Membros de Honra LEO_THC Postado Maio 8, 2009 Membros de Honra Postado Maio 8, 2009 FONTE: AltaMmntanha.com http://www.altamontanha.com/colunas.asp?NewsID=1355 O alpinismo nacional está em franca ascensão, com diversos montanhistas fazendo conquistas importantes nos Andes, Patagônia, Yosemite e na Ásia. À medida que cresce o número de expedições e de conquistas, faz-se necessário um registro mais detalhado e adequado das aventuras brasileiras no exterior. Tirando várias boas exceções, a grande maioria dos montanhistas do Brasil, quando vai relatar as expedições nos portais de montanhismo, revistas, sites pessoais ou blogs, faz de forma incompleta, dificultando o registro estatístico. É muito comum relatos do tipo “eu, Palito, Cachopa, Paulinha e João escalamos o Aconcágua nos anos 90”. Quem é o Palito? E a Paulinha? João do que? Qual rota tomada? Quando foi o cume? Quais integrantes da expedição realmente pisaram no cume? No exterior há uma preocupação muito maior com os detalhes das escaladas. Os relatos de japoneses, americanos e europeus costumam ser primorosos e com incrível número de detalhes. Por exemplo, em anexo segue uma imagem do relato da expedição japonesa ao K7, em 1984, que resultou na primeira ascensão a esta montanha, feita para o American Alpine Journal. O relato, apesar de simples e curto, contém tudo o que é necessário saber sobre essa expedição (figura 1): 1 – Chegada ao campo-base: 19.06.1984 2 – Membros da expedição (nome completo): Toichiro Nagata, Akira Kamizawa, Eizo Mitani, Kakoto Takenata, Michiyuki Matsuda e Atsuro Chiba 3 – Líder da expedição (nome completo): Toichiro Nagata 4 – Rota escalada: Aresta Sudoeste (Southwest Ridge) 5 – Data do cume e quem fez cume: 08.08.1984, cumes de Akira, Eizo, Kakoto etc. Claro que estes dados acima são o mínimo necessário. É possível complementar com informações sobre a marcha de aproximação (de onde vieram, por onde passaram e quantos dias levaram), processo de aclimatação, número de acampamentos e altura em que foram instalados, se havia equipe de apoio (nome dos sherpas, peruanos, tibetanos, paquistanis, guias, que participaram da expedição) etc. Quanto maior o nível de detalhamento, melhor. Mas se o escalador se concentrar nos 5 itens básicos acima, já está muito bom. No caso de uma tentativa sem cume os itens devem ser registrados como acima (itens 1 a 5), apenas alterando o item 5 para colocar a data do ataque ao cume, a altitude máxima atingida e o motivo da desistência. Quando se tratar de escalada em rocha, deve ser registrado o nome da via utilizada (se for nova, o nome de batismo da nova via aberta), o grau de dificuldade (gradação brasileira ou UIAA ou outra qualquer), o trecho mais difícil (crux), as condições da rocha, os equipamentos utilizados, o estilo de escalada (escalada livre ou outra) etc. Utilizo, também, exemplo do American Alpine Journal para ilustrar (figura 2): 1 – Chegada ao campo-base: 26.05.1981 2 – Membros da expedição (nome completo): Marie Jeanne Ghirardini, Ivan Ghirardini e o oficial de relações exteriores Noveed Rahman 3 – Líder da expedição (nome completo): Ivan Ghirardini 4 – Rota escalada: Face Oeste (West Face) 5 – Data do cume e quem fez cume: 31.05.1981, o líder apenas, solando 6 – Grau de dificuldade: UIAA V+ 7 – O trecho mais difícil: a aresta final que conduz ao cume 8 – Condição da rocha: rocha de má qualidade (“the rock was very bad) e com alta propensão a avalanches (“great danger from avalanches and cornices”) Por que esse tipo de registro é importante? Freqüentemente me perguntam: a) O pico X já foi subido por brasileiro?; b) A montanha Y já foi escalada por alguma mulher brasileira?; c) No Aconcágua, a rota W já foi subida por brasileiros?; d) Quantos alpinistas do Brasil já subiram o pico Z? Essas perguntas tornam-se difíceis de responder devido ao péssimo hábito de registrar amadoristicamente as coisas pela metade. Formulemos um exemplo. Digamos que um montanhista, por exemplo o Hilton Benke, esteja atrás de patrocínio para escalar rotas nunca antes tentadas por brasileiros no Aconcágua e no Ojos Del Salado. Depois de fazer um marketing da expedição e conseguir patrocinadores ele vai lá e faz cume nas montanhas por “rotas novas”. Mas nem dá tempo de comemorar. Vamos supor que outro escalador, por exemplo o Pedro Hauck, já tenha feito essas rotas anteriormente, mas na hora de registrar no seu site ou blog não fez menção alguma, apenas disse que subiu as montanhas com “Palito, Cachopa, Paulinha e João”. A imagem de Hilton Benke junto ao público e aos patrocinadores iria por água abaixo. Se no site ou blog do Pedro Hauck estivessem registradas as rotas tomadas, o Hilton poderia escolher outras diferentes ou então tentar alguma outra montanha. Por isso gostaria de aproveitar esse espaço para conclamar todos os montanhistas a fazer registros tão completos quanto possível, atitude que reverterá em benefício dos próprios montanhistas e de toda a comunidade alpinística. É fácil, prático e não custa nada... Texto: Rodrigo Granzotto Peron
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