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Oi gente, tudo bom??

 

[align=justify]Então, como muita gente faz quando volta, eu também quero agradecer os relatos que li antes de viajar. Eles me ajudaram demais! Me ajudaram a me organizar, a estimar gastos, a saber onde ir e onde não ir... Não posso falar que minha viagem foi linda e inesquecível, que foi tão especial quanto a de outros amigos mochileiros porque me lasquei bastante, mas vale a experiência, e agora que estou feliz e segura em casa, posso relembrar os momentos bons, e os mega difíceis também. Quero contar como foi a minha viagem e ajudar outras pessoas da mesma forma que fui ajudada! Como tem muita coisa, vou colocando em partes. Sejam pacientes, um dia eu acabo!![/align]

 

[t3]ANTES DA VIAGEM[/t3]

 

[align=justify]Gente, é muito importante não só a expectativa, mas o preparo, o planejamento do máximo de coisas que puderem antes da viagem. Eu já tinha lido a respeito das dificuldades por conta da altitude, então intensifiquei meus exercícios de corrida e de academia, esperando que me ajudassem... Me considero uma exceção. Das histórias que li aqui, e foram muitas, mas não todas, claro, acho que eu fui a azarada que mais sentiu os efeitos da altitude. Conto mais pra frente.

 

Bem, como parte do planejamento eu peguei uma das várias planilhas que o gentil pessoal que já tinha viajado disponibilizou, e mexi, mexi, até ficar ao meu gosto. Estimei gastos baseada nos relatos, e os atualizei um pouco. Mas querem saber? Peguei coisa aqui de até 3 anos atrás, e vi que muitos preços continuam os mesmos... Vocês verão à medida que for colocando os meus registros.

 

Também fiz o seguinte: comprei um caderninho desses bem vagabundinhos, que custam menos de 2 reais, e colei várias informações nas primeiras páginas, coisas que ajudariam caso eu despencasse do Wayna Picchu, ou da Death Road (dados pessoais, número do cartão de crédito que ofereceu o seguro viagem, etc.), além de referências para conversão das moedas dos 3 países que eu planejava viajar, gastos com transporte (de onde pra onde, tempo, valor), duas opções de hotéis ou hostels (mas nada me impediu de ficar em outros por mais de uma vez... É mais pra ter um lugar pra chegar direto, caso me sentisse insegura ou cansada demais pra procurar), mais locais e programas que eu queria fazer em cada cidade, e ainda uma estimativa de custos para cada passeio, para não me perder na hora de negociar preço quando estivesse lá (isso não ajudou muuuuuito porque sou péssima negociante. Por exemplo? Paguei 40 soles no tour pra Ollantaytambo, sendo que geral pagou 30. Loser...). Esse caderninho andava colado à uma pasta L que tinha uma cópia do meu passaporte, as passagens aéreas, as entradas pra Macchu Picchu, enfim, a papelada que eu precisaria ao longo da minha viagem. Ah! Também peguei aquele guia Lonely Planet e tirei uma cópia das páginas que tratavam de cada cidade em que passaria. Bem mais leve que levar o livraço de 1000 e lá vão páginas, né?

 

A única coisa que providenciei previamente foi mesmo a entrada pra Machu Picchu porque eu queria subir o Wayna Picchu. Só. O resto todo fui fazendo por lá mesmo!

 

Comprei uma farmácia inteira com coisas que poderia precisar: remédio pra dor de barriga, pra enjoo, pra pancada, pra dor muscular, até pra gases, kkkkkkk :lol: !!! E querem saber? Usei mesmo, meeeesmo só os pra dor de cabeça. Pra dor de barriga, como eu não tinha tido nenhuma, larguei no hostel na única vez em que precisei, rsrsrs. No mais, não usei ne-nhum!

 

Das coisas prévias e importantes, que me lembre é só isso que eu fiz. Cada um tem um modo de se organizar. Esse meu me ajudaria se eu não fosse tão ansiosa... Perderia um pouco menos de dinheiro, e teria feito à risca tudo que planejei.

 

Agora vamos ao que interessa!![/align]

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Dica rápida: se nunca fizeram um relato, escrevam antes no Word... Acabei de perder tudo o que já tinha escrito porque tentei fazer upload numa foto e fui mandada pra página de login... :S

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[t3]06/06/2013 – De Guarulhos para Potosí[/t3]

 

[align=justify]Deixei Guarulhos às 11:05 da manhã (ida e volta GOL, + ou – 540 reais), mas não lembro a hora que cheguei em Santa Cruz de la Sierra. Só lembro que fiz uma horinha lá, comi no Subway, até pegar o voo seguinte, pra Sucre (BOB 338 pela Amaszonas. Tinham outros mais baratos, mas com esse eu não precisaria ficar em Sta. Cruz até o dia seguinte. Economizaria hospedagem, comida...). Não paguei a taxa de embarque porque eles entenderam que eu estava em trânsito.

 

Nem parei em Sucre. Já na saída do minúsculo aeroporto tem uns motoristas anunciando transporte pra Potosí. Eu tinha acertado a BOB 50 com um cara, mas como só fomos eu e uma boliviana, acabou subindo pra BOB 75. Cerca de 2h15min depois, ele me deixou num cruzamento bisonho em Potosí, dizendo que não podia me levar até o meu hostel, e eu tive que pegar outro táxi até o La Casona.

 

Aqui eu tenho que recomendar, e é sério: se fizerem esse caminho, tentem ficar em Sucre um dia, pra se aclimatarem devagar... Fui direto pra Potosí, e não sabia quanto me arrependeria amargamente disso.

 

Em Potosí, o frio começou a me pegar feio... Mal cheguei e já saí pra comprar roupa de frio. Se você não faz questão de roupa original e de marca, não tem problema se não passar em La Paz antes... Lá mesmo você consegue comprar coisas pra ir pra Uyuni e enfrentar a friaca boliviana! Comprei uma jaqueta super ótima e barata pros nossos padrões, e com uma etiquetazinha falsa da Columbia... Nem liguei!

 

Ainda passei no mercado municipal deles, pensando que encontraria algo pra comer. Mas a foto abaixo mostra o que tinha pra vender. Era um pouco diferente da minha dieta, sabem? Fui procurar outro lugar...

 

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Aí meu pesadelo começou. Entrei na conhecida Padaria Santa Clara, e pedi um lomo a “lo alguma coisa” e um suco de abacaxi (BOB 48). Eles trouxeram um suco de limão de cortesia. Se soubesse, não pediria o outro, né? Fiquei com 2 sucos na mesa. A comida chegou, lindona. Eu, que não via comida desde o dia anterior, caí matando. Sei lá, umas poucas garfadas depois, a garganta começou a fechar, comecei a sentir uma tontura louca, o peito parecia que ia explodir, queria vomitar...

Paguei a conta correndo e larguei o prato quase inteiro na mesa. Nem os sucos eu tomei. Completamente desorientada e com a cabeça explodindo eu consegui chegar no hostel. Fui direto pro quarto e desabei na cama. Oi, soroche!!

 

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Segunda recomendação: não fiquem no La Casona. Acho que não existem opções melhores em Potosí: lá, praticamente todo mundo vai te tratar como quase lixo de qualquer maneira, isso é só recomendação pessoal... Os lençóis fedem mesmo (meu saco de dormir foi um grande companheiro de viagem), e lá eu tive a primeira demonstração do cinismo boliviano. Não que seja uma característica deles, até porque aqui no Brasil também tem muita gente cínica que engana os próprios conterrâneos... Mas vejam: eu tava super mal do soroche, e umas 22:30 dois caras começaram a trabalhar bem debaixo da minha janela, recolhendo entulho com carrinhos de mão... Sim! Imaginem que som ambiente relaxante pra primeira noite fora do conforto do lar... Reclamei diversas vezes com o cínico sem-vergonha do porteiro, que dizia que “más media horita” eles iam parar. Meia-noite e meia eu desisti: tomei um Dramin (outro erro, não façam isso! O Dramin meio que te dopa, e você não está em condições de baixar suas funções vitais, que já estão débeis...), botei o tampão de ouvido e tentei dormir. Não tinha a menor condição de arrumar minhas coisas e procurar outro hotel. Também já tinha pagado aquela porcaria (BOB 126 quarto privado com banheiro). E você começa a entender que lá não adianta reclamar nunca: eles vão te tratar como eles bem entendem... Brasileiro reclamão se lasca!

 

Tentei dormir, porque a noite inteira eu pulava da cama sufocada, buscando ar. Foi péssimo. E mesmo com uns cobertores super pesados e meu sleeping bag, o frio tava forte. Cãibras loucas também me perseguiram nessa noite inesquecível... E a calefação não deu conta da friacaça não... É... Comecei com o pé direito![/align]

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[align=justify][t3]07/06/2013 – De Potosí para Uyuni[/t3]

 

Fui pra Potosí porque queria fazer o tour nas minas. Só que eu tava tão mal que entrar numa mina abafada seria loucura... Se já me faltava o ar ali, que dirá lá dentro! O tour custaria BOB 80, pra quem quiser saber, porque eu desisti, e comprei lá mesmo no La Casona uma passagem pra Uyuni (Diana Tours, BOB 39) saindo às 11 da manhã. O outro horário seria 18:30, acho.

 

As 4h de viagem foram um sarro, pelo menos no tempo em que estive acordada (a dor de cabeça, o cansaço, tudo era tão ruim que eu dormiria até em pé, acho). Entraram cholitas, cachorros, galinhas... Cholitas desciam, iam na beira da estrada, se abaixavam, protegendo as partes com a saia, e faziam seu pipi. Davam uma sacodidinha, e pronto! Estavam novinhas em folha pra passar as mãozinhas pretas de sujeira nos ombros de quem tava sentado no assento do corredor. Eu tava na janela, ufa!! E assim, não vi ninguém indo no corredor, como li em vários relatos. Vai ver era ônibus de luxo, rs!!

 

Cheguei meio perdida e fui pro Hostal Julia. A menina me disse que estavam limpando um quarto, e que eu poderia subir em seguida. Então deixei minha mala maior lá e fui cuidar da vida. Quando voltei, ela já disse que não tinha mais quarto. Nem esquentei... Quase ao lado tinha um tal Hostal Avenida. Saí no lucro: O Julia eram BOB 100, e o Avenida me saiu por BOB 60 (quarto privado, com banheiro). O melhor de tudo: S I L Ê N C I O ...

 

Passeando e pesquisando as empresas que eu tinha escolhido pra fazer o salar, cheguei nessa comemoração. Não souberam me explicar o que comemoravam. Não entendiam meu portunhol... Mas tava divertido.

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Para o salar, busquei algumas empresas que tinha lido aqui no fórum, e decidi por uma chamada Coquesa Tours. Paguei 650 BOB pra fazer o Salar. Atentem para o nome: eu pensei que era a Colque Tours, que todo mundo fala aqui, mas não era... E não me arrependi na-di-nha desse equívoco!! Pelo contrário, recomendo muito!! O dono da agência nos levou, o Sr. Luiz. É a família inteira que trabalha lá. A atendente era a filha dele.

 

Não sentia fome alguma, mas tinha que tentar comer, porque já estava de noite e eu não tinha colocado nada além de água pra dentro. Daí entrei num tal de Pittipasta ou algo que o valha, e por BOB 25 comi uma pizza vegetariana bem boa! No mercado tinham opções mais baratas, bem mais baratas, sempre, mas ah, me deixa!! O mais engraçado foi quando eu fui pagar. O menino disse que não tinha troco, então eu disse que iria trocar e voltava. Saí pra comprar uma água, e quando já tava voltando pra pagá-lo, ele estava do lado de fora, desesperado, olhando pra todos os lados, me procurando... Coitado! Achou que eu sairia sem pagar! A cara dele de choro era impagável. Me deu dó...[/align]

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[align=justify][t3]08/06/2013 – Uyuni – Tour do Salar[/t3]

 

Nesse dia eu comecei a sentir que o passeio ia começar... Às 10:30 da manhã fui pra porta da Coquesa, e o espanhol já tava lá. Depois se juntaram a nós dois ingleses e um casal de belgas. Todos incríveis. Gente finíssima mesmo.

 

O cemitério de trens é pertíssimo da saída da cidade. Você pensa que vai demorar um tempão pra começar e puf! Lá está você naquele sucatão a céu aberto. Galera largou aquele ferro-velho, e eles justificam de algum modo a “utilidade” levando a turistaiada...

 

Depois dessa parada, fomos naqueles montinhos de sal que ainda estão secando, e o Luiz não disse nada quando eu tentei subir em um, mas uma moça falou que não podia. Mas não é que não pode sem motivo: é que tá molhado, e acho que a gente acaba chochando o processo.

 

O almoço no hotel de sal foi o usual deles: quinua, carne de lhama, salada e coca-cola pra beber. Não sei se era a fome, mas tava bem gostoso. A esposa do Luiz que fez. Comi pouquíssimo porque ainda não tinha aqueeeeele apetite pra comer.

 

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No caminho, aquela pausa pras fotos engraçadas. O Luiz levou um dino que virou meu amiguinho. Amei! O tempo não estava colaborando muito. Tava bem nublado, não tava aquele céu lindo que costumam pegar, mas valeu a pena mesmo assim! O salar é incrível...

 

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À tarde chegamos na ilha dos cactus (que em dutch tem um significado muito peculiar, segundo os belgas, hihihihi! Virou nossa piada do tour!), a ilha Incahuasi (BOB 15 pra entrar, pagos à parte do pacote). É super bacana subir pra tirar fotos lá de cima. Demorei o dobro do tempo que meus amiguinhos, mas a vista compensou. Na volta, tentamos ver o pôr do sol, mas não deu. O bom e velho tempo nublado...

 

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Nessa noite, nos hospedamos num hotel de sal fora do salar. Segundo o Luiz, o único hotel de sal dentro do salar é aquele em que almoçamos (sim, aquele com o monte de bandeiras de tudo quanto é time e país). Os demais, todos são fora. Esse hotel foi super bom. Além da gente, só tinha mais um grupo de alemães, então foi bem sussa.

Jantei só uma sopinha de legumes, que estava muito boa. Depois teve ainda frango, batata, tomate e banana assados, mas eu mais uma vez não estava aguentando. Estava um pouco confusa, a dor de cabeça era permanente, e com isso acho que a fome ficava pra trás.

 

Fiquei sozinha num quarto. Cama beeeeem gostosa, quentinha... E lá fora? 15 graus negativos. Só estava torcendo pro tempo melhorar, porque senão o Luiz disse que o Chile fecharia a fronteira pro Atacama...[/align]

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[align=justify][t3]09/06/2013 – Uyuni – O pior dia de soroche[/t3]

 

Acordamos 06:00 da manhã. Uma friaaaaaca tremenda! (Li ressaca, agora, com o sono. Mas a sensação era igual, apesar de não ter bebido nada alcoólico...) Lembro que o amanhecer foi lindão. Só que a minha cabeça não parava de doer. Nesse dia, tirei muitas fotos, mas não anotei nada porque subimos a 5 mil metros, e depois da Laguna Colorada (por sinal é aqui que pagamos a outra entrada fora do pacote: BOB 150) chegamos no hotel. Senti saudade do hotel do dia anterior... Mas não deu tempo de nada: desci do carro e corri pro banheiro pra tentar vomitar. Não conseguia nada, comecei a ficar mais tonta do que já sou/estava, e avisei o pessoal que ia me deitar.

 

A certa altura, o espanhol veio ver se eu estava bem, e eu comecei a misturar inglês, português, portunhol, dizendo que não entendia o que ele dizia. Ele não me deixou mais ficar deitada, e me levou pra sentar com o pessoal. Comecei a não falar coisa com coisa, e a falar mole. Parecia bêbada. Quis o destino que a belga fosse enfermeira. Correram buscar oxigênio, ela me deu lá algum remédio, cuidaram super bem de mim. Me disseram que se eu insistisse em dormir, poderia até ter entrado em coma, do jeito que eu estava. Foi bad, bem bad. Por isso a galera com quem fui é inesquecível. Todo mundo me ajudou, se preocupou... Muito bacanas.

 

Confesso que a partir daí só queria voltar pra casa. Só não voltei imediatamente porque eu estava a milhares de quilômetros de distância de qualquer aeroporto. Sozinha, dependendo de estranhos pra se restabelecer, confusa, aquilo estava complicado, difícil...

 

Esse dia também foi o primeiro que a jeca aqui viu neve na vida. Parecia criança! Brinquei com os meninos, pulei, ganhei um bonequinho de neve, porque disse aos gringos que obviamente não sabia fazer... Foi tão legal!! No final, depois de tanto frio e neve, concluí que só amei neve porque em São Paulo é praticamente impossível que neve... O que significa que minha diversão tem limite pra acabar! Melhor do que viver no meio da neve... Ui!

 

Bom, poucas anotações desse dia, vou colocar ibaaaagens![/align]

 

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Obrigada, aletucs!! Então continuando...

 

[align=justify][t3]10/06/2013 - Um dia cansativo[/t3]

 

O nosso guia disse que esse seria o pior dia, e de fato foi... Vimos lugares liiiindos, lindos, com um céu sem nuvens, absurdamente azul, que contrastava com aquele infinito branco, dessa vez de neve, não de sal como no primeiro dia. Só que o cansaço também foi feio, porque foi o trecho em que mais ficamos dentro do carro. Foram horas seguidas de viagem pra voltar a Uyuni.

 

Antes disso, chegamos ao nosso destino do tour, que era a Laguna Verde, situada no pé do Licancabur. É de chorar. Chorar de frio, chorar do mal de altitude, chorar de imponente, de maravilhoso! Chorar de tudo!!

 

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A espertinha aqui ainda tava sofrendo da altitude, então andava bem mais devagar que os outros, com a cabeça sempre tocando um enredo de escola de samba, mas não deixava de fazer nada (ou quase nada. Não quis entrar nas águas termais, por exemplo... Tirar a roupita, mesmo que depois fosse pra entrar na água quentinha, acabou saindo do meu objetivo). E caminhando devagarzinho me divertia enfiando a perna até o joelho naquela neve toda.

 

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A fronteira pro Atacama estava realmente fechada, então eu tinha duas opções:

1. Subir até uma cidade que ficava a 6 horas dali (não lembro o nome), e depois descer até San Pedro, a um custo não planejado de BOB 250;

2. Voltar a Uyuni e mudar meu roteiro.

 

Não raciocinei muito. Não sei se a maldita altura, ou se realmente sou meio lesa, ou ainda na verdade eu acho que já tava era bem de saco cheio de passar tão mal e só queria ir embora. Sei que preferi a segunda opção, e sinceramente agora eu acho que não teria mudado meu roteiro; teria ido pra tal cidade e conhecido o Atacama sim.

Naquela hora, decidi ir pra Uyuni de volta. Eu e meus amiguinhos de viagem nos separaríamos em poucas, mas exaustivas horas... Umas 6 horas. ::hein: Tiramos algumas fotos, e tomamos a estrada de novo. Paramos só pra almoçar na saída do parque nacional: atum em lata com seleta de legumes, arroz e champignon. E sempre aquela coca-cola sem gelo... Mas nem precisava! Fazia tanto frio que estava sempre deliciosamente fresca!

 

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Como eu não previa voltar a Uyuni, não sabia muito bem o que fazer. E os dois ingleses iam pra La Paz. Ah, resolvi ir com eles, então, mas não tinha a passagem... Não por isso!! Quando os celulares voltaram a ter sinal, o Luiz ligou pra filha dele, e eles conseguiram comprar pra mim uma passagem no mesmo ônibus e horário (Todo Turismo, 130 BOB. Não lembro o horário que saímos). Eles são meu exemplo de que também tem gente boa na Bolívia... Não precisavam fazer nada disso. Me venderam pelo preço da passagem mesmo, sem botar lucro em cima. E por isso recomendo a Coquesa Tours. Eles cumprem à risca o que prometem, e, claro, que é possível fazer de maneira segura. Não basta isso, eles são gente fina... Um abraço pra eles! E vamos ao encontro do meu Karma: La Paz.[/align]

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[align=justify][t3]11/06/2013 - La Paz[/t3]

 

Cheguei em La Paz de madrugada, e continuei sendo babaca... Peguei um táxi pra ir até o albergue, paguei BOB 10 pra isso, e adivinhem? Era só eu ter descido a avenida em que o ônibus nos desembarcou, e na quadra seguinte virado à esquerda... Sim, não desembarcamos *dentro* da rodoviária. Saímos no meio da rua mesmo!

O albergue foi o Adventure Brew. Mas atenção, há dois, um muito perto do outro: o Bed and Breakfast, e o albergue mesmo. Boboca aqui não atentou pra isso e chegou no albergue. 60 BOB por um quarto com 8 camas e banheiro dentro. OK, fecho. “Mas você vai ter que esperar até umas 8, porque antes disso não pode entrar nos quartos pra não atrapalhar.” Tá...

 

Quando finalmente pude subir, percebi que o tonto me botou num quarto errado: 10 camas e sem banheiro dentro. Que joia!! Mas tá bom, estava treinando a resignação. E pelo menos era um pouquinho mais barato: BOB 49. Era um hostel bacaninha, até. As roupas de cama com o odor característico de corpos que pareciam ter visitado a Bolívia desde o período Cretáceo, e desde então nunca as lavaram, mas o chuveiro era divino, algo que efetivamente eu estava precisando.

 

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Bom, pode ser que minha declaração de agora choque muitas pessoas, mas *detestei* La Paz. É uma cidade feia, sem atrativos, caótica, suja... O bom é que passou, e não pretendo mais voltar lá. Nesse dia, ainda de manhã fui a Plaza San Francisco, caminhei ali no mercado das bruxas, que pensava que fosse bem maior. Queria ver mais fetinhos de lhama! Almocei num restaurante tailandês (73 BOB o prato mais a coca-cola) e ousei: debilitada, de novo sem comer desde sei lá que horas (acho que desde o almoço ainda lá no Parque Nacional, antes de voltar a Uyuni), mandei pro bucho um camarão ao curry, porque não aguentava o cheiro de óleo dos frangos fritos. Tava bem gostoso... E não me fez mal!!! \o/

 

Depois do almoço fui a umas agências espiar a death road. Optei pela Barracuda (BOB 449 a bici full suspension, mas sem café da manhã), e caminhei até o mirador Kili Kili. Péééssimo!! Não percam seu tempo, porque a minha laje aqui de casa tem a mesma vista, rs! No hostel o menino me indicou outro mirador, mais perto de Sopocachi, um bairro mais bonito lá de La Paz, onde fica o pessoal com mais dinheiro. Não andei muito lá, mas fui no outro mirador. Tomei uma van ali na frente do hostel (BOB 2,50), desci numa praça e camelei atéééé o mirador. Bem mais arrumado que o Kili Kili, cheio de jovenzinhos namorando, velhinhas levando os cãezinhos pra passear, mas eu já estava amarga com La Paz. Já tinha escolhido detestar aquela cidade, então não vi graça nenhuma.

 

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À noite teve festa no albergue. Vi minha primeira brasileira lá, mas conversei pouco com ela. Tomei umas cervejas e conversei com um britânico que estava voltando pra casa no dia seguinte. Mal tinha chegado, se arrebentou na death road e quebrou o braço. Ééééé... Só tava vendo o que me esperava no dia seguinte...[/align]

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[align=justify][t3]12/06/2013 - The Death Road ::love::[/t3]

 

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Acordei umas 6:15, e fui pro ponto de encontro, um restaurante chamado Little Italy. Tinha uma funcionária muito legal lá, uma fofa mesmo. As coisas lá eram mais caras... Uma água de 600ml custava acho que 15 BOB :S. Estava sentindo algo estranho no meu estômago, então não quis tomar café. Tomei um suco de laranja e ela me deu um copo de água (PUTZ!).

Meu grupo consistia em um casal de americanos, e duas britânicas. Assim que botamos o pé na van, minha barriga começou a doer muito, MUITO mesmo!! Burra... Tirei minha farmácia da mochila de ataque porque não tinha sentido nada até aquele maldito momento!! Não tinha protetor de assento, não tinha papel higiênico, não tinha Imosec!! TAQUEU!!

 

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Fomos parando pra eu liberar os monstros que povoavam minha barriga. Num dos lugares eu não consegui esperar nada: corri pro banheiro. Estava lá sofrendo, me virando como podia, quando uma mulher começa a socar a porta e gritar “SEÑORA, TIENE QUE PAGAR!!! TIENE QUE PAGAR!!!” Gritava isso e socava a porta. Maldita. Eu dizendo que já ia sair, que já pagava, e ela gritando. Parou de gritar na hora que eu gritei mais alto ainda que ela: “UM MINUTO, BARALHO!!!” Quando saí, fui pagar a droga dos 50 centavos (de boliviano!!!) que ela tava exigindo. Não vou reproduzir a conversa que tive com ela porque uma série de insultos em quéchua eu não sei traduzir, e os que eu usei em português também é melhor vocês não saberem... rs... Odeio esses mercenários. A coisa foi melhorando depois que a americana me deu um remédio igual ao Imosec. A dor não passava, mas o resto gradualmente foi melhorando sim.

 

Beeeem, ao que interessa: a death road. Já no caminho, depois de passadas as construções se acabamento que povoam La Paz, a vista começou a melhorar. Montanhas lindas, cobertas de neve, e um frio maledeto! Paramos num ponto da estrada, o Jube, nosso guia (o segundo boliviano maravilha que conheci) nos deu nossas roupas, e as instruções pra um passeio tranquilo.

Fizemos também um ritual bem legal pra pachamama: jogamos um pouquinho de álcool 96% na roda dianteira de cada bike; em seguida deveríamos tomar um gole do álcool. Todo mundo tomou, mas eu só cheirei, porque estava um trapo humano... Vai que aquilo lá me desestabilizasse ainda mais?!

 

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Começamos a aventura. E olhem, foi uma das coisas mais incríveis que fiz nessa viagem. Não é esse perigo todo que pintam. A estrada é mesmo pequena, mas não é super estreita a ponto de não passar uma bike e um carro que possa vir. O problema é que a galera é muito sem noção e desce como se não houvesse amanhã... Daí vem um carro em sentido contrário, e o amanhã não chega mesmo. Uma coisa importante é que temos que andar à esquerda. E isso amplia a adrenalina a mil, porque à esquerda só tem o despenhadeiro, hohoho!!! É animal!!! Eu fiquei no meio: não ia nem desenfreada que nem as britânicas, nem devagarzinho que nem a americana. Aproveitei muito, me diverti demais na bike, mas não dá também pra ficar moscando e querendo olhar tuuuuudo, porque na hora que me distraí olhando a incrível paisagem em que estava, aí sim eu quase me arrebentei. Mas é mega tranquilo e maravilhoso de se fazer.

 

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E se bater um medão, a van tá sempre atrás da gente. É só descer da bike que eles te levam! Outra dica: relaxem as mãos. A bike é full suspension, então você não sente tanto os impactos. Não precisa tensionar as mãos, porque senão quando você chegar lá embaixo, elas vão estar suuuuper doloridas! É difícil soltar, mas relaxa!! Depois que eu relaxei, tudo ficou melhor ainda!!

O tempo ruim continuava me acompanhando, e na death road não foi diferente. Choveu muito num trecho, e tome lama!! Dificuldade pra enxergar, neblina forte... Mas tudo só era mais ingrediente pra aventura maravilhosa que eu tava passando!

 

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Creio que umas 3 horas depois a gente chegou lá embaixo. Paramos num rio, mas tava muito frio pra tomar banho. Tomei uma breja chamada Judas (ali eu já não sentia mais dor! Kamikaze voltou!), depois fomos almoçar num restaurante bem bacana na beira do rio. Prato simples: macarrão à bolonhesa ou ao pesto, já incluso no preço do downhill, com bebidas à parte.

Na volta as britânicas ficaram bestas comigo; o cansaço era tanto que joguei a cabeça pra trás e dormi o trajeto inteiro... Saí meio desorientada da van, e larguei meu gorrinho lá dentro. Fiquei arrasada... Já tinha perdido o cachecol em Uyuni, o gorrinho em La Paz... puxa! E eu ia embora no dia seguinte... que bad!![/align]

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