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Estava andando por aí e fui parar no Guarujá, praias bacaninhas, bastante movimento na orla da praia da Enseada e na Pitangueiras (principais praias da cidade), casas de pessoas ricas, jet-skis e lanchas por todos os lados, uma "mini Babilônia" a beira-mar!

Bem próximo da cidade Guarujá, a aproximadamente 29km de uma bonita e tortuosa estradinha está a Balsa que leva da Ilha ao continente para a cidade Bertioga. Ali também existe uma lanchonete e uma entradinha charmosa para uma trilha morro acima, quem passa desapercebido nem dá importância, mas ali é a entrada para um paraíso...

Seguindo por essa trilha, de aproximadamente 3km por 20min chega-se na Prainha Branca, na metade do caminho já é possível enxergar ao longe o que te espera, uma linda praia de areia alva e grandes ondas. Ainda na trilha, que é toda calçada com pedras (trabalho feito em regime de mutirão e parceria com a prefeitura), pode se admirar a exuberante Mata Atlântica que cerca a região. Chegando na praia a trilha passa a ser de areia e ganha bifurcações que levam à pousadas, campings, casas de moradores, e alguns pequenos restaurantes bem estilo Roots e finalmente, mais a frente seguindo o som das ondas, chega-se à exuberante Praia Branca... Que visual incrível!!!

Não existe acesso de carro ou moto, o trajeto é feito por essa trilha ou pagando R$ 10,00 por pessoa pra ir de barco (o que nunca foi uma opção pra mim, hehehe). Isso já adianta um pouco a noção de como o cenário é lindo. A cor da areia faz jus ao nome, branquinha branquinha branquinha, Prainha Branca. São uns 3km de orla, e ondas radicais e perigosas devido à formação geológica do lugar, ao lado existe outra praia, bem menor, de uns 300 metros mais ou menos, a Prainha Preta, pois a areia se mistura com a terra do morro, ficando um pouco preta. Entre as duas praias existe uma pequena ilha que fica acessível a pé na maré baixa, tem uma trilhazinha maneirinha nessa ilha, vale a pena ir nas pedras do outro lado pra ver o sol nascendo... Além disso outras trilhas levam à cachoeiras e a outras praias mais isoladas... Era tudo que eu precisava!!!

Quando cheguei dei de cara com um doido com cara de malandro e uma prancha zoada debaixo do sovaco, bem safo e gente fina, o "Miugrau" (chamava ele assim pq tudo dele era "miugrau"). Assim que me viu com cara de maluco, suando em bicas da trilha "sobemorrodescemorro", me intimou perguntando se eu precisava de um camping... era o que eu precisava mesmo, pra começo de conversa. Fui seguindo o rapaz e já fui adiantando que eu não tinha grana, e que meu lance era ficar um tempo bom e arranjar um trabalho, e que portanto tinha que ser barato. Chegando no pico me bateu um forte sentimento de felicidade, é um dos melhores campings da praia, fica na frente do mar, afastado do "centro do barulho" mas não tanto a ponto de ser longe, não tinha ninguém só o próprio Miugrau que morava no camping em sua barraquinha em baixo de uma pequena Gameleira, tinha espelho, mesa, cadeira, fogareiro a álcool, álcool e tudo mais... tava morando bem o cara (na minha opinião, hehehe).

Instalado, sozinho e feliz fui procurar um rango e aproveitei pra dar um rolé na comunidade da Prainha, explorar a vida turística e descolar um trampo (nem tudo são flores). Existem vários quiosques que vendem de tudo, mas durante a noite ficam apenas alguns bares e restaurantes abertos, entre eles os dois maiores e principais, o "Larica's" que é um bar na beira da praia, com estrutura de palco e espaço pra dançar, em dias de grande movimento e temporada tem shows de Reggae e Forró (dá pra ser mais perfeito?!), tem também o ponto da comida, o bandejão caiçara "Restaurante Lipe Point", entre os dois pontos comerciais tem uma espécie de "pracinha" onde os Hippies (os de verdade) vendem seus badulaques, peitas e bermas, no dia não tinha nada lá, a praia estava bem vazia era uma semana antes do carnaval.

Fui comer no tal do Lipe Point, R$ 10,00 o bandejão com um bife, arroz, feijão preto, batata frita, salada e farinha, até que estava bom. Já era tarde pro almoço e cedo pro jantar, estava ali comendo perto do bar e percebi a movimentação de maior galera dentro do bar, vi um a figura, um maluco completamente bêbado entrou na copa, pegou um descartável e encheu com uns 200ml de pinga e virou de um só gole (se eu faço isso passo uma semana vomitando), fiquei espantado, achei que fosse o filho do dono do bar aprontando, hahaaa, tudo bem né! Paguei a conta e no ato mandei o jargão "e ae mano, ta precisando de alguém pra trabalhar aí?" O rapaz do caixa disse que talvez e mandou voltar depois pra falar com o dono do lugar. Voltei e deu certo, arrumei um bico no paraíso e além disso descolei um quintalzinho de areia pra montar minha barraca de grátis, ô beleza!

Durante o dia muito sol e bem mais movimento que com o chegar do Carnaval ia só aumentando até o dia que a praia estava lotada com 5 mil paulistas e gente de tudo que é lugar, nesse ponto já não havia vagas nas pousadas e alguns campings chegaram a lotar, eu já estava no meu quintal free, mas sempre voltava no "Camping do Zao" pra visitar o Miugrau e a outra galera q eu conheci nos dias que fiquei lá (foi chegando gente né, eu não ia ficar lá sozinho pra sempre). Com muita gente, muita farra, muito lixo, mas também muita interação positiva. Conheci várias figuras, o Pescador e o seu irmão que sempre faziam rango e os peixes que pegavam, depois conversando com eles descobri que os dois são Coveiros, não vou precisar dos serviços deles por agora (assim espero), conheci o Nóinha, um maluco magrelo, sem dente, mentiroooooso que veio na bagagem do Pescador, uma história muito louca, mas vai ficar pra depois, conheci duas mocinhas lindas de Cubatão, um casal de meninas de Sampa, o casal Lorota, dois viajantes amantes que faziam tatoos de henna tosquíssimas (um brother do camping fez uma tatoo com eles, desculpem o palavreado, mas se fudeu kkk), conheci também o Fábio das Pulseiras, um maluco que faz pulseiras e tornozeleiras de corda, muito bacanas, fiquei brother do cara, entre outras pessoas e figuras, como o Gordinho, o Mineiro (maluco q tava bebado no bar), o Pintor, o Lipe e a sua irmã Paola, loira surfista gata estilo malhação e etc. até toquei violão com um Hippie arrogante que, como eu, não terminava uma música sequer, ele me falou que conhecia o Ventania (aquele dos cogumelos azuis) e eu não duvidei!

Rapidamente me habituei ao local, trilhas praias, cachoeiras, mulheres lindas, amigos mochileiros, quem não iria se habituar?! Meu trabalho era simples, instalei uns ventiladores de teto na pousada do Deda (dono do Lipe Point e pai do Lipe e da Paola) e fiquei ajudando a montar os bandejões e fazendo sanduíches na chapa durante a noite... A regra era curtir o dia e a praia e ralar de noite com escapadas clássicas pra curtir um Reggae ou dançar um Forrózinho pé de Serra com o pé na areia... Ô rotina chata, né?! Não tem sensação melhor do que dar aquela primeira lavada no rosto pela manhã diretamente no mar, ah não tem! Além disso, como o trabalho era em um restaurante e eu estava "morando" lá, fazia todas as minhas refeições de graça por lá mesmo, perfeito!

Na prainha conheci o "Tom" (realmente não lembro se era esse mesmo o nome do cara, mas vai ser aqui no meu relato), esse maluco mora no "cantão" da Prainha Branca com sua esposa, ele é branco, galego e esguio, queimado de sol, veio de fora da Praia, casou com uma nativa da comunidade (várias delas são lindas, inclusive a dele) e se mudou pra lá. O quintal de sua casa é um camping e a "sala-cozinha" é aberta para os hospedes, não tem água encanada e a eletricidade vem de uma extensão muito grande e serve apenas para ligar uma lâmpada durante a noite, que ainda assim fica meio fraca por conta da queda de tensão causada pela grande distância da tomada que ele usa, a cozinha é em uma grande varanda com vista para o mar (a melhor cozinha do mundo). O Tom não aceita farofeiros no seu camping, só galera Good Vibe, ainda bem que a minha vibe é good e a hospedagem estava garantida.

Fiquei os 2 dias finais hospedado no Cantão, conheci um casal de mochileiros espanhóis e quase me apaixonei pela mulher do cara, mas fiquei na minha, óbvio, respeito mulher dos outros, mas olhar (respeitosamente) não tira pedaço, conheci também um Rasta chamado "Anauê" que tinha um dread central gigantesco nas gostas, um cara muito sereno e tranquilo, comprei uns badulaques dele pra ajudar, além do casal de viajantes brasileiros muito comédia. Naquela noite nem fui pro agito, o Carnaval já tinha acabado, eu estava na praia a 18 dias e tirei o fim da viagem pra descansar para o retorno, ficamos todos na cozinha de frente para o mar à meia luz, conversando, trocando histórias, rindo, tocando violão, fizemos um rango coletivo e comemos, em total comunhão de paz e amor, sem interesses, sem julgamentos, sem brigas, apenas irmãos desconhecidos gozando de uma noite maravilhosa cercados de natureza!

Penúltimo dia, já não tinha trampo, não tinha trampo, nem companheiros, rumei sozinho para a tal trilha da cachoeira que ainda não tinha feito. Uma trilha curtinha, de uns 2,5km mas sobe, desce, lama, pedra, ladeira, escala... ufa! Cheguei na cachu... eu e Deus... como vim ao mundo me deliciei em uma pequena queda d'água e um poço que dava até pra nadar. Nesse momento refleti e agradeci por tudo que tinha acontecido comigo nessa viagem que já estava batendo na casa de 3 meses de duração. Renovado, segui pra praia Camburizinho que ficava "perto" dessa cachoeira, uma praia pequena, mas deserta, tinha um malucão acampado lá, mas eu não o incomodei, tomei um banho de mar e voltei.

Nesse dia só tinha eu o Tom, a mulher dele e o Anauê no camping, comi alguma coisa e fui dormir, no outro dia cedo eu juntei minhas coisas, me despedi da galera do restaurante e peguei meu rumo pra casa, satisfeito, feliz, empolgado e cheio de histórias pra contar...

 

Essa foi minha experiência nesse cantinho de paraíso, espero que tenham gostado...

Essa é a minha Fanpage no facebook, é nova, não tem muita coisa, mas nesse momento eu estou mochilando, então vai ter atualização direto, quem quiser me acompanhar, segue o link:

 

https://www.facebook.com/TudoDeuCertoVireiHippie

 

Good Vibes para todos!

 

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  • 1 ano depois...
  • 2 meses depois...
  • Silnei changed the title to Prainha Branca - Um Paraíso no Guarujá-SP

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