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Para quem ainda não havia vivido a experiência de sair do país aos 22 anos de idade, soava um pouco estranho que a estreia para quebrar esse tabu fosse na Africa, com o agravante de viver por lá quase 6 meses. Depois chegar em Cape Town e dos primeiros meses de adaptação, naturalmente, assim como a rotina da vida, tudo acaba se tornando normal. Mesmas paisagens, amizade com o comerciante do bazar, o garçom do restaurante já sabe seu pedido preferido e por aí vai. Assim como também é da natureza do ser humano, descobrir algo novo é instigante depois que o maçante se torna padrão. Com quase 4 meses cheios de vivência em Cape Town, comecei a organizar uma viagem tradicionalíssima para quem visita não apenas essa região do país, mas quase uma obrigação para quem vai passar alguns dias na terra de Madiba.

 

Em julho, com ainda tudo novo e recente, ainda absorvendo todas as novidades de estar pela primeira vez fora da minha cultura, não conseguia sequer pensar em uma viagem. Até fui convidado por grupos de alunos que angariavam pessoas para completar um carro, alugá-lo e pé na estrada, mas definitivamente ainda não era hora. Sabia que faria essa viagem uma hora ou outra, mas o tempo de definição ainda era bastante, não havia necessidade de correria ou pressa. Só que esse mesmo tempo passa rápido e bastou as altas temperaturas enfim aparecerem, para que a viagem começasse a ser planejada. Da amiga que ainda teria apenas mais 2 semanas em Cape Town, do grupo que realmente transmitia animação para ir até mais longe, de sentir que era o devido momento para ser feita.

 

A chamada “Garden Route” é uma viagem que transcorre pelo litoral extremo sul da África do Sul, feita geralmente em torno de 4 dias. O visual que é possível apreciar em meio as horas de estrada é fascinante, um cenário e tanto para desembarcar em lugares ainda mais belos. No começo da rota decidimos que a primeira parada seria em Port Elizabeth, a cerca de 800 km de Cape Town, destino um pouco incomum para quem faz esse traçado – pelo menos entre os estudantes da LaL. Quando mencionava que iria até lá para alguns sul-africanos, grande maioria me questionava por qual motivo eu iria até PE, visto que a cidade é ligeiramente grande, dando a entender que o cinza e o ‘nada de interessante para ver em uma metrópole’ era predominante. Por alguns momentos cheguei a pensar que a cidade era semelhante com Johannesburg, mas por sorte – e porque não mudaríamos de ideia – partimos de CT direto para PE.

 

Ao iniciar as primeiras discussões pensávamos em parar de cidade em cidade até chegar ao último destino, que seria PE. De forma a simplificar o traçado, não demoramos muito para alterar o destino inicial a cidade mais distante, dirigindo exatos 786 km até lá, por cerca de 10 horas possibilitando, assim, o desfrute dos outros quatro dias cheios de viagem parando em cada lugar. O carro foi devidamente locado cinco dias antes da viagem com a agência Europ Car. O modelo era um Avanza automático, carro da Toyota, com espaço para sete pessoas de forma ‘confortável’ e que mais pra frente recebeu a alcunha carinhosa de “Big Blue”. Na quarta-feira, dia 30.10, começamos a viagem por volta das 13h30. Saímos em direção a rodovia N2 e não tivemos dificuldade para acessá-la, pois o caminho era o mesmo nas épocas que frequentávamos o Mzoli’s Meat na Township de Gugulethu. A partir do momento que você entra na N2 não existe quase nenhuma dificuldade: a estrada é de boa qualidade e você dirige por trechos retos em boa parte. A única precaução que deve ser tomada é em relação a gasolina, pois a distância entre os postos é grande entre um e outro.

 

PORT ELIZABETH – 30.10 (noite) e 31.10 (manhã)

 

Creio que nem no Brasil havia feito uma viagem tão longa de carro, o máximo havia sido uma única vez que fiz um bate volta com colegas de São Paulo para Florianópolis, mas o percurso soma apenas 695 km. Na entrada da cidade é necessário se preocupar com as vias de acesso e também quando já se dirige dentro dela, pois as bifurcações são várias. Mesmo que não compramos ou alugamos um GPS na agência de rent a car, por sorte o celular acabou desempenhando essa função com primazia e nos salvou não apenas nesse momento, mas na entrada de todas as outras cidades. Após pegar a saída 751B que o roteiro indicava, dirigimos por mais cerca de 6 km dentro da cidade até chegar no hostel 99 Miles Beach Lodge, localizado a um quarteirão da Promenade de PE. Em todos os hostels ficamos apenas uma noite hospedados, check-in por volta das 6pm com check-out em todos as 10am do dia seguinte. Creio que este hostel seja o que mais sentimos por não ter a oportunidade de aproveitá-lo um pouco mais. Com uma piscina atrativa e a sua frente uma convidativa área para fazer um ‘braai’ (nome utilizado para churrasco na África do Sul), era um bom lugar para despender um dia inteiro, inclusive porque o tempo nos favorecia.

 

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Depois da primeira noite de hostel, em que conhecemos alguns ingleses, finalmente iniciamos o principal objetivo dessa viagem: explorar cada canto que pudéssemos, aproveitando o máximo e realizando tudo isso com o menor tempo possível. Assim, começamos pela orla de PE e sem seguir roteiro encontramos a entrada de uma pequena praia, mas que não era destinada a banhistas – pelo menos naquele dia não encontramos nenhum. Como a maioria das praias que já havia frequentado em Cape Town, esse trecho de areia que conhecemos também tem em comum um fator muito frequente e charmoso que são as rochas por toda sua extensão. Encontramos um visual que era uma grande rocha com uma leve abertura no meio, um efeito da natureza que é uma obra-prima a parte (muitas dessas belezas podem ser vistas durante essa viagem). Depois de algum tempo por lá, fomos para outro destino e esse sim constava em nossa rota. Nunca havia tido a oportunidade de ver ou ao menos andar em um píer, apenas tinha como imagem o famoso píer da California e para minha surpresa estar frente a frente com com o Shark Rock Pier foi incrível. A paisagem que é possível apreciar quando você começa a caminhar em direção ao final da reta é quase como um caminho para o céu.

 

Quase em frente ao pier, existe uma espécie de waterfront em Port Elizabeth. Uma região com um casino, área comercial e alguns lagos, bom para escolher algum lugar para almoçar ou simplesmente para conhecer. Nesse mesmo local aproveitamos para fazer a refeição no “Spur”, uma rede de alimentação que é conhecida pelas costelas semelhantes as que são feitas pelo “Outback”, além dos excelentes hambúrgueres. Depois do breve intervalo partimos para o último destino que deveríamos ir antes de deixar Port Elizabeth, o estádio Nelson Mandela Bay, com capacidade em torno de 75.000 pessoas e o palco da nossa eliminação na Copa de 2010 no jogo contra a Holanda. A arquitetura do estádio é fantástica e para encontra-lo é bem simples, em diversos pontes da cidade é possível avistar sua estrutura branca inconfundível, realmente incrível. A título de curiosidade esse é mais um elefante branco da África do Sul, construído para a Copa de 2010 e que hoje em dia encontra-se quase sem utilização, assim como o estádio de Green Point em Cape Town, que exibe também uma arquitetura fascinante assim como o estádio de PE e também quase nunca recebe jogos ou shows.

 

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O número de minibus em PE também foi uma situação curiosa que reparei, um pouco estranho talvez pela quantidade que eu estava acostumado em Cape Town, mas que naturalmente é maior por conta do tamanho da cidade, consideravelmente mais extensa. Depois de visitar os pontos que havíamos incluído em nosso roteiro, voltamos a quebrar um pouco do protocolo e fomos a um lugar que descobrimos através de indicação do hostel que estávamos.

 

SEAVIEW PARK - 31.10 (tarde)

Quando começamos a planejar a viagem o safari ainda não estava incluso, pois havia a oportunidade de fazer esse turismo depois e através da escola, podendo, assim, utilizar esse tempo para conhecer lugares que só teríamos a oportunidade de visitar apenas uma vez. Ainda assim acabamos mudando de ideia depois de checar um folder a respeito desse safari no hostel. As opções durante a própria Garden Route para fazer safari são diversas, cerca de 4 no total, pelo menos foi quase essa a quantidade que vi durante o percurso. A questão especial neste safari é a vantagem de entrar com seu próprio carro em uma área onde animais como Kudu (o veado sul-africano), búfalos, zebras e girafas estão ao ar livre, soltos na reserva.

 

Em certo momento, quando estávamos voltando, encontramos cerca de 6 ou 7 girafas em um mesmo local. Não sabíamos se era permitido ou não, mas saímos do carro e fomos atrás delas. A proximidade que pudemos chegar de cada uma foi impressionante, ninguém chegou a arriscar tocar em uma delas, mas era completamente possível realizá-lo. Dentro do safari havia um espaço destinado a quem pretendesse tocar em algum animal mais perigoso, mas para fazer isso, obviamente, era necessário pagar uma quantia que variava de acordo com o animal que você quisesse mexer. Havia a opção de tocar no bebê leão, que neste dia estava um tanto quanto arisco, em tigres e outros animais. Em minha consideração estar dentro daquele lugar e ter ficado tão próximo de uma girafa já era suficiente, depois de pagar apenas 55 Rands de entrada.

 

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O visual que você pode apreciar quando chega bem na entrada do local para tocar os animais também é incrível. Assim que você estaciona o carro está quase que em cima de uma colina, assim é possível avistar grande parte do litoral dessa região. Na saída ainda vimos um local que possuía apenas leões e tigres, mas não chegamos a entrar. Saindo de Port Elizabeth simplesmente não entendi o porquê algumas pessoas diziam o que eu iria fazer lá, ficamos apenas um dia e com certeza não conhecemos nem 20% de tudo que a cidade pode oferecer, mas em pesquisas antes de ir para lá soube que existe uma caminhada turística de cerca de 5 km por pontos históricos da cidade. A cidade é sim grande e com várias sedes de companhias de automóveis como a General Motors, mas assim como grande parte das cidades do litoral da África tem sua beleza bem preservada e que sem dúvida alguma vale a pena conhecer.

 

JEFFREYS BAY – 31.10 (noite) e 1°.11 (manhã)

 

Uma das melhores praias do mundo para a prática do surf. Com um clima que dá para se sentir dentro de um cenário em algum filme que se passa no Hawaii na década de 70, a cidade é completamente charmosa. Além da fama pelo surf, a cidade também oferece muitas vantagens para quem está interessado para comprar roupas de conhecidas marcas desse esporte. Além do fato de ter outlets como Billabong, Quiksilver, Ripcurl e outras que já oferecem preços em conta, acrescente o fato de que em 2013, o Rand, a moeda sul-africana, foi a que mais recebeu desvalorização em todo o mundo. Passamos por uma delas logo que chegamos, depois de dirigir os 79 km que separam PE de J-Bay. Logo que chegamos o clima de Hawaii ficou ainda mais evidente por conta do hostel que escolhemos. O Island Vibe Backpackers é um reduto de surfistas, tem acesso direto a praia e até um local que dá aulas de surf para quem tem a intenção de praticar o esporte.

 

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Roupas para cair no mar penduradas no varal logo ao lado da recepção, surfistas retornando do mar logo que chegamos, no final da tarde. Havia sido um ótimo dia para pegar uma praia, inclusive surfar. A entrada para fazer o check-in é de frente ao mar, um cartão postal e tanto, além da sensação inacreditável de estar em um lugar como aquele. O número de estrangeiros é alto, quase grande maioria surfistas, tanto homens quanto mulheres, pele que denuncia o muito tempo despendido na praia e os cabelos louros com a agressividade do mar e sol com frequência. A área do bar dentro do hostel era o único lugar que faltava para realmente se sentir dentro daquele filme. Decoração de palha, noite de chuva, duas ou três goteiras em diferentes partes do local, um garçom negro e gordo com dreads, campeonato de beer pong rolando e as cadeiras devidamente enfileiradas ao lado do balcão ocupadas pelos jovens hóspedes, todos acompanhados com um copo de cerveja, claro.

 

Na mesma noite que chegamos no hostel o tempo ruim também apareceu conosco, assim que entramos na cidade as nuvens e o cinza no céu começaram a aparecer. Em todo o período que estivemos por lá, cerca de apenas 14 horas, apenas um breve período para descansar e partir para o próximo destino, o tempo permaneceu da mesma maneira. Apenas durante a parte da manhã do dia seguinte, pouco antes do check-out, o clima ruim deu uma trégua e o sol apareceu pelo menos para algumas fotos em frente a praia.

 

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Nem chegamos a pisar na areia, mas pra pisar por pisar e não aproveitar o lugar como realmente deveria ser feito, então era melhor ficar só com o visual daquele lugar na memória. No dia seguinte ainda pudemos desfrutar mais um pouco da sala de refeição/bar e de um ótimo café da manhã, mas que não era incluso no pacote, pagamento foi feito a parte como qualquer restaurante. Check-out, volta bagagem para o carro e mais uma volta dentro da cidade. Paramos no outlet da Billabong para conhecer e tudo realmente sai muito em conta.

 

TSITSIKAMMA NATIONAL PARK – 1°.11 (tarde)

 

Um lugar que foi encontrado despretensiosamente. Enquanto elaborávamos nosso traçado uma amiga simplesmente viu o nome do lugar e teve a brilhante ideia de pesquisar sobre o lugar. Depois de ver a primeira foto da “suspension bridge” já tínhamos certeza que deveria ser visitado. Saímos de J-Bay e o tempo ruim nos acompanhou, esse fator nos desanimou e de certa forma nos impediu de fazer a trilha que existe neste lugar para chegar até as cachoeiras. Na estrada é possível encontrar várias placas sinalizando a entrada para “Tsitsikamma”, mas é necessário prestar atenção, pois são diferentes locais, para realizar diferentes atividades. Prosseguíamos viagem retornando tudo o que havíamos dirigido, vimos uma placa com algumas atividades em rios e entramos nesse lugar. Por ser possível praticar esportes como canoagem e arvorismo, pensamos que era o correto, mas só serviu para pegar informação e passar vontade de fazer algum dos esportes que ofereciam. Depois de dirigir os 118 km que separam Jeffreys de Tsitsikamma enfim chegamos ao local.

 

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Na entrada já pudemos ver três babuínos agitados que pareciam perdidos no caminho que dava acesso ao portão principal. A rota até o lugar aonde ficam os chalés, loja de souvenirs e o restaurante, com uma paisagem fenomenal, é uma descida tranquila. Em alguns trechos é capaz avistar o mar pelas brechas entre as árvores. Perto de estacionar o carro, conhecer o que realmente era aquilo e ver os chalés, um súbito sentimento de arrependimento apareceu por não ter reservado o local para todos nós ficarmos por lá naquela noite. Não sabíamos por onde iríamos almoçar, mas a sorte que tiramos ao encontrar aquele lugar foi grande. Um espaço enorme construído com madeira e com um visual incrível, algo bem semelhante com a mata atlântica e montanhas de fundo. Foi o tempo ideal para fazer a refeição e aguardar a chuva amenizar. Naquele mesmo local havia acesso para a trilha até a suspension bridge. O percurso é simples e muito bem sinalizado, nada complicado, bem construído e seguro. Durante o caminho dentro da mata é possível apreciar diferentes ângulos da praia e também das rochas, mas nada comparado quando você chega até a ponte.

 

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Não sei se era por conta do tempo fechado que pegamos naquele dia, mas o mar naquele local é negro, bem diferente. Já ao pisar pela primeira vez na ponte é possível senti-la balançar, para ter uma visão um pouco mais curiosa bastar olhar para baixo e ver a madeira e logo abaixo entre as frestas, o mar. Bem ao meio da ponte também é possível apreciar mais uma visão incrível, um caminho de água e aos lados uma disposição de rochas que charmosamente compõem o local. Basta forçar um pouco a imaginação e você será capaz de colocar um navio pirata no meio das pedras, algo bem ‘Piratas do Caribe’ mesmo. São duas pontes no local, uma que dá acesso a uma outra trilha e a outra que vai para um outro caminho para retornar. Não fizemos a trilha para as cachoeiras por conta do mal tempo, bem como uma outra atividade, mas essa demanda um pouco mais de tempo. São dois dias de caminhada floresta a dentro, com paisagens sensacionais e para chegar a uma praia absurda. Descobrimos essa oportunidade antes da viagem, mas não havia capacidade de se enquadrar dentro dos dias que tínhamos para ficar fora de Cape Town.

 

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PLETTENBERG – 1°.11 (noite) e 02.11 (manhã)

 

O mal tempo durante aquele dia perdurou e nos acompanhou na estrada durante os 65 km que distanciam Tsitsikamma de Plettenberg Bay. Um fato curioso é que todas as entradas dessas cidades possuem muita semelhança entre elas: uma via principal com comércios ao seu redor, sendo que todas elas possuem uma área comercial muito parecida, com um Pick n Pay (rede de supermercados famosa por aqui), uma Liquor Store e restaurantes de fast food. Para essa noite reservamos acomodação para as sete pessoas em um hostel muito recomendado por todos os estudantes que já haviam feito a Garden Route, o Albergo Backpackers. Em questão de serviço relacionado a limpeza, acomodação e outros fatores do tipo esse foi a melhor hospedagem que pegamos. Neste dia ainda chegamos e ocorreria um braai para todos os backpackers, mas por conta da falta de tempo e por termos chegado em cima da hora, não nos preocupamos em participar.

 

Durante a noite por lá o tempo foi suficiente para deixar todas as bagagens no quarto e sair para algum lugar para jantar. Encontramos algumas opções que pareciam ser um pouco refinadas, mas quando se trata de África do Sul você pode ter certeza que encontrará uma refeição de qualidade por um preço realmente em conta. Decidimos ficar em um restaurante chamado “Ghillies”, que estava a cerca de 4 quarteirões de distância do nosso hostel. No local ainda conhecemos o dono do restaurante, que depois de descobrir sobre nossa nacionalidade, comentou que em 2010, durante o período da Copa, a seleção brasileira havia jantado em seu estabelecimento.

 

No dia seguinte, conforme a rotina exigia, acordamos cedo e começamos a arrumar as tralhas em direção ao bungy jump. Antes de deixar Plettenberg ainda tomamos café da manhã em um local chamado “La cafeteria”, ao lado da principal praia da cidade. Depois de finalizar a refeição, apenas andamos um pouco para ter a oportunidade de pisar na areia daquela praia, ao contrário do que deixamos de fazer em J-Bay. É fato que o clima perfeito que fazia aquele dia ajudou a melhorar a paisagem, mas a praia dessa cidade é mais uma que encanta. Ficamos por lá apenas alguns minutos, mas foi apenas mais uma que ficamos na vontade de abrir mão da planilha e de todos os outros compromissos para aproveitar todo o dia por lá.

 

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BLOUKRANS BRIDGE – 02.11 (tarde)

 

Eis que o grande dia e momento havia chegado. Desde que estava para vir a Cape Town soube de informações a respeito do maior bungy jump do mundo em uma ponte, que fica em um trecho da Garden Route, a 38 km de distância de Plettenberg. Quando cheguei por aqui e comecei a escutar, ver e sentir os depoimentos, já logo informei que não iria pular de forma alguma. Ainda no dia pensei que poderia até decidir de última hora, mas a ressaca e o mal-estar ajudaram para que eu permanecesse com a mesma decisão. O fato curioso desse local é que quando você está dirigindo a caminho de algumas cidades a passagem por cima dessa ponte é obrigatória, mas não é possível dar conta da dimensão. Vimos a placa de entrada para o bungy a caminho de PE, indo para Plettenberg e depois a caminho do Bungy Jump – pois é preciso retornar um pedaço. No total já havíamos passado por cima dessa ponte onde se dá o salto por três vezes, mas quando se enxerga a altura do local e de toda a insanidade que está envolvida, não é possível dar conta.

 

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Mesmo para quem não vai pular vale muito a pena conferir o local, é realmente turístico. Existem vários pontos de vista onde você pode ver ao vivo e com muita nitidez todos os saltos e escutar os gritos que ecoam pelo vão das rochas, com o mar logo abaixo da ponte. O restaurante com tvs que transmitem simultaneamente os saltos também é uma excelente e divertida opção para assistir os saltos, devidamente seguro, sentado e acompanhado de um “draught” de black label. Para pular é necessário agendar antes de chegar ao local, não adianta simplesmente decidir de última hora e ir até lá. A engenharia dessa ponte é algo para começar a pensar ‘como conseguiram fazer isso nesse local?’. Um arco fixado entre as rochas sustenta pilares e essa parte fascinante de rodovia da N2. Logo na entrada do local existe um mural com fotos mostrando toda a etapa de construção e informações detalhadas sobre peso, tempo de construção e outras especificidades.

 

 

KNYSNA ELEPHANT PARK – 02.11 (tarde)

 

Acompanhado dos amigos ainda anestesiados e gelados depois do salto, partimos para um outro local que encontramos após indicação do hostel que estávamos e novamente incluímos outra atividade no roteiro de última hora. Para ver os elefantes, estávamos entre visitar o Elephant Sanctuary ou o Knysna Elephant Park, este último que fica a 47 km de distância da ponte. Acabamos ficando com a segunda opção, pois segundo as recomendações ambos eram bons e ofereciam praticamente as mesmas atividades. Outro fator que também pesou era o fato desta reserva de elefantes ser na cidade de Knysna, aonde tínhamos o interesse de conhecer pelo menos um pouco do local. Chegando no Elephant Park de Knysna pagamos cerca de 60 Rands cada para ter direito a alimentar os animais, tocar em cada um deles e ainda ficar algum tempo perto do grupo que estava em cerca de seis ou sete.

 

Depois de assistir um vídeo sobre a história dos elefantes na Africa e a situação atual de preservação que se encontram, fomos ao que realmente interessava. Saímos da pequena sala, passamos pelo local aonde os animais dormem e fomos em direção a uma espécie de caminhão turístico, com uma parte bem confortável para os turistas se acomodarem. Seguimos caminho com o guia que dirigia o veículo e bastou cerca de dois minutos para avistá-los de longe, para depois chegar um pouco mais esperto e escutar o som que emitiam, algo realmente “Africa”, de se sentir na selva, mesmo dentro de uma reserva natural absurdamente turística. Não existiam elefantes machos adultos no grupo que conhecemos, pois os guias informaram que eles podem ser um tanto quanto agressivos por vezes. Ainda assim nesta opção para conhecer os elefantes soubemos que não tivemos algumas atividades que o Elephant Sanctuary, algo como mais interações com os animais. Tirando essa particularidade, todo o período por lá foi suficiente.

 

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Pelo fato de estarmos dentro da cidade, aproveitamos para conhecer um pouco dos seus pontos turísticos. Assim como já havíamos visitado o de Port Elizabeth e também estávamos bem acostumados com o waterfront de Cape Town, o de Knysna não se diferencia tanto desses outros dois e fica a apenas 26 km de distância do Elephant Park. Repleto de lojas para comprar souvenirs ou alguns adereços africanos, ele também oferece diferentes opções de restaurantes. O que realmente o diferencia são alguns botes e barcos diferentes e aportados por lá. Vale a pena para pegar um final de tarde naquela região.

 

MOSSEL BAY – 02.11 (noite) e 03.11 (manhã e tarde)

 

Exaustos de toda a movimentação que havia acontecido durante esse dia, rumamos para a última noite de hostel da viagem. Mais 109 km entre Knysna e Mossel Bay, mas já pensando em como seria dormir em um local diferente. Dentre os hostels que ficamos sem dúvida esse foi o mais curioso que tivemos a oportunidade de nos hospedar. Três vagões de trem parados, todos anexados e de frente a praia com cerca de quase 65 cabines: essa é a paisagem para quem fica no Santos Express Lodge. Não procurei me informar se realmente havia uma linha de trem ativa naquela região há tempos atrás, mas o cenário é o de um trem abandonado em frente a praia, com a janela com vista para o mar. Também não procuramos por mais hostels em Mossel para reservar, até porque ao descobrir sobre a oportunidade de dormir dentro de um trem desativado com vista direto para o mar, praticamente ‘pé na areia’, derrubou todas as outras possibilidades.

 

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O restaurante do hostel, também com vista para o mar, fica em uma estrutura de madeira e possui três partes: uma interna e que a noite rola um videokê, além de contar com uma área de bar, outra também interna mais formal e para refeições como café da manhã (que está incluso no pagamento), almoço ou jantar e outra na parte de fora que foi muito bem aproveitada por nós no almoço do dia seguinte pouco antes de retornarmos a Cape Town. A refeição daquela noite foi algum prato ‘sea food’, com a tranquilidade de saber que você vai comer um peixe de ótima qualidade, fresco e suculento, assim como em quase toda essa parte da África. Vencidos pelo cansaço depois de completar a quarta noite de viagem, o jantar e o sono pós-refeição foi suficiente para encerrar aquele dia.

 

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Acordando para o último dia de viagem o tempo continuou a colaborar conosco e amanheceu completamente aberto. Depois de aproveitar o café da manhã do hostel em frente à praia, a decisão que era de ficar apenas ‘uma horinha’ curtindo o mar de Santos Bay, a qual me referi como “um pedaço da baixada na Africa”, acabou se estendendo para o resto da tarde. Depois das belas praias que passamos e pudemos apenas colocar o pé na areia (algumas delas nem isso), resolvemos passar toda a manhã e o começo da tarde nessa praia. Com a escolha acabamos abdicando de conhecer um lugar que estava incluso no roteiro, as ‘Cango Caves’. Depois de retornar a Cape Town, alguns amigos apenas confirmaram o que já sabíamos, que realmente valia a pena ir até lá, mas já era tarde e precisávamos voltar.

 

Depois de mais um almoço no hostel, com a oportunidade de aproveitar mais uma vez a sensacional sea food daquele restaurante, fomos todos ao carro, que já estava com todas as bagagens depois do check-out habitual das 10 am. Um reunião aconteceu por lá e por pouco não estendemos a viagem para mais três dias, para retornar só na próxima quarta-feira, fazendo assim uma semana de viagem. Apenas não batemos o martelo na decisão, pois realmente seria um gasto não tão extra, mas seria, com certeza, além do que havia sido planejado para os 4 dias e meio, então não levamos adiante a intenção de voltar até Jeffreys Bay e curtir praia por lá até quarta-feira. Depois disso, já sem tempo para ir até a Cango Caves ou qualquer outro lugar, tomamos o caminho de volta.

 

RETORNO PARA CAPE TOWN – 03.11 (tarde e noite)

 

Para retornar até nossa cidade de origem precisamos dirigir o maior percurso entre uma cidade e outra desde que começamos a voltar de Port Elizabeth, parando de cidade em cidade. São 389 km que distanciam Mossel Bay da cidade da Table Mountain e da Lions Head. Ainda com a cabeça repleta de informações e sem tempo de digerir cada local que havíamos visitado, tentava parar pra pensar no que havia feito, em cruzar quase toda a borda da Africa de carro. Tudo isso depois de pegar uma chuva torrencial no caminho de ida para PE, na estrada a noite, com mão inglesa e com 7 pessoas dentro de um carro. Nada de errado durante a viagem aconteceu, a maior dificuldade que tivemos foi na entrada de Mossel, pois o GPS havia identificado um local errado para o hostel e nos levou até o lugar errado por duas vezes. Aliás, esse hostel é ligeiramente difícil de encontrar. Com as montanhas africanas detalhadamente recortadas ao fundo fomos voltando e comentando sobre cada lugar, sobre tudo o que 7 pessoas com menos de 2 meses de amizade (algumas muito menos do que isso), haviam acabado de viver.

 

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Da esquerda para direita: a paulistana Carol, o mineiro Bruno, o suíço Valentin e o baiano Tiago. Deitado, o paulistano Alex. Pessoas enterradas da esquerda para direita: a capixaba Vivian e a alemã Isabel.

  • 2 semanas depois...

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