Membros Jansen Matos Postado Maio 8, 2014 Membros Postado Maio 8, 2014 * Relato com fotos no blog: http://entaopartiu.blogspot.com.br/2011/04/volta-ilha-grande.html Há muito tempo planejávamos dar a volta na Ilha Grande, mas como só o inesperado e repentino funciona com a gente... Era mês de abril, recesso das aulas na Rural (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Tinha acabado de me formar em Engenharia Florestal e junto com a Tatiana, que também era estudante de Floresta, e Gustavo, estudante de Biologia, resolvemos diante do recesso tirar a ideia do papel e partir para a ação. Fizemos alguns levantamentos sobre as trilhas que não conhecíamos, tempo, infra e disponibilidade para acampar. Depois disso as compras necessárias e mochilas nas costas. Começamos a nossa aventura com total certeza de que teríamos dias inesquecíveis... Dias de paz!!! Primeiro e segundo dia Começamos fazendo a travessia na barca das Barcas S.A. saindo de Mangaratiba às 8hs. Chegamos à vila de Abraão por volta das 10hs e fomos até uma padaria tomar um café reforçado, pois sabíamos que provavelmente seria a última vez que veríamos uma padaria dentro de alguns dias. De lá podíamos avistar o pico do Papagaio e o da Pedra d’água, que é o ponto culminante da Ilha Grande. Começávamos a traçar nossas estratégias. Bom, fome saciada, corpo abastecido, pé na estrada. Por conhecer bem a parte de Palmas, Lopes Mendes, Santo Ântonio e Caxadaço, resolvemos pular essa parte e poder economizar em mais alguns dias a nossa aventura com lugares que não conhecíamos. Resolvemos começar a volta indo diretamente por Dois Rios, no sentido horário, onde funcionava a antiga Colônia Penal. Para se fazer essa trilha tem-se duas opções: Um atalho, onde se corta boa parte da caminhada, ou a trilha principal, que na verdade é uma estrada de terra batida, hoje utilizada principalmente pelos pesquisadores e alunos do CEADS, que é um centro de pesquisas da UERJ. O atalho é muito inclinado e escorregadio por causa do barro e areia no caminho. Torna-se muito desgastante subi-lo, pois é muito inclinado, e com muito peso então... Não é nada vantajoso. Esta trilha é mais interessante quando estamos voltando para Abraão sem peso, pois se forçam bastante os joelhos. Subindo a trilha principal a caminhada torna-se mais suave, pois esta estrada é toda em curva de nível. Vamos contornando a mata e há pouca inclinação. Conforme vamos subindo avistamos algumas casas e aos poucos vamos nos afastando da cidade. Podemos ver bastantes bananeiras, amendoeiras, jaqueiras e outras plantas sinalizando a ação do homem na região. Podemos observar, também, ao longo de toda a estrada, a presença de muitos bambus, lianas, cipós e arbustos retorcidos e secos dentro da mata, indicando o efeito de borda na área, um dos sintomas da fragmentação florestal. Este efeito não foi visto, não de forma tão significante, em outras trilhas, indicando que seu deu pela largura da estrada, possibilitando à maior entrada de luz e outros fatores, alterando de uma forma mais intensa a vegetação e sua dinâmica. Através de outras espécies pioneiras podemos concluir que aquela mata não é muito antiga e sabemos que é secundária, pois toda aquela área era de grandes fazendas de café, não é raro encontrarmos algum pé de café na mata, como também conseguimos visualizar em alguns trechos vestígios das fazendas que ali existiam. Quanto mais subimos menos observamos a presença de árvores trazidas pelo homem. Depois de caminhas uns 30 minutos chegamos à curva da morte, onde podemos observar toda a Abraão de cima. Ótimo ponto para bater fotos e dar uma descansada. Dizem que o nome é este pois falavam que ali passava um caminhão abarrotado de presos em alta velocidade, e como a curva era muito fechada muitos presos acabavam caindo na ribanceira. Em alguns pontos da trilha há nascentes, mas sempre é bom por uma pastilha de cloro na água. Após aproximadamente 20 minutos chega-se ao topo da trilha. Antes disto passamos em frente à entrada da trilha para o Pico do Papagaio, à direita. Nesta parte já estamos rodeados por mata e morros, ali começa a descida. Descendo um pouco, ao lado direito observa-se um banco de bambu junto a um bambuzal, é outro atalho. Esse vale a pena, a trilha fica mais sombreada. Vamos descendo através do bambuzal por uns 15 minutos e encontramos a piscina do soldado, ótimo lugar para dar um mergulho e relaxar da caminhada. Depois de matar o calor seguimos nosso rumo. Até chegar a Dois Rios leva-se mais ou menos uma hora ou menos. Antes de chegar a Dois Rios passamos pela entrada da trilha que vai para Caxadaço, que fica à esquerda. A entrada de Dois Rios é bem imponente. É cercada por Palmeiras Imperiais dos dois lados. Lembranças de como era importante o local, sobretudo para a nossa história. Infelizmente muitas das palmeiras estão mortas e pouco conservadas. Ao entrar em Dois Rios fomos recepcionados por um vigia do CEADS que nos pediu a documentação e os nossos planos. Quem vai visitar a vila não pode dormir nela, a não ser que consiga um abrigo na casa de algum morador para passar a noite. Dois Rios é bem tranqüilo e pouco movimentado. No fim da vila observamos os escombros do antigo presídio, onde só sobraram os muros em pé e algumas salas juntas aos muros. Ainda podemos observar depoimentos e inscrições feitas pelos antigos presos, dá para ver com muita dificuldade, pois todas as paredes foram pichadas. Há casos de ex detentos e guardas que moram até hoje na Vila de Dois Rios. Se tiver a sorte de cruzar com algum deles terá histórias garantidas para o resto do dia. A vila se chama assim por causa de dois rios, um em cada ponta da praia. Ambos desembocam no mar e o à direita da praia, atrás do CEADS é o maior em volume d’água. Dá pra dar um ótimo mergulho, além do rio ser muito bonito, cercado por areias brancas. O interessante são algumas pedras perto do mar, que ao chegar próximo delas começamos a fundar na areia devido ao movimento das águas. Parece areia movediça. Na vila há alguns locais para almoçar. Logo no centro da vila há dois bares que servem refeição e à esquerda próximo a praia também. Bom, como não tínhamos local para ficar e os planos eram de passar a noite na Parnaioca, seguimos em frente logo após o almoço. Preste muita atenção ao tempo gasto em cada local para evitar ser pego de surpresa pela noite. Mesmo tendo boas lanternas não é bom fazer trilhas desconhecidas a noite, principalmente Dois Rios – Parnaioca, que é a maior trilha da ilha e em épocas do ano a trilha é muito estreita, não tão aberta como as demais. A trilha para a Parnaioca é fácil de achar, basta seguir direto, assim que se chega à vila, indo pelo caminho da direita. A entrada da trilha fica junto ao presídio. Qualquer dúvida basta perguntar aos moradores que lhe indicarão onde é. A trilha é bem tranqüila e sombreada. Algumas partes são cobertas por uma espécie de arbusto muito seco que cobrem a trilha e arranham bastante. Para evitar isso é bom usar calças nesse trecho. Alguns minutos mata adentro esses arbustos somem, porque são típicos de ambientes ensolaradas. Conforme a mata começa a dominar a paisagem e sombrear esses arbustos, os mesmos desaparecem. A trilha é toda em curva de nível. É uma caminhada bem leve. O único problema é que ela é MUITO LONGA!!! O final nunca chega!!! Por ser uma trilha muito comprida e nunca se chegar à praia às vezes bate a sensação de que estamos na trilha errada. Mantenha a calma e siga em frente. Não tem errada, basta prestar atenção. Procure fazê-la o mais cedo possível para não ser pego pela noite. Ao longo da trilha podemos observar uma figueira enorme. Com um diâmetro absurdo, de uns 20 metros de DAP (diâmetro à altura do peito). Outros atrativos são a Toca da Onça e o som que os macacos bugios fazem ao longo da trilha. Então não se assuste se ouvir um rugido bastante forte na mata, com certeza trata-se de um Bugio. Reparamos que é uma vegetação mais preservada e que as características de efeito de borda que vimos na trilha para Dois Rios são poucos presentes ou nenhum. Vemos também uma mata em estágio mais avançado de sucessão. Um grande problema que vimos foi grande quantidade de formigas cortadeiras em alguns trechos da trilha. Este problema está assolando bastante a Ilha. Encontramos em algumas localidades número grande de saúvas Limão e Quemquem. Em locais mais próximos à civilização também é comum notarmos o caramujo gigante Africano - Achatina fulica, principalmente em Abraão. Este caramujo é um exemplo de animal introduzido no Brasil sem nenhum cuidado. Logo, fora de seu habitat natural não tem predadores naturais e nem doenças que sejam capazes de controlar o seu crescimento. Outro caso, mais grave na Ilha é o do Mico Estrela. Podemos observar vários em toda a Ilha. Este animal é exótico nesta região e ocorre o mesmo que acontece com o Caramujo Africano, não há controle algum. O mico estrela pode até ser “engraçadinho”, mas é um voraz predador, sobretudo de ovos de pássaros. Este problema está causando sérios prejuízos a nossa avifauna. Então nunca retire um animal ou vegetal de seu habitat natural, pois não sabemos do real efeito causado por estes a ecossistemas específicos, além de ser crime. Depois de caminhar o dia inteiro chegamos a Parnaioca com o sol se pondo. Espetacular!!! Fomos recepcionados pelo seu João com um facão na mão. Morador ilustre da Parnaioca. Mas foi só um susto, seu João é gente finíssima e nos deu algumas dicas além de boas histórias. Quando descobriu que éramos da Rural então... se tornou nosso amigo rapidin. – “Ah... vocês são da Rural??? A galera da Rural é minha amiga, estão sempre por aqui!!!” Depois ouvi de amigos várias lendas sobre o seu João Mulé, o guardião da Parnaioca, lendas que diziam que ele desaparecia do nada e era capaz de enfeitiçar as mulheres. Então, se for acompanhado... Cuidado com o seu João!!! Seguindo a recomendação de nosso mais novo amigo acampamos no final da praia à beira do rio. Só deu tempo para arrumar as barracas, um pequeno mergulho no rio, comer e descansar depois de uma boa prosa com a galera. Foram uns dos dias de maior paz que tive na vida. A praia só nossa. Dormia de frente para o mar ouvindo o barulho das ondas. À noite aquele céu estreladíssimo e a lua iluminando o caminho. Caminhar no escuro na praia sem preocupação com violência ou nenhum outro monstro da cidade grande. De dia via o sol nascer e ao acordar mergulho no rio para despertar. Ficar deitado na areia com o sol queimando, sentindo a brisa da tarde. Ao entardecer, outro espetáculo. Um por do sol cheio de cores. Ver o sol se por das pedras é inigualável, tem que bater palmas. Passava o dia mergulhando. Outra coisa... O mergulho na Parnaioca é imperdível!!! Nunca vitanta vida marinha. Peixes de todos os tamanhos, muitos bem grandes, e cores, muitos corais, arraias Xitas gigantes, tartarugas enormes, mansas, mergulhando perto a ponto de poder passar a mão. Mergulho inesquecível. Não saía da água. Se for fazer a volta, leve material de mergulho!!! Quando ficamos na Parnaioca, os campings estavam desativados e a sensação que tínhamos era que estávamos em uma cidade fantasma. No caminho para a cachoeira passamos pela igrejinha da Parnaioca, que tem um pequeno cemitério muito rústico onde antigos moradores estão enterrados. É uma visão bem diferente. Uma praia linda com um cemitério bem no meio. Mas por incrível que pareça realçava a paisagem do lugar. Faz parte. Muito respeito. Ao passar pelas casas não víamos ninguém, e realmente não tinha ninguém no vilarejo, estavam todos foram. As casas todas abertas, sem alguém dentro, ou por perto, davam a estranha sensação de que havia acontecido algo que fizessem os moradores saírem correndo do vilarejo, às pressas. Passamos duas noites na Parnaioca, com muitos banhos de rio, mar, cachoeira e sem ninguém por perto, só nós três. Inesquecível!!! ATENÇÃO: Atualmente a Parnaioca faz parte do Parque (PEIG) e é proibido o camping selvagem. Lá existem dois camping: o da Janete e do Seu Silvio. Os dois campings são muito bons, mas o do seu Silvio além de bom tem toda a amizade dele, verdadeiro pai, que nunca deixa ninguém na mão. Terceiro dia Acordamos cedo recebidos pelo sol, o mar e a Parnaioca. Não tem como não acordar bem! Depois de tomarmos café começamos a trilha rumo Aventureiro. A trilha começa do outro lado do rio no meio da vegetação e uma grande pedra. A trilha é bem tranqüila. Algumas subidas, mas nada de muito pesado. Entre Aventureiro e a Parnaioca existem dois diamantes chamados praia do Sul e do Leste. Do alto da trilha, quando atravessamos o cume começamos a descer, podemos admirar a Reserva Biológica da Praia do Leste e do Sul, o Parque Estadual Marinho do Aventureiro e a praia do Aventureiro ao fundo. Visão magnífica. ATENÇÃO: Atualmente o acesso as praias do Sul e do Leste são proibidas Ao descer a trilha nos deparamos com um carretel de linha de caçadores. Sinal que ainda caçam e montam armadilhas por lá. Infelizmente essa prática ainda é comum na Ilha. Outra dia ao conversar com um guarda do Batalhão Florestal da Ilha, este me contou que certa vez apreenderam cerca de 35 armadilhas de trabuco no meio da mata na região de Dois Rios. Fizeram a apreensão após denuncia do pessoal da UERJ, que levaram um susto no dia em que uma armadilha disparou próxima a um aluno em um trabalho de campo. Voltando a nossa trilha... estávamos no fim da trilha quando lembrei das palavras de um amigo que já tinha feito a mesma. Ele disse: “Jansen, quando se chega na praia do Leste, saindo da trilha e dando de cara com aquela água azul, transparente, dá vontade de chorar”. Lembrei na hora, porque realmente é emocionante. Com certeza este é um pedaço da Ilha que praticamente está intocado, lembrando a paisagem nativa e natural da ilha. Você fica igual a uma criança. No meio de uma floresta linda, conservada, e diante de um mar azul, cristalino, só seu, mais ninguém por perto. É um privilégio que infelizmente nem todos podem conhecer, apesar de ser uma viagem tão barata. Temos que agradecer muito a Deus por nos proporcionar coisas tão belas e a oportunidade, e a sensibilidade, de poder apreciar e contemplar a Sua obra. São momentos que te deixam em êxtase, te fazem pensar e agradecer. Você vê como tudo é tão perfeito e como somos tão pequenos diante de tanta perfeição. Tudo muito imenso. Tudo é um mecanismo compacto e sintonizado que funciona em equilíbrio extremo, onde cada ser tem seu papel para manter o ecossistema em harmonia. Essas praias são muito conservadas, pois são uma Reserva Biológica, que é uma categoria de Unidade de Conservação Integral e um dos tipos mais protegidos. Ou seja, não poderíamos nem estar passando por aquele paraíso. Para visitá-lo devemos pedir uma autorização ao IEF. Geralmente a visita somente é liberada sob motivos de estudo ou pesquisa. Uma Reserva Biológica é criada para proteger ambientes de rara beleza ou grande valor ambiental. No caso das praias do Sul e do Leste, estas abrigam vários ecossistemas da Mata Atlântica em um espaço muito pequeno. Nelas observamos restingas, estuários, mangues, praias, lagoas, floresta de encosta, ou seja, no mínimo seis ecossistemas diferentes da Mata Atlântica dentro de uma área relativamente “pequena”. Um verdadeiro tesouro. Neste ambiente há várias espécies de nossa fauna e flora. Capivaras, lontras, jacarés, cotias, bromélias, etc. O que me chamou a atenção foram algumas pegadas de porte muito grande. Chegamos a indagar se não seria de onça. Como achamos que uma onça não teria Home Range suficiente, ou seja, oferta de comida adequada para alimentá-la não correndo o risco de acabar esta oferta, achamos que poderia ser de um cachorro muito grande. Era inacreditável pensar em onça naquela região. Depois de algum tempo, conversando com amigos que estiveram na região durante algumas semanas, falaram que encontraram pegadas de onça na Parnaioca. Eu disse que seria impossível, mesmo vendo as tais pegadas. Os amigos continuaram insistindo, dizendo que os moradores contam que corre uma lenda que um estrangeiro que morava na Ilha resolveu soltar um casal de onças e que uma delas já tinha morrido. De repente o mesmo que dizem ter introduzido o Jacaré-de-Papo-Amarelo na Ilha. Bom... Mais uma lenda para povoar a imaginação de todos nós. Seguimos em frente e nos deparamos com o primeiro obstáculo anunciados por todos, o mangue. Para se chegar à próxima praia, tem que se contornar uma pequena “ilha” e para isso devemos passar por dentro do mangue. Não tem errada, só é seguir o fluxo do rio. Seguindo o rio acima para direita você chega à lagoa e a esquerda a trilha pelo mangue. Dizem que já atravessaram este mangue com água no peito, mas no nosso caso, como era época de estiagem, a água estava pela canela. ATENÇÃO: Atualmente o rio que tem que atravessar pra se chegar ao mangue está muito profundo, cerca de 1,80m nos locais mais rasos. Então tem que ficar caçando o local mais raso para atravessar com as mochilas. Após atravessar o mangue andamos cerca de cinco metros e encontramos o início da trilha para a praia. É uma pequena trilha no meio de vegetação de restinga, muito seca e contorcida. Cuidado com os arranhões. Muito cuidado na hora de atravessar o mangue com as raízes submersas das árvores que podem cortar. Chegando à praia do sul a caminhada continua. A parte triste é a imensa quantidade de lixo existente na areia. Esse lixo é despejado na praia pela Maré, chega via oceano. É uma pequena mostra do que despejam em nossos mares. A quantidade de plástico e lixo em geral encalhado na areia é bastante grande. No somatório as praias do Sul e do Leste têm seis quilômetros de extensão. Ao final da praia há a pedra do Demo, que é uma grande pedra onde temos de atravessar. Exige-se muito cuidado, pois qualquer escorregão pode-se cair no mar e ser jogado contra as pedras cheias de mariscos pelas ondas, podendo ocorrer um acidente grave. A dica é ir devagar, evitar o sol muito forte para não se queimar nas pedras, e nunca, nunca pisar nas partes escuras por onde corre água. Essa parte é repleta de limo e qualquer pisão é escorregão na certa. Tirando isso é super tranqüilo, quando a maré está baixa e o mar calmo, e um ótimo mirante para tirar fotos da Reserva Biológica e de Aventureiro. Depois desta pedra chegamos a Aventureiro. Paramos no primeiro bar que tem logo que se chega. Esse bar também é um camping (camping do Luiz). Após matarmos a fome montamos as barracas e fomos aproveitar mais a praia. Diferente de Parnaioca, Aventureiro é um povoado habitado. Tem opções de campings e bares. Como fomos em baixa temporada estava bem vazio. Vindo de barco através de Angra dos Reis tem que se pagar a travessia, que é feita por um determinado barco específico, e usar a pulseira, pois Aventureiro tem limite de visitantes. Ficamos duas noites em Aventureiro, balançando na rede, jogando conversa fora e tomando uma cervejinha, porque ninguém é de ferro. Quarto dia Acordamos e mais uma vez o sol veio nos brindar com um grande espetáculo. Émuita luminosidade, e junto com o céu extremamente azul e algumas nuvens muitíssimo brancas tinha-se um belo efeito. No lado direito da praia tem o cartão postal da ilha, que é o coqueiro que cresceu em formato de “L”. Passamos o dia por Aventureiro e pelas praias do Sul e do Leste. Nas praias rolam altas ondas. Para quem for especificamente para essas bandas tem que levar prancha. Só tome cuidado com os tubarões que aparecem às vezes. Mas é muito difícil ter acidentes. Tubarões há em toda a ilha, mas como se trata de um ambiente em equilíbrio ataques são raríssimos, pois oferta de peixes não faltam para os nossos amigos. Bom, tiramos o dia para descansar pelas praias e nos alimentar, pois no próximo dia pegaríamos uma das trilhas que dizem ser a das mais puxadas da ilha, Aventureiro – Provetá. Mas uma noite vendo estrelas cadentes, balançando na rede, tomando uma geladinha para relaxar e contando causos. Amanhã o bicho pega!!! Quinto dia Acordamos cedo para pegar a trilha. Realmente a trilha é bastante íngreme e com peso nas costas fica ainda mais difícil. O problema é que além de íngreme a subida é constante, praticamente não existe parte plana, só quando chega ao topo. Descendo também é íngreme e lá de cima começamos a ver a vila do Provetá. A cor da água é de um verde profundo, mais escuro, muito bonito. Esta vila é habitada predominantemente por evangélicos e é a segunda maior da Ilha Grande. É bom evitar qualquer estardalhaço, respeitar os costumes e nada de qualquer confusão. Atravessamos a trilha sob os olhares desconfiados de seus moradores. São muitas casa em um espaço muito pequeno e no centro da vila há uma igreja muito grande. É a maior construção da vila e de longe já podíamos avista - lá. As casas todos estão dispostas ao redor desta construção. Almoçamos em Provetá em uma casa perto da igreja. A igreja é o centro da cidade e para pegar a trilha para Araçatiba temos que passar por ela. Neste local há telefones públicos e abastecimento de energia elétrica. Caminhando na rua em frente à igreja indo para a direita encontramos uma casa que serve refeições. Fomos muito bem recebidos e a dona ainda nos deu algumas lulas como cortesia. Depois de descansar do almoço pegamos a trilha. Temos que atravessar a cidade a partir da rua à direita da igreja. Os moradores vão indicando o local correto para a trilha. Toda a vila é cercada por muros a partir da cota 200m, provavelmente para evitar a construções ilegais. A partir da cota 200 metros já é PEIG (Parque Estadual da Ilha Grande). A trilha para Araçatiba é grande, mas não tem muitas subidas pesadas. Há subidas e você acaba se desgastando mais pelo esforço de estar andando há muito tempo e desgaste da trilha anterior. Há árvores muito grandes, especialmente angicos. Chegamos à praia de Araçatubinha aproximadamente às 16 horas. Em Araçatiba, que fica ao lado, só há um camping, que tem uma ótima estrutura e fica no alto de um morro possibilitando a vista de Angra, que parece muito perto. Este camping fica entre a vila de Araçatiba e Araçatubinha. Passamos a tarde comendo isca de peixe no bar de frente à praia. O por do sol de Araçatiba é muito bonito e é um dos significados da palavra na língua indígena. Ficamos pela vilazinha, que é muito pequena, limita-se a praia praticamente, com uns 300 metros de extensão. Sexto dia Acordamos, pegamos apenas o necessário e pé na trilha para a Gruta do Acaiá. Anda-se bastante, passando-se por várias praias. Observamos algumas construções em área de encosta, provavelmente irregulares, mas o que mais chamava a atenção era que não eram casas simples de pescadores e sim de pessoas com poder aquisitivo. Tivemos uma pequena amostra da especulação imobiliária em nossa ilha. A trilha é muito longa e tem que se subir um bom pedaço. Lá de cima temos uma visão geral da baía de Araçatiba e Angra. Certos trechos da trilha estão infestados por formigas cortadeiras (Quemquem). É uma quantidade muito grande, trechos de até dez metros de trilha abarrotados de formigas por todos os lados, não lhe dando opções de passagem. As únicas alternativas eram voltar ou... passar correndo igual a um louco (por isso vá de tenis!!!). Como queríamos muito conhecer a Gruta, tínhamos andado muito para chegar até ali e somos loucos... Optamos pela alternativa “b”. O problema é que tivemos que recorrer a essa alternativa várias vezes durante a trilha. A quantidade de formigas é realmente muito grande. Ao chegar à entrada da gruta, a surpresa. Uma placa indicava que era área particular e que para entrar na gruta deveríamos pagar R$15,00. Ficamos revoltados e conseguimos fazer a R$10,00. Realmente é um absurdo alguém cercar um atrativo da Ilha Grande, dizer que é seu e cobrar pela visita. Passamos pela pequena granja e chegamos à entrada da gruta que segue por debaixo da terra. Não aconselho para quem tem problemas de claustrofobia. Além disso, por ser um local muito úmido, havia muitas pererecas logo na entrada da gruta. Começamos a descer a escada e o teto da gruta chega a uma altura de meio metro, onde temos que descer deitados. Terminando essa parte chegamos ao salão, onde deve ter no máximo 1,30m. Neste salão avista-se o espetáculo. A gruta fica abaixo do nível do mar e a água entra por uma fenda por debaixo dela. A água transparente é iluminada pelo sol e dentro da gruta escura fica fluorescente em tonalidades de verde e azul. Realmente vale a pena ser visitado. Nos dias mais movimentados há instrutores de mergulho no local e cobram para auxiliar as pessoas a passarem por debaixo da fenda e saírem no mar pelo lado de fora da rocha. Não é aconselhável fazer isso sozinho, pois além do grande risco de afogamento pode-se cortar nas pedras da gruta. A entrada fica aproximadamente oito metros de profundidade. Visto e contemplado retornamos para Araçatiba, onde almoçamos e pegamos a trilha com destino ao Sítio Forte. A partir desse trecho começam as dificuldades de se encontrar locais para acampar. Não há mais campings legais e temos que apelar a boa vontade dos moradores da região. A partir da trilha Aventureiro/Provetá a dica é seguir os postes de energia elétrica. Isto se aplica até chegarmos a Abraão. Seguindo a fiação chegamos à Praia da Longa, que é uma praia muito escondida e especificamente de pescadores, onde também desenvolvem atividades de Maricultura. Fizemos amizade com o seu Ira e o seu Dedé, essa é uma das melhores partes da viagem, as amizades que fazemos. Deram-nos várias dicas e como a noite estava caindo disseram para não tentarmos chegar ao Sítio Forte porque a noite cairia e não teríamos local para acampar, pois todas as praias no decorrer do caminho eram particulares. Disseram para dormirmos no coreto da praça, local onde vários viajantes como nós passamos as noites. Falaram que não seríamos incomodados e que era tranqüilo pernoitar lá. Como era no meio do vilarejo e da via principal aceitamos outra dica, de procurar o seu Versinho no canto esquerdo da praia. No final da praia onde há um pequeno bar. Conhecemos o seu Versinho. Novo e gente muito boa oferece seu terreno para os aventureiros que não têm onde dormir. Recebeu-nos muito bem e para a nossa surpresa a sua esposa foi estudante da Rural, da mesma época que a nossa, e a conhecíamos de vista. Fomos dar um mergulho com a noite caindo, relaxados, com o alívio de ter encontrado um lugar para pernoitar. Nada melhor, a noite caindo, a água morna pela cintura e três amigos conversando, relaxando e passando o tempo. Pequenas coisas que são importantes e se tornam inesquecíveis. Depois desse banho, um banho de água doce e muita prosa com a Érica sobre os tempos da Rural. Marcamos de dar uma cochilada para depois ficar no barzinho, mas estávamos exaustos e ninguém conseguiu levantar. Quando um levantava chamava o outro que dizia, daqui a pouco e vice versa. Resultado. Apagamos. Sétimo dia Despertamos muito cedo, nos despedimos de nossos acolhedores e pegamos mais um dia de trilha. Foi o dia em que mais andamos. Uns 20 km. Fomos seguindo a fiação elétrica e passamos por diversas praias. Passamos pela Ubatubinha, uma praia pequena e linda, só que a praia toda é cercada por apenas uma pessoa que se diz proprietária. No final da praia tem uma fábrica de sardinhas desativada. Estrutura muito bonita que nos demonstra como era grande esta atividade no passado, que felizmente está caindo em desuso dando lugar ao turismo. Essa atividade quase levou a extinção do pescado na Baía da Ilha Grande. Continuamos a caminhar e passamos por sítio forte onde de cima da trilha tem-se uma bela vista dos corais e as águas em tonalidades de verde transparente. Em sítio forte fizemos amizade com um casal que estava hospedado no hotel da praia. Conversamos bastante e depois de uma ducha gelada, tem um mega chuveirão na beira da praia, e após alguns peixes que nos deram fomos embora agradecidos. Parte engraçada era a cara de espanto e admiração de todos os turistas que conhecíamos ao falarmos que estávamos dando a volta na Ilha. Era tipo: “Nossa!!! Maravilhoso!!! Mas não agüentaria andar tanto!!!”. As trilhas destas regiões são muito tranqüilas de se pegar. Não têm muitas subidas. O maior problema realmente é locais para passar a noite. Chegamos a Matariz. A primeira visão que tivemos não foi a das melhores. Há um grande valão, realmente muito grande, que corre para o mar. Aparentemente o esgoto despejado não recebe nenhum tipo de tratamento, sendo jogado in natura no mar. Matariz é uma pequena vila de pescadores onde há uma cooperativa. Trabalham muito pouco com turismo sendo a atividade pesqueira a maior fonte de renda. Desenvolveu agricultura de subsistência e a criação de pequenos animais para consumo próprio, como galinhas.O povo é muito simpático. Paramos em um pequeno armazém para descansar e comer algo. Logo fizemos amizade com duas figuras incríveis. Seu Chacrinha e Seu Bentinho. Dois senhores muito carismáticos e cheios de histórias. A vontade que dá após começar uma prosa com eles é de não levantar mais e até passar mais um dia naquele local só para ouvir as suas lendas e contos. Seu Chacrinha é aposentado e trabalha no postinho médico da vila enquanto Seu Bentinho é filho e parente de ex funcionários do presídio. Histórias do presídio são o que eles mais tinham. Contaram sobre os últimos dias de Madame Satã, que ficou apaixonado pela Ilha e acabou comprando um terreno no Abraão e acabou morrendo por lá mesmo. Disse que neste terreno há um ponto de Candomblé até hoje administrado por suas filhas. Nos contou sobre a sua infância na Ilha, dizia como a segurança era rigorosa. Outra ótima história é sobre a fuga do traficante Escadinha do presídio. Diz que alguns guardas foram corrompidos e pagos para facilitar a fuga e que o helicóptero não pousou dentro do presídio e sim em um local próximo onde o traficante estava. Como disse, histórias e mais histórias. Dá vontade de ficar dias ouvindo. Por fim nos deu as últimas dicas sobre a nossa caminhada e sobre uma trilha desativada que passa por cima das montanhas onde ainda se encontram resquícios muito bem preservados de uma antiga fazenda. Esta trilha poucas pessoas conhecem e não é oficial. Dizem que é muito bonita e corta um bom caminho. Ficamos horas com eles, nem vimos o tempo passar. Mas como tínhamos que seguir nossos caminhos lutando contra o relógio seguimos em frente. Passamos por diversas praias da Ilha que nunca sequer tinha ouvido. A maioria colônia tradicionais de pescadores. Passamos por Bananal (muito antes da tragédia de 2009/2010) que está muito povoada, em sua maioria por pousadas e casas de classe média alta. Suas pousadas são bastante procuradas como ponto inicial para mergulhos autônomos e cursos. Ponto interessante é um bar estilo oriental de um Japonês que mora na área. Foi onde descansamos um pouco e pegamos mais fôlego para seguir adiante. Pena que o local estava fechado. Chegamos em Freguesia de Santana, nestas trilhas praticamente não há fontes de água para beber. Tivemos que pedir água para um marceneiro que fizemos amizade na praia de Freguesia. Freguesia foi o primeiro povoado da Ilha Grande onde teve a sua primeira igreja construída (agora descobri que a primeira igreja construída foi a capela de São Benedito, na praia de Palmas. Feita por escrevos). Ao conversar com nosso novo amigo marceneiro ele nos contou sobre o drama do Guapuruvu, que é uma das árvores símbolos da Floresta Atlântica. Não há nenhum indivíduo adulto desta espécie na ilha, pois uma misteriosa doença está acabando com todos. Já vieram especialistas de várias universidades do país e nenhum conseguiu diagnosticar a praga. A hora já estava avançada e a nossa preocupação em arrumar um local para dormir aumentava. Freguesia de Santana, além da igreja, é predominantemente habitada por uma propriedade privada, onde o dono não gosta que aventureiros durmam nela. Resolvemos pegar a trilha para Japariz, sabendo ser quase impossível dormir na vila começávamos a cogitar a idéia de dormir na trilha. Depois de andar do amanhecer ao entardecer, chegamos a Japariz. Este pequeno povoado é repleto de restaurantes e pequenos estabelecimentos ligados ao ramo de lanches e refeições. É parada obrigatória de quem faz os passeios para a Lagoa Azul e Verde para uma refeição ao fim da viagem. A esta altura tínhamos que batalhar um lugar para montar as barracas. Fomos conversando com um morador, depois com outro, até conseguirmos a dica de que emum dos restaurantes o dono deixa acampar. Conseguimos falar com o proprietário que deixou acampar em seu terreno, disponibilizando o banheiro para tomarmos um banho. Japariz estava sofrendo com a invasão do Caramujo Africano e de formigas cortadeiras. A quantidade de Saúvas Limão durante a noite é impressionante. São milhares. Chegam a fazer muito barulho. Após travar uma batalha com algumas saúvas pelo nosso miojo e sardinhas, fomos dar uma volta na praia e pescar um pouco no pier. É interessante quando você observa um local por outro ângulo, em outra ocasião. Durante o dia Japariz é uma correria só. Pessoas de um lado para o outro tentando saciar a fome. E a noite... À noite a paz de vilarejo do interior retorna. Crianças brincando. As pessoas aglomeradas vendo uma televisão colocada em uma mesa de um dos restaurantes e outros se divertindo brincando de bingo. Um clima de vilazinha do interior mesmo, até eufórico. Aquela sensação de simplicidade e inocência que cada vez é mais difícil de ver. Uma comunidade inteira convivendo em paz, sem medo, simplicidade e em comunhão. Oitavo dia Mais um dia... acordei bem cedo a ponto de ver mais um nascer do sol. Tive a sorte de poder ver muitos nesses oito dias, queria poder aproveitar um pouco mais, pois seria o último dessa travessia. E esse por do sol foi especial, como todos foram, cada um com um detalhe diferente. Neste tive a companhia de três novos amigos. Três filhotes de vira latas me acompanharam. Brincavam de um lado para o outro, me cumprimentando, assim como o sol que saía de dentro d”água. Mais três novos amigos. Só que não poderia imaginar que estes poderiam trazer problemas depois. Tomamos café e partimos. Ficamos muito tempo tentando afugentar os filhotes para que não nos seguisse e se perdessem em Saco do Céu. No início da trilha conseguimos despistá-los. Bom... achávamos que sim. Chegando a Saco do Céu apareceram de novo, brincando e fazendo festa. Fizemos de tudo para colocal-os de volta a trilha de Japariz, mas sem sucesso. Saco do Céu é uma colônia de pescador como as outras. Parece ser um pouco maior que as demais, mas na verdade não ficamos tanto tempo, pois tivemos problemas com um morador por causa dos filhotes. Esse queria agredir os filhotes dizendo que os cachorros vêm de Japariz e matam as galinhas deles. Obvio, não deixamos encostar nos bichos. Contrariado ele pegou um barco e saiu esblavejando. Xingando tudo que é nome e o seu amigo tentando consolá-lo. Pior que o cara era grande, mas como também não sou pequeno... Duas dicas: não deixem de forma alguma nenhum animal segui-los para evitar esse tipo de problema e outra, nunca arrume problemas com moradores. Tente sempre contornar a situação da melhor forma possível. Nunca sabemos com quem estamos lidando e para piorar estamos na casa deles. Então, sangue frio e muito jogo de cintura. Felizmente a situação não chegou a nenhum embate maior. Ele foi pro lado deles e nós para o nosso. O maior problema era por os filhotes de volta para a trilha para que ninguém os machucassem. Depois de gritar muito com eles, jogar paus e pedras para afugentar, conseguimos pó-los para correr. Desculpe o mal jeito meus amigos, mas tinha que ser. Saco do Céu cresceu de frente para um braço de mar. Parece até que é uma lagoa gigantesca, mas não é. É o mar que vem contornando a mata e termina naquele lindo espelho azul. No final há um mangue bem preservado. Continuamos rumo a Abraão. Passamos por mais uma vila, que não lembro o nome agora. Vilazinha muito bonita. Super arborizada e cheia de Caxinguelês, uma espécie de esquilo da Mata Atlântica. Faziam um baile. Correndo de um lado para o outro na nossa frente. Subindo nas árvores. Nunca tinha visto tantos juntos. Ao final da vila chegamos a ultima praia antes da última trilha para Abraão. Não lembro bem o nome, mas é bem bonita também, é algo como Perequê. Ainda há outra prainha com uma mega casa. Esta praia é a da Feiticeira. Começamos a nossa subida pela última trilha. Esta trilha começa na praia da Feiticeira e passa na entrada da cachoeira de mesmo nome. Seu início é todo de escada de concreto, pois ainda há poucas casas por ali. O inicio da trilha é bem íngreme. Chega a ser cansativo o começo. De repente era por estarmos desgastados de tanto andar. A Tatiana já estava a duas noites dormindo à base de analgésicos, e olha que ela corria e fazia academia. Realmente andamos muito e somando isso a muito sobe e desce e uma mochila pesadíssima nas costas... Não é tarefa das mais fáceis. Por isso, ao resolver fazer esse tipo de caminhada é recomendado estar em ótima forma física para agüentar. Ela conseguiu terminar a volta bravamente, sem nenhuma reclamação e olha que impomos um ritmo de caminhada muito pesado, e ela conseguiu acompanhar. Como disse, só conseguiu acompanhar e terminar nossa caminhada porque estava em excelente forma física. Voltando a nossa última trilha... Subimos lentamente. O caminho é bem sinalizado e aberto. Com exceção da trilha Dois Rios/Parnaioca as demais eram bem abertas. Passamos por um pequeno riacho e depois pela entrada da trilha para a cachoeira da Feiticeira. Para quem vem de Abraão a entrada fica à esquerda. Quem não conhece pode passar direto porque fica escondida e o início é uma subida em uma encosta de uns 45 graus. Há marcas e setas desenhadas nas pedras e no chão. Como estávamos cansados, cheios de peso e conhecíamos a cachoeira, não nos aventuramos a ter que subir e voltar. Depois de pouco mais de uma hora chegamos ao aqueduto que abastecia o Lazareto e a cidade. Esta parte já é Abraão. Tem um grande poço formado por água da cachoeira. Parada obrigatória para recarregar as energias. Mergulho imperdível para relaxar e energizar. Ficamos um bom tempo descansando, tomando banho e conversando. Aliviados e muito satisfeitos por ter conseguido concluir nossa missão tão bem. Conseguimos!!! Em oito dias dar a volta na Ilha Grande. Dá para se fazer em menos. Em até três, quatro dias. Só que sinceramente... Não vale a pena fazer tão rápido. Fizemos em oito e não deu para curtir metade do que queríamos direito. Ficar mais dias na paz da Parnaioca, sozinhos, ou mais noites balançando na rede em Aventureiro. Dias ouvindo as histórias dos caiçaras, do seu Bentinho e Chacrinha. Tomar mais banhos de rio e cachoeira. Uma coisa é certa. Pode-se terminar a volta com o corpo cansado, mas a vontade é de dar meia volta e fazer tudo de novo. Corpo cansado, mente e espíritos revigorados. Passei meses antes de dormir, preso na babilônia, imaginando aquelas praias lindas, desertas. Pensando... Que desperdício. Aquele paraíso lá, me esperando de braços abertos e eu aqui. Nossa aventura foi em abril de 2007 e não se passa um dia em que não planeje voltar e fazer o mesmo, só que por mais dias. Desgarrado de tudo, longe do transito da cidade grande e suas mazelas. Só com preocupações básicas. Fazendo da minha casa a natureza. Acordar de cara com o sol nascendo, mergulhar no rio para despertar. Passar o dia na praia, jogando conversa fora, ou não, me isolando no meio da natureza. Foram os dias mais mágicos e incríveis da minha vida... Dias de paz!!! Citar
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