Ir para conteúdo

Posts Recomendados

  • Membros de Honra
Postado (editado)

Após alguns anos alimentando a ideia, finalmente pude caminhar por algumas trilhas na Patagônia. Desde que vi um programa sobre a Patagônia na década de 90 fiquei fascinado pela região. Quando comecei a gostar de trekking e vi as imagens de Chaltén, TDP, Nahuel Huapi, Dientes de Navarino, Los Alerces a vontade de trilhar aqueles caminhos só aumentou. Finalmente, depois de 3 anos, nesse verão conciliei as férias nos dois trabalhos. Tudo pronto, zarpamos pra Argentina, eu e minha esposa, que nunca tinha feito uma trilha na vida. Ficamos 4 dias em Buenos Aires pra relaxar um pouquinho e de lá partimos pra Calafate. Como o voo atrasou quase duas horas , por pouco não perdemos o ônibus pra Chaltén, mal tivemos tempo de deixar algumas coisas no hotel e comprar um cartucho de gás antes de subirmos no ônibus. A Alyne dormiu praticamente a viagem toda, acordando apenas quando eu a chamava pra mostrar alguma coisa às margens da estrada. Sentei na escada próxima ao motorista e agente foi tentando conversar, afinal meu portunhol é péssimo e ele de português não falava nada. E assim, na enrolação fomos “batendo papo”, ele me mostrou onde ficava o Glaciar Viedma e que há alguns anos ele não retraía tanto como agora e podia ser visto desde a estrada, diferentemente de agora que não conseguimos observar o glaciar desde a rodovia. As nuvens encobriam tanto o Fitz Roy quanto o Cerro Torre. Ao chegarmos na portaria do parque descemos para ouvir as orientações e conheci uma colega de busão: Sabrina, uma argentina que falava sem parar. Perguntou-me o que iríamos fazer e disse-lhe que iríamos até o Campamento Poincenot e de lá até Campamento De Agostine. Insistiu em nos acompanhar e eu com o pé atrás, pois ela carregava uma parafernalha que me dava a certeza da garota não conseguir chegar nem ao mirante do Rio de Las Vueltas. Compramos os últimos suprimentos e a menina no nosso encalço, a Alyne como é um anjo, dava toda atenção pra Sabrina que não parava de falar que tinha medo de acampar só, que não tinha bastão, precisava alugar sei lá o que... Eu já estava puto, paramos numa lanchonete pra comer qualquer coisa e a Sabrina tava de prosa com uns caras que a convidaram pra uma festa no dia seguinte. Ela falou que gostaria de ir, mas que iria acampar nessa noite. Terminamos de lanchar e ao colocar a mochila nas costas já com toda comida percebi o “trambolho” que carregava. No aeroporto, tinha pesado 19,5 kg, como tinha colocado mais comida e a água, devia estar beirando 24-25 kg. Levar a esposa pra uma trilha não tem preço, mas tem um pesiiiiiiinho! Toda a comida e todo o material de acampamento pra duas pessoas estavam comigo, além de 4 litros de água. A Mochila da Alyne estava com pouco mais de 8 kg. A argentina enrolou mais um pouco e após 15 minutos esperando-a sair de uma loja qualquer, acabamos deixando-a para trás e seguindo nosso caminho sozinhos. O início da trilha para o Fitz Roy é uma subida puxadinha e no meio desse trecho a Alyne estava abrindo o bico. Juro que acreditei que ela não conseguiria e já estava disposto a subir com minha mochila e voltar pra buscar a dela ou carregar a mochila dela dependurada no meu peito. Como a danadinha é orgulhosa, negou-se a passar por qualquer uma das situações e devagar venceu a subida. Depois desse trecho a trilha é plana e bem arborizada, bem fácil. Como íamos num ritmo fraco, levamos mais de 2 horas até a Laguna Capri, nessa hora o tempo já estava bastante coberto e os trovões anunciavam a chuva. Resolvemos armar o acampamento ali mesmo. Armamos a tenda e fomos cozinhar, mal acabamos de jantar e a chuva caiu forte, depois de me agasalhar, pois eu estava com um saco de dormir meio vagabundo, dormimos com o delicioso barulho da água caindo na barraca acordei duas ou três vezes durante a noite e pela manhã a chuva insistia em continuar. Esperamos até ás 13:00 horas e como ela não passava, resolvemos ir até o acampamento Poincenot. Não gosto de caminhar na chuva, mas desarmar ou armar acampamento nestas circunstâncias é muito pior. Umas 2 horas depois chegamos ao Poincenot, o acampamento estava cheio de barracas mas não havia ninguém fora delas. Escolhemos um local e levantamos a tenda, pulamos pra dentro dela e o tempo parou, acho que uma hora à toa dentro da barraca parece um dia inteiro, sem contar que a TNF Tadpole é apertadinha pra duas pessoas, principalmente quando um deles está com físico baleia. Estupefato de ficar preso, aproveitamos uma diminuída na chuva pra subirmos até a Laguna de Los Três, partimos por volta das 17:00 horas. Mas parece que São Pedro estava de sacanagem conosco. Passamos pelo acampamento Rio Blanco e ao iniciarmos a subida o tempo começou a abrir e a chuva diminuiu mais ainda, pra alimentar ainda mais nossa esperança de melhora no clima. Com muita chuva a subida fica chatinha, mas nada de outro mundo. Cruzamos com algumas pessoas que nos disseram que a visibilidade estava péssima, mas que estávamos com sorte, pois com o vento que soprava, o tempo deveria abrir bastante e teríamos uma visibilidade melhor que a deles. Doce ilusão, vimos o lindo azul da Laguna de Los Três por no máximo 10 segundos, foi só chegarmos lá no alto o tempo virou totalmente, a névoa cobriu tudo e não tínhamos nem 5 metros de visibilidade, o que era uma chuva moderada se transformou numa tempestade e o frio começou a castigar. Ouvi um estrondo enorme e tive certeza de se tratar de uma avalanche em alguma geleira próxima. Tratamos de nos mandar dali, pois o tempo estava horroroso. A descida foi um pouco complicada, a trilha ficou bastante escorregadia e a chuva cada vez mais impiedosa. Na descida passamos por um cara que vinha correndo morro acima apenas de bermuda e agasalho. Entramos no Campamento Rio Blanco e esperamos pra ver se a chuva dava uma diminuída, havia 4 pessoas conversando bastante lá, mas não trocamos nenhuma palavra. Depois de uns 30 minutos, como o tempo não melhorou, seguimos rumo ao Poincenot. Pulamos pra dentro da barraca e de lá só saí no outro dia já quase 11:00 da manhã, quando finalmente a água deu uma trégua. Como a Alyne ainda dormia aproveitei pra trocar ideia com alguns “vizinhos”. Conheci o Juan Pablo e o Santiago, ambos argentinos. O Santiago disse que tinha 5 dias que estava no Poincenot aguardando o tempo melhorar pra ter uma boa vista do Fitz Roy. O Juan Pablo estava lá há 3 dias. Eu não sou tão paciente e como o tempo continuava extremamente nublado, partimos em direção ao Campamento De Agostini. O caminho pelas Lagunas Madre e Hija e pelos bosques patagônicos é fantástico, e mesmo nublado as paisagens são fascinantes. O Cerro Torre também estava coberto pelas nuvens, e depois de mais um dia nublado e noite nublada, mas felizmente secos resolvemos voltar para El Chaltén, saindo do De Agostini por volta das 15:00 horas. No final da tarde, no caminho de volta à cidade, o tempo nos presenteou com uma boa visão do Cerro Torre e do Fitz Roy. Seria ruim ter passado quatro dias em El Chaltén e não ter visto nem a silhueta dessas montanhas. Achei o caminho para o De Agostini bem mais cênico que para o Poincenot. Chegamos em Chaltén já escurecendo e entramos na primeira hospedaria que encontramos. O preço não era lá essas coisas, mas o quarto estava excelente. Tomamos um banho quente demorado e caímos na cama. Acordei antes das 07:00, deixei a Alyne na cama e fui ver como estava o tempo. Certeza que São Pedro estava nos sacaneando: enquanto estávamos na trilha só chuva e nuvens, foi só dormirmos na cidade que o sol estava radiante e o céu completamente limpo. O Fitz Roy estava lá, mostrando-se perfeitamente lindo sem o seu manto de nuvens. Juro que tive vontade de botar a mochila nas costas e voltar à Laguna de Los Tres pra ver o bichão de perto. Como tinha combinado com a Alyne de voltarmos naquele dia pra Calafate desisti da ideia. Assim que Alyne acordou, tomamos café, um outro bom banho e fomos comprar a passagem. Antes de ir pra Torres Del Paine, ficamos três dias em Calafate pra descansar, secar as coisas encharcadas e lavar algumas roupas, mas acima de tudo tiramos esses dias pra conhecer o Perito Moreno.

Continua...

 

598da920c620d_Patagnia01.jpg.2c767ee85f6d6a89e902f081fef5c6d8.jpg

 

598da920ce0a7_Patagnia02.jpg.384c752f4b73853a18f04143696c7299.jpg

 

598da920d7092_Patagnia03.jpg.779cdcf1472892619669cf7ab172c36a.jpg

 

598da920de164_Patagnia04.jpg.ee15cf8a79f38e77922e4005a370b8d4.jpg

 

598da920e5e58_Patagnia05.jpg.15d513b1813d87975ae855b1f61d5081.jpg

 

598da923d443c_Patagnia06.jpg.e7f2366f1f5906f7c093b3ee59dcbeab.jpg

 

598da923db66c_Patagnia07.jpg.0b65f3b01d908e59445a3887e8fe879d.jpg

 

598da923e2f38_Patagnia08.jpg.117ef19b9da69252fe28cf8692aa9817.jpg

 

598da923eaa72_Patagnia09.jpg.e7ebf9df2296a63a721aecc4f59cb7b8.jpg

 

598da923f1539_Patagnia10.jpg.70281e919ca124bf801e524b47b88947.jpg

 

598da924037b9_Patagnia11.jpg.30b9d82caae1394738dd46070af24795.jpg

 

598da9240b3f6_Patagnia12.jpg.3b84e9c4633fb279770e870d637b8b81.jpg

 

598da925740ab_Patagnia13.jpg.d78abd5d3338fd421d897a755abe0a5b.jpg

 

598da92579833_Patagnia14.jpg.f2c40aaf9602fbf357d72d077a36ad76.jpg

 

598da92613fdf_Patagnia15.jpg.8130789795d874f4dffd9b48f27c6698.jpg

 

598da9261a876_Patagnia16.jpg.62e145bd29c14f63593ee72f126b55ad.jpg

 

598da92621069_Patagnia17.jpg.e2ae873d0995edf96efa8860d02132db.jpg

 

598da92627b98_Patagnia18.jpg.6675d4dcf49e0a7367af02cda869face.jpg

 

598da9262d280_Patagnia19.jpg.05facf629c7aa5688ffbb1133ce61955.jpg

 

598da926339d4_Patagnia20.jpg.842811359dd0c799ef7600f16f08320b.jpg

 

598da92639e51_Patagnia21.jpg.76b5c8d313f2fc5d45c61a20f4405cac.jpg

Editado por Visitante

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.

×
×
  • Criar Novo...