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Mapinha da revistinha do Beck

 

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A CLASSICA E ARREBATADORA: TRAVESSIA RUI BRAGA X REBOUÇAS- MAUÁ, ITATIAIA-RJ/MG.

 

Foi na década de 90 a primeira vez que pus meus pés no Planalto de Itatiaia, também conhecido como parte alta. Na ocasião, escalamos o Pico das Agulhas Negras e fomos até a Cachoeira do Aiuruoca. Pegamos um frio de lascar e quase morremos congelados no acampamento ao redor do Hotel Alsene, perto da portaria do Parque Nacional. Já naquela época eu havia ouvido falar da TRAVESSIA REBOUÇAS X MAUÁ. Seria uma das mais clássicas travessias do Brasil, mas estava proibida pela administração do Itatiaia. Os rumores de andarilhos que haviam sido pegos nesta trilha e levado multas pesadas e também de alguns excursionistas experientes que chegaram até a serem processados pelo parque, me fizeram ficar bem longe desta trilha. Não que eu não tivesse me ariscado em outras travessias igualmente proibidas, mas pela dificuldade de acesso à própria parte alta, que é desprovida de transporte, me fez protelar a tal travessia. Em 2008 com a reabertura da Rui Braga, que é a trilha que liga a parte baixa do parque a parte alta, me animei a percorrer a Travessia da Serra Negra, que liga o Vilarejo de Maromba a parte alta e depois usando a própria Trilha Rui Braga , desci à sede do Parque Nacional. Essa travessia também é lindíssima e tive uma satisfação enorme em percorrê-la sozinho, dormindo em lugares totalmente isolados da civilização. Mas tendo percorrido praticamente todas as clássicas travessias de boa parte do Brasil, me faltava no curiculum essa caminhada. Muitos foram os e-mails que enviei ao Parque Nacional, na tentativa de conseguir a tal autorização. Aproveitando um feriado municipal e desta vez com as autorizações em mãos, partimos para Resende-RJ. Eu, o Fábio e a Vera. O Fábio é um amigo do trabalho, que há tempos me enchia a paciência para eu leva-lo comigo para uma travessia e a Vera é a namorada do Jony, um amigo que mora em Valência-RJ e que se juntaria a nós em Resende-RJ.

Partimos da rodoviária de Campinas às 19h40min no dia 26 de Julho, justamente no aniversário de Sumaré. Nosso ônibus seguiu até São José dos Campos e de lá embarcamos às 23 horas para Resende-RJ, aonde chegamos pouco depois das 2 horas da manhã e nos juntamos ao Jony. Aproveitamos às 3 horas de espera, já que o ônibus para a pequena cidade de Itatiaia só sairia às 05 horas da manhã, em uma revisão rápida nas mochilas, logo notamos que estávamos com excesso de comida e como não havia guarda volumes na rodoviária de Resende colocamos tudo em um grande saco e guardamos no topo de uma grande árvore. Havíamos acabado de inventar uma nova maneira de guardar as coisas e se posto de gasolina é rodoviária de maluco, árvore é guarda volume de mochileiro (rsrsrsrsrsrsrsrs)

Às 05 da manhã encosta o ônibus para Itatiaia-RJ e às 07 horas já estávamos embarcando para o Parque Nacional no ônibus que sai bem enfrente a sua igreja principal. O ônibus vai em direção a serra e em 40 minutos pára na primeira guarita do Parque Nacional de Itatiaia. Logo sobe um funcionário do parque e avisa que se tiver alguém que vai entrar no parque como turista terá que descer e pagar as devidas taxas. Só havia nós de turistas, os outros eram todos funcionários e trabalhadores das pousadas e hotéis que funcionam dentro da Unidade de Conservação. Sendo tratados com uma educação de jagunço com cólica de rin, preenchemos os documentos burocráticos do parque e carimbamos nossa autorização para as duas travessias, primeiro a Rui Braga e depois a Rebouças-Mauá e também pagamos as taxas de 22 reais pelos três dias de caminhada. Voltamos para o coletivo, que subiu por mais uns 15 minutos e nos deixou a 1 km da entrada da trilha. Jogamos as mochilas às costas e subimos até o grande poço da Maromba, onde a estrada acaba junto a mais uma guarita, onde novamente temos que apresentar a autorização. Antes de partimos definitivamente trilha acima, resolvemos conhecer a poção e tomar um café. O local tem uma das águas mais limpas e cristalinas de toda a região, mas nem isso foi suficiente para evitar que a Vera torcesse o nariz quando viu que usaríamos a água do poção para fazermos o café. E foi aí que conclui que a menina jamais tivera em contato com os meios naturais, tava na cara que ela era totalmente urbana e a partir daí eu já sabia que teria que ter muita paciência com ela. A nossa companheira de caminhada entraria em um mundo novo, totalmente desconhecido para ela, mas isso nunca me preocupou, pois eu já estava acostumado com novatos nas trilhas. Todos nós já fomos novatos um dia e é sempre um prazer apresentar o mundo das montanhas e das caminhas para os amigos.

 

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, tomamos nosso café, onde comemos um pão amassado com uma horrível pasta de amendoim. Pegamos nossas mochilas e começamos a caminhada quase às 10 horas da manhã, que é o limite máximo que se pode começar a trilha. Ao passarmos pela placa de identificação da Trilha Rui Braga, com os dizeres: “caia fora se você não tem autorização”, andamos mais uns 15 minutos até uma saída à direita, onde uma porteira exibe uma placa já apagada pelo tempo dizendo que aquela é uma área controlada pelo exército, ignorando o aviso da proibição passamos a porteira e nos lançamos trilha adentro. Na primeira vez que passei por aqui, descendo essa trilha em 2008, encontrei um caminho totalmente interditado, com grandes árvores e muitos bambus obstruindo o caminho. Agora a trilha parece uma estradinha de tão aberta. O caminho é bonito, as árvores são gigantescas e hora ou outra é possível avistar as grandes montanhas do outro lado do vale que margeamos pela direita. Na beira do caminho vamos nos deparando com muito terreno remexido e revirado, sinal que os catetos e os queixadas passaram por aqui nesta madrugada. Vamos ganhando altura aos poucos e a trilha vai ziguezagueando montanha acima com muito pouco aclive e só 2 horas depois é que passamos por um ponto de água e então paramos para um descanso mais demorado. O Fábio é quem parece mais sofrer com a caminhada, pois alem de ter que carregar seu peso de 140 quilos, ainda teve a ingrata missão de carregar suas coisas em uma mochila que pegou emprestado do seu irmão, que trabalha no exército brasileiro, uma mochila desconfortável e desengonçada, mais uma porcaria do nosso EB. A caminhada segue. Um pé na frente do outro e sem muitas mudanças. Nossa intenção é chegar ao Abrigo Macieira e lá fazer o nosso almoço, mas passam horas e horas e esse abrigo nunca chega. A trilha começa a se fechar e logo algumas árvores são cruzadas por cima, já que tombaram sobre a trilha. Finalmente lá pelas 16 horas chegamos a uma placa que indica a continuação da Rui Braga, mas não fala nada do abrigo. Pegamos então para a direita e aproveito para acelerar na frente na tentativa de avistar algo que possa me dar a impressão que estamos chegando ao Macieira. Menos de 10 minutos depois enxergo o telhado e dou um grito de alívio.

No abrigo Macieira tudo está com em 2008. Nem a reabertura da tradicional travessia conseguiu fazer com que o Parque Nacional pudesse restaurar esse patrimônio público. O casebre ainda continua de pé, mantém a garra e a força dos montanhistas que não desistem nunca. Ver o abrigo quase caindo é de dar dó e eu e o Jony não deixamos de nos indignar com tanto descaso. Em 2008 acampei sozinho no abrigo e foi uma das maiores experiências que tive na vida como montanhista solitário descrevo abaixo um trecho do relato de 2008:

..........” O abrigo Macieiras, a exemplo do abrigo Massena, não passa de uma tapera. Parte do assoalho afundou. Existem infiltrações por todos os lados, não há mais água nas torneiras, por isso sou obrigado a procura-la trinta metros a baixo junto a um riacho . O lugar é realmente macabro, lembra as casas de filmes de terror. Poderia servir muito bem de morada para espíritos malíguinos, demônios, assombrações, exus alados , seres extraterrestre e aventureiros céticos , como eu .Por ser minha última noite na travessia, resolvo fazer um banquete. Enquanto meu fogareiro faz sua parte, aproveito para dar uma organizada na casa. Encontro um velho cobertor pendurado na parede e uso-o para forrar minha cama. Estendo meu saco de dormir e acendo uma vela. Fico sentado na varanda olhando para floresta escura e pensando nas coisas de ruim que poderia ter me acontecido. Poderia ter quebrado uma perna, ser picado por uma cobra, ser arrastado pelo rio, atingido por um raio, cair no abismo, atacado por um enxame de vespas, sofrido um ataque cardíaco, ter sido estraçalhado por uma onça, me engasgado com a comida, ser atingido pela queda de uma árvore, escorregado e batido a cabeça no chão, ter morrido de hipotermia, etc..A relação de perigos imaginários ou reais são bastante grandes. Estar sozinho requer muito cuidado e uma boa dose de experiência no que se está fazendo. Sei que ainda tenho muito a aprender , mas depois de quase vinte anos perambulando por quase todo tipo de lugar, consegui adquirir um conhecimento que me faz caminhar por lugares ermos como se estivesse no quintal de casa”......................

Exausto, o Fábio aproveita a nossa parada no abrigo para dormir e urrar. Seu ronco é tão alto que afugenta qualquer possibilidade de sermos visitados por algum animal selvagem. Coloco logo os fogareiros para funcionar. Arroz, linguiça com batatas, suco de jabuticaba, serão o nosso almoço. A Vera ficou “bicuda” porque queria cozinhar. E´ a primeira vez que vejo uma mulher ficar brava porque não a deixaram fazer o rango, venceu o clube do Bolinha, como ela mesmo disse(rsrsrsrssr). O tempo vai passando e a vontade de ficar por ali mesmo vai meio que tomando conta da gente. Aproveito o tempo ocioso para dar uma melhorada na mochila do Fábio. Já são quase 05 horas da tarde quando jogamos nossas mochilas às costas e partimos rumo ao Abrigo Massena, onde pretendíamos acampar. A trilha alterna capões de mata e campo aberto e logo sem avisar a noite cai, o que faz com que a Vera queira retornar imediatamente ao abrigo anterior. A saída de vez aos campos de altitude a deixa um pouco mais calma, já que a lua trata logo de transformar a noite em quase dia. E´ uma noite linda, com um céu qualhado por bilhões de estrelas. Não faz frio e nem venta. Nossa caminhada apesar de cansativa se torna um passeio espetacular e a apreensão da Vera desaparece e as duas horas seguintes é de pura contemplação. A trilha foi claramente desviada de seu trajeto original, na intenção de fazer com que os caminhantes se afastassem das grandes e perigosas erosões. Quando a trilha faz uma grande curva para a esquerda é que consigo perceber que o abrigo Massena não está longe e logo passamos pela área alagada, onde algumas telhas foram colocadas para evitar que se enfiem os pés na lama. Estamos agora claramente em um grande vale e logo aparece meio que de supetão o telhado do Abrigo Massena.

 

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São 08 horas da noite quando abrimos a porta do abrigo, que foi construído a muitas décadas para ser uma pousada, mas hoje só sobraram a sala da lareira. Da mesma forma que o Abrigo Macieira, o Massena está abandonado a sua própria sorte. É outro patrimônio público fadado ao desaparecimento. Alem de quase caindo, a sujeira tomou conta de tudo. Tentamos dar uma limpada no local para deixá-lo mais habitável. Aproveitamos a madeira que entulhava a frente do abrigo e acendemos a lareira. No que era sombrio, se fez a luz e se encheu de calor. No abrigo, alem da lareira, uma grande mesa de madeira, um banco e um pequeno armário são os “móveis” que compõem o bucólico cenário. Como havíamos almoçado muito tarde, resolvemos apenas tomar um café. O Jony montou sua barraca, mas eu e o Fábio resolvemos apenas estender nossos isolantes sobre um plástico. Fomos dormir lá pelas 10 horas da noite, mas de madrugada acordo com uma dor de estômago terrível e com um frio devastador. Além do mais, os abalos sísmicos provocados pelos roncos do Fábio acabaram transformando nossos sonos em um verdadeiro inferno (rsrsrsrsr). Tomei um remédio e com a ajuda do Jony, que me emprestou um gorro e uma luva, voltei a dormir. Meu mal súbito eu não consegui descobri de onde veio, mas na falta de quem culpar, boto a culpa no desgraçado da pasta de amendoim.

O dia amanhece lindo e cheio de sol. Acima do abrigo Massena existe outra pequena casa, também em ruínas e foi lá que tentei conseguir água para nosso café. A água não encontrei, mas encontrei um cenário deslumbrante. Um mar de nuvens tomou conta de todo o vale do Paraíba. Ao ver o cenário, desci correndo para chamar o Jony e a Vera e foi lá que ficamos por um bom tempo nos maravilhando com tamanha beleza. Voltamos ao abrigo, onde o Fábio continuava com sua tentativa de por a construção abaixo com seu ronco. Desmontamos tudo, tomamos café e partimos. A trilha parte bem enfrente ao abrigo e logo entra na mata, onde um pequeno córrego abastece nossos cantis e em mais alguns minutos de subida chegamos a uma bifurcação. A trilha da esquerda é a variante conhecida como Trilha do pinheirinho, que em um dia de caminhada atingirá a rodovia que parte da Via Dutra em direção a Garganta do Registro, a uns 10 km de Engenheiro Passos. Nosso caminho segue para a direita. Estamos bem nas costas das Prateleiras e teremos que fazer uma grande curva para esquerda até atingirmos o vale que nos levará para a Parte alta do Parque Nacional. A caminhada é tranquila e sem grandes desníveis. O cenário é lindo e pra todo lado que se olhe há algo para se admirar, caminhar em campos de altitude é mesmo um prazer do tamanho do mundo.

 

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Às 11 horas da manhã atingimos o vale que separa a cadeia de montanhas do Pico das Prateleira e a cadeia de montanhas das Agulhas Negras. Aqui também a trilha foi desviada mais para a esquerda, já que em 2008 ela corria bem por dentro do Vale e agora ela o bordeja. Conforme vamos caminhando, o Pico das Agulhas Negras vai surgindo à nossa frente com toda a sua monstruosidade. Alguns charcos são eventualmente cruzados e ao longe já avistamos a turistada que vão se dirigindo aos pés das Prateleiras. Logo interceptamos a trilha e a placa que indica o caminho para quem quer subir à montanha famosa. Em 2008 não tive tempo de escalar as Prateleiras, mas desta vez, mesmo com o tempo pra lá de limitado, largamos nossas mochila com o Fábio, que estava cansado de mais para encarar essa trilha extra, e subimos aceleradamente. Estas formações rochosas são realmente de tirar o fôlego. Eu já havia visto muitas fotos das Prateleiras, mas nenhuma havia me convencido de que o local era realmente belo. Mas a chegada aos pés da formação me fez rever os meus conceitos. Um laguinho e uma pedra em formato de tartaruga foi o suficiente para fazer com que eu me apaixonasse por aquele lugar. Eufórico, sai arrebentando o mato no peito, até que eu chegasse às margens do lago e por lá fiquei por um bom tempo, até que o Jony chegasse para me fazer companhia.

A Vera não aguentou esperar, subiu à frente e escalaminhou as Prateleiras até o seu platô inferior, aonde todo mundo vai. Lá nos esperou pacientemente. Eu e o Jony atravessamos novamente os tufos de capim e fomos seguindo de pedra em pedra e logo nos juntamos a Vera. Eu e o Jony estávamos imbuídos no propósito de chegar ao topo e até tentamos arrastar a Vera conosco, mas conforme a escalaminhada ia ficando mais perigosa, nos rendemos ao apelo da garota e a deixamos voltar. São poucas as pessoas que chegam ao topo, a maioria prefere mesmo admirar as Prateleiras da sua base. Nós dois seguimos enfrente até encontrarmos uma galera que estava fazendo rapel. Junto a esse grupo uns guias cadastrados do Parque Nacional nos aconselha a voltar. Dizem que é impossível chegar sem corda, que o caminho é confuso e perigoso. Como sempre “caguei e andei” para guia, apesar de ter alguns amigos nesta profissão, mandamos estes a merda e seguimos enfrente. O caminho passa por uma grande gruta, faz uma curva para a esquerda e depois de alguns trepa pedras, chegamos a uma grande janela, onde o melhor caminho é cruzando por baixo. Existem alguns lances perigosos, mas nada que não possa ser transposto. Depois começa a grande subida em direção ao cume da pedra. Não há propriamente um caminho a seguir, cada um tem que subir por onde acha que é mais seguro. Existe uma parte que é potencialmente perigosa. E´ preciso pular de uma pedra com uma altura de uns dois metros e meio, que fica junto a um abismo que não dá chance para haver erros. Depois é preciso confiar na aderência das botas e subir uma parede com uma enorme inclinação. Quem não está familiarizado com esse tipo de atividade, é melhor mesmo ficar tomando conta das mochilas na bifurcação da trilha. Finalmente a uma e meia da tarde eu e meu amigo Jony atingimos os 2.548 metros do PICO DAS PRATELEIRAS. Sem dúvida uma das visões mais espetaculares de todo o Parque Nacional de Itatiaia. Alem de uma vista privilegiada de toda a cadeia de Montanhas das Agulhas Negras, temos ainda a oeste a imponente SERRA FINA e toda a sua cadeia de montanha ao redor. No cume das Prateleiras, um livro dentro de uma caixa de alumínio serve para que os poucos esforçados e corajosos deixem seu recado para os outros montanhistas. Vista de cima a Pedra da Tartaruga mais parece uma pitanga a nordeste vê-se o Morro do Couto que com 2.685 metros é um dos mais altos do Parque. Nossa vontade era de ficar ali por horas, mas a travessia tem de continuar. Então tratamos logo de descer em passos acelerados, mas sempre tomando cuidado com as perigosas fendas. Passada as partes perigosas e já aos pés das Prateleiras, eu e o Jony nos lançamos numa corrida montanha abaixo, saltando de pedra em pedra em uma jornada quase que suicida e em poucos minutos demos nosso último salto e nos reencontramos com o nossos amigos Fábio e Vera, que já nos esperavam com um “animado” cochilo à beira da trilha.

 

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As 14h30min, essa foi a hora que atingimos o início do final da estrada do Parque Nacional. Estamos agora caminhando sobre a BR mais alta de todo o Brasil, que no seu ponto mais alto vai atingir os 2.400 metros de altitude. Na verdade de estrada não tem nada, é apenas uma trilha mais larga, mas agora com calçamento. Logo avistamos a cachoeira das Flores e um monte de turista se divertindo em suas águas geladas. Passamos batido, já estávamos mais que atrasados. Nosso objetivo agora seria tentar passar pelo Abrigo Rebouças sem ser barrado pelos fiscais do Parque. Estávamos com a autorização, mas ficamos com medo de sermos barrados por causa do horário já mais que tardio. Na verdade teríamos mesmo era que caminhar quase uma hora depois do abrigo Rebouças e chegando la deixar a autorização e fazer os tramites burocráticos e depois voltar mais uma hora para o Abrigo Rebouças, que é de onde parte a Travessia conhecida como REBOUÇAS X MAUÁ. Se fizéssemos isso, poderíamos dar adeus a nossa travessia. Quando chegamos ao Rebouças, encontramos um funcionário que estava encarregado da limpeza. Sem pensar joguei todas as autorizações nas mãos deles, mostramos os tikts de pagamento da travessia e antes que ele nos fizesse muitas perguntas, “picamos a mula” e fomos torcendo para não encontrar mais ninguém do parque pela frente. Passamos pela área de camping que fica junto ao próprio abrigo Rebouças, atravessamos o lago e pegamos a trilha que segue em direção ao Pico das Agulhas Negras. A cada passo, a cada minuto de caminhada, a cada pedra vencida, o Agulhas Negras nos apresentava mais fascinante. Ele é a grande atração do Parque Nacional e também o cume mais alto, 2.791 metros de altitude, mais baixo apenas que a Pedra da Mina, ponto culminante de toda a Serra da Mantiqueira.

Meia hora de caminhada e depois de atravessar a grande ponte pencil, onde o Fábio e a Vera quase empacou (rsrsrsrsr), chegamos à bifurcação, onde Seguindo uma placa nos indica a direção das Cachoeiras o Aiuruoca e a Pedra do Altar. nesta direção, uns 20metros depois temos uma saída para a esquerda, mas nós acabamos pegando para a direita, quase reto mesmo. A trilha vai seguindo em nível quase paralela a cadeia de montanhas das Agulhas e depois começa a subir. Já no alto somos apresentados a formação rochosa conhecida como ASA DE HERMES (2.630 metros) e foi lá também que encontramos o Marcelo, um montanhistas que conhecemos no topo da Pedra da Mina, na Travessia da Serra Fina. Ele estava voltando de uma tentativa de escalar a própria Asas de Hermes, mundo pequeno esse. Despedimos-nos do nosso amigo e seguimos enfrente. A trilha desceu a um a área alagada, onde o Jony tentava feito uma gazela do brejo, passar sem molhar a bota. Eu que já não estava nem aí para minha bota fui passando de qualquer jeito. Acho que foi nesse trecho que deixamos escapar a trilha correta ou então teríamos mesmo era ter pegado para a esquerda no início da trilha. O certo é que sem querer acabamos foi mesmo subindo a Pedra do Altar (2.665). Pra piorar, alem de estarmos fora da trilha, o sol já começava a se por no horizonte. Passamos pela Pedra do Altar e seguimos enfrente, seguindo um vestígio de trilha, até que o próprio vestígio também deixou de existir. AGORA FERROU!!!!! Paramos em uma ilha de pedra e ficamos tentando ver onde foi que erramos. Tentei consultar o mapa topográfico, mas a canseira e falta de luz, já começava a afetar o raciocínio. Eu sabia que o nosso caminho teria que passar pelo vale das nascentes do Aiuruoca. E lá estava ele, bem a nossa frente, um vale lindo, mas como descer até ele a noite e sem trilha? Largamos as mochilas e eu e o Jony saímos à procura de uma solução. Tentamos reencontrar a trilha em todas as direções e a única coisa que conseguimos foi ver o Jony ser engolido por um buraco (kkkkkkkk). Tentamos descer ao vale enfrentando a descida na raça e no peito. Chegamos a uma parte plana, onde poderíamos até montar nossas barracas, se não fosse um pântano. Como o que não tem remédio, remediado está, voltamos para junto do Fábio e da Vera e aí tomamos a atitude mais radical: montar nossas barracas encima do capim mesmo. Amassamos o capim com os pés e com o corpo e em uma área mais inclinada que um tobogã, montamos nossa casa de mato. Vesti todas as minhas blusas, meias, calças, camisas, gorros e luvas. Fiquei pronto para virar um picolé com dignidade.

Nossa janta seria improvisada. Em uma panela de água juntei um pacotinho de arroz que havia sobrado do dia anterior e estava em ótimo estado, coloquei dois pacotes de macarrão instantâneo, dois pacotes de feijão pronto, uma cebola picada, meu tempero especial, dois dentes de alho e para finalizar um pacote de molho quatro queijos. Jantamos e nos “pinchamos” para dentro da barraca. Foi nessa hora que começamos a ouvir os soluços da Vera. A Vera entrou em pânico. Era a primeira vez que ela dormirá em uma barraca e pior, perdida em algum lugar entre a Pedra do Altar e o Vale do Aiuruoca, ou seja, em um mundo hostil e perigoso, pelo menos na visão dela. Mais a coisa ficou feia e a menina entrou mesmo em choque. O Jony a todo instante tentava acalma-la. Não havia mesmo mais o que fazer. Estávamos longe de tudo, não havia outro socorro e então tivemos que apelar para o super rivotril, o amigo para as horas difíceis. Ela tomou o calmante e apagou e no outro dia acordou renovada. Ela sobreviveu. Quando perguntamos do que ela tinha medo, ela nos contou que o medo era da montanha. Ter medo da montanha é o primeiro passo para uma vida longa como montanhista (rsrsrsrsrsr).

 

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O dia amanheceu realmente lindo. Tive uma noite espetacular, dormi tão bem que nem ouvi o Fábio roncar, ainda teve o fato de eu ter acordado fora da barraca, que havia sido montada em uma área íngreme e então fui escorregando, escorregando e acabei passando pela porta e fiquei apenas com a cabeça dentro da barraca. A primeira coisa que fiz quando me levantei foi pegar meu mapa topográfico e analisá-lo melhor, agora com luz natural e sem a correria da noite anterior. Vi logo de cara onde estava o erro: Deveríamos ter feito uma grande volta para a esquerda, praticamente se afastando da Pedra do Altar e não ter passado rente a Pedra. No fim acabamos foi dormindo em um lugar a uns 500 metros da trilha principal. Segui para a esquerda e fui galgando os morros até localizar a entrada do Vale das nascentes do Rio Aiuruoca. Voltei para o acampamento e agora mais tranquilo, fui tomar meu café junto aos meus companheiros. Desarmamos tudo, pegamos as mochilas e seguimos nosso caminho, mas em vez de tentar voltar para a trilha principal, fomos descendo pelo mato mais ralo, onde uma rampa nos levou direto para dentro do Vale, bem à beira do riacho e ali paramos para comemora nossa volta à trilha principal.

Estamos em uma das principais nascentes do Rio Aiuruoca, a trilha corre ao seu lado e é muito larga. Em poucos minutos de caminhada passamos por uma área plana e perfeita para acampar, justamente um dos locais que eu pensava em acampar na noite anterior. Alguns charcos são cruzados e logo surgem ao lado da trilha pequenas ripas de madeira pintadas de vermelho, marcações estas que vão nos acompanhar praticamente pelo resto da Caminhada. São marcações inúteis, já que a trilha está bem aberta e consolidada. Ao cruzarmos o rio, encontramos, para nossa surpresa, muito gelo acumulado nos barrancos, sinal que a temperatura foi baixíssima nesta madrugada. Mais uma vez o Rio Aiuruoca é cruzado, mas sem percebermos estávamos deixando-o para trás e nem vimos a trilha que poderia nos levar até a famosa cachoeira do Aiuruoca. Também não fiz muita questão de procurar a trilha, já que estávamos pra lá de atrasados. A nossa frente vai surgindo os OVOS DE GALINHA, formação rochosa deslumbrante. A trilha vai seguindo em nível e passa ao lado dos Ovos de Galinha, mas antes mesmo de fazer uma grande volta para a direita foi que percebemos que a trilha para a cachoeira havia ficado para trás e então tivemos que descer até o fundo do vale para abastecermos os nossos cantis. Retomamos nosso caminho até pararmos novamente em um dos ovos isolados, bem atrás da formação principal. O tempo está quente e não venta. A visão do Vale do Aiuruoca é realmente de encher os olhos. Minha vontade é de largar a mochila e escalar os Ovos de Galinha, mas logo me lembro de que estamos muito atrasados e então apresso meus companheiros e retomamos a caminhada, que vai subindo e ganhando altura lentamente até que alcançamos o selado, onde seria possível montar algumas barracas.

 

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De cima do platô, o nosso horizonte se alargou muito. O pico do Papagaio e várias outras montanhas nos brindam com um espetáculo natural. A trilha segue para a esquerda e depois faz uma grande curva para a direita e nos joga na cara uma das paisagens mais lindas da travessia. Eu já havia ouvido falar muito da face oculta do pico das Agulhas Negras, mas nunca havia me passado pela cabeça se tratar de um lugar tão impressionante. A paisagem é ARREBATADORA, palavra que fiz questão de figurar como base do título deste relato. E é isso mesmo, um vale gigantesco, com um lago no meio e a cadeia de montanha das Agulhas negras que se erguem quase na vertical, tendo como bônus ainda a Asa de Hermes. Estamos no famoso VALE DOS DINOSSÁUROS, completamente arrebatados, desconsertados diante de tamanha beleza. Descemos depressa ao fundo do vale e paramos diante de um singelo riacho, não um riacho qualquer. Estamos bem na nascente do Rio Preto, o mesmo rio que vai cruzar pelos vilarejos de Maromba, Maringá e Mauá. Fizemos uma pausa longa e não poderia ser diferente, é um lugar mágico, uma sensação de total isolamento nos acomete, alguma coisa nos prende naquele lugar e ficamos largados la por muito tempo. A travessia nos chama novamente. Vamos seguindo vagarosamente, tomando como base à nossa frente uma grande lâmina de pedra que parece saltar de dentro da terra feito uma espinha dorsal de um grande dinossauro. Passamos pelo dinossauro e depois de escalá-lo para algumas fotos para posteridade, voltamos para a trilha que vai suavemente virando para a esquerda, chega a uma área de camping e se perde no bambuzal.

O que acontece nesta área de camping é que todo mundo passa reto e acaba entrando na mata e vai consolidando a trilha de tal forma que quase todo mundo acaba se perdendo por aqui. Mas é só prestar atenção, que logo se vê que a trilha passa pela direita do camping e segue sempre aberta e batida, logo à frente vai entrar em outra matinha e descer até o vale, que é cruzado por dois pequenos riachos e foi em um deles que estacionamos nossos esqueletos cansados, onde resolvemos fazer o nosso almoço, já era mais que hora. A nossa frente o Pico do Marimbondo ou Pico do Maromba (2.619 m), ao lado dele já era possível avistar as 4 ou 5 araucárias isoladas, que assinalam que o acampamento do Rancho Caído estava bem perto. Já são quase uma hora da tarde e o nosso estomago já grudou nas costelas. A Vera pede para fazer o almoço e só para nos esculhambar e se vingar da minha pessoas , ela resolve fazer um banquete, ( menina vingativa,rsrsrsrsrsr).Enquando o manjar dos deuses cozinhava, o nosso amigo Jony resolve tomar banho nas gélidas águas do riacho. Parecendo uma râ do planalto, o menino lutava desesperadamente com a Vera, que queria a qualquer custo jogá-lo nas profundezas do riacho, que não passava de meio metro. Por fim ele acabou entrando na água por meros alguns segundos e depois ficou arrotando para todo mundo que havia tomado banho. Sorte dele que os sapos flamenguinho não estavam em fase de acasalamento. Eu, que na Serra Fina já havia quase batido o record mundial , ficando 5 dias sem tomar banho, só perdendo para o D. João VI, não quis nem saber de água fria.

 

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Passado mais de uma hora depois que resolvemos nos sentar à beira daquele riacho é que nos animamos a ir embora. Logo à frente cruzamos o segundo riacho e subimos o barranco enfrente, passamos pelo meio das araucárias e por incrível que pareça não encontramos qualquer vestígio do tal Rancho caído. Nenhuma placa, nenhuma trilha, nada. Essa seria a área de camping oficial do Parque nacional, destinada aos grupos que realizam a Travessia. Talvez a gente não tenha mesmo procurado direito, mas deveria pelo menos ter uma identificação oficial. Isso significa que as coisas no parque realmente mudaram muito pouco, organização não é o forte dos Parques Nacionais do Brasil. Sem encontrar o rancho, passamos mesmo batidos pelo local e vamos adentrando em um vale, mas logo à frente a trilha vira à direita, entra na mata e começa a subir e logo nivela e pouco tempo depois estamos no grande mirante, sentados e apreciando a paisagem que se descortina à nossa frente, onde os vilarejos já podem ser avistados. Ao longe a Pedra Selada parece marcar o ponto mais alto da região, aos nossos pés, florestas que não acabam mais.

Começamos a descer o famoso “mata cavalo”, um zigue-zague que nem faz jus a fama do lugar. E uma descidinha sem muito declive, pelo menos não igual as que nós estamos acostumados a enfrentar. Apenas uma hora é o tempo que levamos para descer e logo no fim da descida, encontramos uma área de camping e 50 metros depois um belo riacho nos molha a goela. Atravessamos o riacho e seguimos para a esquerda e vamos tendo ao nosso lado outro gigantesco vale. Logo a trilha vai se afastando do vale e tomando outro rumo. Chegamos a uma bifurcação com duas trilhas igualmente abertas. Paramos por um momento para decidir que rumo tomaríamos. A trilha enfrente deveria ser o caminho oficial da travessia, mas como sempre não havia qualquer placa ou indicação. Olhando no mapa vejo logo se tratar da trilha que vai sair no Vale das Cruzes, que é um caminho que nos levará entre o vilarejo de Maringá e Visconde de Mauá. A trilha da esquerda é a trilha que vai sair bem na famosa Cachoeira do Escorrega. Já que não conhecíamos nenhuma das trilhas, resolvemos pegar para a esquerda. Já era 17h30min e com certeza teríamos que atravessar toda a floresta no escuro. Realmente é uma trilha larga e muito consolidada que vai seguindo mata adentro. E’ uma mata de árvores gigantescas e por isso mesmo a noite chegou mais cedo. No início fui à frente sem lanterna, me guiando pelo faro. Vez ou outra, apesar de a trilha ser bem plana, acabo enfiando a canela em algum tronco caído. Até que em um ponto o caminho acaba sem aviso prévio. Esse era o meu medo, perder a trilha no meio da noite. Acendo a lanterna e vejo que sem mais nem menos a trilha foi desviada para a esquerda. Não tenho certeza, mas esta trilha interrompida deve provavelmente ser a trilha que vai sair La na cachoeira Véu de noivas, citada pelo Sergio Beck em uma das suas antigas revistas. Seguindo então uma fita que servia de marcação, pegamos para a esquerda e logo a trilha vai voltando ao seu rumo, ou seja, curvando-se de novo para a direita.

E’ uma delicia caminhar por essa trilha á noite. A Vera e o Fábio parece estarem se divertindo muito. E’ um misto de medo e contemplação, é a primeira vez que caminham à noite na mata. Estamos todos felizes e por incrível que parece a canseira parece que foi embora. Vamos cruzando vários rios de águas cristalinas. Por entre a floresta, uma lua espetacular despeja seu luar sobre nós e não demora muito chegamos a um lugar aberto, onde a trilha acaba em uma casa com uns cachorros barulhentos, mas extremamente mansos. São 19h00min e logo sai de dentro da casa um senhor muito educado, que nos indica o caminho a seguir. No escuro vou à frente e logo atolo meus pés na lama. Pra sacanear, não digo nada e vejo o Fábio atolar até o pescoço e recebo logo de presente um elogio para minha santa mãezinha (rsrsrsrsr). Andamos mais 1 km e desembocamos na porteira que da acesso a espetacular CACHOEIRA DO ESCORREGA, a principal atração destas redondezas. Chegamos ao fim da trilha. Tiramos uma clássica foto enfrente a placa da cachoeira e partimos pela estradinha asfaltada e logo passamos pela entrada do poção, que nem chegamos a visitar, já que a escuridão não nos deixava ver nada mesmo. As oito da noite adentramos no Vilarejo de Maromba, onde rolava um festival de inverno. Não preciso nem dizer que viramos atração turística no singelo vilarejo, com direito a pedido para fotos e tudo mais. Só faltaram nos perguntar onde foi que deixamos estacionada nossa nave espacial. E foi ali, enfrente a igrejinha de São Miguel, que nos juntamos para última e derradeira foto, marcando assim o encerramento da nossa travessia.

Vinte anos depois, concluo a clássica travessia da Serra da Mantiqueira que ainda me faltava. Melhor, tive o prazer e a honra da companhia destes fantásticos amigos, que como sempre, me aturaram em mais uma jornada pelos confins e submundo das montanhas e florestas deste incrível país. Vi um Fábio determinado, que mesmo acima do peso aguentou o tranco sem reclamar e provou que o impossível não existe no excursionismo, quando se tem vontade a gente vai e faz. Vi a Vera torcer o nariz para a cristalina e pura água do poço da Maromba e acabar a jornada tomando água do brejo. Com certeza essa Vera não é mais a mesma. E’ agora uma Vera transformada, contaminada pelo vírus que a muitos anos nos contaminou e que do qual não queremos nos curar nunca mais. O Jony, apesar de tê-lo conhecido há tão pouco tempo, já o considero como um irmão. E’ incrível como nos identificamos, alem do cara ser um artista como poucos e qualquer dia destes terei que entrar na fila para pegar autógrafo dele. E essa foi a nossa história da TRAVESSIA RUI BRAGA X REBOUÇAS-MAUÁ , clássica e arrebatadora.

Divanei Goes de Paula -= Agosto 2012

Fotos desta travessia:

 

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  • Membros de Honra
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Olá Divanei!

 

 

Realmente, clássica e arrebatadora, tão arrebatadora quanto o belo relato, aliás como todos os que tenho lido de sua autoria. Vi e curti no Facebook, agora comento aqui...

 

Meu caro, como sempre os ingredientes do perrengue são excelentes: trilha clássica, aventuras, perigos, guias indo à m#rd@, uns desvios fora do previsto, boas comidas, dormindo só com a cabeça dentro da barraca... Estranhei a novidade do Rivotril, meio insólito. Quer dizer que carrega uns comprimidos desses para os novatos que entram em pânico tomarem um "boa noite cinderela"? Conta aí direito essa história! Rsrs!

 

Tirando a brincadeira, fico triste em ver como nosso patrimônio histórico está abandonado em vários lugares e no PNI continua igual. Uma lástima.

 

Abração e parabéns pela pernada e pelo relato.

  • Membros de Honra
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Getulio , Otávio, Rodrigo e Francisco,

Infelismente as fotos não refletem as belezas desta travessia. Também não tenho nenhuma esperança nas mudanças do Parque Nacional e escrevão aí, o primeiro imprevisto que acontecer por lá nas travessias , eles voltam a fechá-la. Só reabriram porque não co0nseguiram aguentar a pressão. Quanto ao rivotril, sou eu que tomo mesmo. Um imprevisto na vida me pegou aos 40 anos, mas já , já estarei me livrando dele,rsrsrsrsrsr.

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  • Membros de Honra
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Salve Divanei!

 

[...] Quanto ao rivotril, sou eu que tomo mesmo. Um imprevisto na vida me pegou aos 40 anos, mas já , já estarei me livrando dele,rsrsrsrsrsr.

 

É só continuar neste teu ritmo de pernadas que com o ar da montanha logo logo supera isso! Força guerreiro!

Grande abraço!

  • Membros de Honra
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Parabéns Divanei por mais duas belas travessias e mais um ótimo relato. ::otemo::

 

"Mas os dias que estes homens passam nas montanhas, são os dias em que realmente vivem. Quando as cabeças se limpam das teias de aranha, e o sangue corre com força pelas veias. Quando os cinco sentidos recobram a vitalidade, e o homem completo se torna mais sensível, e então já pode ouvir as vozes da natureza, e ver as belezas que só estavam ao alcance dos mais ousados."

Reinhold Messner.

  • Membros de Honra
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Fala Divanei.

Que big relato hein. Parabéns.

 

Uma pena que vcs não pegaram aquele trecho entre o Macieiras e o Massenas durante o dia.

Tem um vale ali que possui um visual do caramba.

Veja a foto:

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Tem uma neblina forte porque passamos ali quase no final da tarde.

Do lado esquerdo da foto aparecem alguns escorregamentos de pedras enormes. É muito lindo.

A uns 20, 30 anos atras ali se iniciava a Trilha Reconter que terminava lá no Rancho Caído. Até na carta topográfica ela aparece anotada.

Tomara que o Parque reabra essa trilha agora. Com certeza eu não pensaria 2x em fazer essa travessia, pois tem um dos melhores visuais do Parque.

 

Por pouco quase que a gente se encontra lá sem querer hein.

No dia 21 pela manhã eu tava iniciando a caminhada ali no Rebouças, chegando por volta das 14:00 hrs lá no Rancho Caído.

O relato tá nesse link: clique aqui

 

Que coragem em tomar banho naqueles riachos que cruzam a trilha hein. A água é geladíssima. E que sorte vcs deram em ter um funcionario do PN lá no Rebouças. Ir e voltar até o Posto Marcão ia lhe tomar umas 2 hrs.

 

 

 

 

Abcs

  • Membros de Honra
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Fala Franscisco, blz?

 

Obrigado pelo elogio, mas não sou tudo isso. ::otemo::::otemo::::otemo::::otemo::::otemo::::otemo::

O que eu faço é, o que na minha opinião muita gente deveria fazer.

Divulgar trilhas por onde a gente vai e colocar a maior quantidade de informações e dicas possíveis no relato.

A divulgação é para que a trilha não fique disponível p/ poucos.

Acho que esse é o intuito.

 

Todas as trilhas que fiz até hoje sempre posto o relato aqui. Algumas mais recentes estão lá no blog, porque não tenho tempo disponível p/ formatar e colocar aqui e depois ficar acompanhando as postagens.

 

Muita gente é contra isso, porque vc tá disponibilizando p/ todo tipo de público.

Até p/ aqueles que não respeitam a natureza e detonam a trilha.

Mas é um risco que temos de correr.

Mas lá no fundo mesmo, creio que talvez não seja só isso.

 

 

 

Valeu

  • Membros de Honra
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E' Augusto,

Foi por pouco que não fizemos juntos esta travessia. Li o seu relato e também notei que esta caminhada estava engasgada. Como vocÊ disse, este era um dos elos que estava faltando na nossa vida de montanhinstas pela Mantiqueira. Claro que existem outras inúmeras caminhadas por esta Serra, mas a Rebouças -Mauá era a clássica das clássica que nos faltava. Compartilho com você e com os outros amigos de que o conhecimento deve ser repassado. Alguns nos criticam e dizem que escrevemos( em algum casos enforcando a lingua portuguesa) para alimentar o nosso ego, talvez até seja mesmo. Escrever os relatos nos faz bem. Estamos contando a nossa história e a dos que nos acompanham. O que seria da história do mundo se outros não resolvessem contá-la. Um dia destes encontrei um grupo fazendo uma trilha no litoral, carregando um dos meus relatos como guia, do mesmo geito que eu carrego os relatos de outros amigos aqui do mochileiros e de outros sites.E' o conhecimento sendo passado adiante e um dia talvez quando eu nem estiver mais por aqui, meus filhos ou meus netos poderão pegar estes documentos e refazer estas caminhadas e aí a missao estará mais que cumprida. Um abraqço a todos.

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