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Muralhão de Taiaçupeba... a pé!


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O MURALHÃO DE TAIAÇUPEBA

Muito céu, ventos frescos e caminhadas (e escaladas) revigorantes. Altos paredões de rocha negra prontos pra rapel e escalada, e td isso em meio a verdejante mata secundária. Pedreira do Dib? Não, é outra faceta da velha e pacata Taiaçupeba, bairro afastado de Mogi das Cruzes. E foi essa pedreira pouco conhecida da maioria q não deve em nada à sua ilustre de Mairiporã q fomos bisbilhotar neste ultimo domingo. Por se tratar de um programa tranqüilo e relativamente curto, emendamos a travessia até Paranapiacaba através de um trecho da tb pouco conhecida Estrada da Mineração, situada no vale paralelo a Estrada da Vargem Gde. Eis mais um roteiro pauleira (pela gde distancia percorrida, algo de 25km ) q alterna estrada de chão, trilhas de reflorestamentos e, claro, um pouco de vara-mato.

 

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O sol mal iluminava a torre principal da Igreja Matriz da Pca Central e se restringia a brilhar sobre a cumieira da morraia ao redor qdo saltamos do busão, em Taiaçupeba, por volta das 7:30hrs. O pequeno bairro distrital mogiano recém despertava pra mais um domingo q se insinuava frio e preguiçoso, mas com promessas de céu limpo e claro. Imediatamente eu e o Ricardo pusemo-nos a caminhar, já previamente satisfeitos pelo desjejum tomado no terminal rodoviário de Mogi, na bem-vinda barraquinha de um ambulante. Sim, tínhamos saido bem cedo de Sampa pq a pernada proposta era extensa, e havia q otimizar ao Maximo o tempo de luz natural disponível.

Munido devidamente dum pequeno papel com a transcrição da localização exata da tal pedreira, vou me fiando piamente das infos nele contidas ao mesmo tempo em q observo e comparo os detalhes do pacato bairro a minha volta, como se fosse o mais preciso (e improvisado) GPS. Embora q quem visse de fora o tal papel jurasse q ele tinha mais cara duma versão reduzida e surrada de “mapa do tesouro” q qq coisa assemelhada ao famoso aparelhinho de posicionamento global. Portanto fica aqui desde já registrado o agradecimento ao Nei (http://www.ecoculturalviagens.com) pelo sopro desta interessante dica duma pedreira q sequer sabia da existencia, semanas atrás. E olha q já perambulei aqui umas quatro vezes, sendo a quinta esta aqui.

Ao passar pelo lado da Igreja Matriz de Taiaçupeba, abandonamos a via principal e entramos na primeira rua, à esquerda, subindo calmamente pela curta via. Uma vez no alto nos deparamos com uma bifurcação, mas a gente toma a via da direita e q segue pra oeste, devidamente sinalizada como “Rua das Flores”. A rua sobe mais um pouco, deixando a mostra uma vista bonita da cidade aos nossos pés, e os paralelepípedos q a forram logo dão lugar a terra batida, ao mesmo tempo em q a nossa volta some qq vestígio de civilização e logo nos vemos cercados de mato por ambos os lados.

 

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A via então começa a descer suavemente ate q cruzamos um punhado de casas, no q parece ser um pequeno bairro periférico de Taiaçupeba, pra então dexá-las pra trás e subir mais um morro forrado de eucaliptos, agora tendendo pra sudeste mas sempre nos mantendo na via principal. Mas subitamente a estrada descreve uma curva fechada e toca pra nordeste. Na curva, porem, vemos q brota uma trilha larga q em meio a mata e segue pro sul. Memorize-a pois ela será nosso caminho depois de visitada a pedreira, poupando-nos da necessidade de retornar á Taiaçupeba. Seguindo então pela estrada a pernada prossegue agradavel e tranqüila, mas aqui já começamos a prestar atenção a nossa esquerda, de onde deve surgir (pelas infos coletadas) uma picada obvia no meio da mata. E ela surge de fato um pouco depois q a estrada faz uma curva em “S”.

Mergulhamos então no frescor da mata atraves da obvia vereda até q ela desemboca aparentemente em terreno aberto, mais precisamente num gde descampado forrado de capinzal onde aos poucos uma grandiosa vista descortina-se a nossa frente deixando a mostra boa parte do quadrante norte da carta de Mogi das Cruzes, incluindo o espelho dágua da Represa de Jundiai, com algum esforço. Ao começar a pisar na aspereza de largas lajotas é q nos damos conta q estamos mesmo é no topo da tal pedreira visada! Eram aproximadamente 8hrs e lá estavamos nos, enfim, no lugar almejado!

Chegando próximo da beirada é q se tem uma noção da altura dali, algo de 40m verticais! Claro q não é nenhum Dib, mas não deixa de ser uma altura considerável pra região. Ainda por cima, a pedreira se situa na encosta nua de um enorme morro, o q dá uma sensação de declividade maior em relação ao entorno. A inexistência de grampos gera duvidas qto as ancoragens aqui feitas pelo pessoal q pratica esporadicametne rapel. Mas a resposta vem sob a forma de alguns ferros salientes na rocha, provavelmente datados da época da explosão da pedra. Ou quem sabe eles garantem sua segurança nos firmes troncos de palmeiras próximos?

 

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Após muitas fotos do alto começamos a estudar um meio de chegar na base da mesma, algo relativamente facil. Como o lado direito (de cima) da pedreira concentra a maior parte do paredão vertical frontal, observamos q pra esquerda já mostra-se menos íngreme, sendo possível desescalaminhar a pedra, com cuidado. Evitando trechos de limo e nos firmando no capim, arbustos, agarras e pequenas arvores a meio-caminho, conseguimos enfim alcançar a base da pedreira. Claro q fazer isto com chuva ou com a pedra úmida não é aconselhável. Na base é possível discernir uma trilha - na verdade, capim amassado – q percorre o sopé da pedreira e é ali onde se tem uma noção da imponência da pedreira. Vale destacar q aqui encontramos os restos de uma colméia e dois pequenos roedores mortos, quiçá q se valeram do belo local pra cometer suicídio. Alem do mais, mergulhando na mata proxima encontramos uma trilha bem batida q sobe ao alto da pedreira atraves de um trecho florestado, porém bem menos íngreme e mais seguro pelo qual nos descemos, q praticamente foi de rocha nua. Pra quem vem por cima, este trecho corresponderia ao mato q bordeja a pedreira, na sua extrema direita.

Após um tempinho de contemplação e mais algumas fotos, escalamos td novamente (ignorando a picada segura) ate o topo da pedreira, damos uma ultima olhada no belo visual favorecido pelo tempo transparente e vamos embora, satisfeitos pela visita aquele pitoresco lugar, q certamente deve ser melhor aproveitado por quem é chegado numa boa e velha cordada. Refizemos então td caminho de volta na estrada, mais precisamente ate aquela curva fechada já mencionada anteriormente, e tomamos uma larga e evidente trilha q ia no sentido desejado por nos, isto é, sul/sudoeste! A picada mergulha na mata e passa a descer o morro suavmente, pra depois emergir no aberto e finalmente desembocar, as 9hrs, numa outra via maior q já conheço doutras ocasiões, a Estrada da Adutora, ou SP-943.

 

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Dali tocamos pra direta de forma desencanada ate q se alcança uma encruzilhada bem evidente: seguindo reto (oeste) chega-se a Quatinga, outro bairro periferico mogiano; tomando a direita (norte) damos em Taiaçupeba e; rumando pra esquerda (sul) vamos pro Pq das Neblinas, Sertão dos Freire, Sertãozinho da Capela e Paranapiacaba, q é nosso destino no momento. Passamos por baixo da tubulação q dá nome a estrada e dali em diante a pernada se dá por agradavel e tranqüila estrada de terra batida (SP-102), recomendável principalmente pra bikers. Uma bem-vinda bica na margem esquerda da mesma é motivo pra uma providencial pausa e refresco da goela seca aquela altura da manha.

Pois bem, a caminhada prossegue inconfundivelmente pro sul atraves da simpática e bucólica estrada supracitada, tendo como paisagem a exuberante mata em volta assim como eventuais chácaras e sítios pipocando aqui e ali vez ou outra. Mas as 9:20hrs nosso caminho se bifurca: tocando pra direita temos a Estrada da Vargem Grande, via já palmilhada e descrita noutra ocasião; portanto tomamos o ramo da esquerda, q corresponde a Estrada da Mineração, via q desejava conhecer naquela manhã. A partir dali os horizontes se ampliam deixando a mostra a sequencia de morros forrados de reflorestamentos q serão contornados, estrada abaixo.

E tome chão! Na verdade uma caminhada bastante agradável naquele meio da manhã ensolarado. O visu alterna reflorestamentos gigantescos de eucaliptos alternado com pequenos sítios no caminho, alguns bem chiques por sinal. Passado então o Sitio Moraes, o Recanto do Molina e o Sitio Texas, onde alguns gansos anunciam nossa presença melhor q cães de guarda, nos deparamos com uma via saindo da principal, pela esquerda. É o famoso Caminho dos Freire, devidamente sinalizado, q pelas infos coletadas vai dar lá em São Sebastião! Tai uma dica de exploração pralgum biker bem-disposto!

 

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A pernada prossegue então no mesmo compasso ate q surgem altos muros a nossa direita escondendo uma fazenda chiquerrima, o Sitio Filomena, as margens de um belo laguinho artificial. E é aqui q já começamos a estudar um meio de abandonar a estrada e galgar a morraria pra então rumar sentido oeste. Lembrar q nosso destino é Paranapiacaba e a Estrada da Mineração termina no Pque das Neblinas, bem mais ao sul. Mas logo após os tal muro do sitio ganhamos um carreiro q sobe uma pequena crista ascendente q vai no sentido desejado ate alcançar seu cume, onde há uma pequena roça. Sem mais trilha agora o jeito era azimutar pra oeste e tocar pela morraria no caminho! E simbora!

E la vamos nos, varando o alto capinzal q doura a cumeiira daquela abaulada morraria e atravessando um simpático reflorestamento de eucaliptos, de modo a contornar o casarão do tal Sitio Filomena, onde nosso medo era a presença de cães anti-sociais. No morro sgte saltamos uma cerca rasgando algumas palmeiras no caminho e, vendo mais segurança, descemos a encosta ate ganhar uma bem-vinda picada, já passado o terreno da tal propriedade. Por sorte a picada ia no sentido desejado (oeste) e la fomos nos, de boa, ate q a vereda findou num local situado no meio da morraria marcado por um pequeno laguinho.

 

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Procurando pelas beiradas encontramos uma discreta trilha q ladeava o laguinho ate se enfiar em meio a morraria sgte. Dito e feito, foi por ela mesmo q nos pirulitamos, em meio a mata. Mas ao perceber q foi descrevendo uma curva demasiado pra sudeste q ficamos em duvida q tavamos na rota certa. Bem, de qq forma resolvemos investir nessa trilha ate onde desse; na pior das hipóteses retornaríamos um tanto e dali rasgaríamos mato no peito ate reencontrar a rota certa. Mas felizmente isto não foi necessário pq logo a picada desembocou no aberto, mais precisamente nas encostas de pasto de um pequeno serrote onde podíamos avistar nosso destino, o Vale do Rio Vargem Gde, aos pés da grandiosa Serra do Itaguacira, q se espichava no sentido norte-sul!

Mesmo sabendo a direção a tomar, despudoradamente pedimos infos prum tiozinho q cavava um poço ali, no meio do nada e lugar nenhum, q apenas confirmou nossas suspeitas de rota. Descemos então prum selado entre vales e dali começamos a tocar montanha acima atraves de uma obvia picada q delimitava aparentemente uma propriedade, assinalada tb por eventuais marcos de concreto no chão. A picada sobe vigorosamente a montanha, sempre acompanhando a linha de eucaliptos q se estende pra oeste.

Finalmente as 11:15hrs caímos numa simpática estrada de reflorestamento abandonada quase no alto da morraria. Abandonada pq o mato alto, a inexistência de pegadas (ou qq tipo de marca de pneus) e a cobertura de folhas em td sua extensão denuncia isso. Depois soubemos q essa via pertence a Fazenda Marcilio, constatação confirmada por uma placa, ao final. Após um descanso pra recuperada de fôlego nos pirulitamos por essa estrada mesmo, desipedidamente sentido oeste, já q ela praticamente bordejava a serra naquela direção sem maiores dificuldades. Primeiro em nível pra sudoeste, pra depois perder altitude num piscar de olhos pro norte.

 

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Ao meio-dia desembocamos na Estrada da Vargem Grande, situada ao largo do vale do mesmo nome e ao sopé da Serra do Itaguacira, q bastou acompanhá-la embicando pra sudoeste, sem problemas. O sobe e desce q se segue pode cansar as pernas desacostumadas mas a agradavel paisavem da verdejante serra ao nosso lado q nos serve de cia compensa o esforço. Da mesma forma q a Estrada da Mienração, aqui esta repleto de sítios e chácaras, porem em menor qtdade, e eles começam a rarear de fato a medida q avançamos estarda adentro. Do caminho já é possível avistar o destino de nossa rota: o abaulado selado a sudoeste onde convergem a Serra do Itaguacira e a linha de morros de reflorestamentos q vem do sul.

Ao ter a proximidade do tal selado, por volta das 12:50hrs, constatamos q a estrada torna-se cada vez mais precária, os sítios sumirem de vez, alem da via começar a subir forte pra poder passar pro outro lado da serra. Mas antes disso a abandonamos por uma picada larga e erodida q deriva pela direita, conhecida como a “Trilha das Motos”. Erodida, enlameada e bastante precária podem definir esta vereda, defato com marcas de motocicleta e bikes durante td seu trajeto, por sinal sempre tocando pra sudoeste. A pernada aqui na verdade é tranqüila e desimpedida, sempre acompanhando as nascentes dos rios Taiaçupeba e Anhangabaú, em meio a extensos reflorestamentos de eucaliptos pertencentes a Faz. Matarazzo (na carta de Bertioga, Faz. Quilombo).

 

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Antes de deixar os portões da fazenda, as 14hrs, nos brindamos com uma rápida e providencial parada de descanso nas margens do borbulhante e manso Rio Taiaçupeba. Parada apenas pra descanso mesmo, pq a agua trincando de gelada impede qq tentativa de mergulho nos convidativos poços represados do regato. E foi num trecho deste rio q minha câmera fotográfica obedeceu seu impulso irresistível de mergulhar afim de se refrescar sem ao menos pedir permissão pro seu descuidado dono, q logicametne entrou em desespero ao ver a bichinha td molhada, sem ligar nem o visor. Felizmente ela hj ta sequinha e passa bem, funcionando perfeitamente outra vez.

Descansados e revigorados, foi ai então q retomamos a árdua e maçante pernada q teríamos pela frente, algo q totalizava em torno de 8km ascendentes. Deixamos a Faz. Quilombo após coletar suculentos limões de um pé próximo aos portoes, passamos por uma barulheira tocando Ramones vinda do Camping do Simplão ate cair na estrada q nos levaria primeiro ao Taquarussu e, finalmente ate a famosa vila inglesa. Claro q qq esperança de carona foi descartada, embora esta fosse a ultima q morre. Essa caminhada final foi realizada, claro, a passo de lesma-paraplégica.

 

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Mas como td martírio não é eterno, eis q as 16:45hrs finalmetne pisamos em Paranapiacaba, q estava com gente saindo pelo ladrão por conta do tradicional XII Festival de Inverno, q praticamente quadriplica a população nos fds. Consultando por curiosidade o folder distribuído por la vejo q as atrações musicais vao desde Arnaldo Antunes, Tom Zé, Fafá de Belém, Kiko Zambianchi, 14 Bis, entre outros. Naquela noite haveria show do João Bosco, por exemplo. Mas eu e o Ricardo estamos pouco ligando pro calendário cultureba áquela altura do campeonato e nos dirigimos imediatametne ao Lgo dos Padeiros, onde desabamos num dos vários quiosques e mandamos ver algo pra forrar o bucho e, claro, bebemorar a longa caminhada ate ali. Zarpamos hora e meia depois, qdo o manto negro começou a cair sobre os ombros serranos da vila inglesa, trazendo a tiracolo o indefectível frio típico da região. Imaginei rever algum conhecido, mas q nada...so topei com a Carol, mas ja quase chegando em casa, na saida do Metrô.

 

É verdade q o roteiro acima proposto pode ser melhor aproveitado por bikers e escaladores tanto pela característica do passeio como pela alta distancia percorrida. Entretanto, por se tratar de uma rápida e descompromissada “primeira exploração” na região, nada impede q tb possa ser feito a pé, pq não? A estrada ao lado da pedreira esta repleta de picadas q derivam dela em tds as direções, deixando o pto de interrogação: onde será q vão dar? Da mesma forma, a continuidade da Estrada da Mineração, sentido extremo sul, é uma total incógnita pra este q vos escreve mas decerto deve conter possibilidades de novas pernadas tanto pro Vale do Quilombo como novos acessos até a vila inglesa, a sudoeste. E até pro próprio Sertão dos Freires, ao sul. Mas claro q estas serão novas e vindouras futuras investidas á região, já devidamente anotadas. Mais um motivo pra ter a Serra do Mar como pedida ideal prum fds de tempo bom. E o melhor, sem direito a repeteco de passeio.

 

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