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Buenos Aires com Uruguai


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Buenos Aires com Uruguai - as duas margens do Rio de la Plata

 

A inspiração para este relato surgiu do desejo de criar um registro da minha primeira viagem internacional e, claro, de retribuir aos usuários do Mochileiros.com, que me serviu de fonte preciosa de informações para o meu roteiro de viagem.

 

A viagem ocorreu durante o Carnaval 2008. Fomos em cinco: eu, minha namorada, meu irmão com minha cunhada, e meu primo. Partimos do Rio de Janeiro pela Gol com destino a Montevidéu, escala em Porto Alegre, no dia 1 de fevereiro. Inicialmente, a idéia era voar direto para Buenos Aires – o Uruguai não estava nos planos – porém já não era mais possível encontrar passagens a preço razoável. A mudança do roteiro não foi problema algum, muito pelo contrário, pois conseguimos visitar Buenos Aires e de quebra conhecer um outro país; e tudo isso com muita economia.

 

A minha primeira viagem internacional, que também foi a primeira da minha namorada e do meu irmão, foi inesquecível pela experiência, e um sucesso do ponto de vista do planejamento, graças a um bom roteiro.

 

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Dia 1/fev – Montevidéu

 

Chegamos ao aeroporto de Carrasco, em Montevidéu, no meio da tarde de sexta-feira. No saguão de desembarque do aeroporto, aproveitamos para trocar alguns dólares por pesos uruguaios e pesquisar preço de diária de automóvel. Havíamos planejado conhecer Punta del Este, num único dia, ao fim da viagem, quando regressaríamos da Argentina ao Uruguai para tomarmos o vôo de volta ao Rio. Acabamos fazendo a reserva do carro lá mesmo, no balcão da Europcar, a USD 120 a diária de um Fiat Siena.

 

Conforme prevíamos, o táxi do aeroporto até o centro da cidade não era barato, então, optamos pelo ônibus convencional mesmo. Do aeroporto ao centro são 20km. Pela janela do ônibus, a primeira oportunidade de enxergar um país diferente do meu, em 25 anos de idade. Após cruzar o arborizado subúrbio da cidade, saltamos a uma quadra da Plaza Independencia, um dos pontos turísticos da cidade, talvez o maior. Neste momento, lembrei do que havia lido de um mochileiro de que “a cidade tem um ar decadente”. É impressionante, parece que voltamos algumas décadas no tempo.

 

Carregando malas pesadas, fomos caminhando até o Hotel Palacio, bem próximo dali. O hotel havia sido reservado ainda no Brasil. De fachada muito antiga, o hotel se destaca pela sua localização. Confesso que não tive uma boa sensação de imediato; o elavador, a cama, a mobília, tudo é muito antigo, mas depois de passar uma noite, agradou. O senhor e a senhora que trabalham na recepção, provavelmente casal e donos, são simpáticos, e o senhor forneceu informações sobre o que visitar na cidade à noite e um mapa. Seguindo suas orientações, evitamos o bairro Ciudad Vieja, ao sul do hotel, que é escuro e ermo. A opção então foi caminhar no sentido contrário, pela Calle Sarandí (peatonal), atravessando a Plaza Independencia, e subindo a Avenida 18 de Julio, a principal via do Centro.

 

Embaixo do hotel, nos arredores da Calle Sarandí, próximo a Plaza Independencia, há alguns bares que funcionam até tarde da madrugada, dentre eles o La Passiva. Mas desejando caminhar um pouco pela cidade antes de sentarmos para matar a fome que já se manifestava, decidimos subir a Avenida 18 de Julio até encontrarmos um outro lugar interessante para comer. Curiosamente, esbarramos noutro restaurante La Passiva, que resolvemos parar e conferir. Lá, fomos apresentados ao chivito, culinária local que consiste em um hambúrguer servido no prato, com queijo, presunto, bacon e maionese. Tudo bem “light”, mas gostoso. O mais divertido foi ver (e ouvir) o meu irmão tentando pronunciar a palavra jarra em espanhol da maneira como ensinava a garçonete. Como em todos os dias, voltamos cedo ao hotel para dormir e, descansados, poder aproveitar melhor o dia seguinte.

 

 

Dia 2/fev – Montevidéu x Colonia x Buenos Aires

 

No segundo dia, acordamos todos cedo e solicitamos dois táxis do hotel à rodoviária. O terminal Tres Cruces fica ao final da Avenida 18 de Julio e possui um shopping anexo no segundo piso. No térreo, procuramos pelos guichês das companhias que fazem a viagem entre Montevidéu e Colonia del Sacramento. Compramos as passagens pela viação COT, deixando algum tempo de folga para podermos andar no shopping, de lojas simples e pequeno, e tomar café-da-manhã. Onde? No La Passiva! Será o Bob’s local?

 

A viagem até Colonia é rápida, dura cerca de 2 horas. No trajeto, nada de mais, apenas fazendas e gado. Já a aproximação da cidade de Colonia acontece por entre um corredor de árvores (não sei qual, sem dúvida não são coqueiros) de alguns quilômetros até a entrada da cidade. No desembarque no terminal rodoviário, fomos surpreendidos por uma tempestade, que valeu até uma filmagem, e aproveitamos para almoçar. O que? Chivito! Findo o temporal, atravessamos uma avenida e logo estávamos dentro das docas da companhia de ferry-boat Buquebus, que realiza a travessia até Buenos Aires. Propositadamente, compramos as passagens do Buque para o fim da tarde, de forma a ter algumas horas para conhecer a Colonia antes de deixar o Uruguai. As passagens puderam ser compradas adiantadas ainda no terminal Tres Cruces, em Montevidéu.

 

Para facilitar, conseguimos despachar as bagagens no terminal hidroviário e pudemos caminhar com o auxílio de um mapa pelas ruas do centro antigo, que foi um dos pontos altos de toda a viagem. As ruas da cidadela são belíssimas, superarborizadas, de algumas praticamente não se vê o céu devido ao túnel formado pelas árvores, altas e lindíssimas. O chão é de pedras e paralelepípedos. As casas, nada de prédios, residenciais ou comerciais, são antigas, algumas com banquinhos de madeira do lado de fora, onde moradores conversam e observam a movimentação de turistas, numa atmosfera de paz e sossego invejáveis. Em poucos minutos de caminhada, alcançamos o portão de entrada da Antiga Colonia del Sacramento, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, é uma antiga fortaleza portuguesa de defesa contra ataques espanhóis que colonizavam a outra margem do Rio de La Plata, hoje Buenos Aires. Pouco tempo depois de ingressar no interior da antiga cidade, a preocupação com a hora do embarque no Buquebus impediu que continuássemos. Frustrados e com vontade de conhecer mais a cidade, eu e minha namorada, sozinhos, editamos o roteiro para regressar a Colonia antes de voltar para casa.

 

Achei Colonia tão extraordinária, que fui até malcontente tomar o ferry para Buenos Aires, ironicamente, o grande objetivo da viagem. Mas bastou chegar ao terminal e ver parado no cais a pitoresca barca que nos conduziria através do Rio de La Plata até a pátria hermana, para que eu esquecesse, pelo menos por ora, a frustração de não ter conhecido Colonia mais a fundo. Salvo a demora entre a fila do check-in, o preenchimento da papelada da imigração e o congestionamento que se formou para embarcar, a lembrança da travessia como um todo é positiva. A barca é confortável, com ar-condicionado, lanchonete e até free-shopping. Difícil foi manter o equilíbrio em meio ao balanço no rio-mar. Se a viagem durasse um pouco mais, haveria pessoas devolvendo suas refeições por onde elas entraram.

 

Uma hora e vinte depois, estávamos aportando nas docas do Puerto Madero, na capital argentina. Era o segundo país que eu conhecia em um pouco mais de 24 horas fora do Brasil. Enfim na Argentina, recolhemos as bagagens e pegamos táxis até o Hotel Gran Via, no Centro. Foi incrível a sensação de estar no trânsito caótico de Buenos Aires, sobretudo quando o taxista dobrou na mundialmente famosa Avenida 9 de Julio, a mais larga do mundo, de onde logo pude avistar o primeiro cartão postal da cidade, o Obelisco, centralizado na avenida, no cruzamento da Avenida Corrientes. Por sorte, o hotel, que também havíamos reservado no Brasil, ficava na Calle Sarmiento, uma paralela da Corrientes e distante umas três quadras da 9 de Julio. Assim como em Montevidéu, o hotel era simples e superbem localizado, mas diferentemente daquele, a recepção foi péssima. Mal havia chegado ao país, pensei que já fosse brigar com um argentino.

 

Tivemos que pagar as diárias já no check-in. Feito isso, fomos conhecer os quartos, que são bem melhores do que a fachada do hotel nos fez pensar que fossem, então, conscientes de que hotel era só para dormir, nós nos acomodamos e descansamos um pouco antes de encarar a noite. Já sabíamos até onde íamos: bairro de San Telmo. No começo, ficamos um pouco desconfiados de cada táxi que pegávamos, pois advertências quanto a golpes praticados por taxistas contra turistas foram muitas em vários fóruns que visitei antes da viagem. Mas acabou que não fomos (ou não nos sentimos) enganados por nenhum deles. Demos sorte! Assim, tomamos os táxis do hotel até San Telmo, que nos largou próximo a Plaza Dorrego, ponto de referência do bairro, que seria a atração do dia seguinte. Na praça e adjacências se situam vários restaurantes e casas noturnas. Obedecendo ao roteiro, fomos à casa Mitos Argentinos, habitada por bandas de rock argentino, muito boa por sinal, digo pela banda que vimos tocar e pela pizza, maravilhosa! Como o dia foi pesado, não ficamos muito e voltamos ao hotel.

 

 

Dia 3 a 6/fev – Buenos Aires

 

No terceiro dia, acordamos com o café-da-manhã batendo à nossa porta. No cardápio, igual em todos os dias, uma media luna – uma espécie de croissant doce –, um bolinho sem gosto e uma xícara de chocolate, café ou pingado.

 

Com muita disposição, resolvemos ir a pé desde o hotel até San Telmo, desta vez de dia, para visitar a famosa feira de antiguidades San Pedro Telmo, só realizada dominicalmente. O cerne do evento é a Plaza Dorrego, mas ruas adjacentes também realizam exposições de todos os tipos de quinquilharias. Há galerias, uma inclusive é enorme, onde encontramos até moedas brasileiras antigas. É um ótimo lugar para comprar souverniers. Foi aqui que experimentei pela primeira vez o tão elogiado sorvete de dulce de leche da Freddo, simplesmente fantástico, assim como o de chocolate amargo.

 

Depois de muito andar e já famintos, seguimos, de táxi – é impressionante como é barato em relação ao Rio – até a churrascaria Siga La Vaca, outra referência em qualquer guia, fórum ou artigo de Buenos Aires, especialmente por causa do bife de chorizo. Bem próximo de San Telmo, o restaurante fica no novíssimo bairro de Puerto Madero, um antigo porto que foi totalmente restaurado e que hoje abriga em seus antigos armazéns restaurantes, escritórios e até faculdade. Muito bem alimentados, iniciamos uma caminhada pelo bairro. Vale destacar a Ponte de La Mujer e duas escunas atracadas no dique abertos à visitação. Do lado oposto dos armazéns, erguem-se alguns enormes edifícios residenciais e hotéis, tudo novo. Atrás deles, encontra-se uma enorme área verde, com alguns bebedouros públicos, é um excelente espaço de recreação e banho de sol na ausência de praias. Neste dia, andamos tanto, e de baixo de sol forte, que a vontade geral era tomar um banho e ficar deitado num quarto com ar-condicionado. E foi isso que fizemos, tomamos um táxi do Puerto Madero até o hotel, de onde só sairíamos à noite.

 

Em função do cansaço, à noite optamos por procurar um local nas proximidades do hotel para jantar. Na Avenida Corrientes, já bem próximo ao Obelisco, esbarramos, sem querer, com uma brasileira que fazia a divulgação de um cena show, ou seja, um jantar seguido de um show de tango. Aceitamos o panfleto mas preferimos andar um pouco mais, talvez encontrássemos algo ainda mais atraente. No fim, decidimos mesmo pelo El Vesúvio, aquele da brasileira. Depois de pechinchar, conseguimos um preço bastante razoável. O show, com vários artistas e casais de dançarinos, apresentando-se um após o outro, foi ótimo, afinal tudo era novidade. Já o jantar, foi médio. Mas para quem puder gastar mais, as casas mais conhecidas de tango são o Madero Tango e o El Viejo Almacén.

 

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Na segunda-feira, programamos caminhada pelo Centro. Descemos a Calle Paraná em direção à famosa Avenida de Mayo. Numa extramidade, a Plaza del Congresso, com o imponente edifício do Congresso ao fundo e, bem mais modesto, o do Senado adjacente a praça. A idéia era percorrer toda a Avenida, com edifícios de bela arquitetura, dizem que é à la francesa. Fizemos um pit-stop no tradicionalíssimo Cafe Tortoni, onde provamos o chocolate espesso servido com churros. Fantástico, mas é preciso maneirar para não dar revertério. Na outra extremidade da Avenida de Mayo encontra-se outra praça, ainda mais importante: a Plaza de Mayo. A praça abriga a Casa Rosada, o palácio do governo argentino; a Catedral Metropolitana, onde está o mausoléu do General San Martin, “Libertador da Argentina”; o Banco de La Nacion Argentina; e o Cabildo, a prefeitura de Bs As.

 

Sob a Plaza de Mayo, pegamos o metrô até o bairro de Palermo. Já sabíamos que o metrô de Buenos Aires é o mais antigo da América Latina, e os trens da linha A são antiguíssimos, em madeira, vale a pena pegar só para ver. Saltamos logo na primeira estação, a Perú, onde trocamos de linha atravessando a galeria do início do século passado. Pegamos o trem da linha D até Palermo.

 

Ao emergir em Palermo, estávamos com fome e fomos direto caçar um restaurante. Foi fácil. Almoçamos e partimos para visitar os diversos parques do bairro. Visitamos o jardim botânico, que não tem nada de mais, e passamos na frente do jardim zoológico. No bairro há ainda o jardim japonês e o planetário, vimos tudo no mapa, mas o calor era de rachar! Estávamos cansados e, agora, de cabeça quente, literalmente. Preferimos descer a Avenida Santa Fe em direção ao Barrio Norte. No caminho, depois de muito andar, paramos no Shopping Alto Palermo. Entramos e saímos de mãos vazias de algumas lojas. Descansamos nos bancos da praça de alimentação para ganhar fôlego e seguir a peregrinação. Pegamos um táxi até a livraria El Ateneo, mais adiante, na mesma Avenida. A livraria, uma mega-store, originalmente foi um teatro, possui uns quatro andares e uma cafeteria no local onde era o palco. Exaustos, voltamos ao hotel, a pé, para repousar e sair à noite.

 

Já de noite, tive uma experiência inédita: cassino! Fomos ao Casino Puerto Madero, construído num barco, atracado na doca sul. Fotos só são possíveis do exterior do barco, já na entrada todas as câmeras são permissivamente confiscadas para serem retiradas do guarda-volumes na saída. Compramos USD 10 em tokens cada um para experimentar a novidade e, como imaginamos, perdemos tudo! Na volta ao hotel, saltamos no cruzamento do Obelisco para jantar no Burger King. Infelizmente, a lanchonete estava fechada àquela hora, já madrugada. Pouco originais, fomos comer no McDonald’s mesmo, quase do lado, na principal esquina da cidade.

 

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O dia amanheceu e rapidamente me preparei para o momento mais esperado para quem é amante de futebol. Conhecer a La Bombonera, o estádio do Boca Juniors. Pegamos um táxi até o estádio localizado no bairro de La Boca. A primeira visão do estádio é indescritível. Na frente da porta de entrada para visitantes, a marca dos pés dos maiores ídolos do clube, entre eles a de Maradona e Batistuta, forma uma pequena calçada da fama. No interior, uma loja de souverniers e uma bilheteria para acesso ao museu e visitação guiada por todo o estádio. Na entrada do museu, foi exibido um pequeno vídeo sobre o clube e o bairro de La Boca. Em seguida, percorremos todo o resto do museu, vendo antigos uniformes, troféus e curiosidades diversas sobre o clube, enquanto aguardávamos a convocação da guia. A guia, que não falava português apesar da maioria esmagadora de visitantes brasileiros, conduziu a visitação em espanhol. Não entendi nada do que ela falava no megafone, mas o que importa é que ela nos levou às arquibancadas, vestiários e sala de imprensa. Era o suficiente para mim.

 

Na saída da La Bombonera, conferimos algumas lojinhas que ficam em frente ao estádio. Contando nós cinco, acho que levamos apenas um ímã de geladeira e um chaveiro. Realizado um sonho, caminhamos umas duas quadras até a Calle Caminito, outro cartão postal do bairro e da cidade. Rua de casas muito coloridas – li que foram feitas de chapas de ferro retiradas de velhos navios do porto do bairro – vendia-se souverniers a enorme quantidade de turistas que ali passava. Havia até um sósia do Maradona cobrando para bater fotos. Conhecida a La Boca, tomamos táxis até o nobre bairro de La Recoleta.

 

Como já batia a fome, saltamos em frente ao Shopping Patio Bullrich. Sem perder muito tempo escolhendo, optei pelo Ave Ceasar, e me arrependi. Além de mal servido, os atendentes não fazem o menor esforço para tentar entender o que você pede. Como eu não sabia dizer abóbora em espanhol, resolvi apontar para a foto atrás da moça, que ignorou completamente meus sinais. Comi batata no lugar. Para sobremesa, claro, Freddo! Foi a minha segunda experiência, igualmente espetacular.

 

Deixamos o shopping, caminhamos pela Calle Alvear até a Plaza San Martin de Tours, onde curtimos por uns minutos a sombra de uma árvore gigantesca. Esta praça faz parte de um conjunto de praças, conectadas umas às outras, estendendo-se por toda parte norte do bairro. Bem ali, situa-se o conhecido cemitério de La Recoleta. Eu, que nunca havia entrado num cemitério antes, fui persuadido a fazê-lo, por minha namorada que queria visitar o mausoléu de Eva Perón. Apesar do mapa que precisamos memorizar na entrada, encontrar um mausoléu no macabro labirinto não foi fácil, mas conseguimos. Após a visita, relaxamos novamente debaixo de outra árvore, ganhamos uns mapas do quiosque de informações turísticas e seguimos caminhando pelas praças. Atravessando a Avenida del Libertador, ao lado do belo edifício da Universidad de Ciências Sociais de Buenos Aires, encontra-se a Floralis Generica, uma enorme flor prateada assentada sobre uma piscina, doada à cidade em homenagem. As praças de La Recoleta são todas bonitas, bem cuidadas e repletas de monumentos, inclusive um da Evita. Cansados e suados, decidimos pegar um táxi até o Shopping Abasto, o maior da cidade, no bairro de mesmo nome.

 

Maior e mais barato que os outros shoppings visitados até então, o Shopping Abasto era o local certo para fazer compras, se não fossem as diferenças entre a moda de lá e a daqui. Mesmo assim, algumas poucas peças de roupa foram adquiridas, exceto por mim, que estava exausto de ter caminhado dezenas de quilômetros desde o início da viagem. Fiquei sentando, descansando, na praça de alimentação do shopping. Mais tarde, jantamos no Burger King, finalmente.

 

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No nosso último dia inteiro na Argentina, resolvemos aumentar o raio de exploração da cidade e ir até Tigre. A aventura, para variar, começou com muita caminhada, a partir do hotel, subindo toda a peatonal Calle Florida – principal rua de comércio da cidade –, com direito a parada na loja de departamento Falabella para compras, e no shopping Galerias Pacifico para um lanche farto. O shopping, que é muito bonito, é repleto de arte no teto e nas paredes, verdadeiras obras-primas, e, talvez por isso mesmo, é muito caro, com lojas das grandes grifes. Após o almoço, chegamos ao final da Calle Florida que desemboca na grande Plaza San Matin. Muito arborizada, é também muito movimentada, local de repouso para quem passa horas fazendo compras. Na praça, nos deparamos com o Monumento a Los Caídos en Malvinas, um memorial às vítimas da guerra entre a Argentina e Inglaterra pelo controle da Ilhas Malvinas. Do outro lado da Avenida del Libertador, está a Torre de Los Ingleses, erguida por britânicos residentes no país, em homenagem ao centenário da Revolução de Mayo.

 

Ao lado do monumento, finalmente, fica a estação ferroviária do Retiro. Compramos os bilhetes da linha Mitre, e saltamos na última estação, Maipú. O trem é convencional, não tem ar-condicionado, mas a viagem é agradável, leva quase uma hora, mas deu para ir sentado. Em Maipú, fizemos a baldeação para pegar o Tren de La Costa, este, bem mais confortável e com ar-c. O bilhete foi comprado no local. A paisagem dos subúrbios é bonita, de belas casas e muito verde. Mas ficou devendo a vista da costa, que se revelou pouquíssimas vezes; o trem não faz jus ao nome que tem. Por recomendação de mochileiros, fizemos uma parada em San Isidro. O lugarejo, como eu havia lido, parece ter sido fabricado, muito bonito, limpo e organizado, mas como não andei muito não vi muita coisa além de uma enorme praça com banquinhos e uma igreja alta. Assim, seguimos para Tigre no próximo trem, sem pagar nada a mais – pode-se fazer até duas paradas com o mesmo bilhete.

 

Em Tigre, andamos da estação terminal até a margem do Delta – formado pelo deságüe do Rio Paraná no Rio de La Plata – onde embarcamos num catamarã que fez um circuito entre as ilhotas que formam o delta. O passeio não foi ruim, mas foi muito aquém das nossas expectativas. A navegação durou 1 hora e 50' de certa monotonia e paisagens um tanto ordinárias – não sei se o fato de ser carioca faz de mim exigente, mas não gostei. A comida servida no barco também não agradou a quem comeu.

 

Sem querer fazer a viagem de volta ao anoitecer, decidimos pegar o trem de volta logo depois do passeio de barco. Como sempre acontece, a viagem de volta pareceu mais rápida que a de ida, e logo estávamos chegando no Retiro, ainda de dia. De volta ao hotel, descansamos para a nossa última noite em Buenos Aires. O local escolhido para o jantar foi o restaurante La Parolaccia, em Puerto Madero, que fora reservado por uma colega do meu primo que mora na cidade, e que só pudemos encontrar no último dia. Comemos massas ótimas e, para fechar com chave-de-ouro, a sobremesa foi... FREDDO! Para terminar, um passeio noturno pelo Puerto Madero que valeu um monte de fotos.

 

 

Dia 7 a 10/fev – Uruguai

 

No dia seguinte, arrumamos as malas e fomos para o terminal do Buquebus. No roteiro estava previsto que nós cinco iríamos pegar o ferry direto para Montevidéu, cuja duração da viagem é de 3 horas, duas a mais que para Colonia, porém poupa a viagem de ônibus entre Colonia e a capital. Todavia, como contei no início deste relato, ter deixado Colonia sem poder tê-la conhecido melhor, fez com que eu e minha namorada resolvêssemos nos separar temporariamente do nosso grupo, pois estávamos decididos a voltar a Colonia. Assim, compramos as passagens para o primeiro horário disponível. O restante do grupo resolveu estender a estada em Bs As e manter o roteiro, tomando o ferry direto para Montevidéu no fim da tarde, onde nós todos nos encontraríamos à noite no mesmo hotel do início da viagem.

 

Atracamos em Colonia, o tempo novamente não estava bom, muito cinza. Fomos ao terminal rodoviário procurar um guarda-volumes para deixar nossas bagagens, mas estava todo ocupado. Sem poder perder tempo e com temor de cair um pé-dágua, deixei minha namorada na lanchonete do terminal com as malas, e andei alguns poucos metros até uma locadora de bicicletas, motocicletas e carrinhos como aqueles que têm os campos de golfe. Para as duas últimas opções, é necessário ter habilitação, mas como não tenho, a única alternativa era a bicicleta, que só foi possível porque a simpática atendente se ofereceu para guardar as bagagens enquanto eu e minha namorada pedalávamos durante 3 horas pela cidade. Assim, satisfeito, voltei ao terminal para buscar minha namorada, devorar um lanche rápido e reservar as passagens de ida para Montevidéu para o fim da tarde.

 

O passeio foi fantástico! Pedalamos até as pernas não agüentarem mais. Para além do portão da antiga cidade, acho que vimos tudo, subimos na Torre – o vento no topo é de derrubar; adentramos a linda basílica portuguesa; pedalamos sobre um píer; encostamos as bicicletas e caminhamos até onde as pedras apanham das ondas do Rio de La Plata. Foi sensacional! Matada a vontade de explorar a Colonia, devolvemos as bicicletas, resgatamos as bagagens e embarcamos no ônibus da TURIL (segunda opção entre Colonia e Montevidéu, não tenho preferência) de volta à capital.

 

Na rodoviária de Montevidéu, tomamos um táxi direto para o Hotel Palacio. Meu irmão, cunhada e primo já deviam ter chegado de Buenos Aires. E de fato, tinham. Mas fiquei sabendo de cara, que a reserva que havíamos feito quando deixamos o hotel seis dias antes, havia sido equivocadamente desfeita e nossos quartos estavam ocupados. Para reparar a falha, o gentil senhor do hotel ligou para um hotel próximo para nos acomodar, foi o Los Angeles, sito à Avenida de 18 de Julio. Lamentavelmente, achei o hotel péssimo. Embora fosse muito maior, era meio assustador, como quase tudo na cidade, além de ser mais caro. Mas viagem tem dessas coisas, né... Por fim, jantamos ali próximo do hotel e fomos dormir. O dia seguinte tinha tudo para ser show.

 

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De manhã, o café-da-manhã foi no restaurante do hotel. O carro que havíamos alugado na chegada ao país seria entregue em frente ao hotel às 9h da manhã. Com o carro à disposição, botamos o pé na estrada rumo a Punta del Este, distante 2 horas a leste de Montevidéu.

 

A estrada para Punta é perfeita. Entramos na cidade pelo litoral. Em poucos minutos avistamos o primeiro símbolo da cidade, o Hotel Casino Conrad. Mais adiante, na orla da praia, fica a pequena península que inspirou o nome da cidade. Como tudo que é feito exclusivamente para turistas, tudo parece perfeito na orla, as ruas, as calçadas com bebedouros, os restaurantes,... Algumas curvas a frente, fica a marina do iate clube, lotada de embarcações e gaivotas. O clima era gostoso apesar do forte vento e céu nublado. Seguimos de carro até completar o contorno de toda a península e avistar outro cartão postal: os dedos de uma mão que emergem da areia da praia. Saltamos do carro e batemos fotos. Uns “aborrecentes” haviam escalado até a ponta dos dedos, atrapalhando a foto dos demais turistas, fazer o que né... Fizemos alguns vídeos, molhamos os pés na água gelada, batemos mais fotos e entramos de volta no carro para procurar um local onde almoçar. Escolhemos uma pizzaria num bairro mais distante, La Barra, de onde se chega atravessando uma conhecida ponte em forma de onda. Depois da refeição, voltamos ao centro de Punta e fomos direto ao Conrad, passando em frente a um ponto de táxis Mercedes. Na entrada do Hotel Cassino, há uma exposição de fotos de diversos artistas do mundo inteiro, inclusive muitos brasileiros. No segundo andar, subindo a escada rolante, fica o cassino. Assim como fizemos em Bs As, compramos alguns tokens para não passar em branco. Saímos do Conrad e voltamos à península, onde estacionamos o carro e fizemos todo o contorno novamente, só que a pé. A caminhada é muito agradável, na paisagem: mar, mansões e gente bonita (e rica). Um detalhe importante: há também um Freddo por lá! Mas não é de se admirar, vimos mais carros de placa da Argentina que do próprio Uruguai.

 

Antes do entardecer, entramos no carro de volta a Montevidéu. À noite na capital, saímos meio sem rumo pela cidade. Sabíamos que o bairro de Pocitos era o mais famoso, ou o mais badalado, mas, não sei o porquê, tudo parecia morto na cidade. Poucos carros, raros pedestres, quase nenhum estabelecimento comercial aberto. Era sexta-feira! Mas parecia finados, assim como quase todos os dias na cidade. Sem achar nada de interessante, paramos no restaurante Costa Azul, na praia de Pocitos (eu acho?!), e comemos muito, muito mesmo. É muito bem servido e até saboroso, apesar do colesterol. Comemos arroz pela primeira vez desde que saímos do Brasil! Fim do dia.

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No único dia inteiramente reservado para conhecer a cidade, começamos com uma caminhada até a Ciudad Vieja, passando pela Plaza Independencia. No subsolo da praça fica o mausoléu do General Artigas, “Libertador do Uruguai”. As duas sentinelas do local ficam imóveis como os guardas do Buckingham Palace. Ainda na praça, há um antigo edifício que soube já ter sido o maior da América do Sul, além do secular Teatro Solís, que estava em reforma. Passando pelo portão da antiga cidade, pegamos a peatonal Calle Sarandí até a Rambla (orla da cidade), passando pela Plaza Matriz, onde fica Catedral Metropolitana e é realizada uma pequena feira de antiguidades. Na chegada a Rambla, estávamos no porto, e dali foi um pulo até o Mercado del Puerto, local conhecido por ser um pólo gastronômico da cidade. Depois de recusar várias ofertas de um bom almoço, aceitamos parar em um para saciar a fome no Cabaña Veronica.

 

Saciados, fomos realizar a minha vontade de conhecer estádios de futebol. Pegamos um táxi até o Estádio Centenário de Montevidéu. A visita foi show! O guia uruguaio falava muito bem português, entendia tudo de futebol e amava o Brasil. Durante a visita, estávamos praticamente sozinhos, acompanhados apenas pelo guia e por um mochileiro brasileiro de Goiás. Até que enfim algo realmente interessante em Montevidéu, pelos menos para mim. Por sorte, a chuva esperou o fim da visitação para desabar. Refugiamo-nos no Shopping Tres Cruces, bem perto dali. Comemos e voltamos ao hotel. No dia seguinte retornamos ao Brasil. Terminava a minha primeira viagem internacional.

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Custos mais relevantes da Viagem

 

Transporte

Avião Gol, Rio-Montevidéu-Rio: 665 R$

Ônibus COT, Mvd-Colonia: 159 UYU

Buquebus, Colonia-Buenos Aires: 823 UYU

Buquebus, Buenos Aires-Colonia: 115 ARS

Tren de La Costa, Buenos Aires-Tigre: 8 ARS

Ônibus Turil, Colonia-Mvd: 167 UYU

Aluguel Fiat Siena pela Europcar: 120 USD/dia

 

Hospedagem (quarto duplo)

Hotel Palacio, Mvd: 30 USD/dia

Hotel Los Angeles, Mvd: 45 USD/dia

Hotel Gran Via, Bs As: 110 ARS/dia

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