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Roma, Pompéia e concertos!


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Bom, tudo começou quando eu estava procurando shows na europa, uma vez que estou morando em Sevilha. Quando procurei sobre a agenda do Mark Knopfler, ex guitarrista e vocalista da eterna banda inglesa Dire straits, tive a grata e inacreditável notícia da turnê do mesmo em parceira com o outro grande mestre e meu ídolo Bob Dylan! Tive várias opções de lugares para o concerto, até cogitei Milao ou Pádova, pelo preço da passagem e etc., mas não podia perder essa chance de conhecer Roma, essa cidade que respira história e encanta a milhões!

Fiquei no famoso Alessandro’s Palace Hostel, uma vez que eu não tinha companhia para o show e conheci um cara que ia ficar lá que pretendia ir no show, estava pensando em ficar de couchsurfing ou em alguma pensão barata.

 

1º Dia:

Ainda em Sevilha, terminei de arrumar minha mochila e parti para o aeroporto! Voo FR 9667, de Sevilha com destino a Roma-Ciampino.

Saía às 19h10 e chegava às 22h05, mas chegou 21h20! Eu já imaginava que eu ia ficar na ansiedade demasiada, mas tudo bem! É complicado saber que você está perto desse museu a céu aberto de história milenar e ter que esperar. Solicitei um mapa em uma das empresas que faz o translado até o centro e sentei no saguão, tinha um número considerável de pessoas fazendo o mesmo. A grande maioria com suas mochilas nas costas, ou no chão servindo de travesseiro, como foi meu caso. Comecei a traçar minhas rotas em cada dia, com ajuda de dicas anotadas em papéis e o guia do viajante, tentando sempre explorar ao máximo a cidade (máximo não necessariamente é muito, pelo contrário se tratando de Roma) e suas distintas regiões, caí no sono já era 01h30.

 

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Planejamento de regiões no Aeroporto de Ciampino.

 

 

2º Dia:

Despertei às 05h30. Sem sono, fiquei esperando o primeiro translado que tivesse disponível! Isso aconteceu às 07h00. No caminho já começava a sentir o que me esperava, uma cidade que a cada passo é uma surpresa, surpresinhas de dois mil anos atrás. Cheguei na Termini, estação central de Roma, de onde partem os trens para toda itália e onde as linhas A e B, únicas do metrô urbano, se cruzam. O ônibus pára na Via Giovanni Giolitti, atravessei a estação para chegar na paralela Via Marsala, virei na Via Vincenza, caminhei três quadras e cheguei no Hostel Alessandros Palace. Deixei minha mala e fui em direção à Roma antiga, 08h10.

Caminhando cheguei a Igreja de S. Maria Maggiore, contornei-a e entrei numa pequena rua chamada Sforza, no final dela você chega na Via Cavour, importante avenida da cidade. Caminhei por esta até que cheguei na esquina com a Via degli Annibaldi. Parei, olhei para um lado e vi uma igrejinha simpática, tirei o mapa do bolso e fui procurar o Coliseu.

– Ué! Era pra estar por aqui!

Virei para o outro lado e lá estava a grande e imponente arena. Fui em direção. Chega-se perto da Domus Aurea, de onde se pode tomar fotos de um pequeno morro, havia pouquíssimo movimento ali no momento, ideal.

Cheguei na parte debaixo, aproveitei para fotografar o Palatino, o Foro e os Arcos de Constantino e Tito sem turistas e fui para fila do Anfiteatro Flávio, nome oficial do Coliseu. Cheguei às 08h30, não comprei o Roma Pass porque não achei que ia ser vantajoso para mim e de fato não foi. Se tinha 10 pessoas na fila era muito, isso exatamente na hora que ele abre. Paguei 12 euros com direito ao Palatino e Foro Romano, e às 08h40 já estava desfrutando desse palco de quase dois milênios que, embora criado para entretenimento na Idade Antiga, já serviu de diversas coisas até se transformar em um dos monumentos mais visitados do mundo.

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::hãã2::

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Chegando pela Via degli Annibaldi

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Reinando o silêncio no Anfiteatro Flávio.

 

Parecia eu subindo as escadas do Mineirão pela primeira vez. Saí correndo como um garoto e com mais alguns viajantes fomos os primeiros a chegar na parte interna. O silêncio e o vento frio me paralisaram por alguns minutos e fiquei imaginando, ou tentando, quanta coisa já passou ali, quantos já foram consagrados, quantos humilhados e até mesmo devorados. Fora a platéia, a emoção que deveria ser pro povo ir a um espetáculo, tomar um vinho e prosear. A medida que ia explorando cada anel menos eu podia ver, muita gente, muita mesmo! Dei uma passada breve no museu e continuei meu trajeto, saí do Coliseu às 10h00.

Passei pelo Arco de Constantino e desci a bela Via di San Gregorio até chegar no Circo Massimo, ou onde era o Circo Massimo. Embora há poucas ruínas hoje em dia estas estão mal preservadas. O gigante palco das épicas corridas de bigas hoje em dia não passa de um campo mal cuidado no Centro de Roma. De qualquer forma, sentei ali e imaginei o estádio lotado, 300 mil romanos admirando cavalos fervorosos e os corredores se entregando para vitória, em busca de uma saudação de Nero, Tito e cia, consequentemente prestígio.

Dali fui em direção às Termas de Caracalla, mas antes se chega num centro esportivo. Como era um sábado ensolarado às 10h30, pude ver os atletas, mesmo que de fim de semana, de Roma. Pessoas de todas as idades correndo, pulando corda e fazendo alongamentos. Logo ao lado está a Termas de Carcalla, criada durante o período do imperador de mesmo nome, pelo lado de fora é bem bonito, acredito que dentro mais ainda, ótima dica pra quem gosta de arquitetura e paisagismo. Não entrei por que não constava no meu orçamento e no meu roteiro, não é ‘caro’, algo em torno de 6 euros. Voltei em direção ao Palatino, cuja entrada é na citada anteriormente Via di San Gregorio.

 

 

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Circo Massimo, ou onde era.

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Aproveitando o sábado de sol para praticar exercícios.

 

Chegando havia fila, mas com o ingresso comprado no Coliseu você entra direto. Já dentro, virei a esquerda e fui conhecer de perto o Palatino, uma colina de Roma que abriga diversas ruínas, um verdadeiro museu ao ar livre. Dali se tem uma bela vista, vendo o Gianicolo ao fundo com as diversas cúpulas que surgem no meio dos prédios da cidade, lembrando que o bilhete dá o direito de visitar o Museu do Palatino e casas muito bem conservadas, como a de Augustus. Andando se chega ao Arco de Tito, onde começa o Foro Romano, as milhares de pessoas não tiram a beleza e magia do lugar. Grandes pilastras, obeliscos, arcos e templos revelam onde foi o maior centro de comércio romano. A Soprintendenza Archeologica di Roma se situa ali também. Saí pela Via di Fori Imperiali, eram 12h30. Logo que saí dei de cara com uma das diversas tendas de frutas espalhadas pela cidade. Um cacho de uva, duas bananas e uma laranja, seis euros, 6 EUROS (caro demais). Sentei por ali mesmo, apreciando o Foro de um lado e o Mercati di Traiano do outro. Terminei de comer e tomei rumo. Passei pela elegante Piazza Venezia, onde está o Museu do Risorgimento e o Monumento de Vittorio Emanuele II. Do outro lado da rua tem, no mesmo edifício, o Museu da Imigração Italiana, com acervos e dados de milhares de italianos que foram para diversas partes do mundo, inclusive Brasil e Argentina, 50% da população do país vizinho descende do país da bota. Vale a pena uma passada breve. Continuei e subi as escadarias da Basílica di Santa Maria in Aracoeli, de onde se pode ter uma vista bacana. Quem quiser mais pode subir o elevador do monumento Vittorio Emanuele II e ter uma bela vista panorâmica, mas não fui. Desci a escada e subi a outra do lado, a bela escadaria projetada por Michelangelo, bem como a praça onde de se chega, a Piazza di Capidoglio. Três palácios tomam conta da praça, o Museu Capitolini fica ali também, R$6,50. Tampouco fui, foco era outro. A idéia era contornar e chegar na portaria do Museu do Risorgimento, mas antes fui para o lado direito, para ter uma vista magnífica do Foro, fotos bacanas. Fui pro Museu. Gratuito, conta a história de guerras que afetaram de alguma forma a Itália.

 

 

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Vista para Foro, a direita subindo a escada da Capidoglio.

 

Saindo vi um tumulto, era uma exposição pública de um clube de Ferraris, tios, patroas e máquinas(é engraçado isso, na itália eles chamam qualquer carro de máquina, - Io voe correre mi Máquina** –, mesmo sendo a primeira edição do FIAT500). Era 15:00, estava com tempo, resolvi me perder nas ruelas de Roma, sei que surgi na Piazza de Quirinale(bonita vista), segui adiante e desemboquei na Via Nazionale, que liga o Mercati di Traiano à Piazza della Repubblica, que é do lado da Termini. Antes no caminho tinha uma mulher entregando panfletos de uma lanchonete/tratoria numa pequena rua perto do Palazio della Esposizioni, acho que fui o único que pegou. Num é que eu fui almoçar? Num é que comi a melhor lasanha da minha vida? Comi um panini di pancetta e uma lasagna bolognesa, 3 + 4, respectivamente, = 7 euros. Dali pro Hostel, fiz check in eram 17h00.

 

**Isso foi falado em portunholitaliano, uma macarrônica mistura de português com palavras em espanhol e um sotaque italiano, muito bem definido por Zizo Asnis e o qual estou quase fluente, risos.

 

 

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Best lasagna ever!

 

Não estava muito cansado, mas sabia que no dia seguinte estaria se não tirasse um cochilo, planejado, pros tão esperados shows do Dylan e do Knopfler. Salvou-me os cento e vinte minutos de sono, levantei no gás, tomei uma ducha e zarpei pra estação de metrô, 1,00 euro, isso era 19:45. Peguei a Linha B com direção a Laurentina, parar na EUR Palasport ou EUR Fermi, destino: Palalottomatica. Depois de uma caminhada da estação cheguei na arena, eram 20:30 e já tinha uma enorme fila, maior do que a eu vi no coliseu 10h00. Foi tranquilo. Meu bilhete era 3º Anello - Visibilità limitata, sentei e fiquei conversando com um senhor italiano, que tava sozinho ali no show também. A propósito, eu mal vi o sujeito pelo qual eu fiquei no Alessandro, só cedinho, chegando do aeroporto. Mas fiquei pouco, começou o show do Knopfler eu mal podia vê-lo, segui mais uma dezena que tava no mesmo setor e migramos para outros, sussegado. Fui pro do lado, também no terceiro anel, mas pelo menos eu podia ver. Tinha duas meninas que fizeram o mesmo e ficaram apoiadas na grade lá de cima, vendo o show em pé, fiquei do lado delas. Depois de algumas músicas que fui reparar no idioma, eram brasileiras! De São Paulo, formadas em Cinema e que vivem em Roma a 2 e 4 quatros anos. Depois de 1 hora e pouca foi a vez do Dylan soltar ‘’bravos’’ da diferente platéia que é a italiana, quieta, mas vivaz. Os Shows dispensam comentários. As brasileiras já têm um bom tempo de Roma e disseram que falta muita coisa pra conhecer na cidade, imagina eu com meus poucos dias. Fomos pro Metrô, parei na Termini, comi um sanduba por ali de 2,50 euros e fui pro albergue. Deitei na minha cama era 01h30.

 

 

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Palalottomatica lotado, show do Mark Knopfler.

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3º DIA:

Acordei 7:15 e vi um cidadão no quarto com o moletom da UFV (Universidade Federal de Viçosa), foi então que conheci o Luís. Graduado em Zootecnia e mestrando em Genética animal, jeitão meio caipira, boníssima gente, estava viajando depois de ter ficado 1 mês rodando as fazendas da Espanha, fazendo um curso simultâneo. Combinamos de tomar uma cerveja pela noite e segui viagem.

Meu destino era o Vaticano, o menor Estado do Mundo, tanto por área quanto por população e que sedia a Igreja Católica Apostólica Romana. Para tanto, fui em direção a Piazza della Repubblica e desci a Via Nazionale, passando pela Piazza Venezia e continuando no Corso Vittorio Emanuele. A cada passo me encantando mais com a cidade. É estranho como que as pessoas levantando para a caminhada matinal de domingo e para eles tudo aquilo é tão normal. Atravessei a bela Ponte Vittorio Emanuele e já caí Via della Conciliazione, avenida que chega na Piazza di San Pietro. Maravilhei com o lugar, realmente muito bonito e muito bem projetada. Claro, seu autor foi nada mais nada menos que Bernini, a encargo do Papa Alexandre VII. Vista de cima essa tem o formato de uma chave, simbolizando as chaves do Apóstolo São Pedro, primeiro Bispo de Roma e braço-direito de Jesus Cristo segundo a Bíblia.

Fui em direção à entrada para a Basílica de mesmo nome da praça. Se fiquei 10 minutos na pequenina fila foi muito. Quando entrei meu relógio apontava 8h30. Logo na entrada, a direita, já está a Pietá, se não a mais, uma das mais famosas esculturas de Michelangelo. A única que se tem conhecimento de ter a assinatura do mestre. Manhã de domingo é sinônimo de missa, havia algumas nas diversas capelas que dão formato à imensa igreja. Esculturas e pinturas refinam a beleza rara. Debaixo da cúpula está erguido o Baldacchino, um baldaquino de bronze de quase 30 metros feito por Bernini, realmente impressionante. Vê-se muitos frades, freiras e sacristões caminhando por todo lado. O fato do Vaticano ser uma história viva, deixou-me mais impressionado que o Coliseu. Independente do credo ou religião, poder ver de perto toda linhagem papal com resquícios verídicos não tem preço. Saí da basílica e rumei para a entrada da cúpula, do lado. Solicitei, com sotaque italiano, senza ascensore (sem elevador), subir a escadaria de 551 de graus, 5 euros. Dei uma nota de 50 euros e recebi 29 de troco! O simpático vendedor entendeu três com elevador, 7 euros cada, tenho que estudar mais o idioma. Mas foi tranquilo, trocou na hora pra mim. Rápido se chega no topo, primeiro você vê a parte interna da basílica, olhando por cima do Baldacchino, depois de cima de fato da cúpula, tendo uma das mais belas vistas de Roma. De lá se pode ver muita coisa, repare em toda Cidade do Vaticano e seus belos jardins.

 

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Praça de São Pedro e seu formato de chave.

 

Antes de descer tudo se pode sacar belas fotos do terraço da basílica e relaxar um pouco, pelo menos foi o que fiz. Cheguei na parte de baixo às 11h15. A minha idéia era visitar as Tumbas dos Papas, mas tive a infeliz notícia que só abria às 13h30, tive que seguir caminho. Aproveitei esses minutos antes do Angelus, bênção papal de domingo, para conhecer um pouco mais dessa região do outro lado do Rio Tibre. Muita bandeira do Brasil, não só dos pelegrinos, mas nas diversas lojas e restaurantes que circundam o Vaticano, até tradução para português com a nossa bandeira era comum. Sinal que o bolso do brasileiro está de fato emergindo. Comi um panini delicioso em um dos diversos traillers, a princípio eram 4 euros (ali tudo é muito caro), mas eu tirei umas moedas do bolso, fiz uma cara de pena e o cidadão me vendeu por 2,50. 11:50, hora de ir pra praça. Totalmente diferente da hora que eu cheguei de manhã, a praça estava lotada. Vi duas brasileiras um pouco perdidas e puxei papo, então conheci a Manoela e a Larissa. Paulistas que vivem em Londres, simpáticas e alegres, aguardamos o pontífice e de repente ali estava ele, em uma das janelas do edifício a direita da basílica. Fez uma oração e saludou os pelegrinos em diversas línguas, deve ter se esquecido do português, isso levou meia hora, que é o tempo do Angelus.

 

 

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Pontífice saluda os peregrinos.

 

Acabada a cerimônia chamei as meninas para ir ao Castelo de San Ângelo, só caminhamos por seu jardim, mas quem tiver com tempo e dinheiro acho que vale a pena a entrada. Chegando lá elas conseguiram contactar uma amiga italiana que mora em Roma e que estava lhes mostrando a cidade com companhia do namorado. Foi a vez delas me convidarem para seguir juntos e não cogitei outra possibilidade, mudando de rota. Fomos beirando o Tibre, passando pelo Palácio da Justiça e por uma ferinha de artesanatos até chegar na Ponte Margueritta, que sai praticamente na Piazza del Popolo, grandiosa e fantástica Praça do Povo. Olhando para frente estava a Villa Borghese, para a esquerda a Igreja de Santa Maria del Popolo e a Porta del Popolo, nada mais nada menos que Nero foi sepultado nessa igreja, no centro um obelisco e para direita duas igrejas gêmeas, embora que uma seja nomeada igreja e a outra basílica. Dali marchamos pela Via del Babuino até chegar na Piazza di Spagna. Sentamos e esperamos à italiana e seu namorado, aproveitamos para tomar o famoso gelato (o sabor não difere muito, mas a viscosidade não tem igual).

 

 

Logo que chegaram ficou explícito a simpatia, Caterina e Antony. Começamos a caminhar pelas ruas da região, bem charmosas e com lojas que passo longe. Paraíso para as meninas. Andamos pela Via del Corso, que liga a Piazza deI Popolo à Piazza Venezia e que é uma das principais da cidade. Passamos pela Câmara dos Deputados e ali tinham os adeptos da Sciopero della fame, um manifesto político pacífico neogandhista e depois fomos almoçar, não sei a dos grevistas, mas a minha fome era muita. Por falar em protestos, eu fui atrás mas não encontrei, Berlusconi tinha acabado de deixar a presidência e havia muitos cartazes e pessoas cantando Hallelujah pela cidade. Voltando para a culinária, eu tinha planejado almoçar em alguma ostería caseira perto do Campi di Fiori, mas devido à fome de todos escolhemos um ali no centro. O casal estava receoso, temendo má qualidade, até pediram para o garçom caprichar e usar ingredientes frescos. Pedi o menu de 10 euros com o tradicional romano Spaghetti a Carbonara (sim, o macarrão com ovos, bacon e queijo que você faz no domingo). Um tinto pra acompanhar e de entrada um Pomodori Caprese, tomates sicilianos com muçarela que até então conhecia como de búfala, mas o Antony disse que a de búfala era mais macia por dentro, vai entender. Sem querer ser aqueles esnobes críticos gastronômicos, mas estava sem graça a pasta, entretanto o caprese compensou, terminamos eram 16:00. Satisfeitos, elas foram tomar sorvete nas famosas gelatarias da Via della Madallena, eu e o Antony fomos tomar um café na praça do Pantheon, ali do lado. Ele disse que não se pode tomar café nos restaurantes, que são ruins, há que tomar nos bares e cafeterias. Nos encontramos e visitamos o muito bem conservado Pantheon, onde se encontra túmulos de mestres das artes como Rafael e venerados reis e rainhas da Itália unificada. Edificado antes de cristo, permanece perfeito e curioso, isto porque o topo de sua cúpula é aberto (sim, chove lá dentro, pelo menos foi o que nossos ‘guias’ falaram).

 

Caminhamos mais pelo centro e seguimos para a Piazza Venezia, para tomar rumo de casa, eram 19h30. Cheguei no hostel às 20h00 e encontrei com o Luís no quarto, tomei um banho e saímos em busca de algum bar de cerveja barata perto da Termini, não achamos. Voltamos pro albergue e sentamos no bar, pedimos uma cerveja e convidamos a mulher que estava do lado, era a Marina, arquiteta de Belo Horizonte, virou festa de Minas. Brasileirada em peso, foi chegando a Érica e a Julieta de de São Paulo, o Leo de Campinas e mais dois gaúchos de Porto Alegre. Ficamos do lado de fora proseando e tomando cerveja até por volta de 01:30. Quando perguntados o que faríamos no dia seguinte disse que ia para Pompéia, o Luís já tinha em seus planos, topou ir junto, a Marina animou demais, combinamos 8:00 na portaria para pegar o trem para Nápoles às 08h:27.

 

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Eu, Anton y, Caterina, Manoela e Larissa.

 

 

4º DIA:

Acordei 7:40, joguei uma água no rosto, escovei os dentes e fui com o Luís para o ponto encontro, esperamos até 8:10 e nada, pedimos o número do quarto para o recepcionista, mas o sujeito estava de mal com a vida, pedimos pro Leo, que estava tomando café para avisar a Marina que já estávamos indo comprar as passagens. Compramos com destino a Nápoles por 10,50, a mais barata tarifa que tinha na Trenitalia. Ela chegou, comprou e fomos tomar um café, tudo muito caro, comemos dois cheeseburgers no McDonalds mesmo, 2 euros pra cada. 8:27 e nada, 8:37 nada, 8:40 e vualá: o trem foi cancelado. Mudança de planos, como eu estava de bermuda e pretendia conhecer os Museus do Vaticano tive que voltar no hostel para colocar uma calça, os dois foram seguindo caminho até a Basílica de São Pedro. Temendo filas enormes fui correndo, peguei um metrô na Termini, 1 euro, e parei na Ottaviano, do lado da Cidade do Vaticano. Corri e consegui chegar na porta dos museus às 9:15, 9:30 já estava lá dentro, 8 euros para estudantes menores de 26 anos. Muita gente mesmo, de todas as partes do mundo, você pode até escolher o guia que tu quer acompanhar, tinha hora que eu ia pescar informações em inglês, hora em espanhol, hora em português, tinha hora que ia até no grupo de coreanos para não entender nada e dar risada. Começando pela esquerda, os Musei di Antichitá, com imenso acervo de esculturas e artefatos romanos, etruscos e egípcios, toma um tempo bom para quem aprecia esse tipo de arte. Mas uma das partes que sem dúvida é fenomenal é o grande corredor com tapeçarias da Escola de Rafael e grandes mapas das regiões italianas pintados, Galleria degli Arazzi e Galleria delle Carte Geografiche respectivamente. Passando por outros setores, em uma pequena porta chegasse na parte mais importante do complexo, seja por motivo religioso ou turístico, ali estava a Capela Sistina, que desde o século XVI é sede do conclave, cerimônia que elege o novo pontífice máximo. Lugar realmente encantador, afrescos de Boticelli, Perugino e outros, o teto de Michelangelo, tudo muito bem trabalhado representando de um lado o velho testamento e do outro o novo. Fiquei indignado com o tanto de gente tentando tirar fotos, pra quê? Pra mostrar pro amigo que tirou uma foto na capela sistina, ainda por cima torta e borrada? O lugar é sagrado e a partir do momento que algo é sagrado pra alguém é ponto final, digo isso não tendo religião. Você pode não crer, mas tem que respeitar. Uma dica que dou é atravessar para a parte final e ficar de pé em um dos círculos no centro e admirar desde Gênesis ao Juízo Final. Depois passei por alguns setores que apresentam artigos papais até chegar no lado direito da entrada, onde se encontram a Pinacoteca (grande acervo de pinturas clássicas) e os curiosos museus Gregoriano Profano e Pio Cristiano. Vale muito a visita em todos os setores e salas dos museus, ainda que isso é quase impossível fazer bem feito em um dia, deixei o lugar eram 15:30, faminto.

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Segui rumo ao Gianicolo, uma das colinas mais altas da cidade. Antes parei numa lojinha, comprei 2 cachos de uva, um chocolate e uma água, fora do centro é outra coisa, paguei 3,50 euros. A medida que subia, já me distanciava do caos e do barulho, um bairro residencial com muito pouco turismo, chegando no Faro Gianicolo, sentei-me na mureta e ali fiquei por 30 minutos, apreciando a bela vista de roma sem ouvir uma buzina e comendo uvas. Depois fui para o outro mirante, onde tem o monumento a Giuseppe Garibaldi, ali fiquei por mais 30 minutos. Logo abaixo há uma trilha que se pode continuar o caminho até Trastevere por uma trilha que margeia o jardim botânico (não sabia disso antes de ir) e fui, parecia que estava em outra cidade. Chega-se na Via Garibaldi, praticamente na Fonte Acqua Paola, uma fonte muito pouco visitada e muito bonita, gostei bastante. Infelizmente a bateria da minha máquina tinha acabado e não tenho fotos desse dia a partir de então, mas merece uma olhadinha na internet do lugar, que seja no Google Street View.

 

 

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Que paz, que cidade. @Gianicolo

 

Continuei pela mesma rua, passando por igrejas e mausoléus, contornando as acentuadas curvas até chegar numa escada que sai no Vicolo del Cedro, vicolo em italiano é beco. Simbolizou claramente a tradição mantida em Trastevere, bairro com ruas estreitas e casas medievais, cheia de bares e restaurantes, eram 17:30. Caminhei em direçao a Igreja de Santa Maria in Trastevere, muito bonita, tanto por dentro quanto por fora. Harmonia boa. Vários altares nos quais você ascende uma vela e deixa um pedido anotado. Entrei no clima e, independente de qualquer santo, espírito, profeta, deus ou deuses, fiz o meu pedido*. Fui para Ponte Sisto, aonde a Caterina tinha me recomendado um restaurante para passar o fim da tarde tomando um vinho da casa nessa região, Margueritta que chamava, mas estava fechado. Não foi em vão, sentei na escada da Piazza Trilussa e fui presenteado com um espetáculo de andorinhas, dezenas de milhares fazendo acrobacias no céu, fiquei boquiaberto. Agora sim a tão esperada hora, o restaurante no entardecer em Trastevere, fiquei procurando um bacana, sabia que não ia encontrar nada barato, mas queria um satisfizesse o preço. Até que eu encontrei o Sora Ciencia, que fica em um largo na Via della Lungaretta. Esse eu recomendo para todos, simplesmente fantástico. Solicitei o menu de 16 euros:

- Antipasti: Bruschetta al Pomodori.

- 1º: Bucattini alla Matricciana(com o carbonara são os típicos de Roma).

- 2º: Salttimboca alla Romana.

- Acompanhamento: Patata al forno.

- 250ml do vinho da casa e 500ml de água.

Água na boca só de lembrar. Farto, fui em direção à Isola Tiberina, uma ilhota no meio do Rio Tibre. Atravessei chegando próximo ao Teatro Marcello, virei a esquerda e estava no gueto judaico com a grandiosa sinagoga. Passei pelos palácios da Justiça, Spada e Farnese até chegar no Campi de Fiori, uma praça mais alternativa com bares com cerveja barata, restaurantes, cafeterias e cinema, depois do que o Antony me falou já estava nos planos tomar um café por ali, foi o que fiz, lembre-se que no balcão é mais barato, se você quiser ficar lá fora na mesa vai pagar quase o dobro por um expresso. Fui para a mundialmente conhecida Piazza Navona, já me deparando com a saudosa bandeira do Brasil, a nossa embaixada está muito bem localizada, no coração da cidade. Cheguei na praça por volta das 08:15 e havia um bom movimento, com seus artistas expondo suas obras, fiquei tentado a fazer uma caricatura, mas não estava no orçamento, quem sabe no último dia. Seguindo caminho cheguei no Palazzo Madama, sede do senado e onde havia muitos jornalistas. Perguntei para um deles o que se passava e me disse que era uma reunião do novo primeiro-ministro, Mario Monti, para decidir o corpo do governo. Jamais perderia essa oportunidade, fiquei lá até 21:45, mas só quem saiu foi ex-ministro que não me recordo do nome, muito amigável e atencioso com os repórteres por sinal. Valeu a pena, conversei com um de uma televisão espanhola que me disse que o processo de decisão dos novos ministros iria tardar um pouco mais, segui caminho. Cheguei na muito turística Fontanada di Trevi, beleza rara, mas muita gente, tanto que fiquei só dez minutos ali, joguei a moedinha para ajudar a eternizar Marcello Mastroianni e rumei para o albergue, passando pela Fontana del Tritone e o Largo Santa Sussana. Cheguei 23:00 com um sorisso no rosto e pra completar a turma estava no bar tomando aquela merecida e contando as histórias do dia, tive que comprar a camisa do hostel, 5 euros e você ainda ganha uma cerveja, estava escrito:

HEAVEN is:

Where the police are British, the cooks Spanish, the mechanics German, the lovers Italian, and It is all organized by the Swiss.

HELL is:

Where the cooks are British, the mechanics Spanish, the lovers Swiss, the police German, and it is all organized by the Italians.

Bebemoramos até 01:00 e fomos descansar, afinal, Pompeia tinha que sair no dia seguinte.

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