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Quanto custa tirar um sabático


KekaMC

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Quanto custa tirar um sabático

 

Veja as histórias de seis sabáticos que deram certo e o detalhamento de custos de cada um deles

 

São Paulo - EXAME.com ouviu seis histórias de pessoas que tiraram um período sabático e detalharam os custos de suas viagens. As despesas variam muito de acordo com o objetivo e a duração da viagem. Veja abaixo as histórias de sabáticos que deram certo:

 

Guilherme Turri – um mês pela Chapada Diamantina, Bahia. Custo: 3.000 reais

 

Guilherme Turri resolveu dedicar-se a um período sabático para refletir sobre sua vocação profissional. Ele pediu demissão na empresa na qual trabalhava como consultor de marcas e depois do sabático passou a trabalhar apenas como autônomo, na mesma função. “Eu fiquei hospedado em casas de moradores locais e também junto com alguns profissionais da brigada de incêndio, eu fazia algum tipo de contribuição, mas eu gastava muito pouco”, diz. Ele conta que não se privou dos gastos com lazer e mesmo assim, incluindo despesas com estadia, alimentação e lazer, ele gastou apenas 3.000 reais.

 

Herbert Steinberg – três meses no Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Custo: 10.000 reais

 

Herbert Steinberg fez um sabático de três meses na Espanha, passando pelo Caminho de Santiago de Compostela, em 1999. Dormiu em albergues, igrejas, estrebarias e “ao relento”. “Eu dormia até em igrejas quando os padres deixavam”. A estadia lhe custou cerca de 4 euros por dia. Com alimentação, ele gastava 15 euros por dia, comendo sanduíches e comidas simples. Segundo ele, não havia nenhum outro tipo de gasto. Ao todo, a viagem custou 10 mil reais, incluindo a passagem, tudo pago por patrocinadores.

 

Vinicius Romulo – 10 meses pela Austrália, Indonésia, Tailândia, Laos, Camboja e Malásia. Custo: 20.000 dólares

 

Quando estava na Austrália, Romulo gastou cerca de 1.280 dólares australianos por mês. Eram cerca de 640 dólares com aluguel, condomínio e contas de água e luz, em um apartamento que dividia com outra pessoa que pagava a outra metade das contas. Com alimentação eram gastos cerca de 240 dólares mensais. Com transporte ele gastava 160 dólares e, por fim, mais 240 dólares para lazer por mês. Ele também pagou um curso de inglês por cinco meses, que custou 1.000 dólares mensais. No período em que esteve apenas viajando pela Ásia, que durou quatro meses, ele gastou ao todo 4.000 dólares com estadia em albergues, alimentação e outros gastos com lazer. Contando com as passagens, ele pagou aproximadamente 20.000 dólares por todo o sabático. Além do valor poupado no Brasil, enquanto esteve na Austrália, Romulo trabalhou como garçom e ajudante de obras, ganhando cerca de 25 dólares pela hora trabalhada, o que ajudou a arcar com todos os custos.

 

Luiz Jurandir Simões – sete meses em New Jersey. Custo: 29.000 dólares

 

Simões tinha um gasto mensal de cerca de 2.300 dólares. Ele morou em um apartamento, cujo aluguel custava 770 dólares e com as contas de luz, água e o condomínio eram mais 300 dólares. Ele mesmo cozinhava e comprava os alimentos em supermercados, gastando por volta de 600 dólares por mês. Como o objetivo do sabático era estudar em faculdades americanas, todos os dias ele ia de trem até Nova York, e os gastos com transporte somavam 170 dólares mensais. Os gastos variáveis, que iam desde shows, comidinhas na rua, como muffins e donuts, e eventualmente uma roupa de que precisasse compunham o restante dos gastos, totalizando cerca de 460 dólares. Somando as passagens, o investimento total foi de cerca de 29.000 dólares.

 

Ricardo Betti – um ano em Lucca, na região de Toscana, Itália. Custo: 50.000 euros

 

Ricardo Betti, diretor da MBA Empresarial, consultoria de recursos humanos, decidiu fazer o sabático para escrever um livro sobre aconselhamento para candidatos a cursos de MBA no exterior e também para tirar a cidadania italiana. O gasto mensal era de 4.000 euros. Ele morou de aluguel, gastando 1.000 euros por mês. Como ele não cozinhava, fazia suas refeições em restaurantes e gastava 40 euros por dia, ou 1.200 reais mensais. Com a lavanderia eram mais 400 euros e 70 euros com uma faxineira que fazia limpeza uma vez por semana. E toda semana ele gastava 12 euros para ir a shows de canto lírico, um total de 48 euros mensais. O restante dos gastos, de quase 1.300 euros eram destinados ao pagamento de água, luz, condomínio, telefone e internet. Ele não citou exatamente o valor da passagem, mas supondo que ele tenha pago cerca de 2.000 euros, o total seria de 50.000 euros.

 

Conrado Navarro – Itajubá – dois anos em Itajubá, interior de Minas Gerais. Custo: 48.000 reais

 

Navarro morou durante dois anos em Itajubá para se dedicar ao mestrado, que resultou na criação da consultoria Dinheirama. Ele tinha gastos mensais de 2.000 reais, totalizando 48.000 reais durante todo o período sabático, descontando o investimento do curso.

 

Fonte: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/quanto-custa-tirar-um-sabatico

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Como planejar as finanças para tirar um sabático

 

Quanto custa e como deve ser feito o planejamento financeiro para quem quer tirar um período para crescer pessoal e profissionalmente

 

São Paulo - Popularizado com o filme "Comer, Rezar, Amar", o período sabático é uma prática já realizada há alguns anos por profissionais do mundo todo que decidem interromper a carreira por algum tempo em busca de novas inspirações, conhecimentos e um novo rumo para a vida no geral. Durante o sabático, alguns escolhem fazer cursos, trabalhos voluntários e outros preferem simplesmente viajar para conhecer novas culturas. Mesmo com diferentes objetivos, destinos e formas, existe um ponto em comum: o planejamento para o período, tanto financeiro, profissional, quanto pessoal, que permite que a experiência seja aproveitada em sua plenitude.

 

A prática inspirada no shabbath judaico (dia de descanso semanal no judaísmo, que simboliza o sétimo dia no livro do Gênesis) ganhou seu sentido moderno em 1880, depois que a Universidade de Harvard concedeu ao filósofo Charles Lanman o direito de passar um ano de descanso remunerado a cada seis anos de trabalho, contanto que ele permanecesse no quadro de docentes. Desde então, o sabático só tem se difundido cada vez mais e nas últimas décadas, a temporada sabática já praticamente se institucionalizou entre jovens recém-formados nos EUA, Canadá e Europa.

 

Apesar de no Brasil nem todas as empresas aceitarem congelar a vaga de um profissional que passa pela experiência, muitas já estão olhando o sabático com bons olhos. “Há dez anos atrás era diferente, mas como estamos em um apagão de mão de obra, está havendo uma mudança no mercado e as empresas preferem perder o funcionário para um curso de dois anos e depois tê-lo de volta do que perdê-lo para sempre”, afirma Eliana Dutra, coach e diretora-executiva da Pro-Fit RH.

 

Planejamento profissional

 

Comunicar à empresa sobre o sabático de forma adequada pode beneficiar bastante o planejamento da viagem. O publicitário Vinicius Romulo, avisou seu chefe sobre o sabático com quatro meses de antecedência e pediu que a empresa o demitisse para conseguir mais benefícios com a rescisão. “O meu chefe conversou com a diretoria e eles aceitaram. A diretora gostou muito da ideia e me incentivou até”. Com os benefícios, ele pagou parte dos gastos do sabático pela Austrália, Indonésia, Tailândia, Laos, Camboja e Malásia, que custou 20.000 dólares no total.

 

D.L.C., analista sênior de uma empresa de coaching, ficará sete meses em Oxford e anunciou a viagem também com quatro meses de antecedência. “Eu joguei limpo, falei que eu queria mudar de área e desenvolver meu inglês. Eu disse que poderia ficar na empresa até a data da viagem para treinar outras pessoas”, diz. Depois de um mês, D.L.C recebeu um aumento salarial de 50% como resultado do compromisso com os treinamentos de novos funcionários. Seus chefes disseram inclusive que se ela tivesse interesse, eles conseguiriam uma vaga na filial da empresa em Londres e que as portas estariam sempre abertas.

 

Eliana Dutra explica que é essencial que a intenção de fazer o sabático seja exposta o quanto antes para que a empresa seja uma aliada do profissional durante o processo. “É diferente de falar: eu vou me divorciar de você, é mais como um: quero melhorar o casamento”. Mesmo que os chefes garantam a vaga, deve-se contemplar a hipótese de haver algumas mudanças durante o período. “O profissional deve criar uma rede de segurança. O chefe pode dizer que o emprego vai continuar lá e ele pode sair da empresa durante a viagem”, diz.

 

Por isso, Eliana destaca a importância de conversar com todos os stakeholders do processo: a empresa, a esposa, a família e os amigos. Como toda mudança envolve riscos, é importante que eles estejam dispostos a compartilhar alguns destes riscos também.

 

Planejamento financeiro

 

O planejamento financeiro começa somente depois que o objetivo for definido. Normalmente, o período sabático não envolve a obtenção de algum tipo de renda durante a viagem, por isso é essencial saber a duração, o custo de vida do(s) destino(s), o tipo de estadia que se pretende e se existe um curso em mente, para que os gastos sejam previstos quase com exatidão e a concentração durante o sabático não tenha que se desviar em momento algum para problemas com dinheiro.

 

Conrado Navarro, fundador da consultoria Dinheirama e consultor financeiro passou por um período sabático de dois anos para fazer um mestrado em Itajubá, no interior de Minas Gerais. Ele explica que pesquisou muito antes de verificar quanto reservaria por mês para o projeto. “Não adianta fazer um planejamento capenga porque você pode ter sustos nesse período, tem que tentar entender a vida que você vai levar para não ter estresse e para que seja feito exatamente o que se foi proposto”, diz.

 

Durante três anos, Navarro reservou por volta de 40% da sua receita para o projeto. Ele cortou gastos principalmente com lazer e com manutenção do carro - que foi trocado por um modelo mais econômico -, e também da casa. Ele se mudou de um de seus dois apartamentos, que era mais caro, para o outro, que fica em uma região menos valorizada, para reduzir o custo de vida. Durante o sabático, ele alugou os dois apartamentos para manter também uma renda durante a viagem. O custo total de seu sabático foi de 48.000 reais.

 

Ele orienta que o dinheiro reservado seja colocado em uma aplicação. Como o objetivo é bancar a viagem e não obter altos rendimentos, não é indicado que os valores sejam aplicados em renda variável para que não se corra o risco de sofrer prejuízos e comprometer o objetivo. Restando a renda fixa, portanto, deve-se avaliar o período disponível para o investimento. No curto prazo, até um ano, a poupança pode ser a melhor opção, e acima de um ano são mais vantajosos investimentos em Tesouro Direto, CDBs e fundos DI.

 

Luiz Jurandir Simões, professor de finanças da FEA-USP e sócio-diretor da QTK, passou por um sabático de sete meses em New Jersey, nos Estados Unidos. Ele orienta que, para destinos internacionais, o ideal é que o investimento seja feito em instrumentos cambiais, para que os rendimentos variem de acordo com o câmbio e não minguem no caso de uma desvalorização do real. A aplicação em um fundo cambial pode ser ideal neste caso, uma vez que os aportes feitos podem render de acordo com a variação do dólar e do euro.

 

Simões conta que cerca de 45% do seu orçamento passou a ser destinado aos investimentos para o sabático, que começou a ser planejado com dois anos de antecedência. O custo total foi de 29.000 dólares. Ele conseguiu fazer a economia principalmente cortando gastos com lazer. O montante economizado previa arcar com gastos de transporte, estadia, alimentação, lazer e também com o plano de saúde. Ele utilizou o mesmo plano de saúde do Brasil, que cobria qualquer problema de saúde emergencial fora do país. Ele também já saiu do Brasil com a estadia definida e ressalta que este é um dos pontos prioritários para definição do orçamento.

 

Antes de partir, ele vendeu o carro, mas não usou o valor da venda no sabático. “Eu vendi meu carro e deixei o valor investido para comprar outro carro quando voltasse. Vale a pena vender porque o carro deprecia e você tem que pagar seguro”, explica. Justamente por conta da depreciação, vender o carro para investir na viagem tem sido uma alternativa muito usada para ajudar a pagá-la.

 

Como eram sete meses, o professor não alugou o apartamento em que morava, apenas o emprestou para uma prima que cobriu durante o período as despesas com condomínio e outras contas. “Além de ser difícil alugar em poucos meses, com o aluguel você obtém uma renda, mas depois tem que repor a depredação do apartamento se o cede para alguém desconhecido”, diz.

 

O professor recomenda que não sejam usados os investimentos reservados para a aposentadoria no sabático e que se for preciso utilizar os recursos de outros investimentos que já existiam, ele orienta que sempre seja mantida uma parte dos investimentos como um colchão de liquidez, ou seja, uma reserva de valor para o caso de ocorrer algum tipo de emergência.

 

Existem ainda outras formas de viabilizar a experiência. Herbert Steinberg, autor do livro Sabático - Um Tempo Para Crescer, trilhou o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha - além de visitar mais algumas cidades - durante três meses sem tirar um centavo do bolso. Ele apresentou o projeto do livro para algumas empresas e conseguiu um patrocínio para o sabático, além de angariar doações para entidades sociais. “Muita gente não faz o sabático por falta de tempo e dinheiro, mas quando você mostra que o projeto é sério, que não é uma crise existencial, com uma boa ideia você pode conseguir patrocínios e também incentivos da sua própria empresa”, afirma.

 

EXAME.com ouviu as histórias de seis pessoas que tiraram um período sabático, e os valores variaram de 3.000 reais (um mês na Chpada Diamantina, Bahia) a 50.000 euros, o equivalente hoje a quase 130.000 reais (um ano na região da Toscana, na Itália).

 

Fonte: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/como-planejar-as-financas-para-tirar-um-sabatico?page=1&slug_name=como-planejar-as-financas-para-tirar-um-sabatico

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