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  • Membros de Honra
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São Bento do Sul - SC, um dia qualquer de outubro/2004

Sábado cinzento, fazendo faxina no HD... achei aquele vídeo do Sunscreen feito pela DM9DBB. Eram mais de 70.000 bytes empoeirados (baixei o arquivo muito antes do "Pedro Boçal" resolver traduzir a poesia da forma mais antiquada possível). As palavras ficaram ecoando, especialmente aquela exclamação: "Viaje!...". Foi aí que pensei: puts, tenho que inventar alguma coisa nessas férias! Mas o que???
Parentada na serra do RS, de novo? Não...
Nordeste! Bahia, Ceará? Faltou originalidade né...
Hum... a Karina me convidou para ir à Sampa, subir para Campos no final de semana... Campos do Jordão no verão? Karina? Tenho certeza que a Daiana (minha namorada, que não gosta de viajar) não ficaria muito feliz com a idéia...
Mas eu tenho que dar um jeito de viajar!
Mochilão para Foz do Iguaçu... tá aí, destino legal, acho que pode ser interessante. OK, vou ficar 10 dias em Foz contando milhões de litros d'água caindo? O que mais tem ali por perto? Bem... por perto nada. Mas ali mais para baixo tem, tem... BUENOS AIRES! Bateu o frio na barriga, é pra lá mesmo que eu vou!
Não conheço nada nem ninguém da capital argentina... como vou me meter lá? Dar uma olhada no google não custa né. Fui vendo uns sites, mais outros... me empolgando cada vez mais. Vou ligar para Pluma só para ver quanto custa (coisa de mochileiro iniciante mesmo) Pô, não é caro... rs.
Deixei recados no oviajante.com, no Orkut e mochileiros.com. Organizar o negócio era primeira necessidade... foi aí que começou a pesquisa de verdade.
Criei uma planilha no excel que foi crescendo aos poucos, no mês de dezembro ela já continha preço de quase todas as companhias de ônibus, diversos hostels, dicas e locais interessantes de BsAs, Montevideo e litoral do Uruguai. Planilha esta que foi parar nas mãos dos amigos (cagões), que sempre acabam desistindo quando vêem que o negócio é pra valer...
Ainda em dezembro recebi a passagem da Crucero pelo correio. Final de ano, passou Natal, reveillon, praia e sol.... finalmente chegou o esperado dia 07 de janeiro de 2005, sexta-feira.

São Bento do Sul, 07 de janeiro de 2005

Sexta-feira, 16:00 horas, empresa fechando, chega de proformas, invoices e declarações de importação por uns dias... desligo o celular e ele dá a despedida de sempre: "Carpe Diem!" e eu respondo pensando: pode ter certeza, esses dias serão muito bem aproveitados! Quase não deu tempo para arrumar a mochila, o Expresso São Bento partiu para a capital paranaense às 19:00 horas. Vertigo - How to dismantle an atomic bomb - U2 no discman.
Chegada em Curitiba. Rodoferroviária cheia. Mochileiros chamam atenção! Não me considero um cara atraente, mas levei 3 cantadas num intervalo de 20 minutos... e elas não eram de se jogar fora não! rs (não deviam ser de lá... mulherada de Curitiba costuma ser fechada!). 21:20 embarquei no ônibus convencional da Catarinense, custou R$ 73,20 (caro). Valeu a pena, tem descansa-pés, banco reclina bem, motor silencioso...


Foz do Iguaçu, 08 de janeiro de 2005.

Foz do Iguaçu! (foi o que o motorista gritou). Não lembro de ter deixado Curitiba e já estava 700km distante de casa!
Circular para o terminal urbano. Lá avistei um casal de velhinhos misturando inglês com um espanhol muito pobre... ninguém conseguia entendê-los. É obvio que eles queriam ir até as cataratas! Perdi um ônibus quando fui ajudá-los... Ron e Nancy são dois professores canadenses aposentados (e pão duros). 20 minutos depois pegamos o mesmo circular. No parque das cataratas paguei o abuso de R$ 4 (agora o pão duro sou eu) por uma ficha do guarda-volumes (muitos estavam arrombados), confiei no guarda e na menina da loja, que ficaram de olho no armário.
No ônibus com teto transparente já pressenti que seria um dia de calor fora do normal. Percorri todo o parque (que é indescritível) com o casal canadense, foi divertido! A emoção na passarela da garganta do diabo é indescritível! Incrível como a natureza é forte... bom poder ficar curtindo o momento. Lembrei do amigo Adriano Floripa aqui do forum, que com muita sapiência disse que o lado argentino seria mais interessante, embora estivesse aconselhando a visita somente ao lado brasileiro, pois minhas 4 horas disponíveis não seriam suficientes para aproveitar com calma o lado argentino.
No terminal urbano me despedi do Ron e da Nancy, quais eu havia acostumado a chamar por grandpa e grandma (me convidaram para esquiar pelas bandas canadenses, acomodação seria na faixa... eheh, como se fosse tão fácil assim.)
No restaurante da rodoviária fiz um lanche, não perdi tempo e já estava batendo papo com duas dinamarquesas lindas (mediam quase o dobro da minha altura) elas estavam indo para São Paulo, uma pena... dali a meia hora eu estaria embarcando no double deck da Crucero del Norte!
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AÊ MIKE

 

QUE BOM QUE COMEÇOU O RELATO!

OBRIGADO PELA "SAPIÊNCIA"

SE EM 20 MINUTOS NA RODOVIÁRIA DE CURITIBA LEVOU 3 CANTADAS,

EM BUENOS AIRES DEVE TER SIDO DEVORADO VIVO!!!!! HE! HE! HE!

 

AGUARDO O RESTO!

 

ABRAÇO

 

ADRIANO

  • Membros de Honra
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Adriano,

Nada... "bom se sesse" eheh. Tô muito enrolado com esse relato, (um dia aprendo a ser mais conciso) mas calma que um dia sai...

Thiago,

Tem nada de mel, mas tinha cheiro de nova ainda, será que foi isso? rs

 

Abração,

Mike Weiss

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Entrego minha mochila para o funcionário da Crucero, dou uma olhada para ver se ela foi bem acomodada e embarco no ônibus. Primeira impressão: gostei das poltronas, espaçosa, nunca havia reclinado um banco tanto assim...

O equipamento não é tão novo quanto os double deck da Catarinense, mas logo depois pude comprovar que o atendimento é que faz a diferença.

Partimos por volta das 14:30... chegamos na aduana brasileira, felizmente os mercosulenses podem ficar dentro do ônibus aproveitando o ar condicionado que já não vencia os 41ºC do lado de fora (sim, eu tive vontade de me jogar nas cataratas p/ ver se refrescava).

Fiquei conversando por uma hora com um casal de argentinos, até que o motorista esbaforido chegou perguntando se alguém falava inglês, pois uns noruegueses estavam com problemas, não falavam nada de português e pouquíssimo de espanhol. OK, meu corpo não estava muito afim de sair do ônibus, mas a consciência foi mais forte... Lá fui eu (me achando o herói) tentar ajudar os caras. Na verdade o problema era com apenas um deles.

O "indivíduo" perdeu o comprovante de entrada no Brasil, chorei um monte para a fiscalização, mas os caras são duros na queda! Resumindo: o "indivíduo" revirou a mochila inteira e achou um papel meio amassado...

- "Indivíduo": Is it?

- Eu (em claro português): éeeeee, esse mesmo! (acho q a minha felicidade foi maior que a dele, talvez o efeito da multa no meu bolso também fosse mais devastador que no bolso dele)

O cara agradeceu um monte, ofereceu Negresco e seguimos para a aduana argentina.

Ehehe, todo mundo com um papelzinho na mão! Que estranho... eu não tenho esse papel! Foi aí que conheci o único brasileiro do ônibus, me avisou que se tratava de um formulário entregue quando o bilhete é comprado. Eu havia adquirido minha passagem pela Lunatur em Curitiba, chegou pelo correio (sem o formulário)... nada grave, o próprio fiscal preencheu na hora e seguimos para o raio x das malas. Todas elas (inclusive bagagem de mão) passaram pela inspeção. Demorou... ainda bem que eu era o primeiro da fila, enquanto os outros aguardavam eu fiquei gastando meus primeiros pesos na lanchonete (climatizada!!!).

Todo mundo dentro do ônibus e logo tivemos que parar... rodoviária de Puerto Iguazu. Rodoviária? Aquilo é uma muvuca, muito legal... parece uma favela dentro de um galpão, gente esquisita, índios com cocar...

Na brincadeira de aduanas e rodoviárias perdemos mais de três horas (2 oficialmente, já que o relógio retrocedeu uma hora). Estradão... ê beleza, eu esticadão na poltrona 13 (primeira fila superior, sozinho, lado direito) redigindo os tópicos do "diário de bordo" Beleza nada! A estrada é muito monótona, retas retas, retas também... não demorou muito e chegou o comissário de bordo oferecendo medialunas calentitas, e avisando que o sol vai bater direto na minha poltrona até as 19:00... ele tinha razão. (na hora pensei: essa é uma dica para o pessoal do mochileiros.com) Juro que considerei colocar a sunga e pegar um bronze... mas desisti da idéia, puxei a cortina frontal e a lateral e me concentrei no Rei dos Anéis, que só acabou quando estávamos a cinco minutos de Oberá (periferia de Posadas) onde fica a garagem e restaurante da Crucero.

O ambiente do restaurante surpreende. Não parece um barzinho de estrada... é um restaurante mesmo, a comida é boa, mas é pouca para um homem adulto com fome (não é self service). Ali a confraternização é quase obrigatória, existem mesas reservadas para cada ônibus... Champagne, Champagne... si, por favor! O espumante não era dos piores...

Embarcamos de novo, estrada. Uns 15 minutos e chegou o "rodomoço" com uma bandeja acima da minha cabeça perguntando:

-Irrrqui?

-Eu: O quê?

-Rodomoço: Acepta uirrrqui!

-Eu (em pensamento): Ah... é whisky! Fiz sinal de positivo... eheh

Logo depois ele ofereceu umas balas (muito boas, por sinal). Acho que eram para tirar o bafo... não lembro do final da bala, só sei que acordei antes de uma ponte muito alta e bonita, o som do próprio ônibus tocando Fotografia do Juanes/Nelly Furtado (Achei legal o jeito sutil de acordar os passageiros) o luminoso ao lado da tv indicava 06:50, 23ºC. Lá veio o "rodomoço" de novo... deixou uma bandeja no meu colo, trouxe café, torradas, alfajor, bolachas, doce de leite (risos, eu não tinha noção do quanto essa gente come doce de leite).

E o outro brasileiro foi batizado logo na entrada de BsAs (sim, brasileiro é azarado!). O "rodomoço" perdeu o equilíbrio e derramou todo o copo de café... "**** happens", gritou um dos noruegueses num tom muito irônico, e o ônibus caiu na risada.

Enfim, chegamos no terminal do Retiro. Grande... muito agito. Última plataforma... e eu pensei: tomara que a minha mochila ainda esteja lá embaixo!

  • Membros
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Maicon, seu relato está espetacular, parece que estamos viajando no mesmo ônibus... parabéns.

A propósito você falou de espumante, whisky, mas o sobrenome Weiss me lembra cerveja de trigo, né?

Estamos aguardando o restante !!!

  • Membros de Honra
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É Mike, a censura aqui bate pesado com palavrões e drogas ilicitas, melhor evitar porque senão os caras do DOI-CODI batem na sua porta qualquer noite dessa...

 

Diz aí, os noruequeses não tem cara de bobão? Pelo menos os que conheci todos tinham uma cara de paisagem, como se vivessem no País das Maravilhas. Quer dizer, de certo modo eles vivem...

 

Continua!!!!

 

Thiago de Sá

  • Membros de Honra
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Marcio,

Obrigado... mas não é tanto assim eheh

É verdade, meu sobrenome é Weiss = branco em alemão (embora eu não seja loiro, nem tão branco assim). Fala a verdade, vc é fã da Erdinger, não? rs

Vou ver se consigo transcrever Buenos Aires hoje a noite.

 

Thiago,

Muitos risos. Puts, tem cara de bobões SIM. Pansudos e de raciocínio um tanto lento, mas MUITO gente boa e festeiros como nós!

Thiago, acabei de ler teu relato da viagem pela Europa/Africa! Vc ganhou um fã, cara... a viagem deve ter te "enculturado" tanto que qualquer um ficaria com inveja! Preciso fazer um cruzeiro destes, espero poder "me aproveitar" de parte do que vc aprendeu.

Me identifiquei com muita coisa do que vc escreveu, a dica de 18/05/2004 16:40:01 é a minha filosofia. Avise quando estiver em SC...

Abração,

Mike Weiss

  • Membros de Honra
Postado

Poxa Mike,

 

pelo jeito voce chafurdou nos porões do meu relato, bacana! Cara, num momento de inspiração profunda eu escrevi aquelas palavras e te digo que hoje eu continuo concordando integralmente com todas elas (inclusive as virgulas).

 

Eu tenho muita vontade de conhecer seu estado, tenho até um grande amigo de Joinville. Pode deixar que quando passar por aí a gente combina um safari!

 

Até logo, meu velho e continua o troço aí, sô!

 

Thiago de Sá

 

p.s: o mais legal da Erdinger é o copo...

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