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http://jorgebeer.multiply.com/photos/album/289/PE-Mata-dos-Godoy

 

BATE-VOLTA NO P.E MATA DOS GODOY

Já ouviu falar do Parque Estadual Mata dos Godoy? Pois é, nem eu. Até o mês passado, claro, qdo estive la de passagem. Resumidamente, o PEMG consiste numa das últimas e importantes reservas florestais do Paraná, não apenas devido a sua área continua de mata nativa como tb ao seu estado de conservação da biodiversidade. Situado a 20km de Londrina (norte do PR) e cujo nome homenageia a família proprietária do terreno no qual está inserido, o lugar é mais um daqueles obscuros roteiros injustamente pouco divulgados e com freqüência quase nula de visitação. Isso se levarmos em consideração a escassez de áreas de mata nativa numa região onde a horizontalidade geométrica de lavouras domina a paisagem desta região do Terceiro Planalto do estado.

 

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Após rodar pelo Terminal Central e estacionar no Terminal do Shopping Catuaí, não tardou mto pra eu e a Lau embarcar no busão q nos levaria fora dos limites de Londrina. O “Regina - São Luiz (211)” partira pontualmente as 8:30hrs e deixava a cidade pra trás num piscar de olhos, tomando rumo inconfundivelmente pro sul, em linha quase reta, pela Rod. Est. Álvaro L. Godoy (PR-528). O cinza e verticalidade tipicamente urbanas cediam então lugar à horizontalidade esmeralda da paisagem, emoldurada pela janela do coletivo sob o forma de roças, lavouras de cafezais e plantações de perder a vista. Td isso espremido no horizonte pelo firmamento límpido e translúcido, isento de qq vestígio de nuvem. Um típico domingo de tempo perfeito.

Viagem breve, os 18km passaram quase q desapercebidos e após cruzar o minúsculo vilarejo rural de Vila Regina, as 9hrs saltávamos a beira do asfalto na frente de um enorme pórtico de madeira no meio da estrada. A sinalização é bem eficaz e bastou andar um pouco pra tocar num estradão de terra saindo pela direita, na sequencia. Contudo, uma coisa nos chamou a atenção já logo de cara do emplacamento do parque: o esdrúxulo horário de visitação, sendo q domingos e feriados o mesmo era das 13:30hrs ás 17hrs!? Nos demais dias o expediente comecava pela manha, e ainda assim a visita devia ser agendada. Peralá, como assim? Bem, sem guarita nem nada entramos assim mesmo e seja o q Deus quiser.

Com seus inconfundíveis estridentes piados, duas simpáticas corujinhas protadas no gramado ao lado pareciam nos dar as boas-vindas aquele improvável lugar situado no meio do nada e lugar nenhum. E assim fomos avançando pelo já mencionado estradão, q se distanciava cada vez mais da PR-528 e parecia ir de encontro num gde foco de mata q já era avistável desde longe, q por sinal devia ser a mata nativa q nomina o lugar. A Lau, por sua vez, já se animou com frondosos pé-de-manga e de goiaba repletos do fruto no caminho, da mesma forma q um simpático pulguento (q depois revelou-se “menina”) resolveu colar conosco. Não bastasse isso, ao intrépido trio juntaram-se mais 3 cachorrinhos, q por sinal eram crias do primeiro integrante animal da trip. Pronto, o “sexteto explorador” estava formado.

 

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Não demorou muito e o estradão desembocou num gde estacionamento e noutra casa de guarda-parque, aparentemente vazia. Bem q tentamos passar desapercebidos, mas outro estridente cão fez questão de nos anunciar. Foi ai q apareceu o Clóvis, com cara q havia recém-levantado, guarda-parque do lugar q solicitamente desfilou informações pertinentes ao lugar. Nos contou q o parque é recente (foi criado em 89) e antigamente fazia parte da Faz. Helena, cujo proprietário fez questão de conservar td mata original ao invés de devastá-la em favor de cafezais, e tinha como aliado a UEL, q ajudou a garantir esta preservação; q apenas 10% dele é aberto ao público (o resto é pra pesquisa ambiental); q era proibida a permanência de animais domésticos (os pulguentos q nos acompanhavam haviam sido abandonados por alguem ali); e q havia 3 trilhas interpretativas sendo q apenas duas poderíamos percorrer sem necessidade de guia ou monitor ambiental, as quais nos indicou a direção.

E lá fomos nós, após passar rapidamente no cto de informações aos visitantes onde assinamos um livro, nos embrenhar numa trilha q havia logo atrás do tal centro, as 9:40hrs. E claro, sempre com os quatro pulguentos na nossa rabeira. Mergulhamos então no frescor da mata, q aquele horário era mais q bem-vinda pois a temperatura aumentava rapidamente. Sem saber, palmilhávamos os menos de 800m da tranquila “Trilha do Projeto Madeira”, q sinuosamente se esgueira em meio a farta vegetação atraves de uma vereda ora de chão ora calçada com pequenos paralelepípedos. A picada ganha este nome pois durante td trajeto se observam plaquinhas identificando o arvoredo dali. Exemplares como Canafístula, Sobrasil, Gurucaia, Louro-pardo, Guaritá, Jacarandá e Ipê-roxo surgem em cada canto, embalados no canto metálico das arapongas.

 

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Desembocamos, enfim, numa choupana (na verdade, uma área de descanso) com alguma infra, de onde partiam duas picadas bem próximas, a “Trilha dos Catetos” e a “Trilha dos Perobas e Figueiras”, sendo q a primeira estava sinalizada e a outra não. Claro q tomamos a dos “Catetos” e la fomos nós, sempre acompanhados pela cachorrada a tiracolo. Esta vereda é larga e sem desnível algum, tem menos de 1km e basicamente acompanha um trajeto linear e retilíneo q rasga a mata fechada sentido noroeste. Portanto, alguém se perder aqui é algo bem improvável, ou se por ventura conseguir esse feitio por favor me avise pra notificar o Guinness. Há alguma mata tombada no trajeto mas nada q não possa ser contornado sem arranhões ou maior esforço.

Além da farta flora, dizem q a noite a bicharada dá as caras por aqui, como por exemplo tamanduá-mirim, tatu, macaco-prego, onça-parda, lontra, quati, anta, capivara, o quase extinto gato-mourisco, jacús, papagaios, tucanos, anambés, veados e cotias...ufaaa! Mas até lá nos contentamos apenas em ouvir a cantoria dos pássaros nalgum lugar do arvoredo do entorno, quiçá reclamando da nossa intromissão em seu território. E lá continuamos nós andarilhando em linha reta, descompromissadamente e sem dificuldade nenhuma. E a cachorrada sapeca logo atrás. Como se já não bastasse a facilidade da trilha, no trajeto ainda há algumas marcações de fitas em caso de alguma duvida em relação ao “sentido” a ser tomado, alem de um marco de cimento (repleto de musgo) comemorativo da inauguração do parque.

 

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Mas é ao atingir o final da trilha, por volta das 10:30hrs, após ser contemplados pelo frescor e silêncio da mata fresca, q se tem um tapa na cara q nos traz de volta a realidade. A picada dá num gigantesco descampado, com vestígios de lavouras secas recém-colhidas. Estéril e vazio q contrasta com td verdejante e pulsante vida avistada até ali. Noutras, estávamos nos limites do parque. Retomamos o fôlego e iniciamos assim o retorno pelo mesmo caminho, claro. Só depois, em casa, tomamos conhecimento q próximo daqui há outras duas picadas não muito divulgadas mas igualmente interessantes: a “Trilha do Peter”, q retorna quase q em paralelo á dos “Catetos”, e num piscar de olhos nos leva de volta a choupana; e outra q vai dar nas margens encachoeiradas do Ribeirão Apertados, o curso dágua importante q rasga o parque de leste a oeste e é a principal fonte do precioso liquido a fauna e flora local. Pois bem, fica a dica pra quem vier aqui com mais tempo e disposição de ir atrás dessas veredas.

Uma vez de volta a “choupana divisora de trilhas”, resolvemos tomar a outra picada não sinalizada, mas q corresponde a “Trilha dos Perobas e Figueiras” e revelou-se muito mais interessante q a outra. Pq? Simplesmente por ser mais estreita, maior (quase 2,5km), sinuosa e ter mais aspecto de picada no mato mesmo, além de ser considerada a mais importante de tds pois mostra a parte mais conservada do parque, havendo uma maior diversidade de flora, onde é possivel apreciar a exuberância da Mata propriamente dita. Dizem q esta trilha precisa de guia-monitor-qq-coisa-q-o-valha justamente por ser mais confusa (e é mesmo), e quiçá por este motivo tenham removido a sinalização dela. Entendeu agora pq particularmente gostei mais desta picada?

 

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Pois bem, eu e a Lau enton nos pirulamos por essa picada q mergulha fundo na mata, sempre acompanhados pela cachorrada td serelepe logo atrás. E la fomos serpenteando o caminho q as vezes parece se perder, mas logo adiante reaparece firme e forte. Mata tombada surge vez ou outra, mas nada q não possa ser contornado. E de fato, esta vereda merece o nome q ostenta pq durante td trajeto somos brindados com belos e enormes exemplares de Perobas Rosa, Figueiras Brancas e Figueiras do brejo! Raizes tubulares enormes servindo de base pra troncos maiores ainda surpreendem pelo tamanho, portanto não duvido muito q estas raizes tenham servido de abrigo aos pioneiros, pois comportam facilmente uma família inteira segundo as infos do folder local. Outro destaque é uma imponente peroba caída, onde este gigante da floresta resiste a decomposição quase 30 anos após seu tombamento...

A pernada prossegue nesse mesmo compasso, inipterrupta, qdo vou percebendo q lentamente vamos mudando de direção, como q retornando. De fato, o trajeto desta vereda é circular e logo nos deparamos com um decrépito portal de madeira, q caindo aos pedaços e parcialmente engolido pelo mato, devia ser o antigo acesso de entrada á trilha. Num piscar de olhos estamos novamente na choupana e, na sequencia, no centro de visitantes, onde como legítimos donos-do-pedaço naquele dia lindo e ensolarado, nos prostramos pra descansar e beliscar alguma coisa. A cachorrada não se faz de rogada e, como se tivesse tido seu quinhão de aventura matinal, desaba no fofo gramado do entorno.

 

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Pra nos então a aventura terminara. Passava do meio-dia e tínhamos compromissos pendentes pelo resto do dia, e por este motivo fomos embora naquele mesmo horário, porem satisfeitos por ter conhecido de sopetão e mesmo q superfialmente aquele pequeno oásis local. Dureza foi ter de aturar quase uma hr de espera o busao passar pelo asfalto da PR-538, enqto cozinhávamos sob aquele sol escaldante, onde o calor parecia emanar do chão. Pois é, se soubéssemos com antecedência da dica da trilha q levava ao Rio Apertados estaríamos agora lá, nos refrescando a contento naquele calor infernal! Pra nossa surpresa, qdo deu 13hr - horário em tese do pq abrir - a porteira da frente ainda continuava trancada, numa clara mostra de desrespeito aos turistas (poucos, claro) q ali chegavam motorizados, e iam embora não tendo onde estacionar. Uma pena.

 

Curiosamente, os sites anunciam q o PEMG, com td seu tamanho equivalente a 700 campos de futebol, como um dos grandes ptos de turismo em Londrina, recebendo trocentos visitantes de outros estados e países. No entanto, é de se espantar q ninguém de fato aqui o conheça. Mas o motivo é mais q claro. A divulgação quase nula e a ausência de uma forma decente de incentivar sua visitação, a começar pela mudança de horário (esdrúxulo!) de entrada, assim como a necessidade de guia/monitor pra trilhas facílimas são alguns destes fatores q desmotivam. Prum lugar q de fato é um oásis mais q bem-vindo em meio a horizontalidade de lavouras de perder a vista neste norte parananense, o PEMG pode ser um belo exemplo de conservação da biodiversidade, mas deixa muito a desejar no quesito de sua própria auto-promoção.

 

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  • Membros de Honra
Postado

Boa pessoal!

 

 

Parabéns pela pernadinha!

O lugar merece uma visita de quem estiver em Londrina, com pouco tempo ou sem nada melhor para fazer na área do que ir a algum shopping. Uma boa oportunidade de ver raros exemplares de árvores nativas de grande porte e de madeiras nobres, praticamente extintas no Paraná. O Jorge "romanceou" um pouco a trip: é um verdadeiro passeio no Bosque :mrgreen:::lol4::

 

Abraços!

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