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Atacama, norte do Chile. Uma semana de intensas emoções vividas no deserto mais árido do planeta.

 

Ao todo foram nove dias no Chile. Duas noites em Santiago e sete em San Pedro de Atacama, entre final de março e começo de abril de 2014. A época é considerada temporada baixa, más há turistas o ano todo por lá, especialmente entre dezembro a fevereiro e julho a setembro.

 

Comprei as passagens saindo desde Montevidéu (onde moro atualmente) para Santiago. Pela Lan, os voos são diários e a viagem dura aproximadamente duas horas, sem conexões ou escalas. Recomendo pesquisar no site da empresa, pois sempre tem promoção rumo à capital chilena, saindo do Brasil.

 

Em Santiago me hospedei uma noite na ida e outra na volta na casa do Benjamín -meu companheiro de viagem-, mas na cidade existem infinidades de hostels para quem quiser economizar. O bairro Bellavista oferece muitas opções e vale a noite, que costuma ser animada, com vários bares.

 

No dia seguinte, saímos cedo rumo a Calama. O trajeto também foi feito pela Lan. Voo tranquilo de duas horas e com uma linda vista para a Cordilheira dos Andes. As passagens de ida e de volta custaram aproximadamente R$ 260,00. Tudo depende da época em que for, é claro. Outra opção de voo é voar com a empresa chilena Skyairline. Ir de ônibus também é outra alternativa. A desvantagem é o tempo: são quase 24 horas até chegar a Calama.

 

Chegando no aeroporto, a paisagem assusta de tão bela. O azul e o laranja são um contraste perfeito que se desenha no horizonte ao pousar em Calama, ponto de partida para o destino base: San Pedro de Atacama.

 

Cheguei com o sol forte do meio-dia. Ao sair do avião, a sensação de estar em um universo paralelo é latejante e toma conta do corpo. A partir dali, a mais de 2.000 metros de altura, a falta de ar era só o início da viagem.

 

O caminho entre Calama e San Pedro dura aproximadamente uma hora. São várias as empresas que oferecem transporte até o povoado, por isso, sempre é bom pechinchar. Fomos até San Pedro com a empresa Licancabur, com direito a um repertório musical de gosto duvidoso escolhido pelo motorista/DJ, que variava entre as famosas canções interpretadas por flautas andinas e os clássicos de Frank Sinatra.

 

Da para comprar o trecho de ida e de volta de uma vez. Porém, compramos o bilhete só de ida. Cada um saiu por R$ 40. Também há linhas regulares de ônibus que levam até o San Pedro, é questão de se informar no saguão do aeroporto.

 

No trajeto, você começa a ter uma noção da imensidão do lugar. As paisagens mudam a cada curva, entre cordilheiras que contornam a estrada e o belo vulcão Licancabur, o abre-alas de toda a viagem.

 

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[creditos]Vulcão Licancabur visto desde as ruínas de Pukará de Quitor. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Como a viagem não foi muito planejada, chegamos em San Pedro sem nenhuma reserva. Ficamos na rua Caracoles para começar a peregrinação em busca de hospedagem, que variam desde hotéis de luxo a casas de família. Depois de pesquisar valores, nos hospedamos no Hostelling Internacional. A noite em quarto compartilhado, para seis pessoas, saiu em torno de R$ 30,00 com um singelo café-da-manhã incluído. Conseguimos um desconto pelas 7 noites. O hostel é bem simples, com banheiros pequenos, mas com chuveiro bom e água quente. A graça do local fica por conta do ambiente, tomado por bicicletas e um pátio interno para interagir com os outros hóspedes.

 

Mochilas instaladas, era hora de fazer o reconhecimento do local. As ruas do povoado de terra, são tomadas por agências de turismo que oferecem os passeios para as principais atrações da região, locais para aluguel de bicicletas, casas de câmbios, restaurantes para todos os gostos e lojinhas de artesanato. Tudo parece igual. Serviços de cartão de crédito e de internet funcionam em quase todos os estabelecimentos. Há apenas um caixa eletrônico em San Pedro.

 

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[creditos]Uma das ruas de San Pedro.Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

A alimentação e os passeios vão depender do gosto do cliente. Às vezes fazíamos lanches, outras cozinhávamos no hostel ou então saíamos para jantar. Aproximadamente foram entre dez e trinta reais gastos por dia em refeições e provisões para os passeios.

 

Já os passeios são um quesito à parte. A dica é pesquisar antes de fechar pacotes com alguma empresa -são muitas!- e os preços podem variar, assim como a qualidade do serviço. Se a escolha for fazer mais de dois ou três passeios, é interessante fechar com a mesma agência, pois geralmente tem desconto. Outra possibilidade bem mais legal é alugar bicicletas. Além de economizar em alguns passeios, a sensação de pedalar no deserto é indescritível e vale para testar a resistência física. Acredite, vai precisar! O aluguel por meio dia (5 horas) custa R$ 15,00 e R$ 25, 00 o dia inteiro (9 horas).

 

Escolhemos três tours: Termas de Puritama, Geysers del Tatio e Lagunas Altiplánicas por R$ 200,00 (preço pelos três, com desconto e por pessoa). Vale lembrar que as entradas para os parques são pagas separadamente e à vista. Custam aproximadamente entre R$ 15 (ruínas de Pukará de Quitor, Valle de la Luna, Geysers del Tatio, Lagunas Altiplánicas, Aldea de Tulor, Lagunas Cejar, Laguna Chaxa, Tebinquinche , Valle del Arcoíris) a R$ 40 (Termas de Puritama). O passeio para o Salar de Tara, que dizem ser muito bonito, ficou para uma próxima.

 

Depois de uma pausa para almoçar, chegamos a um consenso e definimos o roteiro da semana:

 

Dia 1 - Bicicleta o dia inteiro: pela manhã, visita a Pukará de Quitor . Pela tarde, Valle de la Muerte.

 

Dia 2 – Bicicleta pela manhã: Garganta del Diablo. À tarde, tour para as Termas de Puritama.

 

Dia 3 – Tour para os Geysers del Tatio (não é recomendável logo de cara e depois entendi o porquê).

 

Dia 4 – Bicicleta (odisseia para encontrar a Aldea de Tulor)

 

Dia 5 – Pela manhã, tour para as Lagunas Altiplánicas, Comunidad de Toconao e Laguna de Chaxa, onde fica a reserva dos flamingos. À tarde, optamos por alugar uma camionete por um dia (compensa se conseguir mais gente para dividir o valor) e fomos à Piedra del Coyote e ao Valle de la Luna.

 

Dia 6 - Com a camionete amanhecemos nos Ojos del Salar de Atacama,Laguna Tebinquinche e Laguna Cejar. À tarde partimos para o Valle del Arcoíris e visitamos os Petroglifos. Na volta, paramos novamente na Piedra del Coyote, a vista para o Valle de la Luna é sensacional e poderia ficar o dia inteiro lá!

 

Dia 7 – Pela manhã e antes de partir para Calama, para pegar o voo de volta, deu tempo de conhecer o Museo Arqueológico R. P. Gustavo Le Paige e alugar bicicletas para conhecer o Cráter del Meteoríto, que fica a 4 km da saída de San Pedro.

 

No mais, é levar muito protetor solar, roupas práticas e leves (ao amanhecer e à noite faz frio e durante o dia muito calor) e câmera fotográfica. Vai por mim, ficará dias depois da viagem olhando cada clique e pensando: estive mesmo lá?

 

Mais dicas sobre San Pedro de Atacama e região: http://www.sanpedrochile.com

 

Com os roteiros mais ou menos definidos, aproveitamos a primeira noite para descansar e perambular pelas ruelas de San Pedro. O clima de que todos se conhecem é bastante acolhedor. Começava a entender porque muitos se apaixonam pelo lugar e resolvem ficar mais um dia e outro e outro…

 

Benjamín e eu resolvemos jantar num dos tantos restaurantes existentes e em vez do vinho, escolhemos a Atacameña, cerveja produzida na região -muito boa por sinal!- para brindar pela nossa chegada ao deserto.Uma curiosidade: nem todos os restaurantes podem vender bebidas alcoólicas. Alguns têm licença, outros apenas oferecem algum drink de boas-vindas, geralmente o famoso pisco sour. Para comprar bebidas há uma que outra bodega em San Pedro.

 

Como a maioria dos passeios começa antes mesmo de amanhecer, os estabelecimentos fecham cedo, mas sempre tem alguma festinha quase clandestina agitando a noite. Preferimos descansar, afinal tínhamos um deserto inteiro pela frente.

 

Ruínas de Pukará de Quitor

 

Logo após o café da manhã, era hora enfim de começar a aventura. Pela facilidade, alugamos bicicletas no hostel mesmo. Compramos algumas provisões essenciais: bolachas, barrinhas de cereal, frutas, água, água e mais água. E mesmo assim nunca é suficiente. Sempre compre mais água!

Antes de sair, e a partir dali, começava o ritual de todos os dias: creme hidratante, camadas de protetor solar (FPS 30 para o corpo e FPS 50 para o rosto) e labial, boné e óculos escuros.Todo listo e mapa em mãos, rumo às ruínas.

 

O trajeto é relativamente curto e seguro. São 3 km saindo ao norte de San Pedro. Ao longo do caminho se vê o Río Grande com suas margens cobertas por pastagem verde e a entrada da Garganta del Diablo. É um bom passeio para começar a se ambientar com o lugar e testar a resistência física.

Ao chegar, as bicicletas ficam estacionadas na entrada da fortaleza e logo após pagar a entrada, são 70 metros caminhando morro acima com duas trilhas: a das construções da época pré-incaicas e a do mirante.

 

Ao chegar no topo, a beleza do horizonte é tamanha que se perde a noção do tempo. Do alto do mirante, a vista para o deserto é quase de 360º . A sensação de isolamento só aumenta com o vento constante e a imponência do Licancabur, que descansa plácido sob o olhar boquiaberto dos visitantes. O estado é de contemplação.

 

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[creditos]Ruínas de Pukará de Quitor. Ao fundo, o vulcão Licancabur. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Ladeira abaixo, depois de horas submersos pelo encanto do lugar, resolvemos voltar a San Pedro para abastecer. Almoçamos um super sanduíche feito com hallulla, uma espécie de pão plano da região e descansamos um pouco antes de seguir para o Valle de la Muerte.

 

Valle de la Muerte

 

Localizado na Cordillera de la Sal, o vale fica aproximadamente a 2 Km à direita, saindo de San Pedro pela estrada CH-23 rumo a Calama, não é preciso pagar para entrada.

 

Ao entrar no labirinto de rochas, o único barulho que se escuta é dos cristais de sal rompendo-se, devido à baixa temperatura em contato com o sol. Não existe vida no lugar, por isso o nome sugestivo. Lá também se encontram as dunas de areia, destino bastante popular para quem gosta de praticar trekking ou sandboard.

 

A cada instante, as cores da cordilheira variam dependendo da posição do sol. Durante à tarde, o laranja intenso invade os contornos do ambiente à espera do atardecer. Definitivamente estamos em outro planeta!

 

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[creditos]Pedalando no Valle de la Muerte. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Sensação de dever cumprido. Com o cair da tarde, voltamos a San Pedro para descansar e esperar entre uma piscola e outra, as surpresas do próximo dia.

 

O destino do dia seguinte era visitar a Garganta del Diablo, que aliás, não estava previsto inicialmente, e foi indicação da recepcionista do hostel.

 

Garganta del Diablo

 

Alugamos bicicletas pela manhã e fomos em direção a Pukará de Quitor, o caminho utilizado é o mesmo, porém o trajeto que nos esperava era mais longo, ao todo 16 km entre ida e volta e sem muitas sinalizações. Mesmo com mapa, pedimos informações uma e outra vez.

 

Ao passar as ruínas arqueológicas, seguimos margeando o Río Grande(ou Río San Pedro) até um ponto que nos foi indicado onde deveríamos cruzar o rio que, por sorte, não estava cheio. Mesmo assim, a frescura fez com que eu tirasse os tênis e atravessasse a pé a água geladíssima!

 

É preciso atenção, pois o único mapa existente no lugar é uma placa de Bienvenidos a Catarpe com algum vestígio de sinalização, algo confusa. Sem muitos turistas, talvez pelo horário, a sensação de aventura só aumentava. Os únicos companheiros do passeio foram dois cachorros que serviam de guias para um casal de brasileiros que circulava por ali.

 

Para encontrar a Garganta é preciso chegar até uma bifurcação na estrada e seguir os rastros das bicicletas e cavalos pela direita. Aos poucos o caminho se estreita e começa a verdadeira diversão para ciclistas, pois a formação das pedras impede a passagem de carros.Similar ao Valle da Muerte, a Garganta del Diablo é parte da Cordillera de la Sal. Ou seja, enormes paredões rochosos e sem vida. Também não é preciso pagar entrada.

 

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[creditos]Garganta del Diablo. Benjamín Vicuña[/creditos]

 

O encanto do local é pedalar entre os túneis dourados e subir e descer pelas pedras estreitas, às vezes com a bicicleta no ombro. O passeio foi uma excelente escolha para começar o dia.

 

Voltamos a San Pedro a tempo de almoçar e esperar pelo próximo passeio.

 

Termas de Puritama

 

Segundo a agência que contratamos, as termas seriam uma espécie de oásis com cachoeiras de águas quentes no meio do deserto, mas não foi bem essa a impressão que tive.

 

Localizadas a uns 30 km de San Pedro, chega-se lá pela mesma estrada que leva aos Geysers del Tatio. O trajeto morro acima é muito bonito, com muitas curvas perigosas e paisagens grandiosas: de um lado os salares no deserto que do alto parecem diminutos e do outro, jardins de cactos gigantes que brotam das pedras.

 

Uma hora depois chegamos à Quebrada de Puritama e em seguida, descemos um belo vale por aproximadamente 10 minutos até o local. A entrada é salgada. Pagamos 9.000 CLP (equivalente a 35 R$) com tarifa reduzida por ser à tarde.

 

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[creditos]Termas de Puritama. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

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[creditos]Cruz para espantar os maus espíritos. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Apesar de bonito, a impressão que tive ao entrar era a de estar em um clube. As cachoeiras na verdade eram poços de águas termais entre 30 e 35 graus, um prato cheio para ficar boiando por horas! São mais ou menos 8 piscinas naturais separadas por trapiches. Algumas mais reservadas que outras. Ao passar de um poço a outro, a temperatura da água vai aumentando. O último poço que entramos parecia piscina de clube em dia de verão: muita gente e pouco espaço.

 

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[creditos]Trapiche das termas. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Por ser um lugar para relaxar, o passeio é bastante popular, porém às cinco da tarde o guia avisa que é hora de partir, pois a atração fecha antes das seis. E lá fomos nós correndo trocar de roupa nos vestiários instalados e bater retirada para San Pedro novamente.

 

Dica: Muita gente prefere curtir as Termas de Puritama no último dia de viagem, depois dos passeios mais pesados.

 

Após um fim de tarde submersos nas águas quentinhas das Termas de Puritana e de mais uma noite tranquila em San Pedro, chegou o momento do passeio que mais ansiava: os Geysers del Tatio.

 

Geysers del Tatio

 

Já havia lido algo a respeito dos famosos gêiseres antes da viagem e realmente estava expectante. O que sabia – e que não nos foi informado pela agência contratada – era que deveríamos evitar de comer carne vermelha, tomar bebidas alcoólicas no dia anterior ao passeio e usar camadas de roupas para proteger-se do frio ao amanhecer, já que a temperatura poderia chegar a – 22 graus dependendo da época do ano. Luvas e gorro são imprescindíveis!

 

O passeio começa de madrugada. A van nos apanhou no hostel às quatro e meia da manhã. Logo após buscar os outros passageiros seguimos rumo à região do Tatio que fica a 4.320 metros de altura.O trajeto é sinuoso, escuro e perigoso. São muitas curvas e vans de outras excursões dividindo a mesma estrada. Vamos sacudindo em silêncio num misto de sono e apreensão até a chegada.

 

No caminho o guia nos explica sobre os efeitos da altitude e nos orienta sobre os cuidados que devemos ter ao descer: movimentos lentos, respirar profundo, tomar água o tempo todo, não sair da trilha (muito importante) e sempre estar atento ao grupo. Ele nos contava que, anos atrás, alguns turistas morreram queimados ao pular nos poços, por bancarem os espertinhos. A temperatura da água pode chegar a 86 graus!

 

Ao descer, o frio era cortante. Segundo o guia, tivemos sorte, pois fazia apenas – 7 graus. A entrada do parque é o único local em que há banheiros, então é bom aproveitar a parada para não se apertar depois.

 

O lugar impressiona. A região do Tatio é composta por 80 gêiseres, a maior concentração do hemisfério sul e a terceira maior do mundo. Outra vez a sensação de estar em outro planeta toma conta do ambiente. O vapor dos poços em ebulição, que cortam os primeiros raios de sol. e o rugir da terra fervendo é quase hipnótico.

 

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[creditos]A terra ferve. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Após percorrer o primeiro campo de gêiseres, era hora de tomar o café da manhã preparado ali mesmo pelo guía. Hallulla com manteiga, café e chocolate quente aquecido nas poças de águas ferventes!

 

Alimentados e com o dia mais claro, fomos para outra parte do parque, cujo terreno fora explorado anteriormente por uma empresa geotérmica, para fornecimento de energia. Após um incidente que provocou uma grande fuga de vapor de um dos gêiseres, a empresa foi desativada e hoje o terreno é considerado zona natural protegida pelo governo chileno.

 

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[creditos]Campo de gêiseres. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Terminado o passeio, há uma piscina termal a 36 graus no campo de entrada dos gêiseres para quem quiser nadar. Porém o nosso banho seria em outro lugar mais reservado e muito mais aconchegante, apesar do frio: à beira do lago Putana, rodeados por vulcões que fazem fronteira com a Bolívia.

Porém, a essa altura do passeio, já sentia os efeitos da altitude e pela primeira durante a viagem percebi a fragilidade de meu corpo.

 

Enquanto o pessoal do grupo se preparava mergulhar nas águas do Putana, o cansaço físico e a confusão mental, causado pela falta de oxigênio, me abatia, além da secura na garganta, do sangramento no nariz e do coração acelerado. Mal conseguia caminhar e foi preciso mastigar algumas folhas de coca para aliviar os sintomas do soroche. Resultado: nada de banho para mim.

 

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[creditos]38 graus a 4.300 metros de altura! Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Devido aos efeitos da altura no organismo, é recomendável fazer passeios em altitude superior a 3.000 metros nos últimos dias da viagem, uma vez que o corpo já está mais adaptado às condições climáticas da região.

 

Mesmo com o mal-estar, o fascínio pelo lugar não diminuía. Em meio aos contrastes de cores, éramos observados de perto pelo ativo vulcão Putana e pelas desconfiadas vicunhas o tempo todo.

 

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[creditos]Vicunhas pastando. Ao fundo o vulcão Putana escorrendo enxofre. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Começava o retorno a San Pedro. Porém uma última uma parada para comer empanadas de queijo de cabra e espetinhos de carne de lhama – para os corações menos sensíveis -, no inóspito vilarejo de Machuca de origem ancestral. Hoje em dia vivem apenas três famílias que sobrevivem da criação de lhamas e do turismo.

 

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[creditos]Ouro nas montanhas. Vilarejo de Machuca. Sabrina Pizzinato[/creditos]

 

Novamente em “casa”, aproveitamos a tarde livre para descansar. As emoções do dia mal haviam começado.

Passado os efeitos da altura e com as energias repostas, resolvemos nos dar ao luxo de jantar decentemente, depois de dias comendo bolachas, sanduíche e chocolate.

 

O tempo passava entre pisco sour e conversas a fio, quando Benjamín chamou minha atenção para um pequeno quadro na parede que se movia. Sem dar muita atenção, continuei concentrada na conversa. Porém ele insistia para que olhasse novamente. Dessa vez tremia com mais força: estávamos sofrendo um terremoto!

 

Estava excitada e apreensiva pela situação e por não saber ao certo o que estava acontecendo. O chão se movia cada vez com mais intensidade. Nesse instante, Benjamín – que é chileno e está acostumado com os constantes tremores no país – pediu que mantivéssemos a calma e saíssemos do lugar.

Foi o tempo de levantar para que as luzes se apagassem. O dono do restaurante pediu que todos fôssemos para o lado de fora do estabelecimento. Alguns turistas mais nervosos começaram a se agitar, enquanto outros mais eufóricos riam da inusitada experiência.

 

Com o povoado às escuras e todos na rua, a impressão era a de estar em um barco que balançava sobre agitadas ondas gigantes de terra que se moviam em um vai e vem tortuoso. Foram dois minutos eternos até que o sismo parasse.

 

Passado o susto e com a energia restabelecida, todos voltamos a jantar. Porém logo veio a notícia que atestava o acontecido. Um forte tremor de 8,2 na escala ritcher, havia afetado uma região próxima a Iquique, cidade a 360 km ao norte de San Pedro. No povoado o terremoto chegou a magnitude 7.

Esse seria apenas o primeiro tremor. Nas noites seguintes, sentimos as réplicas do sismo que afetou a região norte do Chile, onde estávamos.

 

Depois das intensas emoções do dia em que a terra demonstrou, uma vez mais, a nossa fragilidade ante as adversidades da natureza, resolvemos dormir. Afinal, o dia seguinte nos esperava um agradável passeio de bicicleta ou pelo menos assim deveria ser.

 

Dica: Chocolate! Para passeios nas alturas, nada melhor do que levar bombons ou barras, pois ajudam a repor as energias. Não dá para ficar apenas no chá de coca.

  • 3 semanas depois...
  • Membros
Postado

Olá, Sabrina!! Tudo bem

Quero ir para San Pedro em julho, eu e um amigo e estava procurando hostels. Havia me esquecido do Hostelling International.

É bom lá?

Estamos indo como mochileiros, portanto não temos muito dinheiro para gastar. Vocês possuem a carteirinha? Com ela fica mais barato ou dá no mesmo?

Se puder dar algumas dicas...

Aguardo um retorno.

Muito obrigada!!

  • Membros
Postado

Oi, aisaalves! Eu fui pra lá com um amigo. Não tínhamos reservas em hostel nem carteirinha do hostelling. Chegamos em San Pedro e procuramos o mais barato e achamos o hostelling. Como ficamos uma semana, o funcionário fez preço de sócio. O lugar é bem simples, mas achei que valeu à pena pelo preço (7.000 pesos chilenos por dia). Só que fui em temporada baixa. Julho acho que é temporada, então talvez seja bom reservar com antecedência.

Abraços!

  • Membros
Postado

To indo pra lá agora em junho e estou dando pulos de alegria com seu relato, com os preços mais atualizados (há que se considerar que estou indo em alta temporada). Mas agora da pra planejar melhor! Muito Obrigada!!

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