormimos de novo.

Menos de uma hora depois a cena se repete. Todo mundo doido, pega mala, coloca a bota, confere a carteira, olha pro celular: 5:30h. Ouvi um sonoro: FDP, VSF, VTC e outros elogios.

Já estava quase na hora mesmo e acabamos por tomar o café da manha. No dia anterior compramos uns pãezinhos, frios e um bolo em um mercado. Tudo muito barato. Comemos no quarto e saímos.

Fomos para a avenida da noite anterior esperar o bus, nº 13 se não me engano.

O problema é que os ônibus não tem numero, tão pouco o nome do destino na parte da frente, salvo raras exceções. Ficamos um tempão esperando, e nada. No mínimo o ônibus passou despercebido por nós. Enfim, passa o dito cujo, e quase perdemos novamente, saímos gritando pela rua para o motorista parar, já que ele passou pela terceira faixa da esquerda, a milhão. Cara, boliviano é um bicho doido dirigindo, trânsito de maluco.

Chegamos no aeroporto e SURPRESA: Senhores, o voô de vocês foi cancelado. A empresa mandou email notificando que essa linha mudou de horário, ele sai amanha às 7h da manhã.

Opa, pera lá, o voo mudar de horário tudo bem, agora o cara dizer que avisou foi a gota d’agua, respirei fundo, olhei pro cara e disse: Meu amigo, você não mandou email nenhum, estamos conectados desde que saímos do Brasil e não recebemos nada. Não podemos esperar até amanhã, amanha a gente tem que estar em Uyuni, sem negociação.

Ele entrou na salinha e voltou uns 5 minutos depois, disse que realmente não tinha avisado, que sentia muito, e que poderíamos pegar um voo para Oruro naquela manhã, e que de Oruro poderíamos pegar um ônibus para Uyuni, iriamos chegar as 5h da manhã em Uyuni, sem nenhum prejuízo ao nosso itinerário.

Agradecemos o rapaz, que assumiu uma bronca alta por nós, esperamos 2 horas ou até menos, e embarcamos pra Oruro.

Sala de embarque, aguardando a chamada do nosso voo, eis que um senhor puxa assunto, disse que morou em SP, na zona leste, eu logo emendei: deve ser no Brás, é perto da minha casa, tem muito boliviano morando por lá. Quem diria que eu ia encontrar um vizinho boliviano em um saguão de aeroporto em S. Cruz de la Sierra. E o pior é que eu estava certo, ele realmente tinha morado no bairro do Brás, o senhor abriu um sorriso e ficamos conversando. Ele explicou um pouco da historia do país, disse que La Paz não era a capital como a maioria pensava, e sim Sulcre. Disse que o Evo Moralez era um baita presidente, que o país estava progredindo, e etc.

Fim de papo, chegou minha hora de embarcar.

Embarcamos a pé. E não era um avião, era um teco teco mirrado, 14 lugares, isso mesmo senhores, 14 lugares. Eu, no alto de meus 1,74 não conseguia ficar em pé na pequena aeronave.

Enfim, não tinha outra opção.

Primeiro a hélice da direita ligou, mas a hélice da esquerda, justo o lado que eu estava, não queria ligar. Um homem fazia gestos pro comandante, dizendo algo do tipo: Essa porra não quer ligar, aperta os botão ai cabra. E o comandante mexendo em trocentos botões e nada de hélice virando. Cada segundo era uma aflição, já que eu estava me cagando de medo. Um estampido, algumas rotações descompassadas e a bichinha pôs-se a girar em ritmo normal. Hora da decolagem, eu não sou nenhum expert, mas deu pra perceber que o aviãozinho sofreu pra pegar velocidade suficiente pra alçar voo. Estávamos no céu, voando em um mini avião teco-teco, com a hélice suspeita bem do meu lado, sem qualquer tipo de vedação ou coisa do gênero. Cada mudança de direção era sentida no estomago. Pus- me a rezar como vocês vão ver nas fotos abaixo.

O pior ainda estava por vir, ao nos aproximar de Oruro o avião começou a fazer orbita para pousar. Adivinha o lado escolhido pelo comandante para fazer a rota??!?!? Sim senhores, ele fez a curva para o lado esquerdo. Meus sistema digestivo todo veio parar na boca, não passava nem ar pelo meu toba. Eu olhava pro Marcelo do outro lado com uma cara de medo e ele la, tranquilão, ouvindo um som. Eu devo ser muito medroso, não é possível, até uma senhora de idade dormia tranquilamente naquela mini banheira voadora.

Pousamos, e o avião parecia uma passista de escola de samba, requebra pra direita, requebra pra esquerda, levanta, abaixa, frita os pneus.. e finalmente para. Sãos e salvos. Desci do avião e beijei o solo, só eu sei o medo que passei.

 

Nosso ônibus para Uyuni partiria às 22h, e era por volta de meio dia, fomos á rodoviária pegar as passagens, deixamos a cargueira na empresa de ônibus e fomos dar uma volta. Eu não mencionei, mas Oruro tem uma estatua enoooorme de uma Santa, que eu não me recordo o nome, vimos esse monumento ainda no avião e tivemos a brilhante ideia de ir andando, subir no mirante da estatua e curtir o visual. Saímos da rodoviária, e fomos olhando pra cima, seguindo a silhueta de concreto a nossa frente. Saímos do mainstream da cidade, e embrenhamos pelas ruazinhas aconchegantes de Oruro. Numa dessas ruazinhas paramos em um restaurante e pedimos um almoço. Que delicia, refeição completa, com direito a sopa de entrada e prato principal, pela bagatela de 8 bobs (bobs = bolivianos). Tinha varias opções, entre elas carne de carneiro, frango, carne assada, frita, etc. Somente locais almoçavam ali, era uma típica comida boliviana caseira.

 

Depois do almoço voltamos a caminhada, o sol estava a pino e as ruas começam a ficar ingrimes. Enfim chegamos ao mirante, não aquele, mas um genérico, tão alto quanto o outro, mas um pouco mais perto, ficamos com medo de não dar para voltar e perder o ônibus e as malas.

 

Que visual, Oruro é uma cidade em desenvolvimento, pouquíssimos prédios, os que existem são baixos, no max 4 andares. Tinhamos vista para toda a cidade, o aeroporto, e a incrível paisagem ao fundo: A cordilheira se apresentava a nós, infinita, quilômetros e quilômetros distante, escondida entre as nuvens, com seus picos nevados tocando um céu azul celeste, simplesmente lindo. Ficamos ali hipnotizados por quase uma hora, lamentando o fato de não ter nenhum verdinho para potencializar o deslumbre.

 

Voltamos á rodoviária, jantamos por lá mesmo (comida típica de centro de cidade, um frango frito a milanesa com arroz, fritas e pimenta, o famoso Pollo Broasted), embarcamos rumo ao salar de uyuni, onde finalmente nossa viagem ia começar.

 

O clima que era quente e seco durante a tarde rapidamente se transformou em frio. Tomamos nosso lugar no ônibus e começa a viagem. O ônibus estava super lotado, com varias pessoas em pé e deitadas no chão. No começo da viagem o ônibus para e entra um homem vendendo uma paradinha natural, tipo esses unha de gato, cogumelo do Sol, e etc, que libera aquilo que ficou preso no estômago do cabra por dias a fio, um desentupidor natural. O cara era bom de lábia e vendeu pra uma galera que estava no bus. Até o Marcelo resolveu comprar um para experimentar, que está guardado no armário de remédios até hoje. Depois que ele saiu de cena fiquei imaginando o modo de vida daquelas pessoas, toda a dificuldade, a humildade de se viver com o mínimo possível, eu estava em um ônibus com pelo menos 50 bolivianos, todos eles tinham os espinhos da vida escancarados no rosto,um semblante duro, sofrido e mesmo assim alguns ainda gastaram algum dinheiro comprando o tal sachê natural do vendedor boa praça. Me senti agradecido por poder viver de uma maneira completamente diferente, uma vida mais amena e prazerosa. Essa foi uma grande lição que eu aprendi. Por mais que passemos por algumas dificuldades, desilusões e privações eu sei que isso não é nada em comparação ao que a maioria das pessoas que vivem em países como a Bolivia passam diariamente, sem a menor perspectiva de melhora. Ponto para o povo boliviano, que apesar de todas as dificuldades sempre se mostrou alegre.

Adormeço após a primeira e única parada.

 

Abaixo algumas fotos do dia que passamos em Oruro, e uma tirada de dentro do teco-teco.

 

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3° dia – Salar de Uyuni – 16/04/2013

O visual mais incrível da viagem

 

Chegamos em Uyuni, uma cidadezinha muito pequena, no meio de um deserto.

Ao sair do ônibus um termômetro marcava 5ºC.... negativos. Não passei frio, mas estava com 4 camadas de roupa: segunda pele, blusa de lã bem colada no corpo, casaco corta vento e um blusão de moleton.

 

Antes de sequer pegarmos a mochila no ônibus um senhor simpático vem nos oferecer o tour do Salar. O cara já sabia que éramos brasileiros antes de abrirmos a boca. :shock::shock:

 

 

O nome dele era Roberto e nos levou até sua agencia de passeios (Thiago Tours). Vimos varias mochilas cargueiras, muitas fotos e cartolinas com mensagens em diversas línguas falando que a agência era muito boa, com guias descolados e etc. Eram 5h da manhã e o cara já estava trabalhando, enquanto todas as outras agências estavam fechadas. Sr. Roberto ganhou muitos pontos só pela atitude. ::cool:::'> ::cool:::'>

 

Quando começou a amanhecer fui atrás de outra agencia, enquanto o Marcelo ficou enrolando com o Roberto. Até tinham algumas um pouco mais baratas, mas não tinham as mesmas características da do sr. Roberto, a diferença de preço era irrisória e decidimos ficar por lá mesmo.

Além da boa apresentação o sr. Roberto tocou fundo em nossas almas quando disse a seguinte frase:

 

Os meninos são brasileiros né!?!? Pode deixar que vou encaixar umas chicas euroéias no grupo de vocês!!!!

 

 

Maluuuuco, esse cara é fudiiiido na psicologia, haha, fechamos na hora. ::otemo::

 

Passou algum tempo, e nada de chicas europeias. O Roberto tinha nos enganado. Mas sem problema, ele acabou fechando um grupo com outros 4 brazucas (homens) e partimos pro Salar.

 

Primeira parada no cemitério de trens. Nada além da sucata de uns trens antigos abandonados.

Foto aqui, foto acolá, e partimos pro Salar.

Segunda parada, uma feirinha na entrada do deserto onde não compramos nada e apressamos o Sr. Gabino, nosso guia, mais conhecido como Sr. Gabino Barrichelo a começar a porra do tour sem mais delongas.

 

 

Finalmente adentramos no Salar. 14.000 km² de superfície salina. Paramos novamente em um local para tirar fotos em uns pequenos montes de sal, que pareciam formigueiros gigantes.

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A próxima parada seria em uma das ilhas de cactos que existem no salar.

Pagamos uma taxinha de 4 ou 5 bobs para entrar na tal ilha e fazer uma pequena trilha, que circundava o local. Fomos subindo, saindo da trilha, entrando no meio do mato, tinha até umas caverninhas interessantes. Mas a cereja do bolo foi o momento em que chegamos ao topo e pudemos ver a imensidão branca a nossa volta.

Foi a paisagem mais espetacular que eu vi em toda minha vida. Me senti no topo do mundo. E ao fim desse mundo, novamente os Andes, ainda mais onipotentes e ameaçadores, com seus picos gelados se confundindo com o céu límpido no horizonte. Parei e refleti por alguns momentos. Nada como fechar os olhos e se sentir sozinho, no meio do nada, ou melhor, no meio daquele paraíso, a km e km distante de qualquer civilização, ou cidade que estou habituado.

 

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Terminamos a trilha, nos reunimos com a galera e almoçamos um macarrão bastante simpático do sr. Gabino.

 

Andamos um pouco, parada para aquelas fotos em perspectiva características e quando nos demos conta já era hora do por do Sol.

 

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Eu sei que não deveria colocar essa foto no relato. Sei que ela fere a moral e os costumes, mas, foi um momento muito divertido. E a cara do Gui ao ver a foto foi hilária, então, caso vc tenha acabado de jantar ou almoçar, por favor, feche os olhos.

 

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Eu que já estava satisfeito com a vista da ilhota de cactos me surpreendi novamente com o por do Sol no Salar. O céu assumiu tons amarelos, e conforme se escondia atrás das montanhas fazia um efeito espelho no chão molhado do Salar. Simplesmente demais. Como sou manteiga derretida deixei cair algumas lagrimas de emoção, deslumbre e realização perante aquela maravilha da natureza.

 

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Fim do espetáculo e o sr. Gabino nos apressa para partir, já que temos que chegar no hotel antes que o sol se ponha de vez. O Salar não tem estradas, placas ou sequer iluminação. Os guias se baseiam nas marcas de outros coches no solo e em seu próprio conhecimento da região para se locomover.

 

Chegamos no simpático hotel de sal que ficava em um vilarejo. Nada de luz elétrica, tudo a base de gás, vela e lampião.

 

Acomodamos nossas coisas no quarto e fomos tomar um banho. Tinha dois banheiros compartilhados com todos os hospedes, que eram pelo menos umas 40 pessoas. Entrei na fila e fiquei logo atrás de uma australiana simpática ( MUUUITO SIMPATICA). ::mmm:

 

Pela primeira vez arranhei no inglês, que por sinal estava em forma e conversamos amenidades esperando a hora do banho. Como eu disse ela estava logo na minha frente e entrou primeiro no chuveiro. Depois de 5 minutos abre-se a porta do chuveiro e ela sai envolta em um toalha, fininha e molhada. Quase cai para atrás. ::xiu::

 

Tomei banho e fomos jantar.

Mesmo esquema no almoço do dia anterior: Sopa de entrada e depois a comida. Simples e gostosa, com direito a repeteco.

Ainda ganhamos uma sobremesa: Pêssegos em calda.

Olhei para aquele copo com fatias de pêssego, olhei para o Marcelo. Não precisamos dizer nada. Me levantei, fui até o quarto e peguei uma garrafa que Ypioca que havíamos levado do Brasil (além da Ypioca levamos um Velho Barreiro).

 

 

Foi como mosca na sopa. Jogamos a Ypioca, amassamos o pêssego e em questão de segundos duas meninas se aproximam de nossa mesa, se convidando para sentar conosco e tomar um golinho da nossa iguaria brasileira. ::otemo::

 

Uma era espanhola e a outra chilena, as duas se conheceram durante a trip e ficaram amigas. Copo vai, copo vem, em pouco tempo já nos encontramos em uma mesa com pessoas de diversas nacionalidades, merecendo destaque um francês que tinha vinho e vodka, além dos nossos companheiros brasileiros que também tinham trazido uma garrafa de run Montilla importada, com uma cor estranha que infelizmente não me recordo. A essa altura do campeonato eu conversava fluentemente em espanhol com a galera, e alguns olhares diferentes começam a acontecer. SANTA BEBIDA ALCOOLICA BATMAN !!!!! ::toma::

 

Vai passando o tempo e ficam somente o sexteto brasileiro, a espanhola e a chilena. O Gui, um camarada gente fina de MG, resolve sair para ver o céu e tirar algumas fotos.

 

 

UAU, que céu era aquele.

 

 

Estávamos no meio do nada, sem qualquer vestígio de civilização, poluição, luz elétrica, em quilômetros. Não tinha uma nuvem no horizonte, e literalmente todas as estrelas se exibiam para nós. Era uma infinidade de constelações, e o Gui conhecia todas. Do nada nossa amiga espanhola pede a máquina fotográfica emprestada e procura por uma função. Sei la o nome da função, mas a parada era muito louca. Resumindo: um camarada tinha que ficar parado, enquanto outro iluminava sua silhueta com algum tipo de luz forte( a luz do flash do celular, ou uma lanterna por exemplo), enquanto isso a câmera captava todo o movimento da luz circundando a pessoa imóvel. O resultado é uma foto só com a silhueta da pessoa, como se estivesse iluminada, em tons vermelhos. Sinistro, ainda mais no grau etílico que nos encontrávamos.

 

No fim daquela noite, a única coisa que eu pensava era:

 

Lua de prata no céu

O brilho das estrelas no chão

Tenho certeza que não sonhava

A noite linda continuava

E a voz tão doce que me falava

"O mundo pertence a nós!"

 

::love::::love::::love::::love::

 

Fim do terceiro dia. Eu estava flutuando na cama. Torpor.

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Juliana e Everton, obrigado por acompanhar o relato. É muito gratificante saber que pessoas estão lendo o q estou escrevendo.

 

Gabriel, eu imagino o que vc está sentindo, cada vez q eu lia um relato eu imaginava o que poderia acontecer na minha trip. Espero que vc tenha uma grande experiencia de vida, assim como eu tive.

 

Desculpe não colocar valores de passeios e etc. Eu e o Marcelo fizemos um diario com todas as despesas mas minha casa esta reformando e eu acabei perdendo. Se eu achar eu atualizo os valores gastos diariamente.

 

Enfim, esse é apenas o começo das historias, temos mais algumas perolas por vir. Entre elas nadar de cueca no rio Urubamba (Macchu Picchu), ter todas as roupas inutilizadas no meio de uma trilha de 3 dias devido a um acidente com uma garrafa de Pisco, noites memoraveis em Cuzco e La Paz e a subida das escadarias de Macchu Picchu a pé depois de uma noite regada a Pisco e breja.

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Legal essa trip mano. Estou só esperando vc chegar na parte das baladas de cuzco que, com certeza, vc deve ter pirado o cabeção. Falo por experiência própria, já estive em cuzco 3 vezes e nunca vi uma noite como aquela...loucura total!!! Coloca qualquer balada de sampa no chinelo. A noite de cuzco é foda!!!. Bom, não sei como estava na época q vc foi, pois as vezes q fui foram para passar virada do ano então a cidade estava simplesmente lotada. Se vc me permite, t dou essa dica. Vai pra cuzco passar virada do ano, o bagulho é simplesmente foda, 10 mil pessoas, de todos os lugares do mundo que vc possa imaginar, reunidas na plaza de armas. É uma vibe fudida. Continua ai seu relato mano, to acompanhando aqui e raxando. Abraço

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Pô Rafa, Cusco é espetacular. Na verdade nós só passamos duas noites em Cusco, mas mesmo assim foram duas noites insanas. Tinhamos pouquissimo tempo. Estamos planejando fazer um mochilão por Chile e Peru ano que vem (em agosto agora vamos passar 15 dias na Venezuela e decidims adiar conhecer a costa do Pacifico).

 

Jaja eu subo mais alguns capitulos do relato.

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4° Dia – Salar de Uyuni

Poeira...poeira...levantou poeira.

 

 

Após um dia e uma noite incríveis, acordamos por volta de 6:30 para mais aventuras em território boliviano. Milagrosamente não senti os efeitos do álcool ingerido na noite anterior. Eu viria a descobrir que meu corpo criou algum tipo de antidoto contra a ressaca, vocês vão entender melhor conforme os dias dessa trip forem sendo contados.

 

Tomamos um desayuno padrão: um Pãozinho redondo, manteiga ou geleia e chá de coca, muito chá de coca (talvez esse tenha sido o antidoto contra ressaca, não sei).

 

Encontramos mestre Gambino e nos despedimos do simpático hotel de sal por volta de 7:30 da matina.

 

Alías, ao relatar o dia anterior acabei me esquecendo de falar sobre o hotelzinho que ficamos.

 

Ficamos no famoso hotel de “sal” do Salar. A construção é feita de pedras e sal, com janelas e portas de madeira, dando um ar muito charmoso ao local. As camas eram grandes e as roupas de cama limpas e fartas, nem percebi que o termômetro estava próximo de zero. Quem for fazer o tour do Salar tente se informar se a agencia vai te levar para esse hotel. Eu recomendo. Tudo muito simples, limpo e aconchegante. E ainda tivemos a sorte de conhecer pessoas de muitos países, todos muito receptivos e interessados em conhecer um pouco mais do Brasil.

 

O hotel ficava em um vilarejo bem pequeno, e pelo o que eu percebi, já estávamos no fim do Salar e entrando no deserto do Atacama. A solo já não tinha tanto sal e ar era muito mais seco do que no dia anterior.

 

Nos despedimos do hotelzinho e partimos rumo ao Sul, ou Sudoeste.

 

Nesse dia visitamos a “Arvore de Pedra”, algumas formações rochosas e ficamos contemplando um vulcão a distancia.

Como havíamos entrado no deserto algumas pessoas sentiram os efeitos do tempo seco e da poeira. Esse dia não foi tão descontraído, já que tínhamos que rodar com as janelas fechadas e fazia um calor do C****.

 

Mas as paisagens continuavam muito bonitas. Eu não tinha idéia que a Bolivia era um lugar tão cheio de belezas naturais.

 

Na hora do almoço paramos na Laguna Colorada. Eu adorei. Almoçar a beira de um lago cheio de flamingos me dava uma sensação de paz e satisfação enormes. Esses detalhes simples fazem toda a diferença. Respirei fundo e fiquei divagando sobre como aquela viagem estava sendo incrível.

 

Segue algumas fotos do nosso dia:

 

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Chegamos cedo no local que iriamos passar a noite, por volta de 16:30. O charme do hotel de sal ficara pra traz e deu lugar uma casa bem mais humilde, menor e menos glamorosa.

 

Nosso grupo de brazucas ficou em um quarto grande, camas boas e roupas de cama nem tanto, mas nada que atrapalhasse a noite de sono.

 

Tinhamos planejado tomar alguma coisa nessa noite, já que era aniversario do Marcelo e o Diego também fazia “cumpleaños” nos próximos dias.

 

Antes de bebericar fomos tomar banho. Ficamos sabendo que o local não tinha agua quente. Até ai tudo bem, o dia estava quente, abafado e seco, nenhum problema em deixar uma aguinha gelada cair no cangote. O que não esperávamos era que o clima desértico do local mudasse completamente conforme a noite caía.

 

Às 18h pelo menos metade de nós ainda não tinha tomado banho, e a temperatura ,que estava na casa de 30º C durante o dia, despencava para perto de 10°C. Não me intimidei, e tomei banho gelado mesmo. Pra piorar a situação tinha um buraco enorme na parede do banheiro, na altura da cabeça, e entrava um vento cortante. Banho sofrido esse.

 

Passaram mais alguns minutos e a situação ficou ainda mais complicada. Não tinha mais Sol nenhum e a temperatura estava próxima de zero. Alguns guerreiros foram obrigados a dormir sem banho.

 

Às 20h foi servido o jantar.

 

Após o jantar compramos duas garrafas de vinho tinto chileno e cumprimentamos Marcelo e Diego pelo aniversario.

 

Apesar da data, Marcelo, Guilherme e nossos outros dois amigos foram dormir. O clima quente e muito seco fez algumas vitimas.

 

Ficamos Diego e eu tomando o resto do vinho e conversando.

 

No quarto ao lado estavam duas garotas europeias e um cara... mas eles não quiseram socializar e foram dormir também.

 

Pedimos a saideira ao dono do hotelzinho (mais duas garrafas de tinto chileno) e fomos dormir também. Aquela era nossa ultima noite no Salar e a ultima ao lado dos novos amigos brasileiros. Eles iam para San Pedro de Atacama e eu e Marcelo íamos voltar pra Uyuni e pegar um bus noturno para La Paz no dia seguinte.

 

Nossa viagem estava só começando...

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