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Norte do Chile e Noroeste da Argentina

Santiago – San Pedro de Atacama - Reserva Eduardo Avaroa (Bolívia) – Jujuy – Quebrada de Humahuaca – Salta – Mendoza - Santiago

 

Escolhi Santiago como o lugar para iniciar e terminar a viagem, e dali tomei um avião até Calama (Chile), onde comecei realmente a mochilar. Minha rota continuou de ônibus para a Argentina e depois para o sul até Mendoza e Santiago novamente.

 

Segue o resumo das cidades com datas:

 

Dias 1, 2 e 3 – Santiago

Dia 4 – San Pedro de Atacama

Dias 5 e 6 – Sul da Bolívia (Vulcão Licancabur)

Dias 7 e 8 – San Pedro de Atacama

Dias 9 e 10 – San Salvador de Jujuy

Dias 11 e 12 – Quebrada de Humahuaca (Tilcara)

Dias 13, 14 e 15 – Salta

Dias 16, 17 e 18 – Mendoza

Dia 19 – Viagem a Santiago e voo para São Paulo

 

Abaixo, a rota percorrida e os meios de transporte utilizados em cada grande deslocamento.

 

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Voo Santiago a Calama: USD 220,00 – 2:00 horas

Transfer Calama a San Pedro: CLP 12.000,00 – 2:30 horas

Ônibus San Pedro – Jujuy: CLP 30.000,00 – 11:00 horas

Ônibus Jujuy – Salta: ARS 52,00 – 2:30 horas

Ônibus Salta – Mendoza: ARS 420,00 – 20:00 horas

Ônibus Mendoza - Santiago: ARS 160,00 – 9:00 horas

 

Dias 1 e 2 – Santiago

Cheguei a Santiago cerca de 13:40, vindo em um voo de São Paulo. Fui recebido por um amigo e sua esposa, que me hospedaram até a data do meu voo para Calama. Nestes dias em Santiago não mochilei da forma usual, mas conheci bastante o bairro Recoleta, que é onde meus amigos moram.

 

Dia 3 – Santiago e Calama

Fui até o shopping Mall Sports pois precisava comprar equipamentos de montanha para uma parte de minha viagem. O local possui apenas lojas de artigos esportivos, onde é possível comprar equipamentos e roupas por um preço muito melhor do que no Brasil (cerca de 50% do valor encontrado por aqui). O lugar fica bem longe do centro, cerca de 30 minutos de carro.

 

http://www.mallsport.cl/

 

Após isso, voltei à região central. Fui de metrô até a estação Universidade de Santiago e peguei um ônibus (CLP 1.900,00) até o aeroporto. Peguei o voo para Calama às 14:30, que aterrissou cerca de 17:30.

 

Calama estava quente e seca, com um sol muito forte. Dentro da área de desembarque, é possível comprar a passagem do “transfer” até San Pedro de Atacama, que custa CLP 12.000,00. A maioria das pessoas que passam por Calama são turistas que rumam a San Pedro ou trabalhadores das minerías, que são muitas nesta parte do país.

 

No começo da noite estava em San Pedro, uma cidade de ruas repletas de poeira e turistas. Havia pesquisado sobre um hostel chamado Hostal Florida (Tocopilla, 406), e foi minha opção para a primeira noite. Um hostel mediano, sem desayuno que cobrou CLP 4.000,00 a diária. Durante o dia eles alugam bicicletas (como toda a cidade de San Pedro) e promovem excursões a cavalo.

 

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Dia 4 – San Pedro de Atacama

Acordei cedo para resolver os detalhes de minha viagem à Bolívia, onde subiria o vulcão Licancabur. A cidade estava vazia, com poucas pessoas na rua e nada aberto. Tudo começa a funcionar por volta das 9:00 horas. Gastei mais algumas horas para conseguir um transporte até a fronteira da Bolívia (Paso Hito Cajon) para o próximo dia.

 

Às 10:50 aluguei uma bicicleta para fazer o passeio bem conhecido da Pukara de Quitor – Catarpe – Túnel – Capilla de San Isidro.

 

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Vulcão Licancabur ao fundo, na estrada para Catarpe

 

Comecei pedalando na direção da Pukara de Quitor, um forte inca bastante desgastado pelo tempo que foi construído sobre uma das faces de um morro. Algumas construções foram parcialmente reconstruídas e dão uma idéia do que a pequena cidade seria. Vale a visita, por ser bem perto da cidade e ficar no caminho para Catarpe.

 

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Pukara de Quitor

 

Depois de visitar o forte segui algumas centenas de metros até uma praça em uma espécie de bairro da comunidade local. Dali se pode empurrar a bicicleta por alguns metros até um local onde existem um arco de pedra e uma estátua esculpida na rocha.

 

Segui atravessando o rio, que estava apenas com um fio de água, e tomando a estrada principal rumo a Catarpe. Um pouco mais à frente se encontra uma placa indicando os principais lugares. Subi para Altos de Catarpe, onde a estradinha sobe um pouco e passa por lugares bem áridos, com o solo rachando e nenhuma vegetação.

 

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Altos de Catarpe

 

Após uma ponte de pedra chega-se a um túnel na rocha, que se extende por dezenas de metros até o outro lado desta parte da serra. Quando se está no meio do tunel não se vê nada além da luz de sua extremidade.

 

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Tunel de Catarpe

 

Atravessei o túnel às 12:50 e continuei a descer um pouco mais, seguindo um caminho de água que no início parecia uma estrada, mas depois se juntava a outros caminho e a um leito seco de rio. Tive dificuldade em voltar para o túnel, pedalando alí cerca de duas horas. Este lado da serra era uma grande área com dunas, caminhos sobre a areia e pequenos morros de solo quebradiço. Depois de encontrar o túnel, decidi cancelar a ida até a Capilla de San Isidro e voltar para San Pedro, chegando lá umas 16:30 horas.

 

Dia 5 – Reserva Eduardo Avaroa (Bolívia)

 

O objetivo do dia foi chegar ao abrigo de montanha próximo à Laguna Blanca, na Reserva Nacional de Fauna Andina Eduardo Avaroa, e contratar um guia local para realizar no dia seguinte a ascensão ao Vulcão Licancabur (5930 m.s.n.m).

 

Embora muitas pessoas façam os passeios das lagunas da Bolívia com base em San Pedro, poucas pessoas descem na sede do parque, o que deixa poucas opções para quem quer apenas ir até a Laguna Blanca. É possível conseguir uma vaga em uma das excursões para as lagunas ou para Uyuni, porém as empresas dão preferência a quem contratar o pacote completo, que é dezenas de vezes mais caro que um simples transporte até o parque. Se perguntar no início da noite nas empresas bolivianas que fazem excursões, é possível encontrar vagas e conseguir um preço aceitável no transporte. A sede da reserva fica a poucos quilômetros da fronteira do Chile, porém é preferível combinar um transporte da aduana até a sede.

 

A Colca Tours e a Estrella del Sur são empresas que fazem o serviço de transporte mais regularmente, e são a melhor opção para quem quer marcar o transporte com antecedência, sem esperar pelas vagas incertas das excursões. A Colca Tours havia sido recomendada, porém abriu muito tarde o escritório, então fechei com a empresa Estrella del Sur. Paguei CLP 7.000,00 pelo transporte até a aduana e um adicional de CLP 1.000,00 pelo transporte em um jipe até a sede do parque.

 

O ônibus da Estrella del Sur atrasou 1 hora, e saí de San Pedro cerca de 9:00 da manhã. Desci no Paso Hito Cajon uns 40 minutos depois para fazer a migração, e aguardei a partida de um veículo 4 x 4, obrigatório para o transporte dentro da reserva.

 

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Fronteira Chile - Bolívia

 

Pouco depois, estava na sede da reserva, a 4340 m.s.n.m, onde todos descem e pagam BSB 150,00 pelo ingresso. Perguntei por Macario, o guia que me havia sido recomendado em minhas pesquisas, mas o funcionário da reserva disse que ele não estava mais ficando no local. No entanto havia um outro guia, de nome Juan, que estava fazendo as ascensões guiadas.

 

Na frente da sede da reserva, após uma ampla área de areia, fica o abrigo de montanha, que também atende aos turistas que passam por ali rumo às lagunas e a Uyuni. A diária me custou BSB 25,00. Ali trabalham uma senhora boliviana (que não falava espanhol) e um rapaz que atende os turistas. O guia não estava, mas chegaria no final da tarde.

 

Às 11:00 saí para caminhar ao longo da Laguna Blanca e me aclimatar. Com o sol a pino e nenhuma nuvem no céu, fazia até um pouco de calor. Segui a estrada que leva os jipes às lagunas e cheguei a um pequeno grupo de casas em uma margem da laguna.

 

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Povoado de Laguna Blanca

 

Caminhei até a Laguna Verde, cerca de duas horas margeando a Laguna Blanca. O solo era quebradiço, com cristais de sal formados pela água branca ao secar. Em alguns locais encontrei flamingos, que eram ariscos e alçavam voo quando me aproximava.

 

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Cheguei a um ponto onde os jipes das excursões se reuniam sobre um pequeno morro. Dali regressei pelo mesmo caminho, margeando o lago.

 

De volta ao abrigo, acertei com o guia os detalhes da subida no dia seguinte. O valor cobrado foi CLP 75.000,00 incluindo o transporte em sua caminhonete até a base da montanha. Neste dia eu fui o único hóspede do abrigo, e também a única pessoa além do guia a subir o vulcão no dia seguinte.

 

Dia 6 – Vulcão Licancabur

 

O relato completo da ascensão postei no link abaixo, em “Trilhas e Travessias”:

 

http://www.mochileiros.com/relato-da-ascensao-ao-vulcao-licancabur-t76223.html

 

Em resumo, a subida é exigente e demorada, mas com o preparo adequado torna-se acessível para quem não tem grande experiência em alta montanha. É uma montanha muito alta (5930 m.s.n.m), mas o local seco de sua localização faz com que quase não tenha neve, o que facilita muito para brasileiros.

 

Após um percurso de caminhonete até a base do vulcão, comecei a subida às 3:00 da manhã, chegando ao cume exausto, às 10:20 horas. Lá em cima é possível ver as montanhas próximas com muita nitidez, pois quase não há umidade no ar. No fundo da grande cratera há um lago congelado, muitos metros abaixo, que não visitei.

 

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Mastro indicando o cume e Lagunas Blanca e Verde abaixo

 

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Lago congelado na cratera

 

Na descida, o cansaço me fez progredir muito lentamente, regressando ao veículo cerca de 15:00 horas. Este atraso não me permitiu chegar ao abrigo a tempo de tomar um dos últimos transportes até San Pedro, e pernoitei mais uma noite no abrigo.

 

Dia 7 – San Pedro de Atacama (Lagunas Cejas)

 

Acordei às 7:00 horas e, após colocar tudo na mochila, aguardei no lado de fora a chegada de algum jipe que ia até a fronteira com o Chile. Consegui um transporte cerca de 9:00 horas, e pouco depois fazia a migração na aduana. Tomei um ônibus que trouxe turistas de San Pedro, e regressava à cidade para buscar mais.

 

No fim da manhã estava em San Pedro, e optei por mudar de hostel, escolhendo o HI San Pedro de Atacama (Caracoles 360). Um pouco melhor que o Hostal Florida, me cobraram CLP 6.000,00 a diária (preço de associado, embora eu não tenha o registro) incluindo café da manhã. Combinei no próprio hostel um passeio para as Lagunas Cejas no final da tarde (CLP 15.000,00).

 

Às 16:00 horas me reuni com outras 12 pessoas em frente a uma das agências de excursões, e entramos em uma van que nos levou por um breve trecho até o Salar de Atacama. O lugar consiste em uma área muito grande limitada por duas cordilheiras, a dos Andes a leste e a Cordillera de Domeyko, a oeste. Nos Andes, é possível ver com clareza muitas das montanhas mais conhecidas, como os vulcões Licancabur, Juriques e Lascar. O Licancabur e o Juriques são facilmente reconhecíveis de qualquer lugar do Atacama.

 

Pagamos o ingresso ao parque (CLP 2.000,00) e seguimos para uma laguna muito rasa, com a margem é impregnada de cristais de sal. Ficamos ali uns 20 minutos para bater fotos.

 

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Salar com altiplano boliviano ao fundo. No centro, Licancabur e Juriques.

 

Dali, não seguimos para as Lagunas Cejas, como havíamos planejado, mas paramos em Ojos del Salar. São dois grandes buracos no chão com água um pouco menos salgada do que a das lagunas. Pulei dentro de um dos buracos e nadei um pouco. A água era muito fria e logo saí para secar ao sol.

 

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Um dos Ojos del Salar

 

Seguimos finalmente para as lagunas, e o sol já estava bem inclinado quando entrei, caminhando com água até a cintura, até o ponto onde a profundidade aumenta bruscamente. A água salgada em excesso torna a flutuação mais fácil, porém deixa uma camada branca sobre o corpo depois de secar.

 

A maioria das excursões oferece um lanche quando o sol se põe, e é recomendado levar um agasalho pois a temperatura baixa bruscamente nesta hora. Chegamos a San Pedro no começo da noite.

 

Dia 8 – San Pedro de Atacama

 

Planejava para este dia realizar um passeio de bicicleta pelo Vale de la Luna e Vale de la Muerte, no entando desde o dia anterior estava com uma espécie de gripe que acredito ser efeito colateral do vulcão. Estava com uma febre considerável, e descartei a possibilidade de aumentá-la com uma insolação quase certa devido ao passeio.

 

Comprei minha passagem para o dia seguinte (segunda-feira) com destino a San Salvador de Jujuy (CLP 30.000,00), no escritório da Pullman. Visitei o Museu Arqueológio Gustavo Le Paige, próximo à Plaza de Armas. O local possui uma ampla coleção de peças dos povos atacamenhos, desde 3000 a.C. até os anos de influência inca e espanhola, dispostos em ordem cronológica em sentido anti-horário.

 

Dia 9 – San Salvador de Jujuy

 

Aguardei o ônibus para Jujuy em uma área que funciona como o estacionamento municipal de San Pedro, atrás do Museu Arqueológico, do outro lado de uma viela onde fica a feira de artesanato. O ônibus saiu às 10:00 horas, com mais de uma hora de atraso. A aduana chilena fica bem próxima à cidade, e trecho inicial é o mesmo usado para ir ao sul da Bolívia. Segue-se reto na Ruta 27 através da Reserva Nacional Los Flamencos. Às 14:30 chegamos à fronteira com a Argentina, e todos descem no vento gelado da cordilheira para tirar as malas do ônibus e levá-las até uma esteira de raio-x dentro da aduana.

 

Achei a estrada uma das mais notáveis que percorri até hoje. A paisagem muda bastante, do deserto para o altiplano (Puna) e então descendo para a Quebrada de Humahuaca.

 

Ainda no Chile, vê-se ao longo da estrada lagos de água verde com patos e encostas com curiosas formações de rocha erodida. Estas formações, baixas já de tão gastas pelo tempo, quebram a tediosidade do cenário, repleto de colinas marrom-claro pontilhadas por tufos de gramíneas amareladas.

 

À medida que se desce a Puna rumo às cidades do noroeste argentino, a paisagem se torna mais interessante, com mais rochas gastas pelo vento, pequenas gargantas onde correm riachos, algumas ruínas e pequenos povoamentos de casas de adobe. De vez em quando vê-se um rebanhos de lhamas junto à estrada e guanacos mais longe nas colinas. O clima fica mais úmido e a vegetação torna-se mais verde e abundante.

 

O ônibus parou após uma curva na estrada devido ao rompimento da correia de transmissão. Cerca de 1 hora depois o problema foi resolvido e voltamos a rodar.

 

As colinas tornaram-se mais verdes e foram gradualmente sendo substituídas por planícies, com estradas secundárias e pequenas construções. Subitamente, toda a vegetação na margem da estrada foi substituída por uma área completamente gasta, onde nada crescia. Era a área de exploração de uma mineradora (de lítio, provavelmente). O processo inicial consiste em raspar uma camada do solo com cerca de 1 metro de profundidade e formar pilhas de material para posterior processamento. Em outras áreas, que já foram exploradas há algum tempo, o pampa ia lentamente se recuperando e ainda eram visíveis as pilhas de rejeitos que se cobriam de vegetação.

 

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Mineradora em Jujuy

 

Na chegada à Quebrada de Humahuaca, a estrada traça inúmeras curvas fechadas, envolvendo as escarpas e os penhascos, e fazendo o cenário mudar a todo instante. As gargantas revelam o trabalho do tempo que as escavou: um fino sulco onde a água passa, que depois abre-se em um grande “V”, atingindo dezenas de metros de largura.

 

Cheguei a Jujuy no começo da noite, na tumultuada rodoviária. Com a mochila nas costas, atravessei o Rio Xibi Xibi e procurei pelo hostel da HI (Club Hostel), que havia escolhido para ficar. Por um erro de orientação, tive dificuldade para localizá-lo e me dirigi para a opção B, o hostel Dublin (Lamadrid 168). O hostel havia mudado de endereço, mas ainda havia uma placa com o nome no lugar. Como um outro hostel (Tantanakuy) havia se estabelecido neste endereço, optei por ficar no local. O hostel estava em reformas e bastante vazio, com apenas alguns hóspedes argentinos.

 

Dia 10 – San Salvador de Jujuy

 

Saí cedo para conhecer a cidade, que me lembrou alguma cidade do interior de São Paulo pela disposição do centro e do comércio nas ruas. As semelhanças não se estendem muito, sendo possível notar muitos traços andino nos costumes da população.

 

A cidade organiza-se ao redor da Plaza General Belgrano, que tem ao seu redor importantes edifícios como o Cabildo, a Catedral e a Casa de Gobierno. A Igreja de San Francisco também vale uma visita.

 

O clima argentino me pareceu ótimo considerando que vinha do deserto, e passei a maior parte do dia caminhando atrás de um lugar para alugar uma bicicleta. Meu objetivo era alugar a bicicleta em Jujuy e então pegar um ônibus até Humahuaca, de onde desceria até Jujuy novamente, pernoitando uma noite em Tilcara. Infelizmente não se alugam bicicletas na cidade – tentei em bicicletarias, perguntei em hostels, fui até à casa de uma pessoa que antigamente as alugava, porém sem sucesso.

 

Meio aborrecido, tranquei parte da minha bagagem no hostel e tomei um ônibus para Tilcara às 16:00 horas. Animei-me pois lembrei-me que havia lido sobre o aluguel de bicicletas em Tilcara alugavam-se bicicletas. Tinha então uma alternativa para o passeio pela Quebrada de Humahuaca, que não queria fazer em uma excursão.

 

Tilcara fica em um lugar muito bonito, rodeado por montanhas multicoloridas. Embora muito turística, não chegou ao ponto de San Pedro de Atacama, e o ambiente amigável guarda um pouco de uma identidade local. A cidade estava vazia, com poucos turistas pelas ruas. Das duas opções de hostel que anotara, acabei ficando no Waira Hostel (Padilla 596), que também funciona como camping. O local fica em um terreno amplo cheio de árvores e muito tranquilo (por estar vazio). O pessoal do hostel foi muito amigável e em geral minha estadia foi sem pontos fracos.

 

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Voltei ao centrinho da cidade, e encontrei atrás da rodoviária um local onde poderia alugar uma bicicleta para o passeio através da Quebrada.

 

Dia 11 – Quebrada de Humahuaca

 

Aguardei até as 9:00 da manhã a abertura da bicicletaria, e após pegar todo o equipamento e capacete, segui para a rodoviária para tomar um ônibus até Humahuaca. Voltaria para Tilcara pedalando através da Ruta 9 - seriam 45 km no total, a maior parte descida.

 

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Mapa reduzido - Quebrada de Humahuaca

 

É muito fácil se locomover pela Quebrada utilizando ônibus, que são frequentes e baratos. As distâncias também são curtas, e vale a pena ir pingando de cidade em cidade para conhecer melhor. Nem todos os ônibus transportam bicicletas, mas em um deles encontrei um local no compartimento de bagagem. Às 10:00 horas, chegava à Humahuaca.

 

Pedalei até a praça central, repleta de artesãos. Lembrei-me das pequenas cidades à margem do lago Titicaca, na Bolívia. O cabildo é uma construção curiosa de pedra pintada de branco.

 

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O imponente Monumento a la Independência fica no topo de uma grande escadaria, e lá de cima pode-se ver uma ampla área até as montanhas próximas.

 

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Antes de tomar a Ruta 9 de volta para Tilcara, atravessei o Rio Grande (que era só um fio de água nesta época do ano) e segui por uma estrada secundária que vai até Calete. Segui por cerca de 30 minutos e então regressei, atravessando o rio em outro ponto. Voltei à estrada e comecei a pedalar, parando a cada cinco minutos para observar e bater fotos.

 

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A Quebrada de Humahuaca tem todas as cores que nossos olhos podem ver. São campos férteis, apesar de repletos de cáctos e espinheiros, onde pastores tocam pequenos rebanhos de ovelhas e cabras, e agricultores colhem a mão alguma cultura local, possivelmente quínoa.

 

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À margem da estrada as casas de tijolos de barro marrom-claro dividem o cenário com álamos verde-oliva, que são plantados ao longo de muitas das estradas menores. Mais além, morros multicores indescritíveis canalizam o vento e refletem o sol que não é filtrado por nenhum nuvem. Os povoados de Uquia e Huacalera ficam no caminho, à beira da estrada. Em Uquia está a interessante Iglesia de San Francisco de Paula, que foi construída no ano de 1691.

 

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Iglesia de San Francisco de Paula

 

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Os leitos dos riachos estão quase sempre secos, mas exibem uma largura que revela possível abundância em outra época do ano. O terreno mostra-se frágil, exibindo grandes sulcos formados pela agressão da água.

 

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Após o meio dia, começa a ventar do sul, o que torna a viagem de bicicleta muito mais lenta. Em alguns pontos, mesmo sendo uma grande descida, a bicicleta quase parava se não fizesse muita força com os pedais. No caso de se fazer uma distância maior, vale pedalar mais durante a manhã para não ter problemas com atrasos devido ao vento.

 

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Às 15:20 estava chegando em Tilcara novamente, mas decidi prolongar o passeio até Maimará, poucos quilômetros adiante. Se fizesse o passeio novamente, tomaria o ônibus até Abra Pampa (ao norte de Humahuaca) e desceria todo o caminho até Tilcara.

 

Retornei a Tilcara às 16:20, decidido a ficar mais uma noite.

 

Dia 12 – Salta

 

De Tilcara, tomei o ônibus para S.S. Jujuy cerca de 9:00 horas da manhã. Chegando lá, fui ao hostel buscar as coisas que havia trancado no cofre, e dali segui para a rodoviária comprar a passagem do ônibus para Salta.

 

Aguardei um pouco a saída do ônibus, que partiu umas 14:30 horas. Pouco depois das 17:00 horas estava em Salta, e caminhei da rodoviária até o centro da cidade, passando pelas ruas tranquilas e arborizadas próximas ao Parque San Martin. Segui pela Calle Urquiza por uns 30 minutos até o hostel que havia escolhido, o Backpacker’s Suites & Bar. Um ótimo hostel, com boa localização, próximo às principais construções da cidade.

 

Salta é uma cidade maior do que Jujuy, com muitas construções coloniais e alguns museus interessantes. A Plaza 9 Julio tem uma grande área arborizada e sobre os seus passeios tem arcadas que fazem sombra às mesas dos cafés. Caminhei um pouco por ali e pelas ruas próximas, e então voltei ao hostel.

 

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Plaza 9 de Julio

 

Mais tarde, fui à Calle Balcarce com dois porteños que estavam hospedados no hostel. Era uma quinta-feira, e a rua estava repleta de pessoas sentadas em mesas em algum dos inúmeros inúmeros bares, ou entrando ou saindo de alguma das peñas ou “boliches”.

 

Dia 13 – Salta

 

Caminhei por Salta, seguindo no mapa os principais pontos de interesse.

 

Na Plaza 9 de Julio, visitei a Catedral e segui para o Museu Histórico do Norte (ARS 10,00), que fica no cabildo. O acervo é bastante extenso, abrigando itens arqueológicos e da historia colonial da região.

 

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Cabildo de Salta

 

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Interior do Museu Histórico do Norte

 

O Museu de Arqueologia de Alta Montanha (ARS 40,00) tem o acervo bem mais restrito, visitado por abrigar as múmias das crianças encontradas no vulcão Llullaillaco. Vale a visita se tiver tempo de sobra, embora a exposição seja muito bem elaborada, com informações interessantes sobre a organização do império inca.

 

Próxima à Plaza 9 de Julio encontra-se a Iglesia de San Francisco, notável pelas paredes vermelhas em contraste com as colunas brancas.

 

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Iglesia de San Francisco

 

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Sob os arcos das entradas, estas cortinas construídas entre as colunas descem formando uma fachada única.

 

Segui caminhando até o Paseo Güemes, uma larga e tranquila avenida que leva até um praça que abriga o Monumento Güemes, herói regional da luta pela independência. A praça dá início à subida ao Cerro San Bernardo, que também é acessível por um teleférico que parte do Parque San Martin.

 

Segui subindo os degraus por uns 30 minutos até chegar ao mirante e o pequeno parque. A visão lá da cima vale todo o esforço, sendo possível reconhecer muitas das construções, o grande parque verde e as altas montanhas ao fundo.

 

Dia 14 – Cafayate

 

No dia anterior havia combinado uma excusão para Cafayate. A van parou em frente ao hostel cerca de 9:00 horas, e subi com um grupo de franceses que também estava hospedado ali.

 

A cidade de Cafayate fica a 189 quilômetros de Salta, localizada na área dos Valles Calchaquíes, conhecidos pela produção de vinhos. Após uma breve parada em uma pequena cidade próxima a Salta, o veículo seguiu pela estrada sinuosas através de planícies áridas alternando-se com pequenas matas, formações rochosas coloridas, rios e escarpas.

 

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Ruta 68 (Salta a Cafayate)

 

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Em Cafayate, tivemos algumas horas livres para almoçar e conhecer o compacto centrinho da cidade, que se organiza em volta de uma grande praça.

 

Ficando Cafayate ao sul de Salta, considerei conhecê-la de ônibus, a caminho de Mendoza. Os transportes, no entanto, não passam por ali, traçando uma rota mais direta através de San Miguel de Tucuman.

 

Dia 15 – Salta

 

No meu último dia em Salta, fui pela manhã até a rodoviária comprar minha passagem para Mendoza. Consegui apenas um ônibus às 22:00 horas e usei o longo tempo que tinha para conhecer algumas partes da cidade que ainda não conhecera.

 

Visitei o Convento de São Bernardo, construído em uma ampla área na Calle Caseros, a meio caminho do centro para o Cerro San Bernardo. Por ser um convento, não é possível conhecer o interior, mas a larga construção com uma torre com sino vale a visita.

 

Segui pelas ruas ao sul do centro, mais afastadas e menos turísticas. Visitei a Iglesia Nuestra Señora de la Candelaria, na Calle Alberdi.

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No meio da tarde, voltei ao hostel para pegar a bagagem. O céu estava escuro, ameaçando um temporal. Quando os primeiros pingos começaram a cair, entrei em um dos cafés para aguardar. Uma chuva torrencial lavou as ruas secas de Salta, trazendo o lixo das quadras mais altas e enchendo as sarjetas de galhos e folhas. Após alguns minutos veio a saraiva acompanhada de vento forte, fustigando as coberturas de metal das pequenas lojas da rua Urquiza.

 

Depois de cerca de uma hora, a chuva parou e as pessoas voltaram às ruas, embora um grande volume de água ainda fluísse, impedindo a passagem daqueles que não queriam molhar-se. Alguns atravessavam os pequenos rios formados entre a calçada e a rua, com água até os joelhos. A água lavou minha estadia em Salta.

 

Dia 16 – Mendoza

 

Passei a maior parte do dia na viagem de ônibus de Salta para Mendoza, que levou cerca de 20 horas. Cheguei à rodoviária da cidade umas 15:30, e caminhei por poucos minutos até o centro da cidade, onde estavam as opções de hostel que havia escolhido. Fiquei no Hostel Mora (San Juan, 955), que se revelou uma ótima opção.

 

Mendoza tem já um aspecto de cidade grande. Foi construída em uma região desértica utilizando um sistema de transposição de águas de alguns rios dos Andes, canais construídos que permitiram a irrigação e a agricultura. Os canais correm mesmo dentro da cidade, entre a calçada e a rua, tornando possível a arborização abundante da cidade. Saindo um pouco do perímetro urbano, nas áreas que não são cultivadas, a vegetação muda drasticamente, mostrando traços do deserto com pouco verde e muitos arbustos e espinheiros.

 

Dia 17 – Mendoza

 

Tomei o dia para conhecer a cidade, que tem o centro simétrico organizado em torno da Plaza Independencia. Além desta praça, outras quatro praças marcam o contorno do núcleo turístico da cidade, formando um quadrado de 6 x 6 quadras.

 

A Plaza España chama atenção pelo ladrilhos coloridos que decoram o chão e os bancos. Um largo painel com imagens do descobrimento da América pode ser visto na área aberta em frente a um chafariz.

 

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Plaza España

 

O Parque San Martin fica a uma boa caminhada do centro, mas vale a visita. Depois de entrar pelo grande portão de ferro com a estátua de um condor pousada sobre o arco, circula-se por uma área muito grande, cheia de arbustos, árvores e flores, muito verdes devido à ação dos pequenos canais de água que correm em todos os canteiros.

 

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Entrada do Parque General San Martin

 

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Um lago cercado de árvores serve de raia para pessoas que treinam remo, enquanto outros correm pelas grandes distâncias de passeios que existem dentro do parque.

 

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Uma rua sobe um morro que leva ao Monumento ao Exército dos Andes, em memória da travessia dos Andes realizada pelo General San Martin na guerra da independência da Argentina e do Chile.

 

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Monumento ao Exército dos Andes

 

Dia 18 – Mendoza

 

Neste dia realizei uma excursão à rota de alta montanha que segue de Mendoza até o Chile. É o mesmo caminho do ônibus para Santiago, que pegaria às 22:00 horas do mesmo dia.

 

O veículo parou inicialmente na vila de Uspallata, a 92 km de Mendoza. O local estava vazio nesta época do ano, mas no inverno, com a temporada de esqui, torna-se lotado de argentinos, brasileiros e europeus.

 

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Vila de Uspallata

 

O pequeno ônibus seguiu para Puente del Inca, onde há uma pequena vila próxima a uma pedra disposta como uma ponte sobre um rio.

 

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Puente del Inca

 

A água, carregada de minerais, tinge de amarelo-enxofre a margem e tudo o que fica submerso nela por um tempo. Próximo à água, vê-se as ruínas do que fora um hotel de banhos termais, também tingidas de amarelo. O hotel foi destruído enchentes por volta de 1965.

 

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Pequena capela próxima à Puente del Inca

 

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Na volta para Mendoza, foi possível ver o Cerro Aconcágua, 45 quilômetros distante da Ruta 7.

 

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De volta ao hostel, peguei minha bagagem e caminhei até a rodoviária, aguardando lá perto a partida de meu ônibus para Santiago de Chile.

 

Dia 19 – Santiago e São Paulo

 

Acordei no ônibus umas 3:00 da manhã, quando chegamos à aduana chilena. Entrar no Chile por terra sempre é um processo cansativo e cheio de surpresas, mas desta vez as autoridades se superaram um pouco. Aguardei durante cerca de duas horas dentro do ônibus, pois havia uma longa fila de veículos aguardando o processo de migração. Aparentemente era um dia atípico, pareciam estar realizando um “pente fino”.

 

Depois de descer e carregar a mochila até o raio-x, no interior da aduana, aguardei enquanto algumas pessoas reviravam a bagagem revelando itens proibidos como produtos de origem animal ou vegetal. Os itens foram confiscados e foi aplicada uma multa aos infratores.

 

Nesse tempo, um agente que havia feito uma busca com um cachorro dentro do ônibus, trouxe alguns pacotes de cigarro encontrados em bancos do ônibus, pedindo que o dono se identificasse. Como os bancos onde foram encontrados os cigarros não estavam ocupados e ninguém se prontificou a assumir o contrabando, aguardamos mais alguns minutos até sermos liberados.

 

Cheguei a Santiago umas 7:30 da manhã, e fiz um pouco de hora antes de tomar o ônibus da Tur-Bus até o aeroporto. Às 13:30, embarquei no voo para São Paulo, finalizando minha viagem.

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Olá,

 

Muito bom até aqui. ::cool:::'> ::cool:::'> ::cool:::'>

 

Aguardando os próximos capítulos, principalmente o norte argentino.

 

MAria Emilia

 

Editado para complementação.

 

Adorei o restante do relato referente ao norte argentino.

 

::cool:::'> ::cool:::'> ::cool:::'>

 

Esseaé uma mochilada que se tudo der certo, pretendo fazer no próximo ano.

 

Então estou anotando todas as informações.

 

E quanto ao tren de las nubens em Salta ? ? ? vc não comenta nada, não chegou a fazer ou ter alguma informação ? ? ? sei que é carrissimo ::mmm:::essa::

 

Mais uma vez parabéns pela trip.

 

Maria Emília

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