Membros de Honra Jorge Soto Postado Março 4, 2005 Membros de Honra Postado Março 4, 2005 Vai aí o relato extraido do meu diario de bordo. É extenso, porem contem todas as dicas necessarias pra curtir TODO o litoral norte bahiano a preço de banana. Agradeço ao Ever pelas informacoes previas sobre Porto Sauipe. ATRAVESSANDO A COSTA DOS COQUEIROS Após quase um mês rodar o centrao país resolvi fechar a trip com uma prainha básica; sempre quis conhecer o litoral norte bahiano na base da caminhada, ate q enfim juntaram-se as condições básicas - pouca grana e tempo de sobra - uma vez q o "planejamento" limitou-se a conhecimento adquirido anteriormente na "Costa do Descobrimento" e uma certa dose de improviso. E lá fui eu tentar esta travessia, saindo de Arembepe(BA) e chegando em Mangue Seco (SE) por este trecho do litoral espremido entre o mar e a Linha Verde, rodovia ecológica q acompanha todo o trajeto. Esta caminhada de 8 dias (e quase 180km) revelou-se um achado atrás do outro, onde povoados primitivos de pescadores convivem lado a lado com luxuosos resorts; td isso em meio à beleza de praias enormes e desertas, faixas interminaveis de coqueirais perfilados, tartarugas marinhas, rios, manguezais, lagoas e dunas. 1º DIA - DIA PAZ E AMOR EM AREMBEPE Após curtir o "aê, aê, aê" de Salvador, me mandei pra rodoviária sob o sol abrasante do meio-dia, onde tomei o coletivo (q sai de hora em hora) rumo à Linha Verde, q partiu duas da tarde. No busao, tive q ficar esperto pois durante o trajeto ele vai catando passageiro a torto e direito, sem respeitar limite de lotação algum! Em pouco tempo, já havia gente no corredor apinhada saindo pelo ladrão, o q dificultaria minha descida. "Com licença! Com licença!", e deixei meu cômodo assento pra ficar o mais próximo da porta; no entanto, apesar de relativamente próximo, demorou pra chegar a Arembepe e amarguei o resto da viagem espremido no corredor, equilibrado numa perna e varias sacolas de outros passageiros. Viagem demorada é isso ai. Logo após deixar Salvador pega a BA-099, chamada de Estrada dos Cocos nos primeiros 50km, atravessa os municipios de Lauro de Freitas e Camaçari. O bus passa pelas entradas de algumas praias urbanas mais democráticas, tipo Buraquinho, Abrantes e Jauá; e outras nem tanto, privadas, com seguranças armados, como Busca-Vida e Interlagos. Após quase 50km rodados, saltei na rodovia, bem na entrada pra vila de Arembepe quase 15:30. Daí tive q andar os 4km pelo asfalto ate a vila propriamente dita. Estradinha bem movimentada, tanto de pedestres como de veículos, em meio a um enorme descampadao cheio de capim de restinga e uma placa indicando "APA Rio Capivara". Bem q tentei carona, sem sucesso. Chegando na vila - bem estruturada, com um centrinho simples -me dirigi à praia, logo atrás. A maré tava alta e o mar agitado, o q me obrigou a caminhar tropegamente pela areia fofa os 20min seguintes, rumo norte, já dando um preview da dificuldade de andar nestas condições. Neste trecho há alguns quiosques e casas simples a beira-mar, mas logo depois td some e começa um coqueiral sem fim, já sem banhistas. Meio cansado (já?), sigo pelos coqueirais (terra mais firme) onde logo acho uma estrada de terra, q termina numa das sedes do Projeto TAMAR,e, logo após, as casinhas de palha espalhadas pela praia, sob a sombra fresca dos coqueirais já me dizem q estou na Aldeia Hippie, local do meu primeiro pernoite. A Aldeia Hippie é um local no mínimo pitoresco, em meio à restinga e coqueirais, afastado do centrinho. Me informei q em qq casinha vc pode encostar a barraca, e procurei a q estivesse melhor protegida pelas pequenas dunas do forte vento q vinha do mar. Acabei ficando no "quintal" do Luis (um clone do Carlinhos Brown, serio!) q se dizia artista plástico, bem desencanado, cuja cabana era uma zona só, infestada de gatos (alguns comendo o rango da panela, sobre o fogão) e muito baguncada, com quadros e artesanias espalhadas por todo canto. Minhas vizinhas de barraca eram umas simpaticas espanholas bicho-grilo, devidamente "acasaladas" com legítimos bahianos. "Namorados Nativos!", de acordo c/ elas. Me falaram q foi ali q aportaram Janis e M.Jagger, após serem expulsos de Salvador, nos anos 60, dando fama mundial à essa antiga vila de pescadores. Enfim, o "camping" era isso: não havia energia elétrica, nem água encanada..Haviam algumas rusticas bombas dágua espalhadas, quase todas quebradas. E agora? Banho só num rio próximo, e água potável só de garrafas adquiridas no centro ou tendo coragem pra beber a do rio.. Instalado, fui tomar banho e dar um rolê. Atravessei os coqueirais e muitas cabanas similares espalhadas por ali, bem simpático mesmo. Muitas das casinhas de palha lembravam a casa do Robinson Crusoé ou da Lagoa Azul; havia uma q de tão criativa ate parecia hotelzinho bem rústico, de galhos e palhas. No meio da aldeia havia um local chamado de "barraco comunitário", q não passa de uma feirinha hippie, onde os moradores alternativos expunham suas artesanias pra vender aos poucos turistas q iam ate ali por excursão (sim, ali foi tombado como patrimônio historico!) Claro, o fumo rola solto, numa boa, sem grilos! Ali, atrás de uma cabaninha fechada q devia ser "restaurante alternativo", vi q uma das bombas tava funcionando e não titubiei em abastecer minhas garrafas dágua, garantindo o precioso liquido já p/ o dia seguinte. Claro q adicionei hydrosteril e mandei ver, embora o gosto dela fosse meio ferruginoso. Após a Aldeia, andando pela areia em meio a capim e restinga chega-se num rio bem calmo, numa área de várzea, o Rio Capivara, onde haviam algumas pessoas já se banhando em suas águas escuras. O sol ta pegando e faço o mesmo, constatando q esse rio de água doce é perfeito pra se refrescar. Ali, convenientemente instalado, um vendedor de bebidas e seu inseparável isopor me providenciam uma bem-vinda cerveja, q divido com uma outra riponga (capixaba, q do nada apareceu e colou junto), e me diz q ta ali faz meses, acampada sozinha, no meio dos arbustos e a restinga. Bem q tentou me convencer a conhecer a "residência" dela, porém o visível interesse dela no meu mirrado bolso, sua aparência pra lá de esculachada, e outras preocupações fizeram recusar sua oferta. Voltei pra vila onde fiquei morgando o resto da tarde, conversando ou apenas apreciando a maré alta chegando quase ate a base das dunas, onde coqueirais se remexem com o forte vento soprando do mar. Na areia fofa da praia, inúmeras varetinhas brancas espalhadas indicam locais de desova de tartarugas, e de cima das dunas da aldeia tem-se um por-do-sol espetacular, a oeste! Aproveito e faço um lanchinho rápido dentro da barraca..apenas pra enganar o estomago. Ao cair a noite chega mais um casal paulista ali, e quase toda galera acampada se junta na cabana do Luis, q assiste tv num pequeno aparelho movido a uma rústica bateria. Tento sentar num sofá, mas quase acabo esmagando dois gatinhos recém-nascidos..Claro q ali rolou uma "cannabis" básica, mas o sono, cansaço e necessidade de levantar cedo o dia seguinte falam mais alto. Bem q quis dar uma volta de noite pela praia, pois Luis fala q era possível ver tartarugas desovando, mas me despido da galera e caio morto na barraca. A madrugada - estreladissima - foi marcada por forte ventania, mas o pior foi uma galera q resolveu fazer um "luau" barulhento bem proximo, o q me irritou de certa maneira, mas fazer o q, ne? O jeito é levar na boa, no melhor estilo paz e amor, ne? E, com enorme esforço, consegui pegar no sono novamente. Enfim, passar pela beleza e rusticidade de Arembepe é uma experiência singular, já q não foi somente descoberta pelos hippies de outrora e q ainda mantem seu estilo de vida alternativo; é também prova q as tartarugas tem tb ate bom gosto em escolher locais paradisíacos pra desova.. 2º DIA - JACUÍPE, GUARAJUBA, ITACIMIRIM.. Levantei cedo na terca-feira afim de não pegar maré alta nem o sol escaldante, levantei acampamento e iniciei a pernada por volta das seis da matina. Cruzo a duna rente a orla e logo estou pisando na razoável faixa de areia q a maré(semi-baixa) me permite andar; o refluxo do mar deixa a mostra pequenos recifes e barreira de corais q formam pequenas piscinas em todo trajeto, invisiveis na tarde anterior. Poucos casais perambulam, ainda apreciando a bela alvorada q tinge gradualmente de um laranja singlar o céu no horizonte. A caminhada comeca com alguma dificuldade, devido à mediana (e fofa) faixa de areia, mas logo depois a areia fica mais dura e firme. Logo, com o sol despontando à minha direita, ando por uma praia q parece não ter fim, incrivelmente deserta, na qual apenas o remexer dos coqueiros, a arrebentação do mar e alguns elétricos quero-quero quebram a monotonia e o silencio q me acompanham os quase 9km q são reconhecidos como "Praia de Arembepe". De praxe, inúmeras varetinhas do TAMAR em todo trajeto. Lá pelas 8:30 a praia termina no primeiro rio a transpor, a Barra do Jacuípe, um enorme, calmo e sinuoso rio q atravessa um manguezal considerável; do outro lado, a pequena vila pesqueira de Jacuípe, onde os rústicos quiosques começam a arrumar charmosamente as cadeiras e mesas dentro das partes bem rasas do rio, q noutros trechos é visivelmente fundo, sem chance de atravessar, mas não há nenhum barqueiro a vista. Na verdade a Barra do Jacuípe é onde dois rios se encontram, o Capivara (aquele onde me banhei) e o Jacuípe. Pergunto pra uns locais q pescam robalo e arraia, perto dali, q me dizem q devo adentrar o manguezal, rio acima, na parte mais estreita do rio, onde de fato havia um barqueiro de prontidão. Andar rente o mangue, com água quase na cintura e pé na lama já é meio penoso, porem necessário. No local indicado aceno pro barqueiro e aguardo sentado, sob a sombra fresca de um coqueiro. A travessia de canoa (bem simplezinha) é marcada pela conversa q tenho com o pescador, q usa a dita cuja pra levar turistas passear rio acima, pelo mangue. Reclama da profusão de esportes náuticos q nos feriadões ali se concentram, principalmente jet-sky, q espanta os peixes q abastecem sua mesa, tipo charel, tainha, mero e carapeba.. Mostra ate uma enorme rachadura na canoa devido a uma colisão com. Do outro lado do rio e descalço, retomo a caminhada atraves da pacata e simpática vila, onde os poucos turistas já começam a chegar pra se bronzear. Após subir o rio já estou novamente na Praia de Jacuipe, muito bonita, larga e ampla, perfeita pra caminhar. Rente a orla, muitas casas q se misturam aos coqueiros, sempre presentes. No inicio há muitos banhistas, porem eles tornam-se escassos a medida q nos afastamos do rio. Logo, minha companhia são os pequenos siris e carangueijos, q saem(ou entram) em suas tocas diante minha aproximação. Meu cuidado é não pisar nas inumeras águas-vivas de cor lilás, tb onipresentes neste trecho. O vento e a maresia conseguem, em parte, aplacar o forte sol q comeca a torrar o lado direito do meu rosto. E assim a caminhada prossegue por mais de uma hora. Lentamente, a presença maior de gente e casas (cada vez +tchans) me dizem q estou próximo de outro point, e um vendedor de coco montado num legitimo "jegue-coco" me diz q estou em Guarajuba. Em pouco tempo estou numa praia bem urbana, e opto por caminhar - já sentindo o esfolar da sola do pé - de chinelo pela ciclovia q acompanha toda a orla, onde os quintais são muito bem cuidados e as casas são ate luxuosas, em contraste com a vila anterior. Vendedores de boné, óculos, artesanias, picolé e acarajé perambulam pelas claras areias dali! Tatuadores de henna tem de monte tb!! De Arembepe ate aqui foram 17km! São quase 10:30 e o sol ta de rachar! Cansado, encosto num dos zilhoes de quiosques - q se misturam com guarda-sois - q estão na praia principal, onde mando ver duas Primus geladas (mas salgadas no preço, mas fazer o q?), uma casquinha de siri com carne de sol, q serão meu almoço, alem de coletar informações úteis. Se quisesse ficar aqui o camping é possível diante das casas, pois há uma extensa faixa de restinga, com muitos coqueiros, q as separa do mar. Mas aqui há muita muvuca, muito turista pro meu gosto, meio farofado até...parecia ate Guarujá! Tomo uma bela ducha num dos varios chuveiros comunitários e parto pro centro da vila, à procura de um armazém pra me abastecer. Guarajuba é bem urbana, ta td asfaltado e as casas são bem chiques. No armazém compro suprimentos e mando ver um hamburgao, pra logo em seguida descansar (e tirar ate um cochilo) na ampla e bem cuidada praça q antecede a praia. Mas o dia ainda não terminou e resolvi sair daquela muvuca, mesmo com o sol a pino. Não são nem uma e meia da tarde e já estou na praia novamente, desta vez de chinelo pois a areia ta fervendo! Aos poucos, vou me afastando da muvuca de Guarajuba e os quiosques, assim como banhistas, logo começam a rarear; apenas uma casa aqui ou acolá. Me encontro no começo da extensa Praia de Itacimirim e a faixa de areia firme vai se estreitando cada vez mais. O mar agitado é chamariz pros poucos surfistas q ali marcam presença. Na torneira de uma pousada a beira-mar me abasteço de água, uma preocupação constante em mente, e a caminhada prossegue. Itacimirim é enorme, parece não ter fim e já estou bem cansado, já de olho num local pra encostar a barraca. Uma senhora me diz q estou na Praia da Espera (ainda Itacimirim), q ficou famosa por ser a praia onde Amir Klink aportou após voltar de viagem da África. No entanto, apesar de deserta e bonita, eu não via hora de achar lugar decente pra ficar; ora tava ocupado por alguma casa ou pousada fechada (com caseiros vigiando), td em meio a muita mata de restinga alta espinhenta, sem chance! E a maré subindo.. Três da tarde resolvi encostar na frente de uma pousada mesmo, aparentemente desativada, sem ninguém a vista. Ledo engano, logo o caseiro apareceu, mas expliquei minha situação e ele permitiu o pernoite no quintal da mesma, em meio a muitos coqueiros, de frente pro mar! E o melhor: havia uma caixa dagua da qual caia água fresca, q foi minha ducha vespertina!! O restante da tarde foi de mais puro e merecido descanso e relax, sob a sombra das amendoeiras e coqueiros da pousada. Estava numa praia deserta, literalmente numa pousada, apreciando o mar bravio, no qual eram visíveis as tartarugas e golfinhos nadando entre as ondas!! De onde estava, tb podia apreciar meu destino no dia seguinte, o Farol da Praia do Forte, pequenino numa ponta no extremo norte! Deitei cedo, cansado. A noite, apesar de ventar razoavelmente, estava agradavelmente fresca e estreladissima! Diferentemente da anterior, o silencio permitiu q dormisse numa boa, sem nenhuma intercedencia!! 3º DIA - DA LUXUOSA PRAIA DO FORTE ATÉ A RÚSTICA STO ANTONIO Levantei antes do sol dar as caras no horizonte e parti por volta das cinco e meia, sentindo algumas dores musculares nas pernas, assim como um pouco queimado. A maré não tava tão baixa assim e normalmente sempre as primeiras horas da manha eram razoavelmente difíceis de andar: numa faixa semi-estreita e misto de areia firme e fofa, q no decorrer da manha ia se alargando cada vez mais. Ainda sim, o frescor daquele inicio de dia era bem mais estimulante q o sol escaldante da tarde. A praia estava deserta, o sol saia timidamente porem estava razoavelmente encoberto, e não havia vento algum. Os coqueiros se sucedem no mesmo compasso q as poucas habitações, todas inabitadas, onde apenas siris e quero-queros registram (e reclamam) a minha presença. As 7 da matina (e quase 12km, desde Guarajuba) chego ate mais um rio q marca o final de Itacimirim, é o Rio Pojuca, relativamente grande e fundo, limite da Estrada do Coco com a Linha Verde. Ele serpenteia um bom trecho de mangue, rio adentro. Sem barqueiro de plantão, frustrado, acabo tendo q esperar alguém dar as caras e aguardo sentado num dos vários rústicos quiosques q beiram o rio. Um pescador q ali passava (q se dizia chamar "Zéu-Seis-Dedos" devido à visível polidactilia na mão direita) me disse q teria q aguardar os quiosques de pitu abrirem pois os donos sempre chegavam de bote, vindos rio acima. E la fico eu, prostrado durante quase uma hora! Aos poucos os quiosques vão abrindo mas nem sinal de barco algum. Aí q uns moleques me dizem q a maré havia baixado um pouco e q era possível chegar na outra margem na boa. Bem, deixei eles irem na frente e fui atrás, sem mochila, claro, afim de testar a profundidade. De fato, dava pra atravessar e fui buscar a mochila. Lentamente, com a mochila (quase 13kg) na cabeça e água ate o peito, atravessei o dito cujo cautelosamente pra não tropeçar num banco fundo de areia. E tateando bem o chao e indo de contra uma leve corrente, cheguei ate a outra margem! Novamente na praia, já com um sol forte batendo no rosto, retomo a caminhada pela areia neste q deve ser o inicio da Praia do Forte, bem deserta por sinal! Aqui anda-se em chão amplo e firme o resto do dia, os coqueirais perfilam-se charmosamente e na areia as varetinhas do TAMAR são uma constante! A medida q me aproximo do Farol (ou Forte, q dá nome ao local) Garcia D'Ávila, as pessoas vão surgindo, assim como casas, jangadas de passeio, hoteis e quiosques padronizados, enfim, muvuca. A maré baixou consideravelmente e uma barreira enorme de arrecifes formam piscinas naturais de cor esmeralda em todo o percurso, onde crianças se esbaldam juntamente com pescadores q procuram moluscos em meio aos corais; são os chamados "Papa-Gente". Atravesso o Rio das Moças, bem rasinho. Dez e meia da matina me encontro no centrao da Praia do Forte, a "Polinésia Brasileira", onde turistas de toda espécie circulam tanto pela praia como pela vila, onde as casinhas rústicas dos locais tornaram-se lojas (de artesanatos, souvenirs, etc) em meio à visível urbanização com muitos loteamentos e ate sofisticados resorts e restaurantes. Logo atrás esta a Reserva de Sapiranga. Enfim, um pólo de turismo internacional. Ainda caminhando pela areia grosa, após a ponta do Farol, estou na Praia do Leste, ao lado da base-mae do Projeto TAMAR, onde uma espécie de Simba-Safari de bichos marinhos é ate bem interessante! Logo, após umas 3 pequenas enseadas seguidas, as praias voltam a ser selvagens e desertas. A paisagem é idilica: sol forte, céu limpo e azul, com as ondas fortes quebrando atrás das piscinas de tons verde turquesa de corais.. Adiante comeca uma enorme praia reta interminavel, q devem corresponder ao ultimo trecho dos 13km q contabilizam a Praia do Forte. A caminhada - de chinelo, pra não esfolar o pé - pela areia clara e firme é cansativa neste horario e minha preocupação se volta pra água q disponho, q vai lentamente diminuindo devido ao forte sol do quase- meio-dia. A monotonia se instala e procuro andar olhando pro chão, pros siris ou pros coqueiros, pra não ver o quanto falta a minha frente. Neste trecho cruzo apenas com 4 pescadores solitários, reclamando q o mar bravio os impede de fisgar arraia e xereu.. Meio-dia e meia - e muito cansado - cruzo o raso Rio Barroso e chego na bela Praia de Imbassaí, com muvuca similar a da Praia do Forte, porem o ambiente é muito mais rústico e ate original. A praia é extensa, separada do continente pelo manso Rio Imbassai (em tupi, "caminho do rio"), q corre paralelo à orla toda a parte central da praia, formando uma pequena península de areia claríssima onde se concentram todos os quiosques lado a lado. As barracas colocam as cadeiras e espreguiçadeiras de ambos lados, ora do lado da praia ora do rio. Num dos quiosques estaciono merecidamente e mando ver duas geladas! O cardápio é farto:caldo de sururu, pititinga, agulhinha, moqueca dourada, badejo;e drinkes a base de pinga, caipiroska, siringueroska, mangabaroska, etc.. mas me contento com uma porção de aipim (mandioca) frita e carne de sol, enquanto troco idéia com o "barman".. Me diz q a "vila" de Imbassai não tem quarteirões nem centro organizados, tampouco rua a beira-mar, apenas os quiosques e as pousadas, alem do rio. Apesar de charmoso e simpatico ate, o local estava fervilhando de gente, e decididamente não era ali q queria pernoitar. Fui tomar um banho de rio pra me refrescar e apenas constatar q a água escura era um pouco salubra, isto é, intragável! Comecei a me preocupar com meu estoque da dita cuja. De acordo com as informações do cara, Sto Antonio era a próxima vila, a quase 6km dali, e foi pra la q rumei após merecido descanso pós-banho. A areia fervia de quente e chegava ate ofuscar a vista de tão clara q é, ainda mais naquele horario... Novamente estou numa enorme praia deserta, ornada de coqueiros q mais parecem sentinelas permanentes daquela bela região, sem nenhuma alma a vista, onde o vento e a maresia disfarçam o calor do sol a pino, tornando a coloração do mar estupidamente azul! Quatro da tarde chego no primeiro sinal de vida de Sto Antonio, a Praia do Diogo, onde um único quiosque, bem rústico e simplezinho, onde estaciono definitivamente. Tomo + um "energético de cevada" e mando ver uma porção de pititinga, farofa e salada, alem de repôr meu estoque de água. A faixa de areia vai se estreitando e os corais a muito forma cobertos pelo mar, sinal q a maré sobe rapidamente. Sentado comodamente no quiosque, posso ver a ponta q terei de andar amanha, onde as belas construções da Costa do Sauípe se misturam nos coqueirais rente a praia, a meros 8km dali. Uma trilha de areia fofa adentra uma enorme duna ornada de coqueiros q separa a vila da praia, e logo estou numa extensa faixa de restinga salpicada de pequenos arbustos, pé-de-manga e coqueirais onde uma tímida e pequena vila parece estar mais escondida do q estabelecida propriamente dita. Sto Antonio foi uma enorme e agradável surpresa! Se tivesse mais tempo certamente ficava ali uma semana!! Em contraponto à P. Forte e Imbassaí, esta vila é um sossego de charme: criada recentemetnte, aqui se resume a um punhado de casinhas locais bem simples, um restaurante pra la de rústico, uma lojinha de artesanias e uma única pousadinha, q basicamente se concentram no q deve ser a "praça" central, onde todas as ruas são de areia, e os carros so chegam por uma imperceptível "estrada de chão"(como eles chamam estrada de terra) pela Linha Verde. No meio da "praça"havia um chuveiro comunitário q lavou a alma deste q vos fala. O movimento se resume aos locais, já q não vi turista nenhum! Como havia espaço de sobra, armei a barraca perto da duna e da praia, próximo da barraca de outros dois jovens casais, provavelmente ripongas "snowboarders". Aqui tive q me chinelar pois na areia haviam alguns matinhos espinhentos, mas o local era perfeito e ssossegado, protegido do vento pelas dunas, e do sol pelos coqueiros! A seguir conversei um pouco com um jovem morador q me recomendou conehcer as dunas interiores e o rio, vila adentro. E foi o q fiz. O cara já me confundiu com hippie e, discretamente, perguntou se eu não tinha uma "seda" pra lhe oferecer. Afeeee.. Atravessando a pacata vila chega-se num misto de dunas e restinga bem bonito, onde os montes de areia clara e fofa tem tamanho considerável, e seguindo o q parecia ser um caminho imperceptível chega-se no topo de uma delas, de onde se tem uma vista fantástica da vila e do mar azul, logo atrás dela; do outro lado, o verde de resquicios de Mata Atlântica, misturado com coqueirais contrastam muito com a claridao da duna e, la embaixo, um rio de água doce q, timidamente, serpenteia toda essa paisagem!!! Não pensei duas vezes e foi lá onde dei um tchibum com muito prazer! A água era doce mesmo e mandei ver vários goles, embora ali houvessem uma locais lavando roupa. Mais adiante havia o q parecia ser uma ponte de madeira q provavelmente devesse levar ate o asfalto... Revigorado, volto pra vila apenas pra apreciar o sol faiscar seus ultimos raios do dia no horizonte sob a duna e os coqueirais da praia..Mais tarde janto um suculento miojo e me recolho merecidamente. Estou exausto e meu lado direito do rosto arde de queimado. As poucas luzes da vila me dizem q ela está literalmente morta, td fechado e silencioso! Dormi muito bem naquela noite fresca e de vento considerável. O céu esta coalhado de estrelas, porém ao norte nota-se o horizonte fortemente iluminado, provavelmente oriundo da sofisticação dos resorts do Sauípe. No entanto, a tranqüilidade de Sto Antonio é um convite irrecusável ao ócio, e torno a dormir. Assim como a simpática vila. 4º DIA - DO RICAÇO SAUÍPE AOS PELADÕES DE MASSARANDUPIÓ Amanhece c/ nebulosidade, diferentemente dos demais dias, e o mar está bravio. Minha empolgação com Sto Antonio fora tanta q esqueci de comprar lanche pro café-da-manha e procuro improvisar com o q tenho: misturo adoçante em pó num pacote de miojo, q trituro, chacoalho, e logo tenho um "sucrilhos de emergência"... e olha q tava até bom! Seis da matina já estou novamente pisando na praia deserta com a mochila nas costas. Pra variar, a maré ta semi-baixa e o primeiro trecho de pernada é razoavelmente sacal, alterna chão forme e areia fofa. Porém, a proximidade com o Complexo do Sauípe, uma hora depois, chama minha atenção. Mas minha presença tb desperta a atenção dos inúmeros seguranças (armados) q surgem, ora pelas espreguiçadeiras na praia ora em meio aos coqueiros, e começam a se comunicar entre si por meio de comunicadores, provavelmente pra "ficar de olho no elemento mochilado na praia." O Complexo do Sauípe é um "resortódromo" pra lá de chique, é o oposto de Sto Antonio! Da praia é possível ver, no meio dos coqueirais e um belo gramado bem cuidado, hotéis luxuosos ligados por uma passarela de madeira; no interior, piscinas, campo de golfe, quadra de tênis, etc.. Sei q ainda tem shopping próprio e q quem não estivesse hospedado e quisesse desfrutar das praias deveria desenbolsar 50 pilas (carro c/ 4 pessoas). Um belo sistema de seleção natural. Tratei de atravessar rápido aquele trecho pois tava ate me sentindo mal de tão vigiado q eu tava, já q a praia tb não era lá essas coisas, e não havia nenhum hospede naquela manha. Em pouco tempo caminho por uma praia deserta, já um pouco maior e mais ampla, ainda com o tempo nublado e ventando razoavelmente. Novamente as varetinhas do TAMAR e a fileira de coqueirais marca presença. Deserta e com tempo ruim, o tédio se instaura e procuro caminhar olhando pro chão, afimd e não ver o quanto ainda falta, um artifício ate eficaz! A enorme praia termina quase 8km após, limitada por mais um enorme rio a transpôr, o Rio Sauípe, cuja largura, profundidade e correnteza impediam qq ilusão de cruza-lo no peito. São 8 da matina. Esperei um pouco e gritei pra única pessoa q vi na outra margem, q pra minha sorte estava com uma pequena canoinha! O cara atendeu meu pedido e veio ate mim. Era um funcionário do TAMAR q tava andando por ai, mas a canoa dele era menor, de plástico e creio q comportava apenas uma pessoa, isto é, ele; porem, como pra ganhar um troco vale td o cara me garantiu q eu e minha pesada mochila cabíamos na dita cuja. Como não tinha escolha, topei a parada. Meu, essa travessia foi medonha! Com o peso, a canoa boiava-afundava levemente ate a metade, molhando toda minha bermuda; eu carregava no colo minha mochila torcendo pra canoa não virar de vez, enquanto o cara remava rapidamente e dizia pra não me mexer muito..já q aquilo tava mais pra caiaque q canoa! Após tempo q pareceu interminável, cheguei são e salvo do outro lado, embora molhado ate a cintura! Dei o "agrado" ao cara e continuei minha marcha por entre os quiosques fechados no inicio daquela nova praia a percorrer, Porto Sauípe, um ponto de atracação de barcos pesqueiros, com uma infra mais modesta e simples q a praia anterior. Felizmetne, a praia aqui é bem larga, de chão duro, ideal pra caminhar e procuro forçar o ritmo. Rente a orla apenas algumas casas esparsas, pequenas pousadas e barraquinhas, separadas por amplos trechos de restinga e coqueirais. Poucas pessoas circulam naquela manha cinza, nenhum turista e quase todas pescadores. Alguns vendedores de artesanato, chapéus e bolsas trancados em palha de piaçava, circulam a procura de fregueses, em vão. Lentamente o sol vai surgindo... A medida q me afasto de Porto Sauípe, a praia vai novamente ficando deserta e reta, onde minha diversão é ver o forte vento fazer deslizar a espuma do mar pela praia, alem de fustigar minhas pernas com grãos de areia. O sol já esta com forca total e varias paradas pra descansar e beber água são necessárias! Não vejo a hora de chegar na próxima praia, q será a q vou permanecer..mesmo chinelados, sinto os pés levemente esfolados. Quase 10km depois de não ver alma viva, eis q surgem vultos à minha frente, e um quiosque tb!! Ufaaa, demorô! Ao me aproximar, reparo q os poucos casais na praia - sentados em cadeiras - passam a me olhar feio, o q me incomoda de certa maneira. Meu cansaço era tanto q nem havia reparado num detalhe: elas estavam peladas! Havia chegado em Massarandupió!! Como quem não "viu" nada, passo batido e coleto informações com o tiozinho do quiosque, tb peladão, q confirma onde estou. Mais adiante, uma placa anuncia, em sentido oposto, "Amanat - Praia Nudista - Nudez Total Obrigatória". Se viessem me encher o saco eu simplesmente retrucaria q de onde vim não havia placa alguma.. Tomo uma trilha q sobe a duna rente a praia e atravesso uma faixa de restinga rala de onde sai uma estrada de terra, por onde veículos chegam à praia.. A vista aqui é muito bonita: restinga, dunas claríssimas e um rio lado-a-lado..é aqui q pernoitarei! Caminho ainda + 3km ao lado de uma área de varzea, com muito esforço sob forte sol, ate chegar no centrinho da vila. Meus pés estão doloridos e pedem pra sentar! Felizmente me delicio com mangas, carambolas e cajueiros, onde é possível pegar o fruto apenas esticando o braço! O centro de Massarandupió é uma vilinha simples, bem rústica e de pouca infra! Mas foi lá q mandei ver num bar 2 Frevo (a cerveja regional q não é la essas coisas, mas é barata e dá pro gasto) e um suculento pf (bife, feijão e arroz) pra comemorar minha chegada, alem de pegar mantimentos e água de uma bica disponível. São onze da manha!! Em seguida, depois do almoço, volto pra me refrescar. O calor e sol estão de torrar miolos e passo o restante da tarde descansando no riozinho q atravessa toda a faixa de restinga q antecede a praia dos peladões! O banho foi ótimo, dose foi aturar os peixinhos ficarem beliscando vc... Logo após fui de fato acomodar minha barraca, embora não faltasse vontade de dar uma espiada na praia. A faixa de restinga é descoberta, ampla e larga, porem mais próximo das dunas haviam coqueirais q providenciavam a sombra e privacidade necessárias e foi la q estacionei. Só dava eu lá! Descansei, fiz um lanche e ate mandei ver água-de-coco direto da fonte! No final da tarde o tempo fecha novamente e comeca a ventar bem forte. Exausto, me recolho antes de anoitecer, enquanto o céu faísca com clarões de relâmpagos, q anunciam chuva vindo ai. Dito e feito, acordei horas depois com água pingando no rosto e fortes rajadas de vento estremecendo a estrutura (já quebrada) da barraca. Por + de duas horas fiquei ali - sob a fragil luz da lanterna e dos raios esporádicos - tentando conter os vazamentos q se concetravam do lado das rajadas carregadas de chuva; alem de segurar a estruttura qdo as mesmas a atingiam agressivamente. Foi uma noite dura, ate q desencanei já q precisava dormir; deixei molhar mesmo o q fosse molhar, apenas protegendo minhas roupas e saco de dormir. So dormi qdo a chuva diminuiu, assim como o vento... 5º DIA - DE SUBAÚMA A BAIXIOS Sexta-feira acordei as 6 hrs, sob um céu nublado claro e sem vento algum. Após um rápido café, tento secar a barraca, levanto acampamento e dou inicio à pernada daquela manha. Embora a margem de chão seja ampla, há muita areia fofa misturada à molhada, dificultando aquele começo de dia; junte-se a isso o peso extra do equipamento molhado. Paciência, tinha q aproveitar q não havia sol. Por quase 9km anda-se por uma praia deserta, acompanhado ora por mata de restinga c/ pequenas dunas ora por mangues semi-secos, mas sempre com coqueirais por perto. Pra variar, ao caminhar me distraio pisando as tocas dos siris ou tentando chegar perto dos elétricos quero-queros. E, após andar por umbom trecho de areia preta, a gradual presença de gente e de um pequeno farol indica q cheguei noutra vila q desperta pra mais um dia. São 8:30 e estou em Subaúma, uma vila de pescadores com uma infra bem maior, lembra uma Guaraú (Peruíbe) mais rústica.. Alguns bares e quiosques a beira mar estão recém começando a abrir, e é no chuveiro de um deles q tomo um banho refrescante, alem de repor meu estoque de água. Adentro na vila, com armazém, igreja, pequenas e simples pousadas, mas não há lanchonete alguma aberta. O jeito é reforçar o meu "breakfast" com uma ambulante, q alem do café me dá uma bela porção de leléu de milho, uma espécie de bolo q veio a calhar. Pé na areia novamente, onde o movimento na praia aumenta razoavelmente, principlamente de pescadores artesanais de robalo. Não demorou, e logo surge mais um rio a transpor, o Rio Subaúma, q serpenteia um mangue ate desaguar numa gde e calma bacia onde se misturam água escura doce e clara salgada, onde crianças se divertem nos locais rasos. Aparentemente raso, me informam da melhor maneira e ponto de atravessa-lo, pois o lado onde estão os pescadores esta cheio de ostras e conchas, alem de ser fundo. Seguindo conselhos, sigo um tiozinho (q ta s/ mochila) perpendiculamente o sentido do rio, mas logo percebo q desta vez o problema não é a profundidade do rio (água ate o peito) e sim a correnteza do mesmo; alem de sentir cãibra no pescoço por levar a mochila na cabeça, o esforço de ir contra corrente é muito desgastante! Volto pra margem afim de esperar a maré baixar mais e descansar, enquanto o sol ameça sair. Mas não consigo esperar nem uma hora, pois logo percebo q o melhor jeito de atravessa-lo é paralelo à corrente, após ver uns caras com isoporzão cruza-lo sem dificuldade alguma! Dez da matina, e após pouco esforço desta vez, me encontro do outro lado do Subaúma pronto pra continuar a pernada. No inicio desta praiona há alguns surfistinhas curtindo o mar agitado, alguns turistas caminhando e , mais adiante, alguns pescadores locais. Nem sinal do sol, embora permaneça aquela nebulosidade clara. 20 min de pernada e me encontro novamente só, numa faixa de praia diante de mim q parece infindável, onde uma brisa leve e a maresia sacodem os coqueirais e abranda o mormaço do quase meio-dia. O chão é firme e calço os chinelos, principalmente pq há muitas conchinhas quebradas forrando boa parte do trajeto. Após 12km de caminhada constante o tédio (e cansaço) já começam a se instaurar, embora a paisagem ao redor já valha a pena. Coqueirais alinhados indefinidamente eventualmente se alternam com mangues, onde pequenas lagoas a beira-mar propiciam a formação de ecossitemas completamente dispares convivendo lado-a-lado e separados apenas por uma pequena faixa de areia. E é numa destas lagoas, a Lagoa Verde, q paro pra descansar e fazer um breve lanche. O local é muito bonito, distante, a meio caminho das vilas mais próximas, prova disso é marca de pneus (de bugge) e de cavalos na areia, confirmando q não deve ser qq um q vem aqui a pé. Divido meu lanche com umas gaivotas e uns siris q parecem ser amigáveis naquele local ermo, onde o silencio so é rompido pela arrebentação do mar. Mas ainda tem muita pernada pela frente e continuo minha romaria a passo firme, sem maiores intercedências, em meio a paisagem q parece não mudar nunca, se não fossem as varetinhas do TAMAR, dispersas ao longo da praia. E assim acrescento mais 10km àquele comecinho de tarde, onde agora sim o sol comeca a despontar com forca total. Felizmente, a presença de pessoas (e de um barco encalhado na areia branca e fina) cada vez maior é indicio q cheguei em Baixios, exatas duas e pouco da tarde!! Há ainda uma lagoa rasinha, repleta de garças e outros passaros, q antecede a vila. Q alivio! Já fui logo encostando no primeiro quiosque q achei, na entrada da vila, e mandando ver 2 geladas! Pela alegria do cara do quiosque, eu devia ser o primeiro freguês do dia, e o cara me deu uma farta porção de carne de sol por conta da casa!! De fato, ali não havia quase ninguém, creio q somente os locais. Depois soube q isso era devido a precária estrada de areia q ligava a vila à Linha Verde. "Posso ver as pulseiras q vc ta vendendo??", o cara me pergunta, numa conversinha q me soa familiar; dose foi convence-lo q não era hippie nem vendia nada, afinal quem estaria caminhando pela praia com uma enorme cargueira nas costas?? Mas Baixios é uma vila bem simpática, sossegada e pouquíssima infra q merece uma visita! Diferentemente das demais vilas, os quiosques (boa parte deles fechado) se localizam num quadrilátero perpendicular em meio à areia, quinem Trancoso, o q lhe confere um charme especial. No povoado ha pouca infra, apenas algumas casas de comercio, bares simples e as casas dos moradores em torno de uma simpática pracinha, onde uma igreja parece concentrar as atenções dos mais velhos. Aproveitei e me abasteci de água num chafariz q ali havia. Após descansar e apreciar as águas azuis do mar contrastarem ao sol com a areia branca dali, acabei acampando do lado do trailler do cara do quiosque, ali mesmo, sem problema algum! O banho consegui no chuveiro da única pousadinha q ali existe, quase na frente do "camping": "Posso tirar o sal do corpo?", foi a minha deixa... O resto do dia foi reservado à descanso, conversa com os locais e uma voltinha pela vila e pela costa de Baixios, q é de mar aberto. Notei q dez min ao norte havia mais um rio q teria q atravessar, o Rio Inhambupe, e procurei me informar da presença ou não de barqueiros pro dia seguinte; me garantiram q haveria, o q revelou-se falso. Na barra do mesmo rio haviam alguns rusticos quiosques, tdos fechados, e algumas crianças brincando nas águas mansas nas beiradas mais calmas. O fim de tarde daquela sexta fui na única padaria dali (apinhada de locais, parece q tem horários fixos em q abre) e estacionei definitivamente num dos banquinhos da pracinha, observando o vai-vem pacato e tranqüilo do local, assim como os enormes cururus (sapos) q circulam tranquilamente por la.. Ao escurecer, bares e traillers próximos a praça ligam o som ao maximo e pra minha infelicidade é aquele misto de axé-pagode-forró-sertanejo-brega q o povão adora!! Um dos quiosques servia tb de cabeleireiro (!?), onde o único atendente alternava drinkes e tesoura com certa destreza.. Mas o cansaço fala mais alto e vou deitar após um lanche leve, já q comer alguma coisa é dolorido devido a meus lábios rachados de tão queimados q estão.. Ao entrar na barraca, um calor dos infernos, já q ali não corre vento algum! Já nao podia mais ver a cor de miojo na minha frente e me desfiz de dois pacotes do mesmo. Como se não bastasse, havia um razoável vai-vem de pessoas bem à minha porta; mas o pior eram uns burricos soltos no povoado q eu tinha a toda hora q espantar qdo eles ameaçavam enfiar a cabeça na minha barraca! Como q por vingança à minha pouca amistosidade, parece q eles derrubaram um latão de lixo próximo apenas pra q alem do calor, eu dormisse com mau cheiro o resto da noite. Mas td bem, eu tava morto de cansaço e dormi sem muita dificuldade. Durante a noite não houve nada digno de nota, apenas o som do povoado q parecia ofender meus ouvidos, alguns veículos q focavam com os faróis na minha direção e um bêbado q por pouco não mija na entrada da barraca, já q eu tava num local pouco iluminado. La pela meia-noite o silencio parece reinar em Baixios, mas ate la eu já to no meu 13º sono. 6º DIA - PELA BARRA DO ITARIRI E O SITIO DO CONDE Levanto antes do amanhecer, apenas pra dar uma voltinha pela areia e ver os primeiros pescadores iniciarem seu dia, fazendo altas manobras pra adentrar nas arrebentações do mar. O corpo esta dolorido, porem recuperado do cansaço acumulado. Belisco alguma coisa e levanto acampamento assim q a escuridão ia lentamente se dissipando. Não tinha muita pressa não, pois precisava esperar o povoado levantar pq dependia de barco a seguir. Sem pressa alguma, chego na barra de rio q verificara o dia anterior. Esse rio consta nos mapas como Inhambupe, mas aqui ninguém sabia o nome dele, era o Rio Sem Nome!? Bem, já havia clareado e permaneci, do lado dos quiosques fechados, aguardando aparecer algum barqueiro q me levasse na outra margem do rio. O tempo vai passando e nada. É sábado e era de se supor q houvesse movimento desde cedo, mas nada. E agora? Uns locais aparecem pra rebocar um barco, mas não pra coloca-lo ao mar, enquanto uns quiosques já começam a abrir. Preocupado, pergunto pra uns guris de um quiosque se haveria barco ou pescador disponível. Eles me dizem q quiçá nem haja barcos devido a maré.. Mesmo assim, aguardei por mais tempo, já ficando meio impaciente.O dia estava nublado claro, porem quente e não queria andar com sol a pino mais tarde. Foi ai q um dos guris veio negociar um barco comigo: eram dois, o menorzinho era o intermediário do maior, q tomava conta do quiosque. Claro q meteram a faca no preço (R$12), mas mesmo assim pechichei + , e olha q o menorzinho ainda queria comissão por estar "mediando a transação".. Não tinha opção, e acabei me rendendo ao ultimo lance daqueles mercenários-mirins-fdps por R$7, mais caro q a passagem de bus! O maior saiu em busca de barco enquanto o outro tomava conta do quiosque, pra logo voltar pelo rio, lentamente. Subi no bote, e o guri mal conseguia mover o pesado remo de tão raquítico q era, mas conseguiu chegar na outra margem. Paguei e me mandei, resmungando. Bem, já estava caminhando e era isso q importava. Deviam ser quase umas 8 da matina, e a praia mostrava-se levemente inclinada, areia dourada, porem grossa. Difícil de andar, mas como sempre, hora adiante adiante a areia parece ficar mais firme e batida. A faixa interminável de coqueiros baixos na praia deserta é indescritível , mas o destaque ficou por conta de 2 tartarugas na areia, indiferentes a minha presença. E assim prossegue minha andança inipterrupta, com direito ate a um "carangueijo retado", q ficou todo em posição de me enfrentar diante minha passagem..No caminho, varias piaçabas de coqueiros estão encravadas na areia servindo de guarda-sois improvisados. A maresia matinal forma uma leve nevoa esbranquiçada e a paisagem ao norte fica mais opaca, alem de deixar meu cabelo estilo "dreadlock", mesmo com banho tomado. O tempo vai passando assim q percebo o céu lentamente ficando escuro, a minha frente. Vem chuva ai. Puts, e agora? To no meio do nada e lugar nenhum, felizmente qdo a chuva vem, me protejo na única palmeira anã rente a orla. A chuva com vento não dura nem 20min e torno a bater perna novamente. As 11hrs a maré dá uma recuada deixando a praia bem larga e fácil de andar, assim como a nebulosidade e mormaço dão lugar a um sol brilhante e um calor dos infernos. Meio-dia exatos e após 18km chego na Barra de Itariri, onde o rio homônimo de águas semi-salubras divide um imenso manguezal numa margem e praias rasas e bancos de areia na outra. Me encontro na área do manguezal, com muita lama escorregadia. Felizmente a maré ta baixa e o rio razoavelmente raso é atravessado numa boa, com água ate a cintura. Do outro lado, apinhado de turistas e alguns quiosques. To cansado e procuro um lugar pra me esparramar. A vila ta quase do lado do rio, me lembrou muito Subauma, muitas casinhas, pousadas simples e comercio. Ate policia havia. Dou uma voltinha rápida e acho um "chuveiro", uma bica despencando atrás de um bar onde dou uma refrescada geral, alem de lavar o cabelo e coletar água (1,5L). Em seguida mando ver uma cerveja e um pf (miojo não!) de carne de sol, enquanto pondero se passo a noite ali ou não. Ta muito muvucado e farofado ali, embora pareça ser agradável pelo vilarejo; deve ter camping, mas como ainda é cedo posso adiantar uns kms mais. Após descansar bastante e ver o vai-vem do povoado, coloco a mochila nas costas e encaro o forte sol das quase duas da tarde. Dali ate Sitio do Conde me informaram q seriam 13km, distancia q duvido va completar. A praia é larga e extensa, muito bonita à aquela hora da tarde. O mar entao, nem se fala: águas q vão do azul-turqueza a um verde intenso! No entanto, o sol ta torrando minha cabeça, o q me obriga a improvisar um turbante com uma camiseta. Ando, ando e ando. Praia deserta, apenas garças, siris e gaivotas dão ar da graça. A presença humana é lembrada qdo passam raros buggies de passeio, q deixam as marcas na areia. Apesar do lugar lindo, já começo a dar sinais de cansaço após um tempo, já de olho num local pra encostar a barraca. Na orla há uma faixa de dunas q separam a praia dos coqueirais. O q haveria alem delas? Subo desajeitadamente e constato q alem delas há uma larga faixa de restinga e algumas casinhas isoladas aqui e acolá. Se é propriedade particular ou não to nem ai, é aqui mesmo q vou acampar, na sombra de altos coqueirais, protegido do vento pela duna. Felizmente, os locais daqui são muito cordiais nem se importanto com uma barraca perto deles; e o tiozinho de uma das casas ate me disse q tinha uma bomba dagua, onde completei meu estoque dagua alem de tomar um refrscante banho. Q sorte!! O final de tarde fiquei ali, observando a bela paisagem das dunas e avaliando o qto faltava pra Sitio do Conde, uns 4..5km talvez. Andara 9km ate ali e tava beeem cansadao, alem de bastante queimado nos ombros. Não sentia muita fome pois almocara bem, apenas tomei uma sopa Maggi - q mais parecia água com sal -engrossada com pão. A seguir me entoquei na barraca de onde não sai mais. Dormi muito bem, o céu estupidamente estrelado e ventou razoavelmente toda noite. 7º DIA - CONDE, POÇAS, SIRIBINHA, COSTA AZUL.. Pra variar, acordei com o corpo moído + uma vez por volta das seis, e aproveito pra enrolar e descansar mais um pouco, alem de dar uma arrumação e "faxina" no interior da barraca, repleta de areia. Isso ate qdo os primeiros raios alcançam a lona, avisando q é hora de zarpar. O dia promete, e ao leste um tenue arco-iris, torna a paisagem mais encantadora. Pé na areia novamente, com leve brisa no rosto, marcho apenas 4km em praia ampla, larga e deserta, mas q lentamente vai mostrando vida diante a aproximação de Sitio do Conde, principalmente de pescadores aretesanais e, pra variar, os onipresentes quiosques, gde parte deles com erros gramaticais grotescos nos anuncios. Sitio do Conde já é uma antiga vila de pescadores mais estruturada, com pousadas, restaurantes, etc e tal. Quitutes como potu c/pirão, caldo de sururu, porções de pescada, cação, vermelho, cavala e cruvina parecem apetitosos, mas quiosques ainda nem abriram. As noites parecem animadas rente a orla Descansei rapidamente à sombra de uma barraca, evitando sentar nas mesas ou cadeiras ("proibido usar mesa s/ consumir!") e dei continuidade à pernada. Antes, porem, conversei com uma suíça q ali passeava. A partir daqui a praia se estreita mais, deixando à mostra muitos recifes e lajedos q parecem "placas de asfalto rachadas" acompanhando todo o trajeto, onde pescadores artesanais (c/ gaiolas) parecem tirar seus sustento nas varias piscininhas q se formam. Durante um bom tempo se caminha alternando areia fofa e recifes. Depois, à minha esquerda, percebo q os coqueirais sumiram pra dar lugar a uma extensa planície de restinga q se alterna com mangue, onde logo surge uma "estrada de chão" q segue paralelo à orla, beirando a praia. Claro q agora continuo pela estrada, principalmente pela dificuldade de andar pela areia fofa. E assim o percurso é ate + fácil; de um lado a praia estreita, e do outro um mangue com coqueiros. E 6km depois alcanço outra pequena vila, Poças, onde um cemitério interditado já me da uma luz da simplicidade da vila; era tão rustico q os "túmulos" eram ornados com telhas e bromélias no lugar de cruzes. A vila órbita ao largo da estrada de chão, com casas simples, coloridas e modestas, algumas ate de palhoça e pau-a-pique. Percebo q não há mta infra p/ turistas, e q os locais são quase todos pescadores, pois ta td mundo arrumando ou consertando redes ou canoas na rua.. Seguindo a estrada, paro pra beber minha 1ª cervejinha numa cantininha sem movimento algum, as dez. Enquanto aprecio a bela vista do mar, a praia estreita sem banhistas, converso rapidamente com um caseiro dali q, pra variar, acha q vendo bijouterias (novamente!) É incrível como é dificil deles compreenderem como alguem anda mochilado dias a fio apenas pelo prazer de faze-lo.. Alem disso, conta q Poças recebe este nome devido aos inúmeros recifes na água, q na maré baixa formam poças, mas q é justamente pela presença de pedras em abundancia q os turistas evitam banho ali. A praia era de fato estreita e inclinada, e o maximo q se podia fazer mesmo era tomar sol. Deixo Poças ainda pela estradinha de terra e areia, q agora segue sinuosa adentrando num vasto coqueiral, q me agracia com sua sombra diante do sol e calor dos infernos q comeca a fazer. Nesta estradinha há muitos carangueijos atropelados, e nas clareiras de restinga diviso vários cactos q emergem discretos da areia. Chego em Siribinha 7km após, com sol a pino. Hora de descansar, claro!É aqui tb onde a estradnha termina, pois adiante esta a foz do enorme Rio Itapicuru, q acompanha tanto Poças qto Siribinha atrás das mesmas num estenso manguezal. O vilarejo, originalmente uma vila de pescadores esta assentado nas pequenas dunas q se espremem entre o rio e a praia, é bem maior q Poças, detinha mais infra e era + simpático. Um palco médio acomodado no fim da estrada indicava q ali deviam ocorrer shows de verao. Num quiiosque utilizo a ducha pra amenizar o calor das dez da manha! Dali à praia é um paso, após algumas casas, onde turistas desfrutam da razoavel faixa de areia claríssima - entre coqueiros, amendoeiras e mandacarus - q contrasta com o azul intenso do mar. Em seguida coleto informações sobre barco pra atravessar o rio ate q negocio com um cara q leva banhistas a passeio rio adentro. Ele diz q me pega assim q voltar, ótimo. Com tempo pra descanso, aproveito pra almoçar numa casa adaptada pra restaurante, onde detono um pf de mariscos q tava uma delicia! Afinal, preciso de comida mesmo, algo "pra dá sustança", como se diz aqui. Por volta de meio-dia, me dirijo as docas atrás da cidade, de frente para um gde, denso e extenso manguezal, aqui chamado de "pantanal bahiano" e embarco na lancha do cara c/ quem combinara anteriormente. A viagem continua pelas águas mansas enorme Rio Itapicuru ainda um kilometro ate a foz, acompanhado por faixas de dunas de ambos os lados. Muito bonito. À esquerda, é possível ver a trilha q segue duna adentro e leva, atraves dos coqueirais, à atração do local, um tal de "Cavalo Russo", um lago de água doce de um afluente do rio ao pé de uma duna. 10min de viagem ate a foz, o cara encosta na outra margem do rio onde salto bem disposto. Mochila nas costas e pé na areia novamente, a praia é enorme, parece não ter fim. Larga, plana e firme, não oferece problema algum pra caminhar. A diferença é q a areia é claríssima, quase-branca e naquele horaio de sol a pino a faixa branca sem-fim chega a ofuscar a vista!! Como sempre, a praia é deserta, sem nenhuma alma viva ate onde a vista se perde, seja ao norte, seja pro lado, onde dunas brancas começam aser mais freqüentes e maiores, chegando a engolir parcialmente os coqueirais e as cercas q eventualmente nos acompanham! E assim, percorro os 10km q me separam do próximo povoado. Duas e quinze da tarde, cansado, chego finalmente em Costa Azul. À primeira vista não se vê nada em meio as dunas, apenas um punhado de quiosques bem simples e rústicos a beira-mar. A minúscula vila esta logo atrás, escondida em meio as dunas e coqueiros. Claro q me dirijo num quiosque pra relaxar (e beber mais uma cerveja) e, após uma chuveirada basica, encosto ali mesmo e descanso o restante da tarde, ao som de um reggae c/ forró da barraca ao lado, q dispõe ate de rede pros fregueses. Aqui não há muitos turistas, o q se reflete na escassa infra, parece q esta linda praia é fequentada mais pelos habitantes q por turistas, o q é uma pena. Ou quiçá não. A vila é um ovo, algumas travessas de areiao, casas simples, etc.. Antes do por-do-sol levanto a bunda do bar e busco um lugar decente pra acampar. À esquerda da vila e atrás das dunas há um descampadao de restinga rala, perto dos coqueirais e do lado de um campinho de futebol, é ali mesmo! É domingo e os armazéns e padarias já estão fechados, o q me obriga a racionar o q já disponho pra comer, isto é, suco, pão e meu ultimo miojo. Ao anoitecer, já bem acomodado na barraca, ouço alguém me chamando na porta da barraca. Ai, ai, ai..só falta eu estar em local proibido e estarem me enxotando dali... Mas, pra minha surpresa, era um local me oferecendo hospedagem na casa dele!!?? Isso comprova definitivamente a gentileza e hospitalidade do povo simples dali, sempre disposto a dar uma mão a quem vem de fora. Meio ate q sem jeito, recuso a generosa oferta pois já estava bem instalado ali e na verdade estava cansado, nem um pouco afim de levantar pra deslocar a barraca. Mas mesmo assim agradeço o cara, sem duvida. O resto da noite foi tranqüila, mesmo o burburinho q vinha dos quiosques não durou muitoe logo a vila entrou num silencio profundo, rompido apenas pelas arrebentações do mar ao lado. Ah, o céu estava belamente estrelado e apaguei antes das 20hrs. Dormi muito bem, e precisava muito disso, pois o dia seguinte seria o mais puxado de todos. 8º DIA - ETA, ETA, ETA..ENFIM, MANGUE SECO!!! Levantei antes do amanhecer por razoes obvias, as cinco. Seriam quase 30km ate o destino final, de um pique só, e não queri andar sob o sol forte do meio dia. Belisquei alguma coisa e coloquei td na mochila, enquanto uma leve brisa soprava do mar e céu ganhava a claridade do dia, lentamente. Subi a duna pra ganhar novamente a praia à meus pés, e lá vou eu pra minha pernada final, deixando Costa Azul - q ainda dorme - pra atrás. Olhando pra frente, eu via uma faixa larga de areia clara q se perdia no horizonte, acompanhada de um coqueiral tb sem fim. O chão é duro, não há dificuldade alguma em caminhar. À minha direita, lentamente, o sol desponta no mar no mar, dando à alvorada uma coloração vermelho-alaranjado q se esparrama pelas poucas nuvens ao leste. O tempo vai passando e a paisagem permanece imutável; apenas o sol esta + forte, tostando o lado direito do meu rosto, ao mesmo tempo em q deixa mais evidente a claridade da areia, de tão branca q é. Agora as extensas faixas de coqueirais vão se alternando com enormes e amplas planícies de restinga rasteira, onde dá pra enxergar kilometros à oeste pequenos morrotes cobertos de vegetação. Olhando adiante, parece q não avancei nada e aquela ponta no extremo norte parece inalcançável. Apesar da bela paisagem, a solidão e a caminhada vai se tornando tediosa e busco alternativas pra torna-la tolerável, seja tampando buracos de siris, contando conchas, cantando alto ou andando de costas. Aqui paro pra descansar num banco de areia e beber alguma coisa. Mais adiante haviam uns poucos pescadores, q com suas linhas ao mar pareciam estar "empinando" pipa. O sol forte me obriga a colocar meu turbante improvisado do dia anterior, e felizmente corre uma brisa q ameniza o calor refletido da areia. Nove e meia da matina e + da metade do caminho percorrido, já consigo ver ao longe a ponta cada vez mais próxima. Pra minha felicidade já consigo distinguir o brilho do farol de Mangue Seco, mas ainda falta bastante. As faixas de planície foram deixadas pra trás, agora é uma enorme praia alva e um coqueiral em meio a dunas q me acompanham ate o fim. Num trecho da praia, perto dos coqueirais, vejo uma pequena construção de palha bem rústica e é la q vou descansar e me proteger do sol. Chegando la vejo q era um quiosque abandonado, e infelizmente não tinha nenhum isoporzinho básico, pois minha agua ta nos finalmentes. Bem, a proximidade de meu destino (e de cervejinha gelada!) já é motivação pra colocar pé na areia novamente e la vou eu pela bela praia, cuja claridade naquele horario chega a ofuscar a vista! Aos poucos, as dunas tornam-se maiores e logo elas passam literalmente a engolir os coqueirais! A praia é muito bonita e deserta, mas aos poucos vejo marcas de bugge e de cavalos, sinal q to quase lá. São onze hrs, sol de rachar e já devo estar quase lá. As famosas e enormes dunas alvas já me acompanham por um bom tempo, e consigo ver gente caminhando pela orla, ao longe. Cheguei! Meia hora depois, e já quase bem cansado, percebo q bem amis adiante aquela ponta q vira entra numa enseada. Claro q não sigo pela praia e corto caminho em meio as belas dunas, nas quais pode-se andar quase-bem não fosse a areia clara e fina. O engraçado é q as dunas soterraram td a tal ponto q vc anda com a copa dos coqueiros a mostra, no chão, sendo possível pegar um coco apenas esticando o braço,se quisesse. Olhando à sudoeste vejo alguns bugges percorrendo as brancas dunas, q contrastam lindamente com o azul do mar! Aqui descanso brevemente sob a sombra de um coqueiro apenas pra curtir o visual, q de tão bonito serviu de cenário pra Tieta (o livro e filme). Em pouco tempo chego na praia principal de Mangue Seco, uma pequena enseadinha (logo após a ponta), onde logo depois há um gde mangue q precede o Rio Real, o maior rio de toda travessia e q faz jus ao nome q tem. É imenso em largura e comprimento. Na verdade Mangue Seco fica isolada numa enorme península e aqui so se chega de barco, atravessando o rio. Vou pros quiosques e barraquinhas - todos c/ rede - comemorar minha chegada, sem duvida! Há poucos turistas oq é ótimo. Enquanto mando ver 2 Skin estupidamente geladas pra abrandar o calor, converso com a atendente, q devia estar entediada por não haver nenhum freguês ali. Cada morador dali tem uma historia pra te contar sobre o filme e de Jorge Amado, bem legal! A sola de meus pés sentiam a longa caminhada daquele dia, tavam ate levemente esfolados..Pergunto por chuveiro e nada, não havia. Mas havia um "poço" bem do lado, q consistia num cano de pvc enfiado na areia no qual havia outro cano dentro puxado por uma corda. Tirei água dali mesmo pra molhar a cabeça e bebericar, embora o gosto fosse o mais ferruginoso de todos.. Fiquei um bom tempo descansando, o local é muito convidativo, mas meu cronograma tava estourando. Poderia ter pernoitado ali, havia muito espaço entre as dunas, mas resolvi arredar pé dali. A travessia havia sido concluída com sucesso! Sob sol escaldante, deixo a praia por uma estrada de areiao q tava muito quente em direção à vila, uns 500m dali, espremida entre as dunas/restinga e o Rio Real. Do lado do rio, muito mangue..seco, claro! Uma preocupação evidente da vila, pequenina c/ praça, igreja e pouca infra, é o avanço das dunas de um lado e aumento da barra do rio noutro. É bom vir pra cá o qto antes entao, pois se não for o turismo desordenado, provavelmente sera a própria natureza q se encarregará de soterrar esta bela e simpática vila. A VOLTA Na vila, vários barcos, botes e lanchas flutuam ancorados na beira do enorme rio. São uma e meia da tarde e felizmente há um barco saindo pra Pontal, na outra margem, já em Sergipe. O q se segue é uma maratona de distancias percorridas quase q seqüencialmente pra chegar a Salvador. Após a viagem de 20min ate Pontal, consigo carona numa perua q me leva, sacolejante, atraves de uma estrada poeirenta no meio do nada (salvo os engenhos desaivados e vilas como Terra Caída e Indaiaroba), pra depois tomar o asfalto ate Regência, perto de Aracaju. Lá, a espera me dá tempo suficiente pra tomar banho numa pousada e me "enfiarem", as 15:30, no único lugar vago num busao de passagem pra Salvador, onde cheguei as 19hrs, após retornar pela estrada q eu acompanhara paralelamente durante aqueles oito dias seguidos. A Linha Verde enfim é isso, uma estrada ecológica q nos leva a um punhado de praias selvagens, protegidas por dunas e coqueiros, com uma lagoazinha aqui, uma barra de rio acolá. Todas enfim, disputando entre si o titulo de mais bonita, mas isso cabe a vc decidir. Agora, pela estrada ou pela praia? Bem, a escolha é sua. 2 Citar
Membros de Honra PedrodePortugal Postado Março 7, 2005 Autor Membros de Honra Postado Março 7, 2005 Espectacular!!! É a única coisa que me ocorre dizer sobre o relato! É o tipo de aventura que espero um dia vir a fazer, se bem que acompanhado e nao fazendo tanto km duma só vez! Mais uma vez... espectacular! DETONOU!!! [8D] Citar
Membros de Honra rodrigoschemes Postado Março 14, 2005 Membros de Honra Postado Março 14, 2005 Jorge.. td bem? Cara.. vc por acaso tem algum relato do litoral sul da Bahia? Estou indo de férias pra lá em Abril.. e vi no seu post sobre Arembepe que você comenta algo sobre a Costa do Descobrimento. Aguardo resposta.. Citar
Membros Cristina_K Postado Março 2, 2008 Membros Postado Março 2, 2008 rapaa.... não sei se aguentaria esse trecho todo sozinha. Mas na hora de achar um parceiro pra fazer a caminhada comigo vou nessa. O teu relato é lindo demais e dá mta vontade de conhecer essas praias do mesmo jeito. (conheco bem jauá, arembepe e conde.....mas não dessa maneira). que texto lindo! Citar
Membros dmjuca Postado Março 20, 2008 Membros Postado Março 20, 2008 rapaa.... não sei se aguentaria esse trecho todo sozinha. Mas na hora de achar um parceiro pra fazer a caminhada comigo vou nessa. O teu relato é lindo demais e dá mta vontade de conhecer essas praias do mesmo jeito. (conheco bem jauá, arembepe e conde.....mas não dessa maneira).que texto lindo! Cara, que relato incrível! Como já conheço a maioria dessa praias (separadamente), pude ir pintando quadros na minha mente. Valeu por ter despertado o desejo de embarcar nessa aventura. Cristina... Se você topar, eu tô dentro! É só entrar em contato pra avaliarmos tudo. Um abraço, Linsmar Citar
Membros de Honra Augusto Postado Julho 10, 2008 Membros de Honra Postado Julho 10, 2008 Se eu imaginasse que essa região seria tão facil caminhar sem maiores problemas, até pensaria em fazer alguns trechos qdo eu fui na Praia do Forte. Abcs Citar
Membros Guilherme Franco Postado Maio 29, 2010 Membros Postado Maio 29, 2010 Cara muito legal o relato. Mais legal ainda sua capacidade de transmitir sensações, emoções e as características de tudo. Conheci Mangue Seco em 2001, mas foi aquela viagem "sem graça" com parentes e tudo mais, com todo conforto do mundo e tal. Fiquei bem interessado em fazer este roteiro, só não animo ir sozinho, tenho um certo receio de assaltos e coisas do tipo, sem falar que repudio a solidão. Valeu pelo relato!!! Citar
Membros Guilherme Franco Postado Maio 30, 2010 Membros Postado Maio 30, 2010 E aí cara! Preciso de mais algumas informções desse roteiro. infelizmente vai ficar pra próxima fazê-lo a pé pois não encontrei compania. Como faço pra ir do Aeroporto de Fortaleza pra Pontal de ônibus? Tem algum bus que vai pra lá? O que vc me diz de passar uns dois dias em Arembepe e depois pegar um bus pra Mangue Seco, rola? Se puder me add no msn, fico agradecido: gui104@hotmail.com Citar
Membros Tchú Postado Junho 5, 2010 Membros Postado Junho 5, 2010 Muito legal o relato, moro nessa região a 20 anos e já fui em todas essas praias, muiiiiito realista o relato, consegui identificar várias caracteristicas conhecidas através de suas palavras, parabéns pelo espirito aventureiro. Citar
Membros Dalila bióloga Postado Junho 29, 2010 Membros Postado Junho 29, 2010 Muito bom o seu relato, agora gostaria de saber qual local mais bonito destes tr~es,: Subaúma, Baixio ou Siribinha? Por favor manda umas dicas e se dá pra ir andando da praia de Subaúma para a Lagoa azul ou de Siribinha para o Cavalo russo... Abraços, Citar
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