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Fogo destrói quase metade da Chapada Diamantina


Silnei

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Parabéns pelo seu trabalho de informação, Sandro. Agora, deu muita pena de ver o Morrão daquele jeito...

Fazendo coro com a Nina, vocês sabem como ficou a situação das principais trilhas da Chapada?

 

Agora, tem essa notícia aqui, retirada do site do ICMBIO. Vamos torcer pro fogo ter se extinguido mesmo e que a vegetação se recupere rapidamente...

 

Abraços,

Carlos

 

*****

Chuva põe fim a incêndios que destruíam a Chapada Diamantina

 

Brasília (20/11/2008) – Boletim emitido na manhã desta quinta-feira (20) pelo Prevfogo (Centro Nacional de Combate a Incêndios Florestais), do Ibama, traz uma boa notícia: desde o final da tarde de ontem chove em todos os municípios da Chapada Diamantina, na Bahia. Com isso, os focos de incêndio que destruíam a região estão praticamente extintos.

Segundo o boletim, por falta de teto, não houve condições de se realizar sobrevôo para se verificar se todos os focos de incêndio foram realmente debelados. As equipes de campo continuam mobilizadas e o grupo de coordenação das ações anti-fogo se reuniu nesta quinta em Mucugê para avaliar a situação.

A decisão da chefia do parque, aprovada pela coordenação, é a de manter as brigadas mobilizadas por mais dois ou três dias. Só depois de ter certeza absoluta de que todos os focos de incêndio cessaram é que o esquema de combate ao fogo será desmontado.

 

Fonte: ICMBIO - http://www.icmbio. gov.br/

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Que as políticas governamentais na preservação dos ecossistemas são pífias e que o interesse em agir diante das catástrofes ambientais é mínimo está mais que consumado nas dezenas de hectares de floresta amazônica dizimados diariamente para dar lugar a Brachiarias que enchem o bucho de Nelores e Zebus, para se plantar soja, para se ornamentar palácios com mobiliário de mogno, para alimentar fornalhas de siderúrgicas, para a exploração de petróleo e gás e por aí vai...

Mas voltemos à Chapada Diamantina.

Relatos que li de alguns brigadistas e viajantes que estavam na região esta semana dão conta que Lençóis não foi muito afetada pelo fogo... Porém entre Lençóis e Palmeiras a imagem do Morrão acima dão uma clara noção de como ficou a região em seu entorno.

O Vale do Capão apesar de atingido foi bem preservado; Gerais do Vieira por outro lado queimou bastante... Agora a área entre o Pati de Baixo, Andaraí até Mucugê a paisagem predominante é de pedras, carvão e cinzas.

Não li nenhuma informação se a trilha da Fumaça por cima foi afetada pelo fogo esse ano; e até o presente momento os guias e agências estão esperando que as chuvas continuem por mais alguns dias, só depois poderão avaliar as condições das trilhas.

Mas lembrem-se que o encanto da Chapada Diamantina não está somente nos seus morros e vales emoldurados por vegetação de Mata Atlântica, Mata ciliar, Cerrado e Semi-árido. Temos sítios arqueológicos, grutas, cavernas maravilhosas; dezenas de belíssimos rios e cachoeiras, além é claro da cultura e culinária local.

 

Abraços.

 

22/11/2008 às 00:13

Chuva é vida na Chapada Diamantina

O Morro do Pai Inácio, com todo seu misticismo e simbologia da Chapada Diamantina, está quase que completamente coberto por uma nuvem baixa, densa, que também se estende ao Morro do Camelo. Parece um véu de proteção a uma região que sofreu praticamente 60 dias com a ação destrutiva dos focos de incêndio.

Sobre o céu de Lençóis e espalhando-se pelos quatro cantos da Chapada, as nuvens descarregam chuvas abundantes num oportuno socorro à fauna e à flora. Apesar das marcas do fogo, sente-se que a vida em grande parte desse rico ecossistema começa a recuperar o fôlego, inicia uma espécie de ressurreição, que, embora não possa ser mais total, ainda sustentará a exuberância e a riqueza natural.

Os leitos dos rios, alguns cortados e secos há meses, começam a sentir de novo o contato deslizante das águas. Ela vence o assoreamento, dança nas corredeiras, faz um barulho como que anunciando que a natureza ainda é a grande vencedora.

A Chapada Diamantina continua com seus mistérios, os encantos, as trilhas levando aos caminhos de uma região que prova que ainda está bem viva, porque chuva é vida na Chapada Diamantina.

 

[creditos]Edson Borges, da Sucursal Feira de Santana

A Tarde On Line[/creditos]

  • 2 meses depois...
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Mesmo com o cinza e o negro da destruição ainda contrastando com o colorido da vida a Chapada Diamantina continua surpreendentemente linda!

Após dois meses com bastante chuva em toda a extensão do Parque a vegetação se mostra renascendo lentamente onde foi castigada.

Andando por lá pude ver os seguintes resquícios das queimadas recentes: O entorno de Lençóis esta em geral com a vegetação bastante robusta, apenas alguns pontos no alto dos morros a oeste se pode ver as marcas do fogo e na BR-242 sentido Pai Inácio alguns trechos junto a rodovia próximo ao Poço do Diabo.

Em Iraquara seguindo para a Serra das Paridas sentido Morro do Chapéu vi uma área devastada, mas ali as Samambaias já forravam o chão fazendo sombra para os pequenos arbustos que rebrotavam por debaixo.

Em Palmeiras e Guiné quase não vi sinais de queimadas, somente num pequeno trecho da estrada que interliga as duas localidades.

O Morrão e seu entorno continuam cinzentos, ainda vai levar alguns meses para as gramíneas atingirem quantidade e tamanho suficientes para que o verde se destaque mais que as rochas e o carvão.

A Serra da Larguinha e os Gerais que levam até a Cachoeira da Fumaça por cima não foram atingidos pelo fogo, no entanto o Vale do Capão foi atingido numa grande área de Mata Ciliar subindo para os Gerais do Vieira, como a vegetação era densa e com muitas árvores de pequeno porte a paisagem continua bem feia alí.

Nos Gerais do Vieira e do Rio Preto a vegetação de campos rupestres foi bem preservada, apenas algumas áreas nos Gerais do Rio Preto próximo ao Cachoeirão se apresentam com as Canelas de Emas e todos os demais arbustos calcinados.

Todo o Vale do Paty e Vale do Rio Cachoeirão até a Ladeira do Império não foram atingidos pelo fogo.

Como Andaraí, Mucugê e Ibicoara foram as cidades que mais queimaram por quase três meses vi a destruição deixada pelo fogo por todo lado que andei, principalmente nos campos de Cerrado de Mucugê.

Além do incalculável impacto ambiental direto causado na fauna e flora houve consequentemente um aumento no deslocamento de areia, cascalho e vegetação morta decorrente das chuvas para os leitos dos rios, mas nada que afetou significativamente curso, volume, vazão e aparência dos rios e cachoeiras.

 

Para encerrar deixo fotos de um dos mais belos símbolos do poder da natureza e da Chapada Diamantina pra mim.

 

Canela de Ema em Ibicoara

56-Ibicoara-Canelas-de-Ema.JPG?et=X7w8qPqmmsR135FvT9ckMQ&nmid=174258709

 

Canela de Ema em Ibicoara

58-Ibicoara-Canelas-de-Ema.JPG?et=COeU%2BAxL1rZiE%2CjJNJVNQw&nmid=174258709

 

Canela de Ema nos Gerais do Rio Preto

25-Gerais-do-Rio-Preto.JPG?et=UcfllAQpDQNo3lG3z7SJPw&nmid=172292147

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Triste fato esse na Chapada.

 

No Paraná passamos por um incêndio em 2007, que destruiu uma boa parte do "Parque" Pico Paraná.

Observe na foto, ao fundo, toda a encosta do Caratuva queimada.

 

fotos_album_23.jpg

Foto do CPM - Clube Paranaense de Montanhismo

 

Agora é cuidar da região e torcer para uma melhora rápida!

  • 3 meses depois...
  • Membros de Honra
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brincando_deus_chapada_abertura.jpg

Imagem da chuva artificial despencando sobre parte do Parna da Chapada Diamantina. (Foto: ModClima)

 

No início do mês de março, o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA) ganhou da empresa paulista ModClima uma hora de chuva artificial, com o intuito de manter a vegetação mais úmida e, assim, prevenir incêndios florestais na unidade de conservação. A iniciativa dividiu opiniões. De um lado estão técnicos e chefia da unidade que, traumatizados com o grande incêndio do ano passado, vêem a tecnologia como uma arma na prevenção de incêndios. De outro, especialistas defendem que as mudanças no regime de chuvas e na umidade no parque, criado sobre uma grande mancha de Cerrado em meio à Caatinga baiana, podem ser desastrosas para plantas e animais que dependem do clima seco e do calor para sobreviver.

 

O parque é uma das áreas protegidas federais que mais sofre com a ocorrência de fogo no país. Somente em 2008, foram consumidos cerca de 55 mil hectares de Cerrado, por 42 dias seguidos. “Ainda não contabilizamos quantos focos tivemos no total, mas foram muitos. Muitos e simultâneos”, diz Christian Berlinck, chefe da unidade. Por esse motivo, ele dá boas vindas a alternativas de prevenção. Em 2004, uma delas pareceu se encaixar direitinho na necessidade do parque.

 

Desenvolvida pelo engenheiro Takeshi Imae, idealizador da ModClima, a chuva artificial é produzida por meio da irrigação de certos tipos de nuvens com água filtrada. Bem diferente da tecnologia já usada para provocar chuvas artificiais, que pulveriza produtos químicos nas nuvens, como nitrato de potássio. “Esta seria uma forma limpa de controlar grandes queimadas”, defende Berlinck.

 

Para que a chuva pudesse cair naquela porção específica de Cerrado, foram necessários cinco anos de negociações. Sem aval do Ibama para contratação da empresa, nem patrocínio da iniciativa privada, a chuva só aconteceu porque sojicultores goianos contrataram a ModClima para não perderem suas plantações e, como o avião estava perto da unidade, a empresa resolveu dar um pulo lá para “semear” as nuvens. E conseguiu. A irrigação de 15 minutos gerou uma chuva intensa de uma hora sobre cerca de 20 quilômetros quadrados do parque.

 

Efeitos práticos do fogo

 

Naquele parque nacional, além da vegetação típica do Cerrado, há porções de campos rupestres (pontilhados de pedras) e nacos de Mata Atlântica, com sua fauna e flora características, onde clima seco e calor são essenciais para germinação de certas plantas, por exemplo. Assim, querer manter a vegetação do parque sempre úmida para evitar incêndios pode significar uma alteração fatal para a biodiversidade. “Será que algumas sementes não precisam do fogo para quebrar a dormência e germinar? Será que não vai haver desequilíbrio entre animais? Alguns preferem o seco, outros o úmido. Será que está certo alterarmos tanto assim a natureza?”, questiona o engenheiro agrônomo Helton Perillo Ferreira Leite.

 

Para Mário Barroso, gerente do Programa Cerrado da não-governamental Conservation International e especialista em ecologia do fogo, o uso da chuva artificial deve ser analisado sob dois pontos de vista: o biológico e o ecológico.

 

Considerando que a lógica da chefia do parque seria a de aumentar a umidade para evitar o acúmulo de matéria seca (combustível para o fogo), a chuva artificial pode gerar justamente o efeito contrário. Segundo ele, as plantas não deixam de seguir seu ciclo de vida normal, mesmo com alterações como esta. “O aumento da umidade gera uma falsa impressão de que vai reduzir a quantidade de combustível, mas a planta não vai deixar de secar. Com mais chuva, o que pode acontecer é aumentar a quantidade de matéria verde, gerando até mais matéria seca no futuro. Isto é, pode haver um acúmulo de biomassa seca”, explica.

 

O fogo, quando natural e controlado, é importante para repor minerais no solo, eliminar folhas mortas que já não têm função biológica, dando espaço para outras plantas pequenas que ficam abafadas, e para fazer florescer um conjunto de plantas. Os animais, quando têm para onde fugir, acabam voltando para área queimada e desempenham papel importante na disseminação das sementes germinadas. Como para mudar todo este ciclo de vida seria necessário um aumento muito grande no volume precipitado, Barroso acredita que a técnica de semeadura de nuvens não trará grandes impactos.

 

“Já existe uma variação normal no regime de chuvas no Cerrado e é comum ocorrerem chuvas no período seco, então acredito que a chuva artificial não trará nenhum problema para plantas e animais, pois imagino que eles [no parque] não vão ter condições de produzir chuva em grande escala”, diz Barroso, em referência ao custo da operação, que pode chegar a 3,5 milhões no primeiro ano de atividade.

 

E por falar em dinheiro, este é outro ponto criticado da operação. A partir do segundo ano de atividade, depois que aeronaves e radares forem adquiridos, o custo cai 40%, mas continua muito acima do valor necessário para empregar outras técnicas de prevenção e combate, como construção de aceiros, contratação de brigadistas e aquisição de equipamentos.

 

No Parque Nacional das Emas (GO), por exemplo, a construção de 300 quilômetros de aceiros no ano passado custou à unidade cerca de 40 mil reais, ou 900 vezes menos que um ano de chuvas artificiais.

 

Fase de testes

 

Apesar de todas as críticas, Christian Berlinck continua apostando na tecnologia para prevenir incêndios no Parque da Chapada Diamantina. Segundo ele, os ambientes não serão tão alterados porque a semeadura das nuvens será feita de forma intercalada entre dez diferentes áreas do parque. A idéia é que, próximo à época de seca, o avião da ModClima passe apenas uma ou duas vezes em cada uma destas áreas durante o mês. “Em momento algum essa semeadura será continuada. Vamos fazer [chuva artificial] em apenas uma parte do parque. As outras continuam seu fluxo natural. A técnica não vai impedir que o fogo aconteça, apenas que ele diminua”, explica.

 

De acordo com o chefe da unidade, todas as ações deverão ser acompanhadas por técnicos, para que os efeitos sejam mensurados e a resposta da vegetação acompanhada, mas ele acredita que os impactos negativos serão mínimos. “As espécies estão sumindo, então, o que é mais importante, a perda da diversidade ou o aumento da biomassa?”, questiona.

 

Berlinck também acredita que a implementação será viável economicamente se um circuito entre várias unidades de conservação do país for criado, para que o custo se dilua entre elas. Além disso, o parque continua com outras ações de prevenção e combate aos incêndios, como contratação de brigadistas, garante. “É claro que os custos e impactos nos preocupam muito, mas a chuva artificial é uma das ações e é importante iniciar uma linha de discussão nesse sentido”, diz.

 

Por enquanto, o uso da chuva provocada na prevenção a incêndios florestais em áreas protegidas está na fase de discussões, mas o Instituto Chico Mendes (ICMBio), órgão agora responsável pelo combate ao fogo em unidades de conservação, parece otimista com a possibilidade. “Adianto que as discussões ainda estão em estágio inicial, mas estamos trabalhando com a possibilidade de iniciar um projeto piloto no próprio Parque Nacional da Chapada Diamantina. Logicamente, além das questões relacionadas à eficiência do trabalho de prevenção de incêndios florestais de grandes proporções, serão avaliados possíveis impactos ambientais do uso da tecnologia”, disse Paulo Carneiro, chefe da Coordenação Geral de Proteção Ambiental do ICMBio.

 

Sobre os elevados gastos com dinheiro público para manter a tecnologia, ele comentou que ainda é cedo para responder. “Em função deste estágio inicial, ainda não temos acúmulo de discussão e resultados suficientes para responder a perguntas relativas aos custos”.

 

[creditos]Cristiane Prizibisczki 27/03/2009, 17:40 - O Eco[/creditos]

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