Membros fredludwig Postado Março 22, 2013 Membros Postado Março 22, 2013 Olá pessoal, meu relato trata da viagem de carro que fiz em dezembro de 2009 saindo de Blumenau, no estado de Santa Catarina com destino a Ushuaia, viagem que fiz sem documentos obrigatórios de identificação (identidade e/ou passaporte) para poder entrar no argentina e também no chile ou qualquer outro país do mundo. Me referi a argentina e chile porque foram os países que atravessei aduana para chegar ao destino final, Ushuaia. No fim deste relato postei links de fotos e documentos que comprovam minha história. Bom, um ano antes da viagem eu e 2 amigos, busa e musse (apelidos), iniciamos o planejamento da viagem, conforme organizado no decorrer do ano, partimos em viagem dia 26 de dezembro de 2009, com o objetivo de chegar em Ushuaia dia 30 e passar a virada de ano na cidade. Enfim, busa e musse tinham seus documentos todos conforme manda a lei, musse foi com a identidade e busa com passaporte, porém eu deveria ter feito uma nova identidade pois havia perdido a minha havia alguns meses e nao fiz, como nao tenho passaporte tmb nao levei. Como minha unica experiencia com aduanas até então era com a aduana de foz do iguaçu que divide brasil e paraguai, achei que identidade nao era motivo pra me preocupar, contudo levei comigo minha carteira de trabalho e minha habilitação, para ao menos comprovar que eu era eu. O carro estava com a documentação toda em dia e não era problema. Saímos de Blumenau dia 26 de dezembro bem cedo, e próximo da meia noite chegamos a divisa do Brasil com a Argentina em uruguaiana, musse e busa fizeram sua documentação de entrada na argentina na aduana que nem era muito bem fiscalizada, eu poderia ter atravessado tranquilamente sem ter feito a documentação, porém devido a inexperiência e pressão de busa resolvi ir até a aduana e tentar apresentar meu documento de habilitação e alegar que perdi minha carteira durante o trajeto da minha cidade até aquele ponto.. ( que idéia estupida), o plano B era tentar subornar o cara do guichê da aduana. Então coloquei o plano em prática e expliquei a situaçao da carteira perdida para o rapaz argentino, e categoricamente ele me disse o seguinte: "aqui é a ARGENTINA, aceitamos identidade ou passaporte, se voce nao tem se resolva primeiro com seu país e depois voce volta para argentina", ele preencheu um termo, me fez assinar e basicamente me expulsou do país. Resultado: passamos a noite do dia 26 em uruguaiana, num hotel proximo a aduana, no Brasil. No outro dia, após passar a noite em branco, pensando no que faria, resolvi ir clandestino dentro do carro e ver no que daria. Seguimos viagem sem muitos problemas, me pediam identidade nos hostel`s, hotéis e essas bobagens, essas situações eu contornava facilmente com desculpas do gênero: "minha carteira esta em alguma das mochilas dentro do carro, anota ai o numero do meu Rg que quando abrirmos as malas passo aqui para apresentar o documento para voce". Eu sabia que em questão de horas trocaria o turno do recepcionista e passaria em branco e de qualquer forma eu nao passava mais que uma noite em cada cidade. Quando chegamos na regiao da patagonia, começaram a aparecer fiscalizações frequentes, vistoria de alimentos, blitz militares, blitz policiais em geral, percebemos que quando éramos abordados na rodovia, somente pediam a documentação do condutor do veiculo e os documentos do carro, sendo assim eu nao dirigia, afim de evitar que me pedissem documentos, apesar da dor no estomago a cada abordagem da policia na rodovia, seguimos tranquilos até dia 30 de dezembro a noite. Na madrugada do dia 30 de dezembro de 2009, estava garoando, rajadas de ventos fortíssimos e apesar de ser verão, fazia um frio de lascar, era noite, o tempo nao estava colaborando e o movimento de veiculos ser Zero. Então chegamos na nossa segunda aduana, agora argentina/chile, nessa aduana praticamente nao tive problema, fiquei dentro do carro deitado, busa e musse entraram na aduana fizeram toda a documentação necessária, voltaram para o carro e seguimos. Alguns poucos kilometros depois tomamos o ferry boat e cruzamos o estreito de magalhaes nele, seguimos pela estrada de ripío, e para sair do chile o procedimento foi o mesmo, fiquei dentro do carro, esperei busa e musse voltarem de fazer seus documentos e seguimos para a próxima aduana, que são separadas, para entrar na argentina foi um pouco mais complicado, busa voltou ao carro e me disse que viriam revistar o veiculo, então tive que sair do carro passar por trás do departamento da aduana, cuidando com barulho, para nao ser visto e segui a pé um trecho, em seguida fiquei esperando busa e musse passarem a aduana e me pegarem na estrada. Tomei o cuidado de caminhar o suficiente para que quando meus amigos parassem com o carro para me pegar nao pudessem ser vistos parando pelos funcionários da aduana. Dia 31 pela manhã chegamos em Ushuaia, após 5 dias completos de viagem, somente parando para dormir e as vezes nem isso. Ficamos em ushuaia 3 dias, e no dia 03 de janeiro de 2010 iniciamos o retorno, logo cedo. O objetivo estava cumprido, cheguei na ponta do continente e se fosse pego na volta, paciência.... As coisas nao começaram boa, na primeira aduana da volta fizemos o que fazíamos normalmente, fiquei dentro do carro, e eles foram fazer a documentação, porém tudo estava pior, apesar do vento e o frio serem o mesmo, era a luz do dia, e as aduanas estavam lotadas, dia 03/01/2010 era domingo, muitos funcionarios trabalhando e alguns deles estavam fora do prédio para poder controlar a passagem dos carros e onibus que entram e saem do país. Quando busa e musse voltaram com a documentação feita, seguimos em direção a chancela da aduana que estava baixada, havia uma mulher que pedia os documentos e abria a chancela após fazer a vistoria, busa entregou os documentos para a funcionaria da aduana e ela nos perguntou: "Aqui no documento diz que são 2 pessoas no veículo, porque voces estão em 3 pessoas?". Busa respondeu com cara de bobo: "Será que eles erraram ali na aduana? , vamos voltar lá e ver o que aconteceu!" A funcionaria da aduana abriu a chancela e disse, "nao é necessário, pode passar." Foi o maior susto, por algum momento pensei que tinha sido descoberto..... mas serviu pra ficar mais atento, pra ver que a volta nao seria tao facil como a ida. Alguns quilometros depois era a aduana para entrar no chile, e isso me preocupava, chegamos na aduana do chile, fiquei reparando de dentro do carro e vi que nao havia pessoas para cuidar da chancela, ela estava aberta permanentemente e voltei ao plano "A", ficar dentro do carro esperando busa e musse voltarem com a documentação feita e seguir viagem, pois como eu disse nao havia ninguém cuidando da chancela. eles pararam o carro com uma certa distância da aduana, uns 50 metros, e foram fazer a documentação, volta e meia eu tentava espiar pra ver se alguém tinha ido cuidar da chancela, numa dessas espiadas puder ver musse e busa caminha em direção ao carro acompanhados de uma funcionaria da aduana chilena, nessa hora tive certeza que iria me ferrar... A funcionaria da aduana era um senhora de uns 50 anos, cabelo curto e meio claro, mas nao me recordo o nome dela, ela chegou no carro e me viu "dormindo", me acordou e me perguntou o que eu fazia ali?, eu respondi que meus amigos haviam me acordado para fazer a documentação mas eu havia pegado no sono novamente, ao mesmo tempo que eu falava fui pegando minha carteira de trabalho, ela é azul, estava velha e desgastada e ja nao tinha mais o simbolo impresso que tem em cima das carteiras de trabalho e se parece muito com o passaporte brasileiro. A funcionaria da aduana me pediu que acompanhasse ela até o prédio para fazer minha documentação, busa me avisou que ja haviam feito tudo que precisavam e que iriam me esperar dentro do carro do outro lado da chancela. Dentro da aduana havia uma fila com umas 7 ou 8 pessoas, entrei na fila e a chilena ficou ao meu lado aguardando, quando faltavam cerca de 3 pessoas na minha frente, soou um chamado no radio da policial, nao consegui entender bem o que dizia, mas a policial chilena que me acompanhava na fila, me disse para aguardar ali e saiu logo após ouvir aquele recado no radio dela. Esperei alguns segundos até ela se afastar, e em passos rapidos fui até o carro onde estava musse e busa, entrei no carro e partimos o mais rapido possivel, porém a estrada é de ripio e nao conseguiamos andar a mais de 60 km/h, alguns minutos depois olhei para traz e vi que uma camioneta, vinha atras da gente muito rapida, levantando muito pó, avisei o busa e constatamos que era uma camioneta da aduana chilena ... diminuimos a velocidade totalmente pensando que se tratava da gente, mas quando encostamos, a camioneta chilena passou por nós em alta velocidade e nos ignorou totalmente,,, comemoramos novamente e seguimos, 15 minutos mais de viagem e vimos a mesma camioneta chilena dando auxilio a um peugeot 206 preto que havia capotado na estrada de ripio. E me safei uma vez mais, contando com a sorte. Agora só faltava uma aduana que me preocupava, era uma aduana unica para sair do chile e entrar na argentina, era grande, com muita gente, muito movimento. havia uma fila de veiculos, paramos na fila e vi que haviam pessoas na chancela, que a idéia de ficar escondido no carro desta vez seria muito arriscada, porque além de uma possível revista no veiculo ainda corria o risco de a funcionaria da chancela implicar com a quantidade de pessoas no documento divergindo da quantidade de pessoas no carro. Desci do carro e fui passear dentro da aduana (investigar), enquanto busa e musse ficaram dentro do carro na fila de veiculos. Dando algumas voltas a pé pela aduana percebi que o banheiro é do lado argentino - depois da chancela, e que existe uma vaga ali para estacionar, bem em frente ao banheiro, aiiii me veio a ideia!!! voltei ao carro e falei para o busa e o musse procederem normalmente, para eles fazerem os documentos na aduana, deixar o carro ser revistado, seguir pra chancela, entregar os documentos e quando estivesse tudo certo, quando eles só precisassem seguir viagem, o busa deveria pedir para a mulher que fiscalizava a chancela, onde ficava o banheiro? eu ja sabia que ela iria apontar o lado argentino e a vaga em frente ao banheiro para ele estacionar, somente busa sairia do carro iria até o banheiro e eu estaria la esperando e juntos seguiríamos para carro e em seguida pé na estrada. Se a mulher da aduana reparasse em nós dois saindo do banheiro juntos, ela iria lembrar que estavamos em dois dentro do carro, e na posiçao que ela se encontrava ela iria nos ver de costas e nao desconfiaria por termos estaturas parecidas... musse ficaria dentro do carro tentando passar despercebido. na teoria o plano era muito bom, na prática foi um pouco mais conturbado... Quando me dirigi ao banheiro para aguardar o busa dar o sinal pra gente seguir viagem, um militar chileno ficou me observando fixamente, entrei no banheiro debaixo dos olhares dele, me tranquei num box que tinha uma privada e fiquei la por uns 10 minutos, pois só me dirigi ao banheiro quando meus amigos estavam em direçao a chancela. Esse militar deve ter me observado perambulando dentro da aduana por mais de meia hora e desconfiou, enfim, quando busa entrou no banheiro me pediu pra nao abrir a boca e seguir pro carro, foi o que eu fiz, nao falei nada, nem respondi, olhei pra frente e vi o "tal" militar na porta do banheiro e entendi, passei por ele de cabeça baixa, sai do banheiro e entrei no carro. uns 2 minutos depois o busa voltou do banheiro e entrou no carro e seguimos viagem, entao busa comentou que após eu sair do banheiro aquele militar revistou todos os boxes do banheiro e lixeiros, e que quando ele saiu do banheiro o militar ainda estava la procurando algo no banheiro... 100 km/h depois ja comecei a sentir a sensaçao de alivio, de saber que só faltava uma aduana e que era com o brasil e eu nao teria problemas. Foi uma experiência para vida toda, vários golpes de sorte, admito e muita adrenalina. Carrego comigo a certeza de que eu poderia tentar mais cem vezes e nao conseguiria novamente. Citar
Colaboradores Aline.Pires Postado Março 24, 2013 Colaboradores Postado Março 24, 2013 que demaaaais! Sem lenço, sem documento! hahahahahaha Cara, ´serio... eu admiro quem tem essa coragem toda, eu não teria, viu! E que amigos , hein? Colocaram toda a trip em risco por ti. uou Citar
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