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Travessia da Serra do Ibitiraquire (com o Pico do Paraná)


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Trajeto:

Fazenda P. P. – Taipabuçu – Itapiroca – Pico do Paraná – Itapiroca –Cerro Verde – Tucum – Camapuã – Fazenda da Bolinha.

 

Faço esse relato especialmente para incentivar os futuros visitantes a explorar mais essa serra, não apenas planejar visitar o Pico do Paraná. O caminho guarda visuais incriveis, vale muito a pena conhecer as outras montanhas do Ibitiraquire.

 

Após um longo tempo planejando tudo, o tão esperado dia 19 de julho chegou. Mochila pronta, Parti de Toledo no ônibus das 22 horas, e cheguei na rodoviária de Curitiba às 6h da manhã.

 

1º Dia

 

Pra chegar até o a estrada para a trilha peguei o ônibus registro Sp, que sai às 7h, com o valor da passagem em torno de 13 reais. Pedi para o motorista parar dois quilômetros a frente do posto tio doca, na ponte do rio Tucum. É bom ficar atento as placas com os nomes das pontes.

 

Desembarquei e segui caminho pela estrada anterior a ponte, com uma placa da fazenda Rio das Pedras, que me deixou na duvida. liguei para o Dilson para confirmar, estava em Curitiba, disse que era aquela estrada mesmo e que já estava voltando para a fazenda, podendo me dar uma carona se me encontrasse.

 

Seguindo em frente, a estrada possui algumas bifurcações, por isso é bom ter em mãos esses mapas http://www.fazendapicoparana.altamontanha.com/chegar.asp no site da fazenda. Não da pra informar o tempo correto de caminhada (acho que são mais ou menos 45 minutos), pois estava com sorte e ganhei carona de um pessoal de Guarapuava que ia visitar o Pico do Paraná.

 

Chegamos as 8:30, passamos pela porteira da fazenda e não havia ninguém na casa, então descemos até a casa de apoio. Encontramos com o filho do Dilson, que nos recebeu com um livrinho na mão e nos cobrou 10 reais pela entrada. Preenchi o livro de registro e às 9h iniciei a travessia.

 

O inicio da trilha é bem íngreme e batido, parecendo uma valeta. Existem duas grandes pedras que servem de mirante, e como se ganha altitude rapidamente, já proporciona um visual bacana. Bem à frente tive uma surpresa, topei com um cavalo! Sim, um cavalo montanhista no meio da trilha. Passei a mão nele, mas o bicho não estava pra muita conversa: me

deu uma pescoçada!! Tentei passar do lado, e ele levantou a perna para me dar um coice..rsrsr Não queria dividir a trilha! O jeito foi contornar pelo mato fechado.

 

Finalmente cheguei à pedra do Getúlio. Ali já da pra ver bem o Caratuva e o Itapiroca, a vegetação é rasteira e com arbustos, diferente do caminho anterior. Não estava sozinho, havia também um grupo de pessoas com sei lá o que embalado em uma sacola azul pendurado nas mochilas. Fiquei até o tempo de recuperar o folego e continuei a subida.

 

Segui a trilha até chegar a bifurcação Pico do Paraná - Caratuva, então peguei a trilha do Caratuva. Metros a frente há um riacho e outra bifurcação, a Taipabuçu– caratuva. Antes de seguir pelo caminho do Taipabuçu reabasteci meu reservatório. A partir dali o trajeto começou a mostrar dificuldades. Trilha bem fechada, Muito bambu, sequencia de subidas e descidas, terra fofa e bem escorregadia, escalaminhada em vários pontos, nota 10!

 

Nesse caminho existe bastante bambu cortado, ganhando um formato de lança. Um dos momentos mais tensos aconteceu quando eu enrosquei minha bota em uma raiz e cai de bruços em cima de uma dessas lanças pontiagudas, o peso da mochila nas minhas costas fez com que meu peito chegasse a poucos centímetros da ponta do bambu. Fiquei branco na hora. Imagina se não desse tempo de colocar as mãos no chão? Depois desse susto comecei a ter paranoia das raízes rsrsrsr não tirava o olho do chão. Mas esse não foi o único susto do trajeto, bem à frente escorreguei subindo um barranco e desci rolando de cargueira e tudo!!

 

Cheguei ao topo do Taipa as 2 horas da tarde morrendo de fome. Só então foi que almocei. Assim que terminei de comer, fui dar uma olhada ao redor, e logo após alguns arbustos me deparei com um visual de tirar o folego. A minha frente havia um precipício coberto de arvores, com e paredões de rocha em alguns pontos e pássaros pairando logo abaixo. A minha direita se erguia o Caratuva, e logo a frente o gigante pico do paraná, com suas corcovas de rocha. Subi em uma pedra e fiquei ali deitado por um bom tempo observando tudo aquilo.

 

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La pelas 4 horas da tarde comecei a montar a barraca e organizar as coisas para a noite. Foi nesse processo que descobri que o meu reservatório havia estourado, na verdade estava vazando na parte onde se rosqueia a mangueira. Não dava mais pra voltar e pegar agua pois já estava anoitecendo, e o riacho mais próximo ficava a pelo menos 1 hora dali. Na litragem mostrava que eu tinha apenas 600 ml de agua, os quais eu teria que me virar para matar minha sede, fazer a janta e o café da manha.

 

A janta me deixou com muita sede mas não dava pra desperdiçar mais agua, tomei alguns golinhos e só. Fui dormir com a boca sem saliva, amaldiçoando aquele reservatório.

 

2º dia

 

Fiz o café da manha com o resto da agua e comecei a repensar meu trajeto. Meu plano era chegar até o Ferraria, mas tive que abandonar a ideia por causa do reservatório. O que me restava era fazer todo o caminho de volta até a fazenda e pegar alguma garrafa descartável.

 

Desci rápido, pois queria chegar antes do meio dia, em alguns pontos até arrisquei dar uma corrida. Como era sábado, me deparei com bastante montanhista subindo. Em uma curva, quando ia descendo depressa, topei com uma senhora, levou um susto, pensou que era um cavalo descendo correndo kkk. Cheguei até a fazenda, armei meu fogareiro, almocei e depois tive a oportunidade de bater um papo com o Dilson. Me deu dicas valiosas. Peguei uma garrafa pet de 2 litros, e refiz todo o trajeto até a bifurcação Caratuva - Pico Paraná.

 

Dali pra frente é só subida ora caminhando, ora se pendurando em galhos. Há uma bica com agua bem gelada, onde completei as garrafas. Metros a frente ha um barranco com uma corda para auxiliar na subida.

 

Cheguei na bifurcação P.P. - Itapiroca sinalizada por uma plaquinha. Peguei o caminho do Itapiroca, com uma subida bem íngreme. Muita pedra, muito resbalão, até que comecei a avistar aquela vegetação típica dos topos. Parecia que estava saindo de um poço escuro para a luz.

 

La em cima ventava muito, bem mais que no Taipabuçu. Acabei armando minha barraca atrás de uma grande pedra que serviu muito bem de corta vento. Antes de anoitecer eu ja tinha me deitado pra descansar. Em seguida comecei a ouvir vozes. Coloquei a cabeça pra fora do zíper da barraca e não vi nada, pensei que fosse o vento. Minutos depois ouvi novamente as vozes, dessa vez fui verificar e acabei encontrado um casal de montanhistas montando a barraca um pouco a cima de onde eu estava. Ficamos ali batendo papo. Me deram informações que foram bem uteis no dia seguinte. Papo vai, papo vem, de repente, não lembro quem, gritou: OLHAA!! Apontando pra cima. Um meteoro enorme rasgou o céu! Entramos em êxtase, nenhum de nos havia visto um tão grande antes.

 

Em seguida pegamos as lanternas pra fazer sinal. Uma, duas, varias lanternas responderam. Uma no A1, outra no A2, outra lá no Caratuva.

 

Já estava ficando tarde e nos despedimos, pois sairia antes do amanhecer rumo ao Pico do Paraná.

 

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3º dia

 

Dez pras quatro da manha já estava de pé. Organizei as coisas, e parti de ataque para o P.P. Passei pela bifurcação Iitapiroca - Pico do Paraná, começando a descer contornando a encosta do Caratuva. A parte difícil é encontrar agua potável nesse trajeto, pois os córregos simplesmente viram banheira, com muita espuma, e sem duvidas não arriscaria reabastecer minha garrafa com aquela agua.

 

Boa parte do caminho é constituída por mata fechada. Chegando no A1 a vegetação começa a diminuir de tamanho, podendo observar melhor a paisagem.

 

20120825130925.JPG

 

O caminho começa a ficar penoso após o paredão de escalada, onde foram postos clipes. Dali pra frente boa parte do caminho é bem íngreme. Cheguei no A2 já com a garrafa vazia. Conversei com o pessoal e um deles foi comigo buscar agua em uma bica perto dali. Sabia que existia uma bica próxima do A2, mas não fazia ideia onde era e acabaria passando por lá sem reabastecer. O caminho até a bica é uma trilha estreita, na encosta esquerda da montanha.

 

Com a garrafinha cheia, voltei ate a trilha rumo ao pp. Justamente ali topei de novo com a senhora que me confundiu com um cavalo desgovernado. Ela também estava subindo para o pico, resolvemos então ir juntos até lá. Chegamos às 11 e meia, o tempo estava limpo . Via-se a baia de Paranaguá bem longe e até mesmo os prédio de Curitiba em tamanho minusculo, mas o que chamava a atenção era a beleza das montanhas ao redor.

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Pico Paraná. Ao fundo o Itapiroca, Caratuva e o Ferraria.

 

Na descida tive outro momento tenso. Pisei em falso e cai entre duas pedras. O resultado foi um roxão na coxa e outro nas costas.

 

Descemos ate o A2. Lá almoçamos junto com um grupo que estava fazendo um bate e volta ate o P.P. e depois nos despedimos. Precisava voltar para desmontar a barraca e pegar minhas coisas.

 

Levei duas horas para chegar ate o Topo. Abri a minha barraca e lá estava um saquinho com bisnaguinhas, achocolatado, biscoitos entre outras guloseimas! Rsrs valeu Clebson, valeu mesmo! Você não imagina minha felicidade quando vi tudo aquilo!

 

Já com todas as tralhas nas costas, segui em frente, agora rumo ao Cerro verde. Dali pra frente às trilhas começam a ficar fechadas, com descida e muito arbusto obstruindo o caminho. Bem a baixo ha uma pequena gruta com agua. Ali por perto eu acabei seguindo uma trilha falsa e andei um bom tempo à toa, mas consegui encontrar a verdadeira novamente. Há varias dessas pelo caminho, e é bem fácil se enganar, pois a verdadeira não é tão evidente.

 

Iniciando a subida do Cerro Verde, encontrei muita bromélia e plantas semelhantes, com bastante espinhos. Nesse trajeto encontrei um adesivo do Alpha Crucis colado em um galho, (Pra quem não ouviu falar da Travessia Alpha Crucis ai esta o link http://altamontanha.com/Colunas/3475/alfa-crucis-uma-baita-travessia ) e metros a frente um saco com varetas de barraca, que imaginei ser deles. Peguei e guardei na minha mochila, o destino delas seria a fazenda Bolinha.

 

Cheguei no pico do cerro verde as 5 horas da tarde, com tempo de sobra pra organizar as coisas antes de escurecer. Quando terminei de montar a barraca e arrumar as tralhas, o Sol já estava se pondo. Fiquei ali por um bom tempo observando o espetáculo. O astro estava bem atrás do Tucum, dando ao Pico do Paraná e o Ciririca um tom laranja.

Na hora da janta recebi uma visita inesperada de um Prea, que até pousou para a foto. Sai pra fora da barraca pra fazer sinal com a minha lanterna. fiquei um bom tempo tentando, mas ninguém respondeu. Provavelmente estava sozinho na serra.

 

4º dia

 

Acordei de manhã ouvindo pingos de chuva na barraca. Já estava começando a prever a dificuldade que iria passar fazendo o resto do trajeto na lama, mas tive sorte, era apenas uma nuvem passageira.

 

Sai cedo do cerro verde, andei um pouco em trilha aberta e logo me embrenhei no mato. Um verdadeiro enrosca-enrosca. Acabei perdendo nos galhos a minha toca que estava presa na cintura. Recomendo deixar a tampa da mochila abaixo da cabeça, pois caí algumas vezes por te-la enroscado em galhos.

 

20120825134003.JPG

Tucum e sua leve subida.

 

 

Peguei uma trilha recente, ao invés da original, que descia até um riacho. A subida do Tucum começa a partir dali, bem tímida no inicio, leve, beem tranquila, e de uma hora pra outra vai ficando cada vez mais inclinada, tanto que já não andava mais, praticamente escalava, tendo ate corda em um ponto pra auxiliar na subida. Cansa pra caramba.!!

 

O Camapuã estava próximo, a trilha foi bem fácil. Cheguei lá às 9 horas da manha. Vendo o Ciririca daquele ângulo, veio o arrependimento de não ter passado por lá também, e quem sabe o Agudo da Cutia logo à frente! rsrsr mas ai eu precisaria de mais um ou dois dias e mais mantimentos.

 

Olhei para o mapa e havia um borrão bem na parte onde estava a demarcação do caminho depois do Camapuã, causado pelo suor que umedeceu o bolso da calça. O jeito foi seguir as informações que recebi: ir na direção de uma estradinha que pode ser vista de cima do Camapuã. O problema é que avistei duas, uma na minha frente e outra logo a esquerda. A da frente me pareceu mais confiável, pois vi até uma fazendinha ali perto, que imaginei ser a da bolinha.

 

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Desci e ora a trilha sumia, ora reaparecia bem pequena, em momentos havia só rocha e nenhuma trilha, andava para direita e só via rocha, voltava pra onde estava, seguia enfrente e nada. Peguei um caminho que levava a lugar nenhum! O que me confortava era que tinha 1 litro e meio de agua ainda.

 

Olhei ao redor e avistei a outra estrada lá em baixo das montanhas, bem longe, a esquerda. Só podia ser aquela. Tanto esforço pra nada. Refiz o trajeto de volta ao Camapuã. Cheguei lá em cima e finalmente encontrei a trilha correta, bem batida, a esquerda de quem vem do Tucum.

 

 

Dali pra frente é só descida com muito riacho pra atravessar. Cheguei na fazenda da bolinha 1 hora da tarde, já com as pernas latejando devido a longa trilha que andei quase sem pausa pra descanso.

 

Não havia ninguém na fazenda e acabei fazendo meu almoço ao lado de um riacho ali perto. Só depois de devorar a comida que o pessoal da fazenda chegou. Bati um papo com eles e entreguei as varetas que encontrei.

 

Estava terminando minha travessia. Fui andando da fazenda bolinha até o posto do Tio Doca, em torno de uma hora de caminhada, relembrando tudo que aconteceu. Ficou aquela vontade de continuar explorando aquela serra, subir nos picos que deixei pra trás, mas já não tinha mais tempo nem mantimentos, só me restava voltar pra casa.

 

Digo sem duvidas que foi um dos lugares mais bonitos que já visitei. Ainda vou voltar lá não só uma, mas várias vezes, a beleza daquele lugar é indescritível. Espero ter ensinado alguma coisa a vocês com meus perrengues rsrsrs e quem sabe ter mudado a ideia de muitos que vão a serra do Ibitiraquire só pra subir o Pico do Paraná.

 

20120825130331.JPG

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Valeu Otavio,

 

Sem duvidas não teria feito nada se não tivesse recolhido bastante informação aqui do site, ha varios relatos, muito bem escritos que me deram uma boa base do que eu iria encontrar por lá. Por isso quem for, não leia apenas o meu, pesquise bastante, pois alguma coisa a gente sempre deixa passar.

 

Vi que não coloquei os mapas da serra. Aqui esta:

 

Serra do Ibitiraquire

20120826214849.jpg

 

 

Pico do Paraná

20120826214910.jpg

 

Quem planeja ir pela primeira vez sem a companhia de alguém que conheça bem a Serra é muito aconselhável ter em mãos o primeiro mapa. Sem ele eu provavelmente teria me perdido.

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Olá Guilherme!

 

 

Caraca, baita travessia! Mandou muito bem, e logo de cara. Como disse o Otávio, realmente poucos se "atrevem" a sair do lugar comum e explorar com seriedade a região como você fez, especialmente em "solo" e na primeira incursão por aquela região. Show de bola!!! ::otemo::::otemo::::otemo::

 

A mochila nova pelo jeito se comportou bem. Acostumou com a fivela da barrigueira? Rsrs! E a barraca MEC? Certamente teve boas lições sobre equipamento nesta trip, como a do reservatório... Com o tempo vamos adquirindo essas experiências e aprimorando nossa "vivência" nas montanhas.

 

Meu caro, está muito bem escrito seu relato, viajei junto contigo por aquelas paragens. Como sou muito "visual" senti apenas a falta de mais algumas fotos, mas as que ilustram o relato estão muito boas. Faz tempinho que ando querendo refazer esta travessia e o teu relato me animou bastante... Costumo dizer que nós montanhistas somos alimentados com algumas coisas além da "comida". Uma delas é justamente essa "INVEJA BOA" se é que me entende. Essa "gana" de ver o que um companheiro fez e desejar fazer o mesmo, se superar, trilhar o mesmo caminho, ter as mesmas visões, compartilhar o mesmo ar, o mesmo sol, o mesmo mato... :wink:

 

 

[...]

Nesse caminho existe bastante bambu cortado, ganhando um formato de lança. Um dos momentos mais tensos aconteceu quando eu enrosquei minha bota em uma raiz e cai de bruços em cima de uma dessas lanças pontiagudas, o peso da mochila nas minhas costas fez com que meu peito chegasse a poucos centímetros da ponta do bambu. Fiquei branco na hora. Imagina se não desse tempo de colocar as mãos no chão? Depois desse susto comecei a ter paranoia das raízes rsrsrsr não tirava o olho do chão. Mas esse não foi o único susto do trajeto, bem à frente escorreguei subindo um barranco e desci rolando de cargueira e tudo!!

[...]

 

Isso infelizmente ocorre bastante e é falta do pessoal que faz a limpeza eventual da trilha com o facão "roçar" o bambuzal muito "por cima", deixando essas lanças apontadas. Já vi vários acidentes com elas (alguns bem feios) e todo cuidado nestes trechos é pouco. Ainda bem que você não se machucou.

 

 

Olhei para o mapa, e havia um borrão bem na parte onde estava a demarcação do caminho depois do Camapuã, causado pelo suor que umedeceu o bolso da calça. O jeito foi seguir as informações que recebi: seguir em direção de uma estradinha que pode ser vista de cima do Camapuã. O problema é que avistei duas, uma à frente e outra logo à esquerda. A da frente me pareceu mais confiável, pois vi até uma fazendinha ali perto, que imaginei ser a da bolinha.

 

Desci, desci, desci. Horas a trilha sumia, horas reaparecia bem pequena, horas havia só rocha e nenhuma trilha, andava para direita e só via rocha, voltava pra onde estava, seguia enfrente e nada. Peguei um caminho que não levava a lugar nenhum, e o pior, aquele sol estava de rachar! O que me confortava era que tinha 1 litro e meio de agua ainda.

 

Olhei ao redor e avistei a outra estrada lá em baixo das montanhas, bem longe a esquerda, só podia ser aquela. Tanto esforço pra nada. Refiz o trajeto de volta ao Camapuã, cheguei lá em cima e finalmente encontrei a trilha correta, bem batida, a esquerda de quem vem do Tucum.

[...]

 

Meu caro, uma boa dica é colocar o mapa dobrado dentro de um saco plástico, desses tipo "zip lock", que é fácil de abrir e fechar quando se precisa e protege bem da umidade do suor e eventuais chuvas. Aliás o tal saquinho "zip" tem várias utilidades, uma delas guardar comida, como grãos soltos (uva passa, castanhas ...) e pós (café, açúcar, leite em pó...) sem que você precise carregar potes ou mesmo as embalagens inteiras, tornando a carga mais compacta, além de prática. Já carreguei até água certa vez numa emergência usando esses saquinhos. ::otemo::

 

Esta trilha que você pegou na descida errada do Camapuã é a trilha que vai ao Camacuã, que é mais baixo, na mesma linha de crista. São coisas que acontecem (e com frequência) naquela área, especialmente para quem a visita pela primeira vez.

 

 

 

Digo sem duvidas que foi um dos lugares mais bonitos que já visitei. Ainda vou voltar não só uma, mas várias vezes, a beleza daquele lugar é indescritível. Espero ter ensinado alguma coisa a vocês com meus perrengues rsrsrs e quem sabe ter mudado a ideia de muitos que vão a serra do Ibitiraquire só pra subir o Pico do Paraná. [...]

 

Concordo plenamente! É isso aí! Você já foi "infectado" pelo vírus... Haha! ::lol4::::otemo::

 

Agora é só se programar e voltar... Depois nos conte como foi!

 

Obrigado ainda, mais uma vez, por nos informar sobre a armação daquela barraca que você achou. Até hoje não apareceu o dono...

 

Parabéns pela trip, um grande abraço e sucesso nos projetos futuros! Precisando de algo, já sabe :wink:

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Essa foi a minha primeira experiência com montanhas, antes só havia andado pelas matas da região oeste do estado. Assim também foi com equipamentos próprios pra esse fim. Só no começo desse ano que comecei a abrir mão de bastante coisa pra começar a investir em equipamentos, pesquisei pra caramba, o tecido do anorak, as características de uma bota de trekking, a armação e o peso de uma barraca, os modelos de mochila cargueira, a melhor amarração dos cadarços entre outras coisas. Da pra sentir muito a diferença, assim da pra ir mais longe e mais tranquilo.

 

Pra ter uma ideia, eu saia de casa com uma botina da bompel, calça jeans que esquentava pra caramba e ensopava, uma mochila de uns 20 litros cheia de ilhós, que coloquei no costado pra prender a garrava de agua com cordinhas, cheia de remendo, e usava uma polaina de litro descartável pra me proteger de possíveis picadas de cobras. Era metido a artesão hehe

 

A mochila nova pelo jeito se comportou bem. Acostumou com a fivela da barrigueira? Rsrs!

 

Realmente fiz a escolha certa, so tenho elogios pra dar a essa cargueira, bem robusta, ventilada no costado, distribuição de peso excelente, pena que não é mais fabricada. Quanto a fivela a gente sempre arranja um jeito, rsrs não tava prendendo bem ai eu fiz umas gambiarras que funcionaram perfeitamente.

Só me decepcionei com a trilhas e rumos, pois fizeram um reservatório de péssima qualidade. Aonde se viu colocar apenas um siliconezinho pra vedar a junção da mangueira?

Na primeira desrosqueada lá se foi o silicone. Dessa vez nem minhas gambiarras funcionaram rsrs e olha que eu tentei bastante coisa!

 

 

 

Meu caro, uma boa dica é colocar o mapa dobrado dentro de um saco plástico, desses tipo "zip lock", que é fácil de abrir e fechar quando se precisa e protege bem da umidade do suor e eventuais chuvas. Aliás o tal saquinho "zip" tem várias utilidades, uma delas guardar comida, como grãos soltos (uva passa, castanhas ...) e pós (café, açúcar, leite em pó...) sem que você precise carregar potes ou mesmo as embalagens inteiras, tornando a carga mais compacta, além de prática. Já carreguei até água certa vez numa emergência usando esses saquinhos. ::otemo::

 

No começo ele estava em um saquinho plástico, mas de tanto tirar pra olhar eu acabei relaxando e colocando no bolso da calça sem o saquinho. O resultado foi aquilo. já li algumas coisas sobre os saquinhos zip lock, na próxima eu vou providenciar alguns.

 

 

 

Concordo plenamente! É isso aí! Você já foi "infectado" pelo vírus... Haha! ::lol4::::otemo::

 

Agora é só se programar e voltar... Depois nos conte como foi!

 

Obrigado ainda, mais uma vez, por nos informar sobre a armação daquela barraca que você achou. Até hoje não apareceu o dono...

 

Parabéns pela trip, um grande abraço e sucesso nos projetos futuros! Precisando de algo, já sabe :wink:

 

Hehehe não ta sendo nada fácil, os sintomas da virose são constantes!!

 

Logo o dono das varateas vai passar lá na fazenda bolinha.

Valeu Getulio, as próximas travessias vão demorar um tempinho pra acontecer, mas pode deixar que eu vou relata-las aqui. As outras fotos vo posta amanha.

 

Um abraço

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Grande Guilherme!

 

 

É isso aí! Bela experiência hein?! O Ibitiraquire é apaixonante mesmo. Quando conheci a região, ainda na década de 90, fiquei alguns anos fuçando só naquela serra, esqueci completamente do Marumbi (que começou a ficar proibido na época por conta da implantação do Parque Estadual) e outras até mais acessíveis. Por estar perto, ter um grupo disposto e ter tempo naquela época, difícil era o FDS em que não dava uma esticada por lá. Só tome cuidado porque este vírus costuma causar maiores problemas em casos de abstinência prolongados!

 

Essa veia de artesão é o que salva a gente em certas horas. Muita coisa a gente consegue resolver no improviso. Equipamentos "made in FDQ" (Fundo De Quintal) ficam às vezes até melhores que equipamentos "profissionais", outras não. Caso de roupas, mochilas e calçados, principalmente.

 

O anel de vedação de silicone da Trilhas e Rumos já deu muito o que falar e até hoje eles não mudaram essa droga. Sem falar no gosto ruim que o material do recipiente deixa (deixava?) na água. Eu tenho um antigo deles rolando por aqui. Quebrou a mangueira e o seu encaixe e deste modelo não existe mais reposição, por isso ficou encostado, foi um dos primeiros modelos que eles venderam, já era importado "xing ling" e não usava o anel de silicone, se não me falha a memória era de um plástico/nylon semi-rígido, vedava bem. Vou ver se acho os restos mortais dele aqui nas minhas tralhas e se o tal anel ainda existe e está aproveitável, se encontrar te mando ele para reposição, creio que deva servir. Dá para tentar encontrar um anel de borracha de vedação ou arruela próximo deste nestas casas de torneiras/válvulas sanitárias (materiais de construção?) :wink:

 

Quanto à armação da barraca, vou até anunciar de novo lá no Facebook nos grupos de montanha para ver se o dono aparece. Naquela área em que o material foi perdido e cara já deve ter até se conformado com a PT na barraca, pois é uma área pouco trilhada e muito fechada, então o sujeito deve pensar que ninguém acharia o pacote por lá... Aliás a Serra do Ibitiraquire é campeã em achados e perdidos (mais perdidos do que achados), comentava isso outro dia com uns amigos aqui relembrando alguns "achados" (ou perdidos) memoráveis, como binóculos, câmeras, facas, panelas, fogareiros, sacos de dormir, isolantes, óculos, roupas as mais diversas, aparelhos de GPS... armação de barraca... Acharam, e mais de uma vez, até par de botas em trilhas por lá! É difícil o FDS, especialmente feriados, em que alguém não relate ter perdido algo por lá... Deve ser uma filial do "triângulo das bermudas" ::lol4::::ahhhh::

 

E as fotos adicionais serão muit bem vindas! ::otemo::::otemo::::otemo::

 

Grande abraço!

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  • Membros de Honra

Por isso que eu uso o famos "camelpet", ou seja, garrafa pet mesmo!!!

Mais barata, fácil de encher, pode ser compactada e no final da trip é só depositá-la no lixo. Tem de 300ml, 0,5l, 1,5l, 2l, 3l... ::otemo:: eu costumo levar duas de 1,5l, ou se o lugar tem pouca água, duas de 2l. Duas garrafas 1,5l é mais fácil de acondicionar na mochila do que uma de 3l, e ainda dá pra dar aquela "balanceada" no peso...

Sobre o ziplock para mapas, tem um do tamanho de uma folha A4, aí você dobra o mapa com a parte que está sendo usada pra frente e nem precisa tirá-lo do saco pra consulta. ::cool:::'>

EDIT: Esqueci de dizer que além de tudo isso a garrafa pet É MAIS LEVE!!!!!!!!!!!! Menos peso mais alegria!!! ::hahaha::

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  • Membros

Vou ver se acho os restos mortais dele aqui nas minhas tralhas e se o tal anel ainda existe e está aproveitável, se encontrar te mando ele para reposição, creio que deva servir.

 

Valeu Getulio, não precisa se encomodar com isso.

 

Deve ser uma filial do "triângulo das bermudas" ::lol4::::ahhhh::

 

kkkkkk Pior que eu perdi minha toca por la, e olha que não foi so a armação que eu achei pelo caminho, no taipa eu encontrei uma capa de chuva de mochila, que parecia mais uma borracha com elástico, e ainda na volta pra fazenda do Dilson eu encontrei um isolante térmico rsrsrr existe algo sobrenatural naquela serra!

 

Por isso que eu uso o famos "camelpet", ou seja, garrafa pet mesmo!!!

Mais barata, fácil de encher, pode ser compactada e no final da trip é só depositá-la no lixo. Tem de 300ml, 0,5l, 1,5l, 2l, 3l... ::otemo:: eu costumo levar duas de 1,5l, ou se o lugar tem pouca água, duas de 2l. Duas garrafas 1,5l é mais fácil de acondicionar na mochila do que uma de 3l, e ainda dá pra dar aquela "balanceada" no peso...

 

É Otavio, to pensando seriamente em aderir ao camelpet!! Mas to pensando em levar uma garrafa de 1,5l uma de 1 litro, e uma de 500 ml pra deixar pendurada no lado da mochila assim fica bem fácil de distribuir o peso.

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