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Este relato é da viagem que fizemos pela Grécia, Turquia e Hungria em julho 2013.

Como viajei com meus pais, que tem mais idade, tive que fazer algumas adaptações no roteiro, melhorando um pouco a qualidade da hospedagem e cortando as festinhas e noitadas.

 

Nosso roteiro foi:

ATENAS -3 DIAS

SANTORINI - 2 DIAS

BUDAPESTE - 3 DIAS

CAPADÓCIA - 4 DIAS

ISTAMBUL - 4 DIAS

 

Neste tópico, vou me deter somente na parte turca.

Relato sobre a Grécia: http://www.mochileiros.com/grecia-turquia-e-hungria-julho-2013-t94360.html

Relato sobre Budapeste: http://www.mochileiros.com/grecia-turquia-e-hungria-julho-2013-t94622.html

Mais em: http://golivegotraveling.blogspot.com.br

 

 

CAPADÓCIA - CAPPADOCIA - KAPPADOKIA

 

A ideia de ir para a Turquia surgiu com uma promoção da ótima Turkish Airways: U$1.200 ida e volta,com taxas incluídas (POA-SP-ISTAMBUL-SP-POA).

Decidimos ir primeiro para a Capadócia e depois, antes de voltar ao Brasil, ficar uns dias em Istambul. Isso porque como somos compradores compulsivos, sempre deixamos as compras para o finalda viagem, para não "pesar" as malas.

 

Chegamos em Göreme bem na hora de uma das chamadas das mesquitas para oração. De arrepiar a soma do cenário exótico e daquele som. Neste primeiro dia, como já era tarde, aproveitamos para conversar bastante com o Mustafa (60% dos turcos se chamam Mustafá, ou Ali ou Mohamed, sério -_- ), proprietário do hotel onde ficamos, e aprender mais coisas sobre a história, os hábitos e os costumes do local.

Por indicação do Mustafá, jantamos em um restaurante perto do hotel, chamado Firinn, bem familiar.

No nosso primeiro dia de "tour", começamos pelo Red Valley. Achei que não veria nada mais lindo do que esse vale, mas algo mais nos aguardava ... me perguntam se a Cappadócia é realmente bonita, e só digo isso: não existe câmera que consiga captar as belezas e a energia desses lugares, é de tirar o fôlego, sem dúvidas!

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Seguimos então a conhecer o Love Valley, a vila Cavusin, Pasabeg Valley, Devrent Valley, o mosteiro de Selme e as pequenas Avanos e Ucshair.

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Na volta para o hotel aproveitamos para conhecer uma fábrica tradicional de cerâmica. Aliás, tem cerâmica por tudo. Fomos conhecer a produção artesanal do famoso Chez Galip (http://www.chez-galip.com). Bem bacana, vale a pena se estiver com tempo. Tem toda uma explicação sobre como são feitas as peças e seus significados e até somos convidados a "botar a mão na massa", literalmente.

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E para fechar com chave de ouro, o sol ainda nos brindou com um baita espetáculo.

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Nosso segundo dia foi dedicado ao "green tour". O caminho já nos reservava belas surpresas, saindo um pouco do roteiro cavernas-bege.

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A primeira parada foi na cidade subterrânea de Derinkuyu. Calcula-se que existam mais de 200 cidades subterrâneas pela região. Foram "fundadas" com o mesmo propósito das cavernas, ou seja, era um "esconderijo", uma forma de se proteger. Essa, especificamente, é uma das maiores, com mais de 8 andares debaixo da terra e quilometros de extensão. Calcula-se que mais de 50.000 pessoas chegaram a habitá-la. Normalmente as pessoas ficavam por ali durante meses, sem ver a luz do sol. Haviam dutos de ar e locais para armazenar o alimento. Como nós não estávamos fugindo de nada, não ficamos mais do que 30 minutos. Pegamos carona nas explicações de um guia para um grupo, mas no meio do caminho decidimos que era hora de voltar ao sol. Tá bom, vou confessar. D. Volnei começou a meio que passar mal, haha, ataques de claustrofobia. Ainda bem que foi ele quem começou, porque sem demora eu também já estaria sufocando por entre aqueles labirintos de pedra.

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Seguindo nosso passeio, paramos então em um lugar muito mais aberto, digamos assim, o Ihlara Valley. O lugar me lembrou um pouquinho os Canyons aqui do RS misturados com um cenário do Colorado estadunidense. Lugares lindos é verdade, mas não adianta, não tem aquele "verde" como aqui na América.

O Ihlara é bem extenso, muito limpo, bem preservado (belo exemplo, Brasil) e com uma ótima estrutura para os visitantes. Percorremos somente uma parte dele (cerca de 4km), mas foi bem bacana e vale muito a pena. Dentro do vale é possível encontrar dezenas de cavernas, sobretudo cavernas-igrejas. Entre elas está a famosa caverna de São Jorge, que parece ter vivido por ali algum tempo.

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Finalizamos nossos passeios no Göreme Open Air Museum. Sinceramente, nada demais. Depois de ver tantas cavernas, igrejas, igrejas-cavernas, não surpreende.

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Antes de partir para Istambul, demos uma boa caminhada por Göreme. Percorremos por cada cantinho, observando como "os locais" vivem e se comportam, observando o cotidiano. Não posso dizer que visitei um lugar se não fizer isso.

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Enfim, nos despedimos da região com uma ótima impressão. O mais interessante de tudo é que a Cappadócia, apesar de turística, tem ares provincianos e bucólicos. É uma tal de vila aqui, outra ali. Mini cidades que parecem perdidas no tempo ... e as pessoas mantém exatamente seus hábitos e costumes tradicionais, não montam aquele "espetáculo para turista ver".

 

 

NOTES AND TIPS

 

- COMO CHEGAR NA CAPPADÓCIA: tem dois aeroportos, um em Nevsehir e outro em Kayseri. Escolhemos fazer Budapeste - Istambul - Kayseri, primeiro por causa das opções de horários e depois pelo valor das passagens. Três cias aéreas voam para lá: Atlas Jet, Turkish e Pegasus. Voamos com a Atlas Jet (http://www.atlasjet.com) e foi bem bacana, ótimo serviço. Já em compensação, tenho que falar sobre a área de embarque doméstico do aeroporto de Atatürk, em Istambul. Cara, que caos! A rodoviária de Porto Alegre é mais organizada e agradável, com toda certeza. Esses turcos são muito doidos! No aeroporto de Kaysei também não foi diferente. Para sair do aeroporto e ir até o hotel, não tem jeito, só contratando transfer mesmo (todo hotel oferece transfer, a maioria com empresas terceirizadas).

 

- ONDE FICAR NA CAPPADOCIA: o lugar mais legal é, sem dúvida, a pequena Göreme. Ucshair e Avanos também são bacanas, mas Göreme é mais tradicional, mais rústico, tem boas opções de lojas e restaurantes e fica perto das principais rotas dos tours.

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- NOSSO HOTEL EM GÖREME: Queríamos ficar em um hotel caverna e achávamos que teríamos que pagar muito por isso, mas tivemos uma grata surpresa. Claro que tem hotéis caríssimos, mas conseguimos um super em conta, o Canyon View (http://www.canyonviewhotel.com). Tem que tomar cuidado, porque vimos vários hotéis na internet que prometiam ser cavernas originais com ótima localização, mas que não são nada do que prometem. O Canyon View foi um baita achado! Bem pequeno (são apenas 6 quartos), bem familiar. Trata-se de uma grande caverna que há uns mil anos era uma Igreja (ainda dá pra ver os detalhes dos arcos, colunas e da tinta de cobria as paredes). Há uns 200 anos foi ocupada pelos antepassados do dono do hotel, para servir como residência. Foi uma baita experiência!

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- AS CAVERNAS: Logo no primeiro dia deu pra sacar o lance das cavernas. Estávamos em êxtase por conhecer as exóticas casas-caverna, mas depois de umas 2 horas isso se torna tão comum que perde o brilho, não que deixe de ser surpreendente, mas né. Tem caverna por todo lado. Inicialmente essas cavernas eram usadas por cristãos, que se escondiam diante da perseguição dos romanos e posteriormente dos otomanos (por isso muitas das cavernas eram Igrejas, locais de cultos cristãos). Depois, as pessoas começaram a utilizar esses espaços como moradia. Hoje a maioria das cavernas não é mais habitada, primeiro por causa do lance da preservação do local, e depois por questões de segurança.

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- COMENDO NA CAPPADÓCIA: comer na Capadócia é bom e barato. Não tem lá muitas opções (é kebab disso, kebab daquilo, dürum e alguns pratos que parecem padronizados, tipo "alaminutas"), mas tudo parece bem caseiro, como se estivesse comendo na cozinha da casa deles. Pra mim, que sou vegetariana, foi bem tranquilo, sempre haviam boas opções. Eles comem muito pão que se parece com pão árabe, pão sírio, tipo uma massa de pizza, e foram os melhores pães que já comi, nem os franceses ganham. Tomam muita sopa e as saladas são sempre com pepino japonês, pimentões, pimentas e berinjela (eggplant). Uma coisa legal é experimentar o Pottery Kebab, que é cozido dentro de um vasinho de cerâmica e, para comê-lo, temos que quebrar o tal do vaso.

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- COMPRAS NA CAPPADÓCIA: inicialmente achamos tudo bem em conta. Tem que pesquisar e pechinchar. Alguns turistas nos disseram que as coisas por lá estavam mais baratas do que em Istambul, então aproveitamos para encher as mochilas com souvenirs. O que mais se vê são os tapetes e tecidos, colchas, capas de almofada, toalhas de mesa, coisas assim estão por toooooodos os lados. Também tem muito olho grego (??), imagens religiosas, artigos para chá ou café, peças em cerâmica e lamparinas. Bom, depois que fomos para Istambul, pudemos encontrar os mesmos artigos a preços muito mais baixos. Ou seja, compre em Istambul. Ah, e tem que ter muuuuuita paciência para comprar com os turcos. Nunca compre nada pelo preço inicial, eles sempre baixam depois. Para comprar um lápis que seja, leva-se alguns bons minutos. Tudo é muito conversado e negociado. Haja saco.

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- O QUE VER/TOURS: tinha lido sobre pessoas que tentaram conhecer a região "por conta". Bom, é isso que eu defendo sempre, mas na Cappadocia não tem como. Alugar um carro lá é perder tempo. Transporte público não funciona. Então o negócio é contratar um tour de agência mesmo (custam entre €35 e €70 por pessoa, por dia, dependendo da agência e do tour escolhido) e torcer para não cair na mesma van que um grupo de chineses (eles são muito malas). Cada circuito recebe o nome de uma cor: tem o red, gold, yellow, blue, pink ... Bom e por aí vai. Geralmente um tour dura entre 5 e 8 horas.

 

- O QUE NÃO FIZEMOS: bom, o tour tradicional na região é o passeio de balão. Bom, não fomos. Primeiro porque custa mais ou menos uns €150,00 por pessoa (glup!), depois porque alguém consegue me imaginar em um balão? No way man! Pode me dizer que é a coisa mais linda, que é suave e super tranquilo, mas nã nã nã. Eu definitivamente tenho pânico de altura. Já é difícil me colocar em um avião, que dirá em um balão. Meu negócio é terra, por isso tenho pernas e não asas :-P

 

- O AEROPORTO: já tinha comentado no post anterior a bagunça que são os aeroportos na Turquia. Para vôos internacionais, ok. Agora para vôos domésticos ... afff ... trabalhe em dobro a paciência e prepare-se para bizarrices.

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4 DIAS EM ISTAMBUL

 

Ficamos em Istambul por 4 dias. Aaah ... Constantinopla ... era nisso que eu pensava quando tomei o vôo da AtlasJet Kayseri-Istambul. E foi aí que despertou em mim o monstrinho da curiosidade em conhecer cidades do Mundo Antigo que ainda "vivem" (mais do que quaisquer outras cidades). Já penso na antiga Ceuta, mas essa fica para o futuro.

 

No primeiro dia ficamos por Sultanahmet. Começamos pelo Palácio Topkapi (https://muze.gen.tr/muze detay / topkapi). É impressionante a riqueza de detalhes do palácio dos sultões. Os azulejos pintados a mão, um a um ... as madeiras trabalhadas .... impressionante também é imaginar a riqueza e a avareza dessas pessoas. Ainda que esteja sem mobiliário, dá para viajar para um mundo medieval, onde se enxerga as concubinas enclausuradas e às pessoas "comuns" batendo nos portões do palácio implorando por uma audiência com seu líder antes de morrer de fome. Decidimos visitar também a ala dos aposentos privados no palácio (pagando mais, é claro). Não vale a pena. Mas ...

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Segui sozinha para a Hagia Sophia (Santa Sofia - https://muze.gen.tr/muze-detay/ayasofya). Queria ver de perto os sincretismos religiosos, temporais e culturais que esta construção representa. Aí sim, Constantinopla estava sob meus olhos! Que fantástico!

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Quase fritos com o calor de Istambul no verão, fomos até a Mesquita Azul (http://www.bluemosque.co/). Estávamos ansiosos e um tanto receosos com as visitas às mesquitas. Era uma cultura muito diferente que se apresentava para nós, não sabíamos exatamente como seria. A Mesquita Azul foi a primeira de muitas que visitamos e foi tudo absolutamente tranquilo, normal. Pra ver como todos nós estamos sujeitos a formular PRÉ-conceitos (com muito destaque para o PRÉ) ...

Para entrar nas mesquitas é necessário fazer algumas observações obviamente. Claro que não pode entrar gritando ou entrar semi-nu ("traje" típico da brasileira no verão, diga-se de passagem). Mas isso tudo é muito claro né. As mulheres precisam cobrir os cabelos, braços e pernas. Os homens só precisam tirar os sapatos. Como nós estávamos usando vestido longo, só precisamos colocar um lenço sobre a cabeça e os ombros. Mas se alguma mulher estiver usando short e regata, por exemplo, logo na entrada eles emprestam uma espécie de túnica, para usar durante a visita. Os turistas entram por um lado e os muçulmanos por outro. Mulheres e homens ficam em espaços separados (com exceção dos turistas).

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A noite foi reservada para as lojinhas da rua Taya Hatun e para os restaurantes no entorno da rua Dervisler.

 

O segundo dia em Istambul foi destinado aos mercados e - mais - mesquitas.

Começamos pelo Mercado de Especiarias, que, sem dúvida, foi o que eu mais gostei. Bem mais legal que o Grande Bazar.

Este Mercado é pequeno, mas é organizado, limpo e não é tão lotado de turistas.

Na verdade não tínhamos um rumo "certo". O legal é que no entorno deste mercado tem algumas feirinhas de rua, com frutas, verduras e coisas inimagináveis (ou alguém imagina sair de casa para comprar sangue-suga em uma garrafa pet?). São GRANDES labirintos CHEIOS de TUDO que é coisa. Tem que ter tempo ...

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Depois de caminhar muito, chegamos na Mesquita Suleymaniye, a maior da cidade.

Esta mesquita é mais conservadora, mais "clean", enorme. Na verdade ela faz parte de um grande complexo, que inclui escola e hospital, além de alojamentos. Quando chegamos, não havia turista algum. Nos sentimos meio estranhos no início, mas foi só bobagem, ninguém dava bola.

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Caminhamos até o famoso Grand Bazaar. Sinceramente: nada demais. É enorme, mas metade dele (ou mais) é tomado por produtos made in China. A metade que oferece produtos turcos pratica valores muito maiores do que os encontrados em outros lugares de Istambul.

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No dia seguinte fomos para "o outro lado" de Istambul, para Taksim. Para chegar lá tomamos uma espécie de trensurb e fizemos um baldeamento para um funicular subterrâneo, um "metrô" quase vertical incrível, muito interessante.

A emblemática Praça Taksim (deveria se chamar "Largo Taksim"), em que se encontram diversos prédios governamentais, me parecia "carregada". Um lugar meio denso e tenso. Parecia que a qualquer momento surgiriam grupos de pessoas, cartazes e, claro, as bombas. Talvez por isso a opressão já se fazia presente, negócio de filme.

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Seguimos pelo grande calçadão que é a rua Istiklal, repleta de restaurantes, de lojinhas locais e de lojas de marcas internacionais famosas. Há quem não goste muito de caminhar e prefira fazer o trajeto nos antigos bondinhos, que são um charme.

No meio do caminho nos deparamos com uma manifestação. Me lembrou o movimento portenho das Madres de Plaza de Mayo. Óbvio que não conseguimos entender direito (eles falavam árabe, ou turco, duh), mas era algo relacionado à assassinatos ou "desaparecimentos", não sei. Havia presença da imprensa, e em dois tempos a polícia de choque já estava por ali. Um absurdo ver um monte de policiais cheio de parafernalhas e armamento de frente à senhoras e pessoas com feições tão frágeis e sofridas.

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Chegamos então à Torre Gálata (Galata Kulesi), uma antiga torre de observação da entrada do Chifre de Ouro. A vista lá de cima é bem legal, vale a pena para quem não for a outro ponto alto de Istambul. No entorno da torre tem muitas lojas que misturam arte e moda de vanguarda, bem bacana.

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No último dia em Istambul, sob o calor que fazia na cidade (nada comparado com o Forno Grande do Sul), decidimos fazer um passeio pelo Bósforo. Na verdade o objetivo era ir até o Café Pierre Loti, que fica no bairro chamado Eyüp (que recebe este nome em função da grande mesquita que há por ali), no "Chifre de Ouro". Poderíamos ir "por terra", mas aí teríamos que pegar o metrô, fazer mil baldeações e nos aventurar em 1 ou 2 ônibus.

Já sabíamos os horários de barco e onde tínhamos que parar. O problema é que o "pier" de Eminönü em Sultanahmet é enorme e nos vimos bem longe do nosso ponto de embarque. O resultado foi três loucos correndo para não perder o tal transporte.

Depois de uns quarenta minutos, desembarcamos e começamos nossa caminhada pelo bairro.

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Logo fomos até a fila para pegar o teleférico e subir até o monte onde está o Café Pierre Loti. Descobri o Pierre Loti vendo um programa na tv que eu gosto bastante. A TV Bandeirantes exibe nas segundas-feiras à noite um programa chamado Brasileiros Pelo Mundo, e foi ali que eu tive a ideia de ir até o Café. Infelizmente não fomos no horário do pôr do sol, que além de ser um horário bacana para admirar uma paisagem bonita, é também quando se pode ovir o chamado para oração das centenas de mesquitas de Istambul.

O Café foi fundado em homenagem ao escritor Pierre Loti (pseudônimo), que era um apaixonado pela cidade de Istambul. Tem várias versões da mesma história. Mas parece que esse escritor ex-marinheiro tinha uma casa por ali, onde escrevia seus romaces. O monte Eyüp abriga um enorme cemitério, bonito, mas meio bizarro.

Mesmo à tarde, vale uma visita, é vista é impressionante.

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Descemos o monte e continuamos nossa caminhada. Não chegamos a ir até a mesquita de Eyüp (Sultan Eyüp Camii). Sabíamos que era uma das mais bonitas, local importante de peregrinação, mas acontece que em função do Ramadãn haviam muuuuuuitas pessoas querendo fazer o mesmo. Pra se ter uma ideia, chegaram a montar uma grande estrutura fora da mesquita para que as pessoas que não conseguiam entrar também pudessem orar.

Ao chegarmos novamente no cais de Eminönü, embarcamos em um barco grande e mais "turístico", para fazer um passeio que nos levaria além da Ponte Bogaziçi, no Estreito de Bósforo, e onde poderíamos ver o Palácio de Dolmabahçe e a Fortaleza Rumeli.

Para encerrar a trip pela antiga Constantinopla, resolvemos ver uma cerimônia dos Whirling Dervishes. Os Dervishes são muçulmanos, porém, de uma "linha" mais "mística", chamada Sufismo. Antes de ir para a Turquia eu já tinha pesquisado pelos Sufis e já tinha me interessado por seus rituais. Na Capadócia recebemos um monte de ofertas de lugares que exibiam estas cerimônias como uma atração turística, com preços para turistas também. Decidimos deixar para Istambul e valeu a pena. Como não tínhamos tempo, optamos por assistir à cerimônia na Estação de Trem de Sirkeci, pagando 40 Liras cada um. Se tivéssemos mais tempo, eu teria ido assistir no Museu Sufi, que fica próximo à Torre Gálata (http://www.mevlanasufi.com - http://www.isbek.org). Enfim, a Cerimônia dura cerca de 1 hora e é bem interessante. Gostei muito da parte musical, porque eu A-M-O música "folclórica", seja de onde for.

 

 

NOTES and TIPS

 

- A CHEGADA EM ISTAMBUL: a saída do aeroporto de Istambul para o hotel foi uma doideira! Nossa, que gente mais maluca! Muitas luzes, muitas pessoas, muitos sons, parecia uma verdadeira confusão ... hehe

 

- A COSMOPOLITA ISTAMBUL: a grande maioria das pessoas que moram na cidade são muçulmanas. A questão é que nós ocidentais não sabemos nada sobre a religião e cultura dos muçulmanos. Somos bombardeados com informações preconceituosas, exageradas e equivocadas. Istambul propriamente é uma cidade que fica entre dois continentes, tem grandes centros universitários, recebe turistas e imigrantes de todo o mundo, ou seja, é uma cidade rica em diversidade cultural. Aqui todos convivem em harmonia e os extremismos religiosos exibidos pela CNN passam longe. Em nenhum momento me senti constrangida ou reprimida por causa das roupas que usei ou pelo modo que me portei. Existem várias "linhas" de culto islâmico, e por aqui tudo é brando. Lógico que essa realidade não se aplica a lugares como o Afeganistão (!) suponho eu, mas chega de exageros ou generalizações ok.

 

- O INGLÊS DOS TURCOS (ou a falta dele): espero que tenha sido somente a primeira impressão, mas pouquíssimos turcos falam inglês, e quase nenhum, um inglês "compreensível". Os taxistas ... pss ... foi um sarro pegar os táxis aero-hotel-aero. Mas mais engraçado foi eu e o doc. Volnei tentando comprar uma pizza perto do hotel. Absolutamente impossível! A gente tinha que se olhar e rir, porque ninguém se entendia. Mas sempre tem aquela linguagem universal, a mímica. Por sorte achei uma imagem de uma vaca (!) e apontei pra ela, fazendo gestos dizendo que não comia aquilo ... Hehhe ... Deu certo.

 

- O HOSTEL PERTO DO AEROPORTO (Istambul): na noite de ontem, como só precisávamos dormir um pouco para pegar o voo para Atenas pela manhã, escolhemos um hotel perto do aeroporto. Ficamos no excelente e econômico Han Hostel. A maioria das pessoas no Brasil, por falta de conhecimento, conceituam de forma erada os "hostels" e "albergues", que, em qualquer lugar do mundo, nada mais são do que hospedagens mais econômicas em relação a hotéis, que oferecem serviços mais simples, mas que não deixam de apresentar o essencial para uma boa estadia. http://www.hanhostels.com/

 

- ONDE FICAR: os lugares que concentram mais hotéis em Istambul são as regiões de Sultanahmet, Fatih e Beyoglu/Taksim. Para mim, com toda certeza, o bairro mais interessante é Sultanahmet, que é a parte mais antiga da cidade. Fatih é mais residencial e distante, e Taksim é mais moderno, mais comercial. Depois de muito pesquisar, dentre as centenas de opções, escolhemos o Hotel Erboy (http://www.erboyhotel.com/). Localização excelente, ótimo custo-benefício.

 

- TRANSPORTE PÚBLICO EM ISTAMBUL: basicamente se faz tudo a pé. Se for percorrer distâncias mais longas, o negócio é pegar um metrô de superfície. Não existem tickets, mas sim um cartão recarregável. No nosso caso, adquirimos o cartão no hotel mesmo. Pagamos 5 euros de caução e depois de usá-lo o devolvemos. Para carregar o cartão, basta ir a uma das muitas máquinas próximas de cada parada, encostar o cartão no sensor e colocar moedas ou papel moeda na máquina.

 

- UMA EXPERIÊNCIA ANTROPOLÓGICA EM ISTAMBUL: Num dia desses, para voltar para o hotel, fizemos uma caminhada através da rua Yeniceriler. Quando estávamos chegando perto da Grande Mesquita (Mesquita Azul) é que nos demos por conta - na nossa vã inocência e santa ignorância - do que estava rolando não só em Istambul, mas no "mundo" muçulmano. Era a época do Ramadã (Hamadan, Ramadan)! Tinham MUITAS pessoas nas ruas e nas praças. Uma doidera! E a gente ficou parado ali na rua mesmo, tentando entender a dinâmica da coisa ... o melhor (eu acho) de tudo é que chegamos ao grande epicentro das comemorações um pouco antes das 21h. Ás 21h os milhares de megafones das centenas de mesquitas de Istambul começaram a "tocar". E aí, como num passe de mágica bizarra, TODAS as pessoas que estavam em nossa volta começaram a comer. Meu Zeus, era marmita saindo de tudo que é lugar. Famílias inteiras comiam muito, numa mistura de piquenique e banquete estranho. Essa refeição após o jejum de um dia inteiro se chama "iftar", e todos os membros possíveis da família se reúnem ou se visitam.

 

- PASSEIOS DE BARCO PELO CHIFRE DE OURO E PELO BÓSFORO: existem dezenas de serviços turísticos que oferecem tours pelas águas que circundam Istambul ou então que vão mais além. Dizem que o tour mais legal é um que vai até o Mar Negro e faz algumas paradas em pequenos vilarejos, mas aí leva-se o dia inteiro praticamente. Os valores também variam bastante. O negócio é ir até as docas de Sultanahmet um dia antes e dar uma pesquisada em preços, rotas e horários. Optamos por uma coisa bem econômica, sem paradas nem nada, mas objetiva. É possível também pegar alguns barcos que seriam como "ônibus" da população local, tornando o passeio bem mais barato.

 

- EYÜP: É um lugar bem interessante em seus contrastes. Ha muitas construções com ares europeus e, ao mesmo tempo, toda a austeridade muçulmana, é um lugar que em nada se parece com os outros cantos que vimos em Istambul. Explico: tirando as pessoas e as mesquitas, as construções me lembraram os bairros residenciais das cidades do leste europeu. Porém, ali, vimos pouquíssimos turistas e muuuuitos muçulmanos. TODAS as mulheres estavam cobertas, muitas com burkas. Nos sentimos um pouco estranhos, me sentia quase nua usando shorts. Esse gelo foi quebrado quando paramos em um banquinho para descansar. Imediatamente um grupo de umas três mulheres (1 usando burka) se aproximou e sentou também. Uma delas carregava uma criança com no máximo 1 ano. Minha mãe começou a brincar com a criança e eu fiquei com receio, mas logo a senhora que o carregava e todas as outras começaram a sorrir e falar coisas que não entendíamos (acho que era o nome do bebê). Inclusive a alcaçaram para que minha mãe o carregasse no colo. Bem legal.

 

- PARA QUEM CURTE CAFÉS: dica que eu li no The Guardian antes de viajar http://www.theguardian.com/travel/2011/sep/14/10-best-cafes-hangouts-istanbul

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