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Mochilão do Deserto – Córdoba, Salta, Uyuni y Atacama (e redondezas)


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UYUNI - ATACAMA

O ônibus já estava nos esperando, logo embarcamos.

Eu já tinha registrado o passaporte em um posto da polícia em Uyuni, mas a Sabrina que estava só com identidade ainda teve que fazer o trâmite de fronteira e pagar (não lembro quanto, uns 50 bol).

A viagem até chegar a San Pedro é bem rápida e tranquila, deve demorar aprox. 1 hora. Chegamos lá meio dia e logo fomos procurar o hostel. Eu tinha reservado pelo hostelworld.com o hostel Backpackers, eu sabia que a cidade ia estar cheia porque era semana da pátria no Chile. O hostel é um pouco longe do centrinho, mas dá para ir andando. É legalzinho, tem uma varanda cheia de mesas e redes, vista para o vulcão ... mas meio pequeno, confuso e desorganizado. Pagamos u$ 23 no quarto com 4 camas, e sinceramente, não recomendo. Acredito que tenham outros melhores e mais perto...

Depois de resolver as coisas no hostel, fomos almoçar e procurar o tour. Os restaurantes em San Pedro são todos meio caros, mas muito bons, rola um menu com entrada + prato principal + postre, entre 5 e 7 mil pesos. Comemos e logo fomos correr atrás do tour.

Fechamos logo com a primeira que vimos, agência Incanorth (Calle Toconao), pagamos 70.000 pelos quatro passeios clássicos: Valle de la luna, Geisers del Tatio, Lagunas Altiplanicas e Lagunas Cejar. A agência foi OK, nada excepcionalmente bom ou ruim.

Corremos para fazer ainda no mesmo dia o passeio do Valle de la Luna, que foi legal, mas um p*** vento e pó por todos os lados. Ver o pôr do sol lá é espetacular, dá pra fazer umas fotos lindonas :)

Mas voltando pro hostel depois do passeio... sem uma gota d'água! Depois dos dias em Uyuni, e desse passeio no lugar mais seco do universo, imaginem o meu estado. Quis chorar em ter que dormir imunda mais um dia...

*observação mulherzinha: meninas, não deixem de levar lencinho úmido, cremes, hidratantes e loções para o rosto, cabelo, mãos ... (eu levo sempre aqueles potinhos de amostra grátis). Mas o fato é que não vai importar, você vai acabar ficando um lixo, com cabelo embaraçado, as roupas imundas, o tênis fedido, passando mal por algum motivo ... deserto não é para os fracos.

 

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ATACAMA DIA 2

Nesse dia tivemos que acordar tipo as 4:30 porque era dia do passeio nos Geisers del Tatio. Depois de dormir mal (por causa da altitude), acordamos sem nem uma gota de água pra lavar o rosto ... pensa numa pessoa mal-humorada. Eu esperava o tour buscar a gente no frio da madrugada como quem espera o busão lotado pra ir trabalhar numa segundona chuvosa.

Por sorte, na van estava mais quente e o trajeto foi agradável de ver as estrelas do Atacama virando dia...

Chegamos nos geisers quase amanhecendo pra ver os jatos de água quente saindo do buraco. Pensa num frio. Mas num frio insuportável do ca****. Por causa da altitude (+ de 4 mil metros) e da hora, o guia disse que a temperatura era de uns -5 graus. Os geises são lindos e interessantes e tal, mas depois de dar algumas voltas, tirar algumas fotos, eu arreguei. Tive que ir sentar dentro da van porque, sem exagero, achei que não tivesse mais pé. Eu estava de roupa normal, calça de moletom, tênis e duas meias, e não sentia minhas extremidades. Tomamos um café com chocolate quente, biscoitinhos, sanduíches e etc. e depois do que pareceu para mim uma eternidade, fomos embora para a piscina térmica. Já devia ser umas 9 horas, o sol já tinha saído e o frio estava menos pior. Tinha várias pessoas na piscina e eu só sentei na beirada, tirei o tênis e coloquei os pezinhos na água. Fiquei lá um bom tempo e foi bem gostoso, deu pra reanimar meu corpo.

Na volta passamos no povoado de Machuca, uma cidade meio fantasma, uma parada técnica para os turistas comerem churrasquinho de lhama. É um lugar interessante, mas é bem minúsculo e não tem muito para ver. Pra variar, ventava absurdos e mal dava pra andar sem engolir quilos de areia...

Nesse dia a tarde era livre, então aproveitamos para dar uma volta na cidade. No hostel recebemos um papel com descontos para alguns lugares, fomos em um restaurante bastante bom na Cl. Caracoles. Tierra Natural. Tinha umas coisas mais light, e com o papel do hostel a gente ganhava um postre :)

Compramos souvenirs (coca e pisco !) e compramos comida (aliás, lá é muito ruim para comprar comida ... poucos mercados com pouca coisa, e as frutas são caras...). E No resto desse dia ficamos de boa no hostel. Usar internet, mandar lavar roupas (1.500 pesos o kg), finalmente tomar banho!...

 

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ATACAMA DIA 3

Pela manhã, fomos no tour das Lagunas Altiplânicas. No caminho paramos no povoado de Socaire para tomar um café, bem pobrinho. As Lagunas Miscanti e Miñiques ficam a uma altitude bem grande também, e o caminho estava todo cheio de neve... por sorte, estava com sol e sem vento. Muito frio e um pouco de dificuldade para caminhar, mas muito lindo. Gostei bastante desse passeio, todo o trajeto é bonito.

 

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Ah, em alguns passeios é preciso pagar a entrada, que varia de 2 a 5 mil pesos. Estudantes pagam meia, e o nosso guia malandrão simplesmente olhou pra nossa cara e falou "son estudiantes. pagam meia." Com uma piscadinha :wink:

Fomos ainda na Reserva dos Flamingos, lugar que não achei muita graça. Deitei numa murada e tirei um cochilinho sob o sol :) Na volta passamos pela cidadezinha de Toconao, onde tem uma igreja muito pitoresca e algumas tiendas de artesanatos.

Tivemos pouco tempo para almoço entre um tour e outro esse dia, e eu corri pra buscar o rango em um restaurante que ouvi falar bem: Delícias del Carmem. Paguei 6 mil em um frango com quinua e batatas, realmente delicioso e gigante. Dava sem dúvida pra duas pessoas, sobrou pra minha janta. Super recomendo.

O passeio da tarde era na Laguna Cejar. Como sempre, fazia um puta frio e ventava muito. As meninas chilenas que estavam com a gente foram corajosas e entraram na Laguna para ver como era boiar na água com sal ... e ficaram com o corpo inteiro esbranquiçado. (algumas agências levam galões de água para limpar o povo, a nossa não tinha :-/

Depois da parada, passamos no Ojos del Salar, dois buracos de água doce. As meninas não tiveram coragem de entrar pra tirar o sal, tamanho foi o trauma com o frio da Laguna... Eu também preferi continuar enrolada e coberta com luvas e capuz... rsrs

E por fim, o grand finale do tour: Laguna Tebinquiche, com direito a puesta del sol e drinks de Pisco.

A Laguna fica emoldurada pelos vários vulcões da região, e com o pôr do sol, fica uma paisagem realmente linda. Até arrisquei entrar até o joelho na água, já que era rasinha.

Ficamos lá um tempinho assistindo o pôr do sol, tomando pisco sour, comendo batatinhas e conversando ... deu pra ficar um poquito borrachita, foi bem gostoso para fechar nossos passeios no Atacama.

Um dia antes a Sabrina e eu já tínhamos resolvido cortar um dia da nossa estada na cidade. Tudo era caro demais para nosso orçamento, os dias não estavam colaborando (o tempo todo frio, vento e areia voando, mal dava pra andar pela cidade), além do que estávamos cansadas do perrengue. A Sabrina estava meio doente desde que caiu numa laguna em Uyuni tentando tirar fotos, e eu estava dormindo mal e com o nariz sangrando o tempo todo por causa da altitude. Resolvemos no hostel (com 24h de antecedência cancelaram a reserva e devolveram o pagamento de boa), compramos passagens de volta e encerramos nossa passagem pelo deserto.

 

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ATACAMA - SALTA - CÓRDOBA

Compramos a passagem Atacama - Salta pela Andesmar (agência na Calle Licancabur) por 30.000 pesos, viagem de 10 horas. O bus sai as 9:30, esse trecho só é feito durante o dia e sai todos os dias, exceto aos sábados.

Uy, muito tempo dentro do busão. Sorte que o bus é confortável, tem filminho e lanchinho (aliás, nota 10 pra todos os ônibus dessa viagem!). E a viagem toda é espetacular. Saímos do Chile e seguimos o Paso Jama, com as montanhas e vulcões cobertos de neve, passamos por tempestades de areia loucas em que não se via nada na frente ...

Fazemos uma parada na alfândega onde tem que descer todas as mochilas e não pode ter nada perecível, é chata e demora bastante (mas tem banheiro, yay!)

Já na Argentina, passamos por trechos lindos da estrada totalmente sinuosa, voltamos a ver um verdinho, chuva, neblina e uma velha conhecida, estrada de Purmamarca, já perto do destino. Uma parada na rodoviária de Jujuy (a cidade realmente parece ser feinha...) e lá pelas 8 da noite, finalmente, Salta!

Decidimos continuar viagem, só por preguiça de ter que procurar hostel, carregar mochilas, e estava chovendo ... compramos pra Cordóba um bus para as 23h, que chegava lá as longuíssimas 1 da tarde, por $ 445.

Aproveitamos o tempo para comer e usar a internet. Perto do terminal existem algumas padarias (medialunas calientitas, que saudade! Comprei várias pra viagem), uns restaurantes (empanadas, te extraño!) e um posto de gasolina com loja de conveniência, onde compramos uns chocolates pra poder usar o wifi :)

Quando deu a hora, de novo nós para bus... apaguei e acordei lá pelas nove da manhã, com alguém me dando o desayuno básico do bus (geralmente um pacotinho com chá, café e leite em pó, um alfajor e biscoitos).

Passamos o resto da manhã cruzando a estrada com paisagem absolutamente vazia, sem uma árvore, uma montanha ao longe... e algum filme ruim sempre rolando na TV. Paradas em cidades de nomes lindos tipo Tucumán, Santiago del Estero, um rockinho no mp3 e finalmente, de volta ao ponto inicial! Córdoba nos recebe com sol, tempo agradável nem-tão-frio, nem-tão-quente e uma cotação mágica de 1 real = 3 pesos. Argentina, te quiero!

 

 

Um sonzinho pra acompanhar as longas horas de bus...

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CÓRDOBA

E ... chegamos ao último capítulo da viagem.

Aproveitamos Córdoba pra realmente descansar, coisa que quase não fizemos nessas férias. Chega de dureza, de passar frio, de não conseguir dar 2 passos sem ter que puxar o ar, de comer lanchinhos na correria.

Fomos para um hostel escolhido aleatoriamente no hostelword.com, já que aquele que eu gostei no começo estava cheio de novo. O Link hostel ficava bem no centro e foi perfeito pra finalizar com classe: parecia um hotel, com quartos grandes, limpos, banheiro enorme e chiquezinho, bastante área social. Pegamos um quarto de 6 camas que estava vazio e tinha um terraço bem agradável na frente. Era meio caro (90 pesos), mas a cotação lá foi a melhor de todos os tempos, 3x1.

Aproveitando a riqueza, ficamos os últimos três dias de viagem basicamente comendo e dormindo. Eu e a Sabrina fomos a restaurantes, a barzinhos, tomamos sorvete no shopping, passeamos no parque, eu me dediquei a encontrar a melhor empanada da cidade...

Em um dia eu fui à cidade de Gen. Belgrano, cidade rodeada por montanhas e destino típico para ... comer e beber. A cidade é pequena e simpática, (me lembrou uma "Campos do Jordão"), meio metida a alemã com várias cervejarias, restaurantes, lojas de chocolate ... comi, tomei cervejas artesanais, comprei alfajores para levar pro Brasil, aquele passeio básico turistão (eu disse que cansei de sofrer no deserto! haha coitada de mim). Ah, o bus Córdoba-Gen. Belgrano leva 2:30, custa 45. No caminho tem Alta Gracia, cidade que tem uma casa-museu de Che Guevara. Eu ia passar lá, mas acabei enrolando e ficou tarde...

O nosso voo de volta no horário horrível da Gol era às três da manhã. O que fazer pra fechar com chave de ouro? Comemorar ao estilo cordobês! O povo do hostel, que era muito gente fina nos deixou guardar as mochilas lá e tomar banho, comer etc. de boa.Terminamos a noite tomando fernet con coca, bebida (ruim, diga-se de passagem) clássica de região com os meninos do hostel, e ouvindo a música estranha de lá, El Cuarteto.

Eles foram para o boliche e eu peguei o voo de volta alegrinha ::otemo::

Hasta luego e besos, amigos!

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  • 1 mês depois...
  • Membros

Muito bom o seu relato, ainda pretendo fazer uma viagem como esta sua entre o norte da Argentina, sudoeste da Bolívia e atacama chileno. No meu caso, além de Salta/Jujuy, Uyuni e San Pedro do Atacama, gostaria de colocar Potosi no trajeto, talvez com uma esticada em La higuera. Tem ideia de quão fácil/difícil é ir por terra entre Potosi e Uyuni e quanto tempo se perde no trajeto ?

Outra dúvida que tenho é se além de San Pedro do Atacama, existe algum lugar interessante no norte do Chile que valha a pena ser visitado.

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  • Membros

Oi,

pelos relatos que já li, Potosi-Uyuni é pertinho, dá pra fazer de bus tranquilamente. Não sei ao certo as horas de viagem...

Sobre os lugares no norte do Chile, geralmente quem vai de carro ou bus do Peru ao Atacama, passa em Iquique, cidade dos voos de parapente e free shops ... ainda assim é meio longe, 200 km de Calama. Acho q, relativamente perto, é só isso mesmo que tem por ali...

abraços!

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  • Membros

Me falaram que Calama não é um bom lugar para se visitar, que a cidade é meio perigosa. Já ouvi inclusive conselhos que para chegar a San Pedro do Atacama de avião, melhor seria ir até Antofagasta (mais longe) e pegar um ônibus de lá, pois lá seria uma cidade mais tranquila de se visitar. Mesmo assim, não sei se tem algo realmente de interessante para se fazer por lá, talvez ver quanto as águas do pacífico são frias. Vi também que tem dois parques no norte do país, mas desconheço se alguém já foi e se são interessanes de se visitar.

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  • 1 ano depois...
  • 2 meses depois...
  • 1 ano depois...
  • 3 semanas depois...
  • Membros
Bom roteiro também... só q chegando em Santiago, já dá aquela vontade de esticar até Mendoza, deixar uns dias para ir até Viña e Valpo... ::mmm:

Isso, já decidi que vou esticar até Mendoza. Se tudo der certo, quando chegar de onibus do Atacama, já pego um bus noturno para Mendoza, fico dois dias, e volto de novo em onibus noturno para Santiago. Aí quero tirar dois dias para Valpo e Viña.

 

Montei um mini roteiro:

salta-atacama-santiago-e-mendoza-08-a-23-dez-16-t135661.html

 

Se quiser olhar e comentar alguma coisa, fique à vontade. Ainda estou pesquisando, e qualquer informação/sugestão é bem vinda.

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