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A PROIBIDONA DO PARQUE ESTADUAL JUQUERY

Algo q mais me chamou a atenção numa das gdes surpresas naturebas de Sampa, o PE Juquery, é alvo deste relato. Não me refiro aos largos horizontes e nem ao rico bioma de cerrado desta unidade de conservação encravada a apenas 30km da Metrópole. Me refiro sim a gde qtidade de placas anunciando "acesso proibido", das quais sempre me indaguei o motivo. Pois bem, comento aqui então outra caminhada breve, tranqüila e desimpedida, porém vetada aos meros mortais, infelizmente. E com certa razão, além da costumeira justificativa de “pesquisa ambiental”. Trata-se duma bela pernada de menos de 3hrs q não somente galga o 2º pico mais alto do parque, beija os pés da torre leste e bordeja um braço da Represa de Mairiporã. Ela tb palmilha rente o Presidio Franco da Rocha, onde o risco de levar chumbo dos guardas penitenciários é real.

 

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Não foi muito pela necessidade de me poupar fisicamente pro feriado ou pela previsão de tempo instavel q terminou decidindo não me deslocar pra demasiado longe, no tradicional bate-volta dominical. Foi mesmo qdo a CPTM anunciou previamente q alguns trechos de suas linhas estariam interditados, em obras, q diluiu de vez qq pretensão de me mandar prs borda serrana de Mogi ou Paranapiacaba. Quem toma trem habitualmente sabe o transtorno q se tornam as viagens ferroviárias nestas condições, ainda mais se levarmos em consideração pruma trip q já é demorada normalmente. “Tô fora!”, pensei comigo mesmo.

Sendo assim, voltei minha atenção novamente pro “Juca”, apelido carinhoso pelo qual é conhecido o P E Juquery, e uma trilha q particularente já havia me chamado a atenção durante duas incursões anteriores. Se trata duma picada q percorre o extremo leste do parque em formato de “U”, já no limite municipal com Mairiporã, q no caso corresponde à Represa Paulo P. de Castro. Proibida, a área abraçada por esta vereda é vigiada por uma torre de fiscalização similar ao “Mirante”, q é visível tanto deste como do alto do Ovo da Pata, pto culminante do parque. Resumidamente o “golpe” era o sgte: a idéia era dar uma de “João-sem-braço” , entrar na trilha com cara de paisagem e ver no q fosse dar! Pronto, é isso! E vamo q vamo!

 

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Mas como dizem por ai q “alegria de pobre dura pouco”, qual minha surpresa ao me deparar naquela manhã de domingo com a linha lilás da CPTM igualmente interditada no trecho Barra Funda até Perus!? Respirei fundo e, antes de cogitar voltar pra casa, olhei pro céu começando a abrir lentamente promentendo ao menos uma manhã ensolarada, e resolvi seguir em frente. Se servia de consolo, a viagem de trem demoraria além do normal, mas ainda assim seria mais ágil q se tivesse ido pra Mogi, sem dúvida! As coisas q a gente faz pra ter um quinhão de mato...

A operação “baldeação”, nestes casos de obras nas linhas, é minimamente curiosa. Vc sai da estação do Metrô (no caso, Barra Funda) mas não sem antes pegar com o funcionário uma “senha p/ conexão” pro ônibus (gratuito) até Perus. Aqui o jeito foi seguir o fluxo humano pq realmente tava td bem mal-sinalizado e mais duma vez pedi informações prum guardinha q, cheio de má vontade, parecia estar me fazendo um favor. Uma vez perante o busão da conexão me deparo com duas filas: uma enorme e a outra nem tanto, sendo q a primeira era pros passageiros q desejavam ir sentados, e a segunda em pé. De modo a embarcar logo entrei na segunda opção (q avançava mais rápida) e num piscar de olhos tava me espremendo dentro do latão, rumo Perus. Aqui não me fiz de rogado e, junto com outros “manos” voltando da balada, sentamos nos degraus da escada do buso, numa boa, e assim fomos seguimos “confortavelmente” ate nosso destino.

 

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Após viagem relativamente demorada, finalmente saltamos em Perus onde embarcamos no trem sentido Francisco Morato. Mas claro, não sem antes devolver pro funcionário a tal “senha de conexão”. Vale salientar aqui uma falha no “sistema”, já q estava em posse de duas senhas. Mas como duas senhas? Explico: na Barra Funda, após pegar minha senha resolvi ir no sanitário. Ao sair novamente, um funcionário fez questão de me dar mais uma senha ao deixar a estação, q aceitei sem questionar. Pronto, era minha primeira “transgressão” do dia. Portanto fica a dica pra quem quiser viajar “de graça” nos busos de conexão durante dias de CPTM empipinada.

O resto da viagem transcorreu como se fosse um dia normal. De Perus foram apenas duas estações ate saltar em Franco da Rocha, onde parei na lanchonete dum chinês afim de tomar meu desjejum. Mandei ver um pingado e um enorme pastel por apenas R$2 q me deixou mais q satisfeito. Na sequencia me prostei em frente do Supermercado Russi, onde tomei qq uma das varias linhas q passam na frente do “Juca”, no caso, um intermunicipal q rumava pra Mairiporã.

E após essa aventura prévia de transporte pra chegar no parque, eis q finalmente desembarco as margens do asfalto da Rodovia Pref. Luiz S Chamma (SP-23), carinhosamente chamada pelos locais de “Estrada do Governador”. Eram apenas 8:30hrs e o sol já brilhava forte no firmamento, contrariando as previsões agourentas pro dia. Meu receio era de q o dia estivesse muito ruim e o parque estivesse fechado, uma vez logo na placa de entrada avisa com ênfase q “em dias de chuva não abrimos”. Perguntei pro guardinha da entrada o verdadeiro motivo dessa norma de “fechamento”, mas a desculpa não me pareceu suficientemente convincente. “É pq com chuva as estradas do parque ficam ruins e o pessoal já aproveita pra fazer a manutenção la dentro..”, justificou. Então tá.

 

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E após enfadonhos sete parágrafos de enrolação acima, eis q de fato inicio a pernada proposta da vez. Sozinho naquele horário, tinha o pque totalmente pra mim. Me pirulitei rapidamente pela estrada principal, pra então abandona-la em favor da entrada pra “Trilha dos Lagos”, tocando sempre pro sul, as 8:45hrs. Não tardou pra tropeçar na curva q ostenta, discretamente escondida em meio a espessa vegetação, uma entrada e uma placa onde mal se vê inscrito “Acesso proibido”. É ali. Abandono a trilha principal e mergulho no capim alto, munido devidamente com minha cota de óleo-de-peroba na mochila. Pronto, dava inicio então á minha segunda “transgressão” no dia.

O começo da trilha é assim mesmo, repleto de mato alto q vc afasta com as mãos, mas depois de uns 5m o caminho limpa por completo, tocando pra sudeste. De cara surge uma bifurcação, uma saída pela direita q ignoramos e q nada mais é q um dos extremos da “Trilha Leste”, comentada no relato anterior referente ao “Juca”. A trilha então basicamente se torna uma estrada larga q começa a descer suavemente ate dar numa baixada tomada por uma florestinha, onde o som de água borbulhante logo se traduz num simpático correguinho q cruzamos por cima duma pequena ponte. Se não pegou seu cantil e encheu com o precioso liquido (como eu fiz), este é o ultimo pto de água decente do caminho.

 

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Na sequencia o caminho abandona a floresta e emerge no aberto, subindo forte o ingreme morro sgte. O suor começa a escorrer pela pta do nariz mas será por pouco tempo. Uma vez no alto, as vistas logo se ampliam e generosos horizontes se descortinam a nossa volta, no q será a paisagem recorrente durante o resto da pernada. Franco da Rocha é visível á noroeste, o Ovo da Pata desponta a sudoeste, enqto ao sul observo a trilha q sera palmilhada pelas próximas horas, percorrendo a crista dos morros sem gde variação de altitude. A oeste, pequenina, observo a torre leste de fiscalização coroando um morrote numa crista paralela á q estou, ciente de q quiçá já tenha sido observado por alguem de plantão. Marcas estreitas de pneus ainda frescas no chão levantam um pto de interrogação qto sua origem: seriam bikers igualmente marotos ou guardinhas de moto do parque, fazendo a ronda habitual? Preferi ficar com a primeira opção.

A caminhada se mantem nivelada e desimpedida durante um bom tempo, sempre pela cumieira da morraria tocando pro sul, no aberto. Cruzo um pequeno capão de mata q me oferece um pouco de sombra, mas logo estou novamente nos descampados, tendo a brisa soprando meu rosto. Cupinzeiros, flores endêmicas e arbustos retorcidos são meus constantes companheiros de jornada, ornando ambas margens da trilha, ate q um belo vale descortina-se a minha direita. Pausa pra fotos, claro!

 

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A pernada tem seu compasso quebrado ao passar por baixo das linhas de torres de alta tensão, qdo o caminho desce numa segunda baixada pra depois começar a subi-la bem forte, aos ziguezagues, observado por urubus planando sobre mim. Visivelmente constatamos q o caminho sobe ao alto dum morro - guardado por enormes espadas-de-são-jorge - pra então começar a dar a volta e retornar pro norte, pela crista paralela á q estavamos. Não há nem necessidade de bússola pois a trilha é obvia, inconfundível e bem batida. No alto, as 9:45hrs, consulto a carta apenas pra ter a confirmação da rota e de q estou no topo dos 870m do segundo maior morro do “Juca”. A vista é maravilhosa e nos presenteia com generosa panorâmica do quadrante norte, a partir do alto daquele vértice serrano, uma junção de cristas.

Começo a descer novamente por norte, inicialmente atraves duma encosta pra depois seguir pelo alto da cumieira serrana. Na paisagem q começa a se abrir o destaque é pro primeiro contato visual com o espelho dagua dum dos braços da represa de Mairiporã, brilhando a nordeste. Percebo uma discreta trilha (parcialmente coberta de mato) saindo da crista e indo em direção ao pé da serra, a minha direita, provavelmente indo de encontro as margens da represa. Sempre tocando por norte e mais próximo da torre leste, é numa baixada q percebo uma moto com dois ocupantes vindo em minha direção. É, tava bom demais pra ser verdade. Demorou até demais pra q me chamassem a atenção ali dentro.

 

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Cléber e Anderson são dois guardas do parque e um estava levando o outro pra entrada principal, e deixavam a torre leste apenas por um breve momento. “Você não leu a placa no começo da trilha?”, perguntou um deles. “Não, o mato tava cobrindo ela! Vi não!”, respondi. Quebrando assim as pernas da conversa, ambos foram bastante solícitos e prestativos em me passar as infos q precisava saber a respeito. Disseram q a maior parte da trilhas proibidas do parque são áreas de pesquisa ambiental do pessoal da Usp, justamente pra criar um plano de manejo decente futuramente. Mas ambos foram enfáticos de q aquela ali especificamente, ou seja, na qual estava naquele momento, era “mais proibida” q as outras por um segundo motivo. “Seguindo em frente, evita ir pela principal q vc vai dar nos pés do Presidio Franco da Rocha! Lá os guardas penitenciários atiram e perguntam depois! Com uma possante e certira calibre ‘doze’!!” , alertaram. “Pega uma das duas bifurcações q saem pela direita q vc vai dar na estrada. Mas não segue reto pela principal!”, emendaram.

Me despedi deles agradecendo as dicas e prometendo nunca mais estar por ali. Alias, foi muito bom saber desse risco serio e real de levar chumbo a toa. Num piscar de olhos passei aos pés da torre leste, as 10:30hrs, q os guardinhas disseram se chamar de “Torre A de Fiscalização”. Dali pude reparar visivelmente o presidio encimado num morro forrado de eucalpitos, bem mais adiante, mas seguindo o conselho dos funcionários do “Juca”, tomei prudentemente a segunda saída q encontrei no caminho, q começou a descer a morraria pro norte. E bem afastada do presídio. Ali pude ver experimentos e medições dispostos as margens do caminho, confirmando q o pessoal biólogo da Usp bate cartão mesmo ali.

 

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A medida q avançava e perdia altitude comecei a ouvir o ruído de veículos, sinal q estava próximo da rodovia. Mas o melhor deste trecho final era a vista deslumbrante do espelho dagua da represa refletindo o maravilhoso céu azul q fazia naquele horário. A picada aparentemete terminou num ombro serrano, mas não tinha erro pois desci o q faltava atraves duma vala cimentada de escoamento de agua. E assim as 11:15hrs desemboquei novamente no asfalto da SP-23, mais precisamente no km 47. Como era ainda cedo, cruzei pro outro lado da rodovia e dei um breve e refrescante tchibum na represa, pra desgosto dos tiozinhos q ali pescavam sossegadamente.

Desnecessario dizer q estava morrendo de sede, já q não havia carregado cantil nem garrafa alguma durante o rolê. Beber da represa tava fora de cogitação. E assim, movido mais pela garganta terrivelmente seca, andei ate o pto mais próximo de bus durante meia hora, onde tomei um coletivo q me deixou novamente em Franco da Rocha. La, quase as 12:30hrs, estacionei no mercado pra comprar latinhas do meu “precioso liquido” e começar o retorno pra casa, afim de tornar produtivo o restante do dia. Dureza mesmo foi refazer td trajeto de volta, na base da senha, conexão e viagem de busao demorada.. Paciência, ia fazer o q , ne?

 

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“É proibido o consumo de bebidas alcoólicas dentro das estações!” ecoa no alto-falante do Metrô da Linha Amarela, enqto bebericava minha latinha de cevada gelada ao aguardar o vagão. Discretamente e com cara de paisagem, escondo minha breja na mochila e embarco a caminho de casa. Pronto, era minha terceira “transgressão” do dia. E prum domingo repleto delas, o dia tinha mais q valido a pena. Afinal foi mto bom ter os esclarecimentos do Juquery sanados “in loco”.

 

Realmente os motivos de proibição de algumas trilhas no Pque Juquery são dignos e necessarios, razão pela qual não vou incitar nem sugerir refazer esta vereda. No caso, será por conta e risco. Mas é tb de se esperar q esta bela e maravilhosa picada não fique apenas restrita apenas a pesquisadores. Um plano de manejo é sim possivel, de modo a q ela tb seja liberada algum dia pro publico excursionista consciente. Afinal, não se pode valorizar aquilo q não se conhece, e mto menos se pode proteger aquilo q não se ama. E além do mais, um parque cuja visitação é parcialmente proibida já perde sua efetiva razão de ser.

 

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