33 DIAS - BOLÍVIA E PERU + CHILE + ARGENTINA - DO YOU EAT CHICKEN HEART?

[barbaraleitao]

Barbara, nao nos abandone! hehe

 

Voltei!! Hahahahaha

 

Essa semana ta muito corrida, estou voltando a rotina de trabalho já com muita correria.

 

Menina relato bom demais, sério, hoje eu ri demais lendo isso: ".. E quando dei por mim, meu pé escorregou nas pedras (o chão é todo de pedrinhas), eu cai de joelho e como era ladeira, eu rolei. SIM, EU ERA DESAJEITADA, E AGORA EU ESTAVA ROLANDO NA BEIRA DO PRECÍCIO E PRAGUEJANDO EM INGLES: OH MY GOD! Ahahaha"..Ri incontrolavelmente..imaginei a minha pessoa que é desastrada neste momento..hehehee..Tô indo pra lá em junho e espero muitas quedas e risadas..hee..estão ansiosa esperando pela parte de santiago, porque passarei 7 dias lá..

Um beijo conterrânea...tô daqui seguindo o relato..=*

 

Ahhhhh que bom que está gostando, eu estou amando escrever! Fico relembrando esses dias... e sim, foi assim mesmo! Hahahah E poxa... eu sinto dizer sobre Santiago, mas vou te decepcionar muito! ahahahahaha O ápice da minha viagem foi bem antes... Santiago com certeza foi o fundo do poço pra mim (não por causa da cidade). É que eu estava no final da minha viagem, tinha ficado frustrada por ter que ir embora de mendoza (cidade anterior) e deixar algumas questões pendentes (eu explico depois) e .... estava morrendo de saudades da minha família e doida pra ir embora, ACREDITA NISSO? Enfim, eu amei Santiago pela experiência que eu tive com pessoas lá, fiz boas amigas e comi bastante também, e alguns lugares são muito lindos... posso te dar as dicas do que eu fiz (andei e pedalei bastante), e vinhos também! Mas....... considere que eu já estava esgotada, viu.. ^^ Nem pra Vina del Mar e Valparaiso eu fui, porque queria economizar pra trazer mais vinhos pra meu pai! ^^

 

Obrigada pelos comentários, viu!!! É isso que recompensa!

 

Olá Barabara,

escrevi aqui te agradecendo as respostas uns dias atras, mas não foi enviado. Então muito obrigada pela sua atenção. Tambem sou do nordeste, de Fortaleza, então vc já deve ter noção da nossa dificuldade com roupas de frio. Tenho algumas coisas que comprei, mas mesmo assim quero dar uma reforçada.

Em julho do ano passado fiz uma viagem com uma menina que depois virou minha amiga pro Chile, nesse mesmo estilo mochilão, sempre ficamos em hostels, e tirando o primeiro dia que tivemos um pouco de receio por sermos meninas, os outros ficamos em quartos mistos compartihados. Chegamos até o atacama, com a vontade enorme de seguir até uyuni, mas não tinhamos tempo, muito menos dinheiro.

Seu relato, de uma menina viajando sozinha, me desperta muita curiosidade, to tentando acompanhar todos os seus passos.

To aqui te seguindo

 

Ah, magina... Fortaleza é a cidade da minha familia, um dia vou pra ai! Hahaahha E sim, comprei tudo pela internet ou durante a viagem... porque aqui também não tem nada. E sim, não foi nem receio que eu fiquei em quarto de mulher viu, foi preferencia mesmo... não me arrependo! Mas os compartilhados também foram sussa.

 

Continue por aqui que a gente se fala mais!

 

Relato muito legal, Bárbara! :'> :'>

 

Obrigadaaa

Editado Março 16, 2013 por Visitante

[barbaraleitao]

DIA 10

 

Bom, eu acordei em Cusco, pronta pra seguir viagem. Depois de falar com algumas pessoas, tomar café e fazer check-out, deixei minha mochila grande no hostel e fui com minha mochila de ataque pegar novamente a van para Ollanta. Eu já conhecia tudo muito bem, foi fácil ir sozinha. Logo de cara, dois israelenses que sentaram do meu lado começaram a conversar comigo. O pai e o filho estavam viajando juntos, e eu estava bem sozinha, nostálgica. O pai simpatizou comigo e ficava conversando bastante, e o filho dormiu. Quando chegamos em Ollanta, ainda faltava um tempo pra o trem, pois fui bem antes pra não arriscar, então fomos dar uma volta na cidade de novo, porque eles não conheciam. Foi tão estranho, porque ainda ontem eu estava lá com a Ewa, e agora eu estava lá com eles... tão diferente! Ele era um guia-turístico lá em Israel e conversamos bastante sobre a cultura deles, foi muito produtivo.

 

Nesse dia eu comecei a pisar na bola muito feio, no dia seguinte então nem se fala. Mas... o primeiro erro começou quando reservei o hotel, não vi o preço e reservei um hotel por U$40. O que, como eu falei, era quase o valor de um dia de viagem com comida (U$57), e lá as coisas são caras, eu ia ficar bem quebrada pra compensar isso depois. Durante uma conversa com o Israelense, ele me falou o preço do hotel dele e eu fui ver o preço do meu, ai que eu descobri o valor... então resolvi procurar outro hostel quando chegasse em Águas Calientes, mais simples.

 

Fomos pra a estação na hora, eu peguei um trem de categoria melhor na ida, por causa da troca de horário. Foi muito confortável e as vistas são realmente lindas. O lanche é pequeno, mas é tão sofisticadinho, dá até gosto! Heheheh. Ainda me sentia meio estranha sozinha de novo, mas tudo bem.

 

 

Quando cheguei lá, fiquei perdida pela cidadezinha por um tempo. Até que encontrei um hostel que eu gostei e resolvi ficar (ERRO GRAVE). Eu paguei (ERRO MUITO GRAVE), deixei minhas coisas e fui passear pela cidade. O hostel não era tão bom, o quarto não tinha janela e parecia um cubiculo, não era hostel, era hotel mesmo. Era no quarto andar de escada, o que no Peru é um problemão e era meio esquisito. Enfim, era mais barato e pelo menos era só uma noite.

 

 

Quando fui caminhar pela cidade, por acaso passei na frente do hostel que eu tinha reservado. Adele Hostel. Reservei ele por que soube que era do lado do Rio Urubamba, e muito confortável. Ai... como eu já estava lá, resolvi passar pra cancelar a reserva e dizer que não ficaria né. Só bastou isso, ao entrar descobri que minha reserva seria cobrada da mesma forma direto no meu cartão de crédito (essa foi a unica reserva que eu fiz com cartão), e que eu não poderia cancelar no mesmo dia, só se fosse no dia anterior. Foi um choque, eu não tinha opção. Eu falei, ok então, eu vou fazer o checkin.

 

Pensem comigo:

1) Pagar hotel caro e o barato (já estava pago) e ficar num super quarto.

2) Pagar hotel caro e o barato (já estava pago) e ficar num muquifo.

 

Então, já que ia pagar de qualquer jeito, era melhor ficar no melhor. Tudo que eu podia fazer era voltar lá e tentar implorar meu dinheiro de volta. Eu me sentia muito idiota, morrendo de vergonha. Voltei pra o outro hotel e a moça me disse que não podia me devolver porque ela já tinha dado entrada no sistema. Contei que não poderia ficar de qualquer jeito, e ela falou que tentaria conversar com o gerente. Foi lá dentro e voltou dizendo que realmente não podia me dar o dinheiro, se poderia me oferecer um desconto. Eu disse que não poderia ficar, contei mais uma parte da história, ela tentou de novo falar com o gerente e continuou dizendo que não poderia me dar o dinheiro. Ai eu disse que eu não sabia que não poderia cancelar minha outra reserva, que eles iam me cobrar de qualquer jeito, que como já estava pago eu ia só pegar minhas coisas então porque eu realmente não tinha opção. Já estava tudo pago. Eles tinha o número do meu cartão de crédito (eu tava quase chorando). Ai ela fez uma ultima ligação e já estava com tanto dó de mim.... ela conseguiu convencer o cara e voltou com meu dinheiro. Eu só faltei abraçar ela. Sério, quando se viaja com dinheiro contado, esses momentos em que se faz merda são muito tristes... heheeheh

 

 

Eu fui pegar minhas coisas, agradeci muito ela novamente. Me despedi do quartinho horroroso e fui pra o Adele. GENTE.............. depois dessa história de cão, eu posso dizer uma coisa... QUE QUARTO. Eu tinha SKY, pela primeira vez na viagem pude ver friends. Eu tinha uma vista SENSACIONAL, eu estava no pé das montanhas, na beira do rio, ouvindo o barulho ESTRONDANTE das águas, pertinho da saída do ônibus e COM MEU DINHEIRO DE VOLTAAAAA. Tudo tinha dado certo na viagem até eu ir pra lá, pelo menos eu tinha conseguido resolver essa primeira situação, estava tudo ótimo. Eu só queria um banho, e deitar na cama pra relaxar.

 

Esse era meu paraíso:

 

 

Essa era a vista de (pena que o som não dá pra ouvir hehehe):

 

 

De frente as montanhas eram coisa de louco, você podia sentir a atmosfera diferente. Peru é sensacional!

 

Eu ainda fui caminhar pela cidade DELICIOSA de Águas Calientes durante o dia, e depois voltei pra o hotel.

 

 

Comprei as passagens de ônibus pra o dia seguinte, ida e volta deu uns U$30. Muito caro... mas me falaram que seria bem gasto. Eu ouvi que era legal subir de ônibus e descer a pé, mas resolvi comprar as duas. E ouvi também que era bom ir BEM cedo, muito cedo... MUITO CEDO. Isso com certeza influenciou muito do que aconteceu no dia seguinte (ERRO SUPER GRAVISSIMO hehehehe), veja nos próximos capítulos!

 

Fiquei nessa malemolência resto da noite, falei com toda a família e desci pra me preparar pra o dia seguinte e passear pela cidade a noite. Comprei 3 pães, presunto, queijo e suco Tampico em garrafa. Deu uns S/.15,00 tudo isso e a moça me conseguiu uma faca de plástico. Dei umas voltas pela cidade a noite, mas não tinha como pagar aqueles preços na comida. Ouvi uma banda local tocar, nas ruas de Águas Calientes... Nossa, muito lindo e tenho o vídeo (já chorei de saudades assistindo depois que voltei, a música marcou a viagem toda). Eu rodei bastante a cidade, é muito gostoso lá a noite viu, muita gente, muito bar legal...

 

Voltei pra o hostel depois disso e fui fazer os meus sanduiches pra o dia seguinte e pra a janta. O hotel ainda me deu mais comida pra levar, pois não tomaria o café porque ia sair cedo. Fiz o checkout, preparei tudo pra levar, pedi pra o hostel guardar uma sacola pequena só e o resto eu ia levar comigo. E fiquei lá tentando conter a expectativa do dia seguinte, tentando dormir.

Editado Março 20, 2013 por Visitante

[Giselli Braga]

E aí tu me mata de angustia e de curiosidade..ela é má gente...hihihihi

[barbaraleitao]

Escrevendo dia 11 agora, já já eu posto!

[barbaraleitao]

Esse dia tem poucas informações de preço e muita muita história pessoal. Foi o dia que eu fiz tudo errado, e talvez sirva pra alguém. Eu aprendi muita coisa, vale dizer.

 

Vai um pouco contra a tradição dos relatos dos mochileiros, que dizem pra você ir cedo pra Machu Picchu, mas acho que cada pessoa é diferente e pra alguns isso serve, e pra outros não. Não deveriam falar disso como se fosse o melhor pra todo mundo , serve pra a gente filtrar melhor o que lê, e vê se isso se aplica a gente ou não!

Eu devia saber. Afinal, quando acordo cedo fico meio zumbi, imagine meu senso pra tomar decisões de madrugada (altamente afetado, como vocês verão heh)! A gente vai descobrindo o que gosta e o que não gosta numa viagem, percebam isso e alterem seus roteiros. Essa é minha maior dica. DESCUBRAM O QUE VOCÊS GOSTAM EM VIAGENS. Se não gostam de museu, não vá pra uma cidade que só tem museus. Se não gostam de tours, não vão pra um lugar que só é possível fazer os passeios com tour. E por ai vai. Nada é lei. Meu relato é completamente deficiente em alguns lugares justamente por isso. Fui pra o lugar e quando cheguei percebi só tinha tours (vide San Pedro de Atacama). Vocês vão ver o que acontece. Hhahahaha ^^

 

Filtrem, filtrem, filtrem!!!! Hahhaha

 

DIA 11

 

 

 

Normalmente, Machu Picchu é o dia mais "esperado" dos mochileiros. Então, apesar de não ser o meu objetivo na viagem, tinha uma certa ansiedade na noite anterior, e eu não conseguia dormir por muito tempo. Eu acordava toda hora, sonhei que perdia a hora, sonhei que acordava 3 da tarde, ai acordava desesperada, dormia pra sonhar de novo e minha noite foi assim. Como eu ouvi falar que era pra ir cedo, resolvi levantar logo e ir. Ô ERRO MALDITO.

 

Eu fui, arrumei as coisas, e sai do hostel. Isso era umas 4:30 nem sei... era muito cedo! Deixei minha sacola no quarto pra eles guardarem e a chave também. Fechei a porta e não tinha mais volta. Atravessei a rua e fui pra o lugar do ônibus. NÃO TINHA UMA ALMA VIVA NA RUA. Eu fiquei ali por um instante, e não vi ninguém na frente do lugar que eu achei que seria a saída do ônibus, e em todos os relatos que eu li o pessoal chegava bem cedo e mesmo assim tinha fila já. Então eu comecei a imaginar que tinha algo errado. Ai via gente indo numa outra direção, numa rua escura que tinha descendo. Resolvi "dar uma olhadinha" pra ver se tinha alguma fila de ônibus por lá. Ai fui indo, fui indo, fui indo e não chegou ônibus, pelo contrário, era um caminho sem iluminação no meio da noite, uma pessoa a uns 10 metros na minha frente e uma a 10 metros vindo atrás de mim. Eu percebi que não era lá, claro, mas tinha a curiosidade do que vinha pela frente, do que seria... mas quando percebi eu tava no escuro total. Eu só podia pensar em minha sobrevivência no escuro, né. Porque se eu caísse em algum lugar ninguém ia perceber, e a única coisa que guiava meus passos era o barulho do rio a minha esquerda. Daí pensei em falar com a pessoa que vinha atrás, para caminharmos juntos. Foi ai que conheci a primeira pessoa desse dia, e fomos conversando e caminhando até chegar na entrada das escadas e isso demorou um bom tempo, com uma lanterna.

 

Eu tinha pensado em voltar, claro que tinha. Ou eu voltava ou ia de escada, mas eu estava com medo de voltar naquele escuro e fui indo, fui indo, fui indo... Depois de uns 20 minutos ou meia hora andando, chegamos a portaria das escadas e começou a chover muito. Todo mundo tinha capa de chuva, menos eu! MENOS EU. Todo mundo sabe que lá chove muito, todo mundo sabe que tem que comprar. E mesmo assim ainda tem abestalhado que esta sem. Eu só conseguia sentir raiva, arrependimento, desespero ao ver que eu estava lá na chuva enquanto umas 60 pessoas tinham capa de chuva. E claro, vale lembrar, que pra Machu Picchu você escolhe sua roupa preferida da mochila, se arruma e vai! Eu tava ficando molhada, minha capa de chuva era meu cachecol. Enfim... eu queria muito voltar, mas não tinha coragem de encarar a escuridão no sentido contrário das lanternas. Na hora, eu não sabia o que fazer.

 

A moça que tava comigo, que eu nem vi o rosto por causa da escuridão, tinha capa de chuva (CLARO, TODOS TINHAM), então ela ficou na fila e fui procurar me abrigar na casinha que tinha lá, que era a entrada. Então, enquanto todos estavam na fila, eu estava do lado de fora da fila vendo a fila crescer. E eu estava lá torcendo o cachecol, o casaco e tudo mais que já estava molhado. Eu não pensava muito bem nesse momento. Ai chegou um rapaz me dizendo: SPIDER! E tirou do meu ombro. Daí perguntei de onde ele era e ele era do Brasil! Aeeee! Hahahaha ^^ Sempre acontece!

 

Então.... os brasileiros sem capa estavam abrigados lá na casinha! ^^

Mas meu amigo tinham o pai deles que estava na fila, e eu sem rumo, só esperando a chuva passar e ver o que acontecia. Minha única prioridade era o momento, eu juro que nem pensei em como eu faria pra subir... porque a fila estava muito grande e eu não sairia de lá até passar a chuva.

 

Eu estava sem capa, com mochila pesada e sem preparo pra subir, porque eu não achei que eu ia subir a pé!!! Obs: eu tinha até vergonha de falar que eu tinha o ticket do ônibus. Até hoje eu tenho! Hahahahhaha Mas está aqui comigo pra guardar de lembrança.

 

Ai sim né, eles falaram pra eu subir com eles, que eu entraria quando o pai dele chegasse. Ok, vamos subir. Estávamos eu, o Henrique (spider), mãe e pai deles, e o Juan (argentino que falava portugues)! Eles foram tão tão tão simpáticos, tenho nem palavras pra agradecer. (Reparem que esse é o Juan vai aparecer de novo depois).

 

(Não tenho foto desse momento... se tivesse, seria algo como uma foto preta).

 

Começamos a subir, e pra arredondar, eu vou logo dizer: 2 horas de subida, na chuva, completamente molhada, carregando muito peso, parando a cada lance de escada, vendo os ônibus passar com muita vergonha, achando que eu não ia chegar nunca, mas o mais importante, o pai e a mãe do Henrique me esperaram por todo esse tempo. Eles subiam dois lances de escada e me esperavam. Eles foram nesse rítmo comigo enquanto os rapazes foram bem mais rápidos. Eles nem me conheciam e me esperaram até eu chegar lá em cima, sem palavras pra agradecer.

 

Quando começamos a ouvir uns gritos la de cima, sabíamos que a chegada estava próxima e o dia já amanhecia. É muito exaustivo, eu diria pra ir de ônibus e descer de escada. Porque a sensação de estar lá é muito boa, você sente o clima, de tipo: "eles faziam isso sempre".

 

Quando cheguei na entrada de Machu Picchu, eu fui sentar. Claro. Depois de um pouquinho, encontrei meus amigos na entrada e fomos encontrar o grupo deles. O guia levou a gente pra uma casinha e sentamos lá por uma meia hora ouvindo ele falar. Até a entrada da casa não deu pra ver nada, porque tava TUDO TUDO TUDO no meio da neblina. Depois desse tempo eu comecei a sentir umas dores como se minha pele por baixo da roupa estivesse rasgada. Era a pele úmida, mas na hora eu pensei que pudesse ter me cortado e minha pele estivesse aberta. Quando eu percebi que era o frio, eu vi que não dava pra ficar molhada. Apesar de ter deixado a maior parte das coisas no hotel, eu tinha ainda uma calça e um casaco na mochila. A única coisa que podia fazer era tentar trocar, secar um pouco mais minhas roupas. Não sabia o que fazer, mas daquele jeito não dava. Eu tremia e sentia dores horríveis na pele. Ai peguei os contatos do meu grupinho e fui saí das ruínas pra ir no banheiro.

 

Tipo assim, "uhu machu picchu", só que não.

 

 

Então, fui me arrastando pra o banheiro. Paguei uns S/. 0,50 pra entrar e tirei tudo. Quando vi o estado do meu dinheiro, fiquei morrendo de medo, porque alguns lugares não aceitam dólar gasto, e meu dinheiro virou um bolo só. Ai fiquei lá desgrudando dinheiro, estendi as roupas... hehehehe Desgrudei tudo, tirei a bota e fiquei lá vendo o tempo passar.

 

 

Depois de um tempo nesse estado, vesti a calça, o casaco por cima do sutiã e fui tentar secar o cachecol naquele secador de mão. Depois fui sentar um pouco la fora enquanto decidia o que fazer.

 

Deixa eu explicar. Eu saí do hotel na minha melhor roupa, nova em folha. Eu estava lá envergonhada, molhada, com frio, EXAUSTA, na chuva e na neblina, e com uma roupa toda feia. Eu seriamente pensei em ir embora sem entrar nas ruínas, o pensamento era esse: "Tanta expectativa, e vou entrar assim? Cansada, sem saco, triste? Vai ser assim que vou ver as ruínas?".

 

Ai fiquei lá pensando e resolvi entrar. Comprei uma capa de chuva e fui. Entrei e comecei a me arrastar por lá (eu estava muito cansada e as ruínas além de enormes tem muita escada). Os incas tem uns degraus muito altos, não entendo como eles, um povo tão baixinho, conseguia subir. Enfim... ai fui eu.

 

Eu pedi uma foto pra uma turista lá, e ela tirou. Dá pra ter uma noção de como eu me sentia. Quando eu vi a foto eu dei risada e pensei: "Nossa... e essa vai ser a minha foto de Machu Picchu."

 

 

Dá pra ver que eu não tava muito bem.

 

E a neblina foi passando, e a roupa foi secando. O dia melhorando. Encontrei meus amigos de Israel, claro que eles estavam bem limpos, descansados e felizes. Eles subiram de ônibus umas 8 da manha. TA VENDO ISSO? PRA QUEEEEE SUBIRRRRRRR TÃO CEDOOOOOOOOO???? PORQUE EM VEZ DISSO NÃO FICA ATÉ MAIS TARDEEEEEE??????

 

Pois sim, deixa eu continuar. Estava eu lá andando pelas ruínas, tirando fotos por ai... até que ouvi uma risada conhecida. Era a menina do escuro!!! Eu não sabia o rosto dela, só pude perguntar: "was that you?" (Era você?). E ela falou que sim!!! Hahhahaha Foi ótimo, ela tirou outras fotos pra mim (fui melhorando durante o dia), e eu pra ela. Passeamos e conheci uns amigos dela. Foi bem legal. Reencontrei meus amigos brasileiros. Me separei de todo mundo e um pouco depois do almoço e de rodar tudo me preparei pra descer as escadas até a entrada de Machu Picchu pra pegar o ônibus.

 

 

 

 

 

 

Algumas considerações antes da descida: Machu Picchu é enorme, é lindo e mágico. É uma cidade enorme cravada na montanha, rodeada de montanhas. É realmente linda e você passeia por dentro dela por um bom tempo. Apesar dos turistas, dá pra ter uma ideia do que foi aquilo pra os Incas.

 

Na descida, claro que eu estava muito devagar, eu fui acompanhada por dois senhores de idade já. Dois professores de história dos EUA, que foram um presente pra mim. Eles pareciam uma dupla de comédia, foi muito bom. Contei minha história pra eles e eles me contaram a deles, enquanto descíamos as escadas. E foi muito gratificante a conversa, eles me falaram coisas que até hoje não esqueço. Um deles viaja todo ano durante 4 meses e ele já devia ter uns 65 a 70 anos!!! Eu amei amei amei conhecer eles, morro de raiva de mim até hoje porque perdi o papel que escrevi o email deles. Torço pra que um dia quando ele chegar de viagem ele encontre o que ele anotou o meu! ^^

 

Ai sim, desci de ônibus né... e fui pra a estação esperar.

 

 

Comendo um lanchinho.

 

 

Dormindo enquanto o trem não vinha.

 

Eu encontrei de novo os Israelenses-pós-Huyna-Picchu. Eles estavam encantados, maravilhados, foi lindo. Ai combinamos de nos encontrar em Poroy e pegar um taxi juntos pra Cusco. Nos separamos e entramos cada um em um vagão. Na hora que coloquei meu passaporte na mesa, ouvi: "Brasileira?"

 

Minha mesa no trem tinha a Rosi e sua filha viajando juntas. Foram 3 horas de conversa muito animada até chegar em Cusco. Novamente, dividimos histórias. E queria ter pego o taxi com elas, mas tinha dito que ia com os Israelenses, então nos dividimos e combinamos de nos ver em Cusco!

 

Cheguei em Poroy e o pai Israelense pechinchou, de uma forma bem grosseira. Fomos pra Cusco por S/.25,00 eu acho, minha parte foi S/8,00.

 

Fomos jantar num restaurante Israelense (sério?), mas fui por educação. Tudo que eu queria era um banho, uma cama ou me enterrar num buraco pelas besteiras que tinha feito naquele dia. Paguei S/.10,00 num senhor prato, que me alegrou, por me lembrar de casa (frango a milanesa c/ fritas). Fui pra o hotel andando, o restaurante era pra o lado de San Blas. Cheguei no hostel, peguei uma cama novamente, peguei minha mochila, entrei no banho.

 

Eu fui pensar no que tinha acontecido como "um dia de cão". Mas quando comecei a pensar mesmo, no que tinha acontecido, foi um dia completamente louco, mas completamente libertador pra mim. Reparem, na história, que eu fui sozinha, e me meti em muitas situações, mas que em nenhuma delas eu estava sozinha. Eu percebi nessa hora, que quer eu estivesse no escuro, me acolhendo da chuva, subindo escada, andando em ruínas, descendo escada, pegando ônibus, pegando van, pegando taxi, eu não estava sozinha em momento nenhum. Eu acredito que Deus colocou essas pessoas em todas essas situações pra me ajudar. E nossa, enquanto eu estava achando que meu ultimo dia no Peru estava me expulsando, eles estava na verdade me dando uma demonstração IMENSA de companheirismo que as pessoas ainda podem ter. Nossa, depois de todas as emoções daquele dia, quando eu percebi isso eu chorei muito. Machu Picchu sempre surpreende, mas no meu caso, foi também pela lição que me ensinou. Rendeu história, né!

 

 

Dicas:

 

- Tenha uma capa de chuva boa, não deixa pra comprar aquele poncho na hora, além de ser ruim pode ser que na hora que você precisa não tenha ninguém vendendo

- Suba de ônibus e desça de escada.

- Saiba de onde sai o ônibus (pode rir ahhaah).

- Não precisa ir tão cedo. Em vez de ter dormido no dia anterior lá, eu teria chegado no mesmo dia, ido pra lá e ficado até a hora de fechar e dormido em Águas Calientes. As ruínas na hora de fechar ficam vazias igual a na hora que abre, só que sem neblina, sem chuva, sem loucura, SEM ACORDAR TÃO CEDO, sem nada do que me aconteceu.

- Entenda o que vida pode estar lhe ensinando e aprecie as pessoas, tem muita gente interessante viajando.

 

Eu chamo minha estadia em Águas Calientes e Machu Picchu de "sucessão de erros". Hahah

Editado Março 20, 2013 por Visitante

[barbaraleitao]

Algumas fotos:

 

 

 

 

[rafaelalins]

quanto perrengue, bárbara. mas sem dúvidas, essas situações sempre servem de lição.

e concordo muito contigo nessa coisa de não se fechar e interagir com as pessoas que você esbarra. é uma troca muito rica.

[BRU_CAPITAL]

hahaha, aprendendo muuuito. Mês que vem vou para Bolivia e Peru, e estou absorvendo muito do seu relato Barbara. Estou ancioso pra ler as historias de Copacabana e Uyuni, elas estão no meu roteiro e eu tenho o mesmo pensamento que vc..qto mais independente melhor, não gosto muito de ter hora marcada pra nada, principalmente em lugares tão espetaculares.

 

Ve se termina esse relato antes do dia 14/04 hein.. rsrsrs

[barbaraleitao]

Pois é... nesse dia foi muito perrengue, mas depois melhora nessa questão! Hahah ou talvez eu tenha só aprendido a lidar de outro jeito né!

 

Mas sim, hoje ja escrevo o dia seguinte que é "day-off" e a ida de noite pra copa. Não fiz nada no dia viu.. hehehe e escrevo o primeiro dia na bolivia também! Escrevo esses dois dias hoje a noite!

 

Obrigada pelos comentários, o bom de escrever relato é lembrar e ver quando ajuda as outras pessoas!

 

E sim.... 14/04! Que invejinha hahah epoca boa pra viajar

[barbaraleitao]

hahaha, aprendendo muuuito. Mês que vem vou para Bolivia e Peru, e estou absorvendo muito do seu relato Barbara. Estou ancioso pra ler as historias de Copacabana e Uyuni, elas estão no meu roteiro e eu tenho o mesmo pensamento que vc..qto mais independente melhor, não gosto muito de ter hora marcada pra nada, principalmente em lugares tão espetaculares.

 

Ve se termina esse relato antes do dia 14/04 hein.. rsrsrs

 

E ah...essa viagem serviu mais pra descobrir que eu não gosto de hora marcada e essas coisas. Antes de ir eu não sabia, então marquei muita hora! Haahhaha perdi alguns dias por causa disso, vide mendoza e san pedro. Um eu queria ficar mais dias e nao pude, o outro eu queria ir embooooraaaa hahahah