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Vale do Córrego Palmital, na descida da serra para Mendanha

 

Aviso importante: ao tentar refazer o trecho inicial dessa travessia em 1/maio/2015, fui alertado pelos moradores da periferia de Diamantina de que estão ocorrendo assaltos no início da trilha, logo depois das últimas casas do bairro. Um assalto a mão armada a um grupo havia ocorrido naquela mesma manhã. Com isso, fui obrigado a dar uma grande volta e retomar a travessia no km 585 da rodovia BR-367, já depois do Calçamento dos Escravos, ponto turístico da cidade.

As fotos estão em https://picasaweb.google.com/116531899108747189520/TravessiaDiamantinaMendanhaPeloCaminhoDosEscravosMGJun12.

 

O Caminho dos Escravos foi construído no século 18 para escoar a produção de diamantes de Mendanha para Diamantina. No começo do século 19, Mendanha possuía um dos maiores serviços de extração de diamantes da região. Além das pedras, as mercadorias que também eram trazidas pelos tropeiros eram comercializadas no mercado de Diamantina. Mendanha é ainda hoje um distrito de Diamantina.

 

O Caminho dos Escravos inicia oficialmente no Mercado dos Tropeiros de Diamantina, onde uma placa informa que o percurso tem 20km e o tempo médio de caminhada é de 8 horas, com nível de dificuldade médio. Ele atravessa a porção leste do Parque Estadual do Biribiri, criado em 1998 e administrado pelo IEF (http://www.ief.mg.gov.br/areas-protegidas/200).

 

Essa placa com informações sobre o trajeto está colocada justamente no topo da ladeira que se deve descer, a Rua Burgalhau, para começar a travessia até Mendanha. Dei início à caminhada às 7h37 descendo essa rua, que entronca na Rua Espírito Santo e continua com o nome de Rua do Areião. Pegando a direita na bifurcação seguinte é só seguir até o fim da rua, subir à direita a Rua São Vicente e entrar na primeira à esquerda, Rua do Areião de novo. Há placas em quase todo esse trajeto.

 

Essa última rua vai se estreitando entre as casas bem pobres até virar uma trilha (7h55) que sobe com algumas variantes, enquanto a vista panorâmica da cidade vai se ampliando atrás de mim. Às 8h25 alcanço o início do trecho mais famoso do caminho, o calçamento largo de pedras com muro de sustentação em degraus que sobe a Serra dos Cristais. Passado o primeiro ponto de água, às 8h42 atravesso a rodovia BR-367 e continuo em frente (norte), caminhando por trilha larga, onde uma placa me diz que a partir daquele ponto eu estava entrando no Parque Estadual do Biribiri. Em 10 minutos um mirante proporciona a última vista de Diamantina. Daí em diante o caminho tem a forma ora de trilha ora de estradinha de terra e o calçamento de pedras só voltará na descida da serra próxima a Mendanha.

 

Às 9h16 uma placa ordena que eu abandone a estradinha deserta em favor de uma trilha à esquerda, cruzando outra estrada de terra logo em seguida. À direita surge o campus JK da UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri), que será visível durante boa parte da caminhada (o que contribui para quebrar o clima "selvagem" da travessia, na minha opinião). Às 9h47 mais um ponto de água e oito minutos depois cruzo outra estrada de terra. Às 10h33 fiquei em dúvida numa bifurcação por causa de uma placa com os dizeres "não use atalhos". O ramo da direita (nordeste) me pareceu um atalho, então segui para a esquerda (norte). Andei cerca de 600m e, como sempre acontece comigo, um anjo da guarda surge do nada para ajudar. Quando já estava descendo encontrei um senhor, morador local, subindo, e ele me informou que eu havia pegado o lado errado na bifurcação, era para a direita mesmo. Sanado o erro, volto a caminhar para nordeste e descer (depois, observando melhor o gps, notei que aquela trilha para o norte me levaria à vila de Biribiri, o que também seria um passeio bem interessante). Às 10h50 cruzo o Córrego Soberbo e entro à direita na placa para conhecer o Pocinho.

 

Às 11h17 a trilha entronca numa estradinha vinda da direita. Na sequência uma bifurcação em que vou para a direita e passo ao lado da sede da Fazenda Duas Pontes (à minha direita). Atravesso uma cerca, um portão de ferro e sou observado por curiosos cavalos quando atravesso o pasto. Às 11h40 desço ao Córrego Palmital (que acompanharei, mesmo a distância, até a descida da serra de Mendanha) e na subida seguinte deparo com as ruínas dos muros de pedra da antiga Fazenda Duas Pontes, com placa explicando a sua importância como pouso para os viajantes do passado. Menos de 100m depois da placa, uma bifurcação imperceptível causou alguma confusão. O caminho bem batido vai para a direita, acompanha um riacho e simplesmente desaparece de repente. Fui e voltei procurando outra trilha até chegar à conclusão que havia uma bifurcação apagada e tentei caminhar para a esquerda (norte) em alguns pontos até que reencontrei a trilha mais marcada adiante. Depois de um colchete, parei no riachinho seguinte para um lanche. Estava bem no meio da travessia, com 13,8km andados.

 

Às 12h54 uma placa sinaliza à esquerda o Poço Verde a 700m e não abri mão de conhecer esse tranquilo e isolado recanto do Córrego Palmital, ficando algum tempo ali. Às 13h53, já de volta à trilha principal, tive algum trabalho para atravessar um charco sem afundar as botas, mas vencido esse obstáculo topei com uma interessante lapa que servia de abrigo aos tropeiros, segundo a placa explica. Continuando a marcha para o norte por larga trilha alcancei às 14h19 um local chamado Graças a Deus, onde os antigos viajantes agradeciam por ter atingido o alto da serra com segurança. Significava que a partir dali eu começaria a descida para Mendanha, novamente com calçamento de pedra, mas não tão caprichado quanto aquele da subida da serra em Diamantina. Com uns 200m de descida, ouvi vozes à esquerda junto com barulho alto de água e me aproximei do Córrego Palmital para apreciar as quedas d'água. É o mesmo rio que venho acompanhando desde a Fazenda Duas Pontes, só que agora todo encachoeirado pelos sucessivos patamares de seu leito rochoso despencando serra abaixo. Serra essa que proporciona amplas e bonitas vistas do vale do Palmital e da Serra de Santa Apolônia à esquerda. Depois de duas bicas de água e dois trechos de engenhosos ziguezagues de pedra, às 15h32 uma placa anuncia mais cachoeiras 500m à esquerda. Desci ao Palmital para conferir e as quedas mais altas estavam alguns metros rio acima. Retomada a descida, às 16h30 uma ponte de madeira caída obriga a descer ao leito do rio e subir do outro lado, mas nada complicado. Passei por dois cruzeiros que marcam locais de tragédias ou acidentes, conforme ensina uma das placas. Entre eles, às 16h39, o último riachinho para pegar água e 12 minutos depois alcancei a primeira casa desde a fazenda, porém bastante isolada. Pelo desenho do contorno do parque mostrado nas placas, acredito que já estava saindo de seus limites. Mais dois minutos e caio numa estradinha que vem pela direita, mas caminho por ela apenas 270m para entrar em outra trilha à esquerda. Na descida a primeira visão de Mendanha, bem pequena. Às 17h15 outro charco e em mais 4 minutos alcanço uma rua de terra depois de cruzar uma porteira ao lado de uma casa, final do Caminho dos Escravos. Uma placa ali indica 19,8km de caminhada. Peguei a rua à direita e cheguei em instantes à igreja do povoado, onde desci as escadarias e cruzei a longa ponte sobre o Rio Jequitinhonha com o sol se pondo, às 17h37. Segui o caminho natural da rua para a direita e alcancei a BR-367 e o posto de combustível Mendanha às 17h51, onde esperei pelo ônibus para retornar a Diamantina. Uma kombi-lotação passou primeiro e foi nela que embarquei (R$5).

 

No total, com desvios para ver cachoeiras e poços, caminhei 26,6km.

 

Observação: para fazer essa caminhada sozinho, perguntei a moradores sobre a segurança na periferia de Diamantina. O que me disseram é que o risco de assalto durante o dia é mínimo, porém para evitar andar por ali à noite (no caso de fazer a travessia ao contrário).

 

Informações adicionais:

 

Algumas altitudes:

. em Diamantina: 1215m

. em Graças a Deus: 1113m

. em Mendanha: 705m

. altitude máxima do dia: 1422m (logo depois do último mirante de Diamantina)

. altitude mínima do dia: 687m (na ponte do Jequitinhonha)

 

Horários de ônibus:

 

. de Mendanha a Diamantina - 7h05 (seg a sáb - Pássaro Verde), 7h25 (seg a sex - Pássaro Verde), 7h30 (seg a sáb - ônibus municipal), 7h35 (Pássaro Verde), 7h55 (Pássaro Verde), 10h25 (Gontijo), 11h15 (dom a sex - Pássaro Verde), 11h35 (Pássaro Verde), 11h55 (dom - Pássaro Verde), 18h25 (Pássaro Verde), 19h13 (Transnorte), 23h05 (Pássaro Verde), 23h40 (Pássaro Verde), 23h55 (Gontijo)

 

. de Diamantina a Mendanha - 6h (Transnorte e Pássaro Verde), 11h45 (seg a sáb - Pássaro Verde), 12h30 (sáb - ônibus municipal), 13h (seg a sáb - Pássaro Verde), 13h50 (Gontijo), 14h30 (seg a sex - ônibus municipal), 14h45 (seg a sex - Pássaro Verde), 15h (Pássaro Verde e sáb-municipal), 15h30 (seg a sex - ônibus municipal), 16h (dom - Pássaro Verde)

 

Sites das empresas:

http://www.passaroverde.com.br

http://www.transnorte.com.br

http://www.gontijo.com.br

 

Carta topográfica de Diamantina (http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS%20-%20RJ/SE-23-Z-A-III.jpg).

 

Rafael Santiago

junho/2012

Editado por Visitante
  • Membros de Honra
Postado

Olá Rafael!

 

 

Boa! Mais uma caminhada das boas. Teus relatos já viraram referência em roteiros de MG para mim, ando só anotando por enquanto, mais à frente vou tentar pôr em prática.

 

Grande abraço!

  • 2 anos depois...
  • Membros
Postado

Rafael, boa tarde.

Eu e minha equipe (5 adultos e 2 adolescentes) fizemos o caminho dos escravos nesse carnaval e usamos seu relato descritivo.

Só temos a agradecer pela precisão da descrição dos pontos de dificuldade. Vc nos acompanhou todo o percurso e lemos seu texto ponto a ponto.

Não descemos a todas as caichoeiras que vc desceu porque nosso passo estava um pouco mais lento e ficamos com medo de escurecer na trilha, o que foi uma pena, mas nos sentimos muito mais seguros ao verificar e encontrar cada ponto citado no seu relato.

A bifurcação que não parece bifurcação continua igual, na Fazenda Duas Pontes tem agora uma matilha de cachorros que não queriam nos deixar passer de jeito nenhum, a ponte sobre o ultimo rio continua caida (mesmo após 2 anos), mas realmente a dificuldade de atravessar é muito pequena.

A vista é espetacular!!

Depois da bifurcação encontramos um casal de europeus que estavam perdidos na trilha e os guiamos até a Lapa.

No posto de gasolina conhecemos o Sr. João que usava o caminho para vender pequi em Diamantina e um outro rapaz, que nos deu carona de Mendanha a Diamantina, que trabalhou duas vezes na conservação do caminho. Trocamos observações muito interessantes sobre a experiência de cada um.

Muito obrigado por tornar o sonho de percorrer esse caminho possivel!

 

Pricila, Patricia, Paula, Nickollas, Daiana, Henrique e Vanderson

fev/2015

  • 3 semanas depois...
  • Membros de Honra
Postado

p.brittes (Pricila?), você não sabe como a sua mensagem me deixou feliz. Afinal, meu relato foi peça-chave para vocês realizarem o desejo e os planos de fazer essa bela caminhada. Isso me deixa feliz e aumenta ainda mais a minha responsabilidade ao publicar um roteiro como esse. Saiba que eles são escritos com todo cuidado e revisados várias vezes para encontrar qualquer erro, porém é difícil colocar uma experiência como essa em palavras e nem sempre dá para transmitir a coisa da forma exata. Eu tento, parece que nesse caso tive sucesso.

 

Gostei muito de saber como foi a aventura de vocês. Legal também saber que mais uma vez eu fui uma companhia "virtual" nas andanças de outros trilheiros... rs.

 

Eu tenho muitos outros relatos de trilhas em Minas, como você pode conferir no meu perfil aqui do Mochileiros e no meu blog. Se tiver alguma dúvida ao lê-los, pode perguntar.

 

Desejo ótimas trilhas a você e ao seu grupo!

Um abraço

  • 2 meses depois...
  • Membros de Honra
Postado

Pessoal, aviso muito importante: ao tentar refazer o trecho inicial dessa travessia em 1/maio/2015, fui alertado pelos moradores da periferia de Diamantina de que estão ocorrendo assaltos no início da trilha, logo depois das últimas casas do bairro. Um assalto a mão armada a um grupo havia ocorrido naquela mesma manhã. Com isso, fui obrigado a dar uma grande volta e retomar a travessia no km 585 da rodovia BR-367, já depois do Calçamento dos Escravos, ponto turístico da cidade.

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