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8º Dia – Uyuni (Salar)

 

Chegamos em Uyuni perto das 6 da manhã. O bus para na avenida Arce, à 3 quadras da praça principal que fica na av. ferroviária. Nós caminhamos até lá e a Lu e a Taia ficaram cuidando das mochilas enquanto eu, Roger e Cristiano fomos procurar as agências pra ver qual o melhor preço.

Entre as minhas preferidas estavam colque tour e cordilheira travel. A primeira não tinha mais vagas, já a segunda queria 1200 bolivianos por cabeça, o que foi sumariamente descartado por todos. Nem pechinchamos!

O Cristiano queria ver a fotos do jipe em todas as agências e deu certo trabalho fazê-lo entender que isso não dá nenhuma garantia pra nós e que as agências podem simplesmente mostrar qualquer foto nessa hora, mas certamente será outro jipe na hora de embarcar.

Após rodar por várias agências encontramos a senhora Eugenia oferecendo pacotes da agência Relâmpago da qual nunca tinha visto nenhum comentário pelo mesmo preço das demais, porém de um jeito que nos inspirou confiança. Mas como o seguro morreu de velho, resolvemos ir até um cyber (15/bol – 10 minutos) pesquisar algumas referencias da tal agência e só vimos bons comentários a respeito. Mais confiantes voltamos até a praça e acompanhamos Eugenia até a agência (av. Ferroviária ao lado da estação) para fecharmos o tour.

 

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Nós tínhamos o roteiro de 3 dias decorado e nossas principais dúvidas eram sobre o hotel de sal e o tranfer a San Pedro, mas sabíamos que girava em torno de U$ 100,00/pessoa (+/- Bol 700). O problema é que todas queriam cobrar 900 bolivianos pelo tour com regresso a Uyuni.

O que estava fora de nossos planos era um conflito de terras que estava rolando na região de fronteira com o Chile, na altura da laguna verde e que estava forçando a todas as agências a fazerem o transfer para San Pedro por outro lugar bem mais distante, além disso, a valor deste transfer estava encarecendo o tour em 250 bol por pessoa.

 

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Conversando com Eugenia pedi a ela pra que os dois casais ficassem em quartos matrimoniais no hotel de sal, pois estávamos dispostos a pagar um extra por isso, mas ela garantiu que faria isso como cortesia, já que estava muito difícil baixar o preço por causa do conflito.

Outra coisa que Eugenia também prometeu foi arrumar uma noiva para o Cristiano porque o menino devia estar “a perigo” e que apenas 6 pessoas iriam no jipe.

Após tudo acertado, combinamos o valor de Bol 750/pessoa + 250 do transfer até SPA.

Cristiano pagou só os 750, pois iria voltar a Uyuni ao fim da viagem.

 

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Colocamos todo o combinado no papel, pagamos, pegamos os recibos e os vouchers do transfer que são dados a parte pq são da empresa colque tour e deixamos a bagagem na agencia para ir tirar umas fotos e conhecer um pouco a cidade.

Tiramos fotos na estação, nos monumentos, no mercado municipal e de varias coisas que achamos legal

Nós entramos logo no primeiro bar da praça e eu pensava que só ia falar de bar e bebidas no relato..se bem que não tem sido diferente.

 

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Pedimos um desanuyo continental pra cada e uma Potosina litro pra forrar o estômago. Essa Potosina é a cervejaria mais alta do mundo conforme diz o rótulo. O banheiro do bar era ótimo e cheiroso então todos aproveitaram a oportunidade e quando saímos o dono tava puto conosco porque seu banheiro não era mais o mesmo...kkkk. Foi nesse bar que me lembrei que meu cantil de whisk estava vazio e já aproveitei pra enche-lo de tequila por 50 bolivianos (600ml)...foi a José Cuervo mais barata da minha vida.

As 10 em ponto estávamos na frente da agência e foi lá que conhecemos a Patrícia, Colombiana e quiropata que iria nos acompanhar. Ela seria a suposta noiva do Cristiano, mas não rolou. As 10:30 encostou nosso jipe e me surpreendi. Não era 0km, mas aparentemente estava em ótimo estado de conservação, o que se mostrou verdade, pois não deu sequer um susto indicando algum problema em toda viagem, nem mesmo um pneu furado.

 

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Nosso guia (Ronsard) já subiu no teto do jipe e foi colocando nossas mochilas dentro de uma lona pra proteger, em 15 minutos estávamos todos acomodados em direção ao cemitério de trens. Ficamos lá uns 15 minutos. Eu achei o lugar incrível, com muitas possibilidades pra fotos e com uma vista fantástica. Passamos 10 minutos por lá e nos dirigimos a Colchani, um pequeno povoado a 10 km de Uyuni. Lá existem inúmeras barraquinhas de artesanato e produtos locais, também é o primeiro lugar onde se vê pela primeira vez uma construção toda feita de sal e onde se tem uma dimensão real do poder que o turismo exerce na região quando se vê a quantidade enorme de jipes aglomerados e cheios de turistas afoitos.

 

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Após essa paradinha básica para compras é que temos de fato o primeiro contato com o Salar, a cerca de 5 km de Colchani fica a principal área de extração de sal para produção “industrial” e é nessa área que o salar geralmente fica alagado, criando o efeito “Espejo Del Cielo”. É lindo! Você olha pra todos os lados e vê aquela imensidão branca, sem saber onde começa o céu e onde termina a terra. Lá também é um ótimo lugar pra fotos, principalmente aquelas que se tira em perspectiva.

 

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Na sequencia vem o Museo/hotel de sal que não chegamos a entrar porque estava muito cheio, mas é lá que existe aqueles mastros com bandeiras de todos os países. Procuramos a bandeira do Brasil para uma foto e me arrependi de não ter levado uma das minhas bandeiras “Soberano Tricolor” pra ocupar um dos mastros vazios.

 

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A próxima parada é a isla incahuasi. A parada parece uma ilha no meio do branco sem fim que é o salar. Se paga uma taxa de serviço de Bol 30 por pessoa e existem dois barzinhos, mas não tem cerveja gelada, então nem encanamos de perder tempo lá e fomos conhecer o arco de corais, isso mesmo, corais. Na ilha se percebe que as rochas estão cobertas por corais e isso faz você se lembrar que o salar era um pré-histórico lago salgado.

 

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Também há uma rota que passa pelos principais pontos da ilha, até o ponto mais alto de onde se tem uma vista fantástica do salar e onde se percebe facilmente a miragem que o lago exerce nas montanhas ao fundo, sendo que estas são refletidas no fundo branco do salar e projetadas simetricamente no chão, parecendo uma montanha ao contrário, com a base mais fina que o topo.

 

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Na isla, enquanto visitamos tudo ao redor, nosso guia Ronsard preparou o almoço que estava delicioso: salada, quinua cozida como arroz, bife de alpaca e banana, para acompanhar uma coca cola quente.

Geralmente fica-se cerca de 1,5 a 2 horas na isla, mas nosso guia nos alertou que se quiséssemos bons quartos não deveríamos deixar pra sair muito tarde e acatamos o conselho.

 

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Tão logo saímos da isla, o guia parou no meio do nada pra gente poder observar bem de perto os pentágonos que se formam no chão quando o sal seca e que são a “imagem” que descreve o salar. Ele explicou porque tem esse formato, mas não entendi bem, só sei que tem alguma coisa a ver com a composição molecular do sal quem é rico em sei lá o que...

 

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Por volta das 5 da tarde chegamos a um povoado, que se não me engano era San Juan. As construções eram normais, até que avistamos um lindo prédio de sal e pensamos: “puxa, como seria legal se ficássemos hospedados lá”...e o tal prédio foi se aproximando, aproximando, até que paramos bem em frente e o Ronsard pediu para que esperássemos um pouco. 5 minutos depois volta ele falando pra descermos as bagagens que iríamos ficar ali aquela noite e todos vibraram porque era o lugar mais bonito do povoado. Tudo de sal! Mas tudo mesmo...parede, lustre, cama, mesa, banco, até a cortinha entre o corredor e o refeitório era de sal. O chão era sal grosso! Alguém ainda teve a idéia de fazer um churrasco: “pois é...a gente pega a carne, esfrega no chão e põe pra assar...tempero não vai faltar”...rsrsrsr

 

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Como chegamos antes de todos o Ronsard nos levou para que escolhêssemos nossos quartos e pegamos os dois maiores matrimoniais e tu acredita que até abajur de sal tinha? A Taia pirou e simplesmente não acreditava que tava vendo tanta coisa linda assim num dia só.

As 6 o guia serviu um chá, leite, café, bolachas e balas e o Cristiano apavorou achando que aquela era a janta, mas como já tinha lido por aqui antes eu sabia que era apenas um chá de boas vindas e que a janta seria servida mais tarde.

Logo após o chá fomos tomar banho e aproveitar os banheiros limpos, sem os gringos europeus porcalhões. Aliás, isto merece um adendo: Pq europeu joga o papel higiênico usado no vaso? pq por lá esse é o hábito, já que os papeis são biodegradáveis e se desmancham em contato com água! O problema é que eles acham que aquele papel higiênico rosa vendido na Bolívia, que mais parece uma cartolina de tão duro, funciona igualzinho papel europeu, ai você imagina a merda (literalmente) que vira a porra da privada, pior ainda, pq não dão descarga? Pq a porra do vaso entupido vai transbordar e eles não querem fazer uma cagada (rs).

 

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Depois do banho veio a nossa janta que eu não me lembro o que era, mas sei que era farto e tava muito bom. Ai enquanto a gente comia o guia veio explicar o que faríamos no dia seguinte e depois de tudo entendido ele nos presenteou com uma garrafa de vinho (uhuuuu). Juntamos a garrafa do Ronsard com outras 4 do estoque que estávamos levando e fomos ver as estrelas. Puta que pariu...eu não sabia que tinha tanta estrela assim no mundo! O céu chegava a ficar branco de tanto pontinho estrelado!

 

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A galera ficou bêbada rapidinho. Acho que juntou tudo, cansaço da viagem na noite anterior com vinho tinto e a combinação resultante foi sono contagiante. Ainda assim, combinamos de acordar antes do sol nascer para tirar umas fotos no deserto. E todos pra cama!

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olá leo, seu relato ta muito bom!! você lembra o nome agencia que contratou pra fazer o salar?

 

Foi a agência Relâmpago na av. Ferroriária, ao lado da estação. O guia Ronsard é recomendadíssimo!

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9º Dia – Salar

 

Era 5:20 da manhã quando o despertador tocou. Até havíamos combinado com o Ronsard de sair só as 6 da matina, mas queríamos ver como era o nascer do sol no deserto já que ele havia dito que na segunda noite ficamos em um alojamento perto de montanhas e só se vê o sol quando ele já está alto, perto das 7 da manhã, resolvemos acordar mas cedo naquela noite. Fizemos o certo, pq no segundo dia realmente não dá pra contemplar o nascer do sol muito bem.

 

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Logo depois arrumamos todas as coisas e fomos tomar café da manhã: bolachas, pão de forma, manteiga, geléia, doce de leite, chá, café, leite e chocolate. Tinha chá de coca mas eu nem liguei.

Quando acabamos, ajudamos o Ronsard a terminar de por as mochilas no 4x4 e zarpamos junto com outro grupo que também estava no mesmo hotel. Nessa hora estávamos na frente deles, mas o motorista do outro jipe parecia um doido querendo nos ultrapassar de qualquer maneira em uma estradinha minúscula que não cabiam dois carros lado a lado. Gostei muito da atitude do Ronsard que se mostrou muito responsável e ao invés de entrar na onda do outro motorista como a maioria faz, encostou o jipe e deixou o doido passar pra continuar tranqüilo logo depois.

 

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A paisagem é bem diferente neste dia. Se vê mais montanhas, pastos, plantações e a paisagem ganha muito mais contornos do que a planície do salar.

O primeiro lugar que paramos foi em um bar no povoado de San José. Tinha várias cervejas diferntes por lá, inclusive uma feita de quinoa, mas estava U$12,00 cada, isso mesmo, preço em dólares é mole.

 

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Perto do bar uma chola tocava o rebanho de lhamas e aproveitamos pra tirar várias fotos dos bichos. A chola ficava gritando umas coisas estranhas pra nós, acho eu que em aymarã ou quéchua talvez, mas espanhol não era não. O que sei é que ela tava braba pacas conosco, mas nessa hora é bom ser gringo e não entender muito bem o que tão dizendo...rsrsr

 

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No caminho até o mirador do vulcão Ollague a gente passa pelo salar de chiguana que é bem diferente do salar de Uyuni, plano, mas com presença de vegetação. No mirador, as rochas parecem desenhadas pela força dos ventos que são muito fortes. Algumas pedras formam arcos, outras ficam suspensas e parecem flutuar, já outras nem parecem pedras. O vulcão Ollague ainda está em atividade e sai uma fumacinha constante do topo, mas que não estava muito forte nesse dia.

 

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O dia estava calor dentro do jipe, mas fresco fora dele e o contraste com as montanhas nevadas ao fundo era fantástico. Passamos pela laguna canãpa mas não paramos e seguimos até a laguna Hedionda. Linda, é esbranquiçada por causa da grande concentração de sal e tem uma vegetação nas margens que contrasta com o fundo avermelhado do deserto, foi onde vimos os primeiros flamingos

 

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Foi lá onde almoçamos. Era um grande filé de frango, com batatas fritas, arroz, salada e banana. Pra acompanhar coca cola quente. O que eu achei legal foi o cafezinho instantâneo depois do rango, que não é comum para os Bolivianos.

 

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A próxima parada foi na laguna Honda que tem um hotel a beira da lagoa chamado hotel Del flamingo. O que eu não consigo entender é como alguém consegue dormir ali, com aquele cheiro insuportável de ovo podre. O café do hotel estava fechado e não havia muito que fazer por ali além de usar o banheiro a Bol 5. Fala sério, no meio do deserto pagar pra usar o banheiro só se for o nº 2 né... fui atrás de uma moitinha e mandei ver! Na sequencia passamos pela laguna Charcota e pela Ramadita onde ficamos apenas alguns minutos.

 

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O caminho pelo deserto de Siloli demora, cerca de 2 horas, e todos dormiram. Acordamos com o carro parando, ao lado do arbol de piedra, com uma ventania do caralho que me deu uma puta dor de cabeça. A mulherada saiu correndo do carro, tirou uma foto no arbol e correu de novo pra dentro do 4x4. Eu e Roger decidimos tirar fotos de cada pedra do lugar...

Aqui também já é outra paisagem, com areia fina misturada a pedrinhas minúsculas que dão outro visu completamente diferente do que vimos até então.

 

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Logo depois chegamos a Laguna Colorada que é gigante e se não me engano a maior de todas, foi a única que não tive dúvidas qual era aquela lagoa por causa da cor do lugar.Carregada de enxofre a laguna tem uma forte cloração vermelha e um cheiro característico que alguns confundem com outra coisa. O Cristiano foi um desses e ficava o tempo todo perguntando quem tinha peidado. Lá tem um pequeno mirador e também é onde se paga o acesso a Reserva Eduardo Avaroa, mas como havia dito, estava tendo um conflito de terras na região da fronteira e por causa disto não estava sendo cobrado a entrada já que o único ponto da reserva que podia ser acessado eram os geisers Sol de mañana.

 

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Depois de uns 20 minutos admirando a paisagem embarcamos com destino ao alojamento onde todos ficam na segunda noite. Este é bem mais simples do que o primeiro, os quartos são compartilhados e todas as empresas dividem o mesmo local. Se não me engano a Cordilheira travel é a única que tem alojamento exclusivo.

Deixamos nossas coisas no alojamento e o Ronsard veio nos perguntar se a gente preferia ir nos geisers ainda hoje e dormeir até umas 6:30 no dia seguinte pra poder sair umas 7 da manhã, ou se queríamos acordar mais cedo (05:30) e sair logo na sequencia.

Optamos pela primeira opção, apesar de o guia ter explicado que de manhã as colunas de vapor são bem mais fortes pq está mais frio. Em 40 minutos chegamos lá e estava um frio e um vento insuportável. Nessa hora pensamos como deveria ser de manhã que faz mais frio.

 

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Os geisers tem um cheiro de enxofre brabo, daqueles que dão até dor de cabeça de tão fedido. Mas é bem legal ver a terra borbulhando. O guia veio nos contar que é tradição por ali colocar ovos pra serem cozidos no vapor que sai da terra. Será que fica bom?

Logo depois voltamos ao alojamento e atacamos o café da tarde como se fizesse anos que não comia nada. O cardápio foi o mesmo do dia anterior. Depois resolvemos pagar Bol 10 por um banho quente. A água passa dentro de uma serpentina e é aquecida com carvão em brasas. O Responsável por todo esse processo é um garoto de 10 anos de idade, auxiliado por sua irmã menor, de 6 anos. Água quente é modo de falar, pois sai um fiozinho de água, que quando chega ao corpo já está morna ou quase fria, mas de qualquer modo é bem melhor que gelada. Esse mesmo garoto comandou uma apresentação da criançada em que cantavam e tocavam para arrecadar uns trocados durante a janta.

 

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Depois do banho todos se reúnem na sala principal do alojamento. É o momento de interação entre as excursões que estão lá naquele dia, quando todos se encontram pra jantar e papear, o rango foi macarrão com molho caseiro de tomates e queijo meia cura ralado...tava “bão com força” como dizemos aqui no MS

Durante o rango ganhamos outra garrafa de vinho assim como todas as outras agencias dão na segunda noite, só que nós estávamos ganhando todas as noites uma garrafa que juntamos com as outras 6 que levamos. O nosso guia Ronsard se juntou a nós e escrevemos um bilhete bem grande agradecendo a agência e ao guia pelo serviço bem prestado, pois reparamos que as agências usam estes “recados” que os turistas escrevem para convencer novos turistas a fechar com eles.

 

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Todos estavam “animados” com o vinho, enquanto as outras mesas estavam bem quietas nós falávamos alto, riamos e conversávamos animados, ficamos nessa, conversando e bebendo até umas 3 da manhã. As mesas iam se recolhendo para o quanto e deixando o resto do vinho com a gente..no fim contabilizamos 11 garrafas sobre a mesa, mas nem todas estavam cheias quando ganhamos. A Taia, que havia dito que eu gastei dinheiro à toa com a tequila no dia anterior, disse quando os vinhos acabaram e eu apareci com meu cantilzinho cheio do precioso liquido de algarve, que aquele foi o melhor investimento da minha vida, depois dela é claro....rsrsrsr

Nesse dia foi o dia mais frio de toda a trip, e foi esse frio que convenceu todos a ir pra de baixo das cobertas...

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10º Dia – Salar x San Pedro de Atacama

 

Se houvesse algo que poderia ser mudado na viagem seria este dia.

Desde que saímos de Uyuni sabíamos que havia um conflito na região da Laguna Verde e que a fronteira com o Chile estava fechada na região que dá acesso a Sam Pedro, inclusive pagamos mais caro pelo transfer até justamente pelo desvio que deveria ser feito. O problema é que interpretamos errado as informações que nos foram passadas pela agencia em Uyuni.

Lá fomos informados que normalmente se chega a fronteira com SPA por volta das 11 da manhã e que desta vez iríamos atravessar pela região de Ollague, perto do vulcão, e que chegaríamos lá por volta das 12:30~13:00. Pensamos: “Ora, são duas horas a mais apenas, vamos pagar a diferença do transfer pq queremos ir a SPA”

Já em Uyuni, a patrícia (colombiana) e o Cristiano haviam decidido que voltariam para Uyuni enquanto nós faríamos o transfer até SPA. Pouco antes de dormir o Ronsard veio combinar conosco se eles e nós toparíamos uma troca: havia duas pessoas em outro jipe que iria fazer o transfer também, enquanto o restante iria voltar para Uyuni. Então a Pati e o Cris iriam com o jipe deles, as 5 da matina, enquanto nós mais o casal do outro jipe irai conosco para Ollague as 6:30 hrs.

Como já tínhamos visitados os geisers no dia anterior pudemos dormir mais um pouco e quando acordamos, lá pelas 6:15, a maioria das agencias já havia partido, inclusive a Pati e o Cristiano, mas nós já havíamos nos despedido no dia anterior.

Então tomamos aquele café da manhã regado, arrumamos as nossas coisas e rumamos até a fronteira com previsão de demora de 5:00~5:30 horas direto.

Para ir mais rápido, o guia Ronsard decidiu ir por outro trajeto que normalmente não é usado por conta de trechos interditados pelos moradores e que fatalmente tem cobrança de pedágio pra passar. Além disto, o povo dessa redondeza não costuma ser muito amigável. Concordamos com os riscos e foi uma grata surpresa.

O caminho muda logo que deixamos a Laguna Colorada indo em direção a Laguna Capina que avistamos de longe e parece ser linda. A paisagem é muito mais verde do que qualquer outro lugar que estivemos neste dias, com uma fauna e flora viva e que nem lembra um deserto. Passamos por avestruzes selvagens, Vicunãs assustadas, Lhamas e muitas aves. O verde impera em algumas áreas.

 

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Nesse dia nós praticamente não paramos. A primeira paradinha rápida (5min) foi perto de Villa Mar, um dos maiores povoados da região, para a negociação entre o Ronsard e um grupo de pessoas que havia interditado a estradinha com pneus. Já em Villa Alota, paramos bem no meio de um areião onde tem duas traves, dizem ser campo de futebol. Nesse dia eu estava com a camisa do Brasil e dois moleques que estavam por perto logo encostaram com uma bola intimando a gente pra uma pelada. Quando eu, perna de pau que sou, tentei bater uns “balõezinhos” com a bola os moleques começar a rolar no chão de tanto rir...gritavam assim: “Brasileño bola mala carrajo”...Ronsard, rachando o bico, me explicou que eu não estava entendendo errado, era mesmo “Brasileiro ruim do caralho” que os pirralhos gritavam. Mas ai meu amigo, a bola caiu no pé do cara que tinha trocado de lugar com o Cristiano e que infelizmente não lembro o nome. Pensa no Ronaldinho com 25 anos só que branco e com os dentes retos (rsrsr). Pois é...o cara deu show, perdemos a conta de quantas embaixadas e de quantas maneiras diferentes ele fez isso. Os moleques tentaram o tempo todo tirar a bola dos pés dele, mas não conseguiram e o cara sem deixar a bola cair no chão deu vááários olés na molecada que tiveram que engolir o riso e bater palmas pro cara, aliás, todos aplaudiram porque o cara representou o Brasil e nos deixou orgulhosos.

Depois do show, mais um pedágio e então entramos na mesma estrada que passa pelo mirador do vulcão Ollague e sabíamos que estava perto da fronteira já. Dito e feito, em 30 minutos chegamos lá. No relógio e era exatamente 12:00, como Ronsard havia nos prometido.

Do lado Boliviano há um pequeno posto de controle na fronteira. Todos ficam na mesma fila e é preciso apresentar passaporte ou RG e o papel de entrada na Bolívia, aquele que você recebe quando entra no pais e que se perder vai custar alguma propina para o policial na fronteira. O Roger e a Lú apavoraram quando procuraram o papel e não acharam. Ficaram um pouco nervosos mas tudo se resolveu quando olharam na capa do passaporte.

Depois disto o Ronsard nos levou a um ponto, uns 500 mts a frente, onde o mini bus da colque tur estava. Tinha umas 30 pessoas que fariam o transfer e quando reparei melhor no bus vi que não ia caber todo mundo. Deixei o pessoal descarregando as mochilas do Jipe e corri pra falar com o chileno que estava organizando uma fila doida.

Essa primeira fila guardava as mochilas no Jipe, depois disso tinhamos que entrar em outra pra entregar o voucher e preencher uma listada imigração.

Nessa hora um monte de gente começou a arrumar confusão e gritar com o cara porque tinham pago o transfer na agencia e não haviam recebido nenhum voucher.

Tinha um grupo de Brasileiros nessa e um dos caras que segurou o guia dele pelo colarinho e não deixou ele sair de perto enquanto não resolvesse. Eu achei que o brazuca ia encher o Boliviano de porrada, mas o cara ligou pra uns duzentos números e conseguiu resolver o problema.

Eu particularmente não teria resolvido dessa maneira porque acho que violência não dá razão a ninguém, mas de todos que estavam com esse problema o único grupo que embarcou no mesmo bus que nós foi esse de brasileiro “alterados”.

O mini bus até saiu meio vazio no fim das contas...e andou só mais 500 mts., parou em um posto da aduana chilena e ai já pudemos ver a diferença de desenvolvimento entre os dois países. Tudo limpinho, prédio moderno, policiais sérios, fila organizada, entrevista para saber pq você ta entrando no país e mais um monte de frescura.

Você recebe um papel pra prencher com um monte de informação, entra em uma fila pra carimbar o papel, pega a mochila e vai pra outra fila, a que os policiais fazem você abrir a mochila na frente dele e revistam tudo.

Não pode entrar com frutas, verduras, ervas...nada orgânico ou vivo. Químicos e explosivos também estão vetados, então, a menos que você seja um terrorista tem duas alternativas: ou usa tudo na Bolívia ou corre o risco de virar namoradinha de algum chileno em uma prisão qualquer por lá.

Mas não é beeeem assim não.

Logo que saímos da fronteira o bus para na cidadezinha tipo faroeste de Ollague, aos pés do vulcão homônimo do lado Chile. Lá o motorista tenta forçar você a fazer o câmbio e muita gente cai nessa e acaba trocando bolivianos ou dólares por uma taxa nada atraente. Não caia nessa, se bem que...

A viagem demora pra cacete. Nós havíamos planejado ir ao Valle de La Muerte e Valle de La Luna pra ver o por do sol na Quebrada de Cari, mas o tour sai as 16 horas e nesse horário estávamos a uns 100 km de Calama. Ou seja, só no dia seguinte.

As 18 horas nós saímos de Calama depois do bus ficar parado uns 40 minutos em um posto de gasolina da Petrobrás, uma puta cara de Brasil nesse lugar. Picolé Kibon, Pizza hut, Expresso Café do Ponto com a marca “Hecho em Brazil” destacada, Posto BR, Uno Mille e Ford KA no estacionamento...o ruim foi não ter feito aquele câmbio que falei pra vocês não fazerem também...assim passamos uma vontade danada de tudo isso, do picolé pra refrescar ao café pra matar saudades.

Chegamos em San Pedro em um sábado as 8 da noite. Levamos as mochilas até a praça principal e deixamos as meninas cuidando enquanto eu e Roger fomos sacar dinheiro. Saímos na captura de um dos Hostels que havia na minha lista, mas antes passamos em uma conveniência e compramos 04 empadas, uma garrafa de água litro e 4 cervejas “quentes”, não sei o valor de cada coisa mas tudo deu P$ 9.500 . Deixamos com as meninas e fomos de hostel em hostel batendo a cara com a falta de vagas. Todos lotados. Ai o plano do hostel barato foi pro pau. O mais em conta foi o Covatsch, supimpa, mas pagamos 18500 pesos por pessoa em um quarto compartilhado para 4. O hostel é bem localizado, mas por ficar entre duas conveniências. Quem tem planos de gastar pouco e cozinhar esse é o lugar certo de comprar as coisas.

Depois de um banho fomos no Delicias Del Carmem virando a esquina do hostel, pois já tinha visto por aqui que tem um dos melhores temperos de SPA. Confesso que achei meia boca o rango deles, mas a empada é realmente uma delícia, porém tudo é muito caro. A conta deu P$ 38.000 p/ 4 empadas, 2 cervas, uma chorrilhana pra dois e 2 sucos.

Quando saímos do restaurante fomos comprar passagem pra Arica. Já que tínhamos perdido o passeio daquele dia então decidimos que iríamos ficar mais um dia além do planejado em SPA, mas quando chegamos no guichê só haviam passagem pro domingo ou pra terça. Então voltamos ao planejamento inicial de apenas um dia.

O tempo todo ficamos na estrada e nesse dia e nossa maquina havia ficado na mochila, quando chegamos em SPA e saímos pra comer deixamos a nosso no hostel, então quase não temos fotos deste dia. Assim que pega-las com a Lú e o Roger eu adito aqui.

A gente tava quebrado de tanto viajar e por volta das 21:30 voltamos ao hostel, tomamos banho e nem vi mais nada...só sonhei!

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