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Já que consegui fazer essa viagem graças ao relato de uma mochileira que passou por lá, decidi escrever os detalhes desse passeio que, apesar de curto, com certeza mudou minha vida.

 

1º dia

 

Saímos de São Paulo (eu e minha amiga) na quinta-feira, 30/05 em um vôo da TAM com destino a Campo Grande. A gente comprou as passagens em fevereiro, então conseguimos uma promoção muito boa que totalizava R$400 dilmas ida e volta. Pousamos em Campo Grande no horário previsto e pegamos um táxi até a rodoviária (10 minutos de distância do aeroporto e deu R$30). Como já havíamos comprado as passagens de ônibus pela internet, só restava esperar o horário de saída. A cia. que faz o percurso Campo Grande x Miranda é a Andorinha e as passagens custam R$88 ida e volta e o trajeto demora cerca de 3:30.

 

Demos uma volta básica perto da rodoviária, pois não tínhamos cigarro, então já deixo essa dica: tragam seus pacotes de cigarro, pois em Miranda e Campo Grande - pelo menos nas redondezas onde andamos - não se acha as marcas mais famosinhas. Enfim, saímos de lá no horário previsto e chegamos em Miranda por volta das 13hrs da tarde.

 

A agência que cuidou da nossa hospedagem/passeios é a Explore Pantanal, da suíça Mirjam Goring e do Marcello Yndio Kadiweu. Vocês podem encontrá-los no facebook ou através do site http://www.explorepantanal.com/. Os dois são fantásticos! Por incrível que pareça, eles estão acostumados a receber mais turistas gringos do que brasileiros, e ficam muito felizes quando chegam brazucas na fazenda! O Yndio nos pegou na rodoviária e seguimos para o Ranco Meia Lua, onde iríamos nos acomodar. Assim que chegamos percebemos que o lugar era fantástico.

 

No caminho vimos araras e um gavião de beira de estrada. O Yndio parava o carro toda hora para explicar um pouco sobre o Pantanal, sobre a cultura indígena, sobre os problemas da região e da importância de um turismo realmente ecológico e um intercâmbio cultural, que é exatamente a proposta da Explore Pantanal. Chegamos na fazenda e a Mirjam disse que tinham deixado um almoço para nós, já que chegaríamos da viagem verde de fome. A fazenda é belíssima, toda decorada no estilo rústico, um ambiente bastante agradável. Tem um pier de onde se vê um por-do-sol cheio de tonalidades diferentes, desde o roxo até o vermelho! É incrível mesmo!

 

No primeiro dia fizemos uma caminhada pela região e conseguimos ver as maravilhas da natureza. Por cada árvore que passávamos o Yndio ia nos explicando um pouco sobre a biologia do lugar. O tempo não estava muito bom, então as fotos também não ficaram muito boas. Nesse mesmo dia caminhamos por uma parte que estava alagada, então já recomendo que levem tênis fechado ou botas de caminhada, pois se atola o pé mesmo, não pode ter frescura! A recomendação para os passeios é sempre a mesma: calça jeans, camiseta, tênis fechado, repelente, filtro solar, máquina carregadíssima e com espaço no chip!

Voltamos do passeio e fomos pegar o por-do-sol no pier e quando escureceu voltamos para jantar uma comida caseira maravilhosa! Sim, é tudo fresquinho, inclusive o suco natural da fruta.

 

2º dia

 

Acordamos bem cedinho, pois no dia anterior já haviam nos informado que faríamos um safari pela transpantaneira e um passeio de barco pelo Rio Miranda. Tomamos um café-da-manhã delicioso (como tudo nesse lugar) e seguimos com o Yndio até Passo do Lontra, que fica na Transpantaneira. No caminho tivemos o prazer de cruzar com uma Comitiva Pantaneira, e o Yndio ia explicando o propósito de levar o gado até outra região quando está tudo alagado. Chegamos em uma comunidade na margem do Rio Miranda e lá conhecemos um japonês que nos levou de jardineira pela Transpantaneira. Vimos jacarés (aos montes), uma cobra boca de sapo morta na estrada, muitas aves e paramos em um bar/casa pelo caminho para comprar cerveja e conversar com os moradores do local. Lá vimos um mapa do Pantanal e o Yndio nos explicou a grande verdade sobre a região: Pantanal tem donos, então não é possível que seja um patrimônio da humanidade quando é necessário ter autorização para entrar nas fazendas. Tudo é uma grande propriedade privada. Por isso existem confrontos com povos indígenas na região, sem contar os outros grandes problemas que só conhecendo o local e conversando com os moradores do lugar é que conseguimos descobrir.

 

Bom, continuamos nosso passeio até chegar na Fazenda São João, onde seria nosso almoço. No caminho vimos um tuiuiú, a ave símbolo do Pantanal e é a maior ave voadora da região! Passeamos a pé pela fazenda e conseguimos fazer belíssimas fotos. O almoço também foi espetacular, sempre caseiro e feito com ingredientes naturais. Descansamos um pouco nas redes e depois voltamos pela Transpantaneira até a margem do Rio Miranda para embarcar no passeio. O barquinho motorizado seguiu pelo Rio Miranda e depois entrou no Rio Vermelho. O Yndio sempre parava quando via pássaros ou outros animais, e ia explicando os nomes e imitando o cantar das aves. Curtimos um pouco o silêncio da região e ouvimos sons muito diferentes. Na volta com o barco pegamos o por-do-sol mais bonito que já vi na vida! As cores do céu, o reflexo das nuvens na água, enfim, toda essa combinação faz com que a natureza seja um espetáculo diante dos seus olhos.

Desembarcamos por volta das 18hrs e seguimos rumo a fazenda para jantar a comidinha caseira preparada pela Kelly :D

A noite ficamos observando o céu estrelado lá no pier...foi demais, aquele céu parecia ter estrelas penduradas. Depois fomos descansar...

 

3º dia

 

Nesse dia ficamos na fazenda, pois o pessoal da Explore ia preparar um churrasco na beira da piscina. Tava um dia ensolarado, então ficamos tomando cerveja, conversando, comendo, etc. O Yndio apareceu com um pintado enorme de 24kg! Como eu não como carne vermelha nem frango, eles fizeram a gentileza de cozinhar uma piranha na churrasqueira. Como foi escurecendo, aproveitamos para descansar um pouco, curtimos uma fogueira com o pessoal e depois decidimos dar um pulo na cidade para curtir a noite. Pegamos um táxi e rachamos com duas suíças que estavam a fim, ficou em R$40 dilmas da fazenda até a cidade de Miranda. O problema foi para voltar de lá. Em Miranda os táxis não circulam até mais tarde, portanto se você resolver ir a noite para a cidade é melhor voltar antes das 22hrs ou esperar amanhecer. Conhecemos um taxista gente fina que nos levou duas vezes pra Miranda, é o Gordinho. Lá na fazenda a Mirjam tem o tel dele, ou é só perguntar na rodoviária que todo mundo conhece. Voltamos de "carona" com dois rapazes que havíamos conhecido (pura sorte) e pagamos R$50 a eles pela gentileza de nos levar até a fazenda. A noite em Miranda é bastante comum, mas é divertido ver todas aquelas pessoas se reunindo na praça para ouvir funk/sertanejo e paquerar. A pracinha fica bombada, parece que vem muita gente de cidades vizinhas também.

Bom, chegamos na fazenda por voltas das 2 da manhã e já embarcamos no sono.

 

4º e último dia

 

Acordamos super tarde e nem nos desesperamos, pois estava uma chuva fortíssima. Descemos para tomar café e nos servimos sozinhas. O interessante dessa fazenda é que você se sente tão a vontade que não quer ser servido toda hora. Parece que a casa é de um parente, você vai lá, come, lava a louça, ajuda as pessoas...a Mirjam e o Yndio souberam criar um ambiente bastante familiar e acolhedor. Como o dia tava bem chuvoso não conseguimos fazer nenhum passeio, mas a tarde participamos de um Círculo de Mulheres da Lua Cheia. Foi uma experiência fantástica conhecer aquelas mulheres. Eu diria que é um feminismo espiritual, um ritual xamânico, do qual só mulheres participam. Você cria laços tão fortes com as mulheres que estão lá...você entra em contato com sua identidade, com a terra, com seu espírito e enxerga nas outras mulheres um pouco de você. Eu sou feminista, então para mim a experiência foi enriquecedora. Entender a auto-organização das mulheres como um instrumento de luta contra o patriarcado é importante para a nossa libertação. E é justamente o que essas mulheres fazem, mas de maneira espiritual, não política.

Depois comemos um bolo gostoso, tomamos café e fomos descansar mais um pouco e arrumar nossas malas para voltar pra SP. A noite nos despedimos da Mirjam, do Yndio, das suíças e sentimos que uma parte de nós estava ficando por lá.

 

Foram apenas 4 dias no Pantanal, mas foram 4 dias cheios de aprendizado. Conhecemos árvores, frutos, animais, cultura indígena, cultura suíça, conseguimos fazer fotos bonitas, curtimos o por-do-sol e o mais importante de tudo: nos conectamos com nossa essência e entendemos o que é ser HUMANO.

 

O Pantanal precisa de ajuda e esse relato que eu fiz também serve para alertá-los que não devemos romantizar essa região do país. O governo nos ilude quando diz que esse é um patrimônio da humanidade, pois quando se visita o Pantanal, percebe-se que aquela terra tem dono. Não é dos índios, nem do pantaneiro. É dos grandes fazendeiros que dominam a região! O lugar é maravilhoso, mas temos que visitá-lo com esse olhar crítico. Como é possível fazer um turismo ecológico (que muitas agências se propõem a fazer), sendo que a terra é propriedade privada? Essa viagem abriu meus olhos para várias questões, inclusive na semana que fomos pra lá, um índio Terena foi assassinado na reintegração de posse de uma fazenda que havia sido ocupada por eles, vejam:

 

http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,indios-enterram-corpo-de-terena-morto-em-desocupacao,1038389,0.htm

 

Até quando vamos deixar que os interesses do capital e do agronegócio destruam a história de povos que estão aqui há mais de 500 anos?

 

Visitem o Pantanal, desfrutem essa maravilha e ajudem de alguma forma a divulgar a realidade do lugar, seja com relatos, fotos, vídeos, qualquer coisa. Quanto mais se perde a cultura/terra indígena, mais perdemos nossa identidade brasileira.

 

Custos

 

Passagem aérea: R$400 (ida e volta pela TAM)

Passagem rodoviária: R$88 (ida e volta pela Andorinha, Campo grande x Miranda)

Levamos R$200 para despesas com táxi, cigarro, etc., mas no Rancho eles passam cartão de débito

Hospedagem no Rancho: R$600 por pessoa pelos 4 diaas com tudo incluso (café da manhã, almoço, janta, churrasco e passeios na região)

Táxi do Rancho até Miranda: R$40

Táxi do aeroporto até a rodoviária: R$30

Passeio de barco: R$120 com almoço na fazenda São João incluso

 

Se quiserem me add no facebook, tenho mais fotos lá: http://www.facebook.com/melly.coelho?ref=tn_tnmn

 

Qualquer dúvida é só perguntar!

 

Abraços!

 

Fotos

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  • Membros de Honra
Postado

Bem-vinda ao fórum.

 

Ótima estreia, obrigado por compartilhar o relato. Nós iremos em outubro e ficaremos 6 noites no Pantanal sul, sendo 2 delas no Passo do Lontra.

 

Ah, ótimas fotos ! Qual equipamento você usou ? Gostei especialmente do foco das aves em movimento e das belas cores do pôr do sol.

  • Membros
Postado

Muito massa, Marcos!

 

Então, usei uma Canon T3, mas vou te falar uma coisa, o Pantanal é o lugar que tem a melhor luz natural para fotografar. É uma experiência incrível, especialmente durante o passeio pelo Rio Miranda (saída do Passo do Lontra), você não quer largar a câmera um minuto desligada!

 

Quando voltar compartilhe as fotos conosco também.

 

Abraços!

  • 4 semanas depois...
  • Membros
Postado

Muito bacana o seu relato, fotos, etc! Grato! Tenho um carro 4X4 e pensei em viajar de carro. É possível fazer passeios interessantes sem guias? Ou melhor sempre contratar os passeios? Abraço!

  • 1 ano depois...
  • 4 anos depois...
  • Membros
Postado

Olá Mel,

Parabéns pelo relato. Me identifiquei muito com seu post, sempre tive certa resistência em conhecer essa região do país por saber que é tomada pelos grandes fazendeiros, barões do agro e exploradores do gado. Apesar da vontade que tenho de conhecer, ainda não decidi se quero colaborar com isso (pagando para entrar nas propriedades).

Mais uma vez, parabéns!

  • 1 ano depois...
  • Membros
Postado

Ola Querida

Mel Coelho

Qto tempo ,. Aqui e o Marcelo Índio Kadiweu o Proprietário da Explore Pantanal,. Tô Passando aqui só pra Atualizar pra vc e e ao pessoal daqui deste Blog Mochileiros.com que.a Empresa Explore Pantanal, continue ativa mas com um outro lugar e um novo nome agora a Explore Pantanal Mencionada aqui agora se chama Pantanal Wilderness Experience.

pantanalwildernessexperience.com

Também mudamos de contatos,

Vejam aqui.

EXPLORE PANTANAL (Agora, Pantanal Wilderness)

pantanalwilderness.com WhatsApp: (66)998313038   

Marcelo Índio (67) 998170218. marceloindioguide@gmail.com

 

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