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Moscou, a maior cidade da Europa

 

Deixamos São Petersburgo numa manhã fria e chuvosa. Pegamos um voo que durou uma hora e meia e desembarcamos no Aeroporto Internacional de Demodedovo, um dos três de Moscou, debaixo de um sol de 35 graus.Um trem super moderno liga o aeroporto internacional ao metrô da cidade. Infelizmente chegamos na capital russa no horário de pico e logo percebemos o tamanho da encrenca. Com as malas e mochilas tivemos que enfrentar uma multidão que saia do trabalho. Sem o mapa do metrô tivemos que decifrar as letras - em cirílico - que formam os nomes das estações. O metrô de Moscou é conhecido por sua beleza e pelas confusas linhas que são muitas vezes duplicadas e se cruzam diversas vezes. Tem turista que paga um guia especializado para conhecer as estações. Muitas realmente lembram um museu. Há mosaicos, esculturas e obras de arte que remetem a Lênin e a era soviética. Os comunistas priorizavam e investiam muito no transporte coletivo, sobretudo nos trens. O underground de Moscou nos pareceu exaltar os valores comunistas por meio de imagens muito coloridas e bem feitas. A propaganda do regime foi muito elaborada, como num discurso bem pensado, em cada uma das estações. Claro que algumas delas contém apenas imagens bonitas sem nenhuma conotação política. Mas esse passeio nós fizemos no fim da nossa passagem por Moscou, quando conseguimos dominar a utilização do metrô.

 

www.212dias.blogspot.com

 

Chegamos ao nosso hotel com bastante dificuldade. Muita gente errou na hora em que pedimos ajuda para encontrar o endereço. Tivemos que fazer o tal do “double check” mais de duas vezes. No fim das contas quem nos ajudou foi uma senhora de uns 70 anos, muito bem intencionada que morava ao lado do lugar onde ficamos, mesmo sem falar uma palavra em inglês. Ao chegarmos no local, descobrimos que se tratava de uma casa de família que aluga alguns quartos para viajantes. Conhecemos uma típica casa russa por dentro. Não era muito confortável, a sorte é que era bem localizada, perto do centro e da famosa Rua Arbat, cheia de lojas e artistas de rua.

 

Com facilidade nos instalamos, deixamos o cansaço de lado e seguimos direto para a Praça Vermelha, onde fica o Kremlin, Mausoléu do Lenin e a colorida Igreja de São Basílico. Depois de nos perdemos no metrô ( ainda estávamos sem mapa) chegamos na estação certa. Ao sairmos demos de cara com a praça. É fascinante, parece um sonho! A igreja, o lugar e toda história que ele carrega veio em nossa mente.

 

Praça Vermelha

Pudemos sentir a importância que a Red Square representou para o mundo no século passado. Tivemos a sorte de estar durante o anoitecer. Foi muito bonito ver as luzes acendendo.

 

Catedral de Cristo Salvador

No dia seguinte conseguimos um mapa do metrô e da cidade e seguimos para a maior catedral de estilo russo ortodoxo da cidade, a Catedral de Cristo Salvador. Branca e de cúpula dourada ela é enorme e suntuosa. Magnífica por dentro. Tem muitas imagens douradas e incensos bem fortes. Havia dezenas de fieis beijando as imagens e acendendo velas para os santos, conforme a tradição. Conseguimos captar a energia e o poder da fé daquelas pessoas.

 

Catedral de São Basílio

Caminhamos por toda a região do Kremlin e entramos na Catedral de São Basílio, um santo do século XIV que viveu em Moscou. Ele era um ermitão que andava nu e descalço e dormia no local onde antes havia uma igreja menor. Ele caiu na graça do Czar Ivan o Terrível que o elegeu como guru. A igreja erguida para comemorar a conquista de Kazan foi reformada e rebatizada com seu nome. Hoje ela é um museu muito interessante, linda por fora e por dentro. São várias igrejas dentro da própria igreja. Cada uma homenageia um santo diferente e a principal pertence a São Basílio. A acústica da igreja é sensacional. Durante a nossa visita assistimos a uma apresentação emocionante de músicas ortodoxas.

 

Comer em Moscou não é barato, nesse dia, por exemplo, fomos a um restaurante médio onde paga-se cerca de R$ 40,00 por prato. Tudo bem que era uma região turística, mas percebemos que tudo em Moscou é caro. Como em toda grande cidade, há muito restaurantes japoneses, pizzarias, comida italiana e árabe, muitos cafés e bares. Os preços são parecidos com os de São Paulo.

 

No sábado buscamos conhecer algum mercado típico de rua. Consideramos uma maneira prática de conhecer o dia-a-dia do povo local e de observar as frutas, comidas típicas, roupas e antiguidades. Seguimos para o Izmailov Market, um mercado grande que vende de tudo, desde roupas até frutas e comidas. Foi bem diferente do turismo tradicional, pudemos ter contato com russos fora de áreas de turísticas e sentir um pouco de como eles vivem na horas do lazer. Caminhamos bastante pelo bairro do mercado e achamos os prédios muito mal cuidados e antigos.

 

O CIRCO

O circo é uma antiga tradição russa. Como não conseguimos ir ao Balé Bolshoi porque os ingressos estavam esgotados, optamos em conhecer o Circo Nikulin que é fixo. Foi uma apresentação clássica com palhaços, malabares, trapézio, domador de leões, ursos, tigres e treinadores de cães. A precisão dos trapezistas e malabaristas nos lembrou os atletas olímpicos russos que sempre levam medalhas para casa. As 2h30 de espetáculo foram sensacionais. Os russos realmente têm muito talento para a arte circense. Nós adoramos e recomendamos. Foi sensacional!

 

Reservamos o domingo para conhecer a Tretyakov Gallery, o principal museu de Moscou. Conhecemos vários artistas russos, os que mais nos chamaram atenção foram o Alexander Ivanov autor de uma das telas mais bonitas do museu, A aparição de Cristo às pessoas e Karl Bryullov, o primeiro pintor russo que foi reconhecido da Europa tradicional, no século XIX. As obras dele são comparadas às de Rubens e Van Dyck.

 

A história da arte russa é algo muito distante para nós. Certamente eles ficam atrás dos espanhóis, italianos e holandeses, mas têm seu valor. O museu é enorme e tem dezenas de salas repletas de obras de arte que datam do século XI até hoje. É muito bem organizado e tem preço acessível. É o melhor destino da cidade para quem quiser conhecer um pouco da história e da arte russa, nós não pegamos uma visita guiada, mas vale a pena para quem quiser ir mais longe.

 

Mais tarde fomos encontrar a Alina, uma amiga russa que nós conhecemos no hostel de São Petersburgo. Ela fala espanhol, então a comunicação entre nós foi bem tranquila. Passamos a noite num bar bem bacana e com preços bem salgados. Foi um momento muito legal porque conversamos bastante sobre a realidade russa e pudemos perceber o sentimento de uma pessoas jovem em relação a era comunista, que ela rejeita radicalmente, mal gosta de lembrar, talvez porque seus pais e avós tenham sofrido bastante com o regime.

 

No último dia a Alina, que é historiadora, nos acompanhou durante uma visita ao Kremlin. Em russo, Kremlin significa fortaleza. No passado foi onde surgiu a cidade de Moscou, assim como muitas outras cidades europeias protegidas por muros. Atualmente abriga o prédio da sede do governo russo, o palácio que está em reforma e mantém museus e várias igrejas ortodoxas. Ao entrar no Kremlin passamos por duas revistas, incluindo detector de metais, como se estivéssemos num aeroporto. Os russos são extremamente rigorosos quando o assunto é segurança...

 

Lá dentro existe um complexo de igrejas, cada uma de um tamanho e período histórico. Uma delas serve de mausoléu dos primeiros Czares russos. É praticamente um cemitério. Em outra eram feitas as coroações dos novos Czares, era onde eles eram abençoados. Mas a que mais nos chamou atenção foi a igreja que servia para os discursos dos reis. Essa última foi projetada por um arquiteto italiano que inovou a arquitetura das igrejas russas, servindo de modelo para as igrejas ortodoxas. O Kremlin parece uma cidade a parte, muito mais calma e policiada, uma ilha de tranquilidade em meio ao caos moscovita.

 

O FAMOSO METRÔ DE MOSCOU

Pesquisamos quais são as principais estações de metrô da cidade, aquelas consideradas as mais bonitas. Passeamos por mais de duas horas entre as estações e trens. A cada dois minutos é possível pegar um trem, em qualquer estação. Além da beleza das estações destacamos a agilidade dos trens e a enorme quantidade de estações que abrangem quase toda cidade. Enquanto você lê este texto, elas certamente estão funcionando a todo vapor. Nós visitamos onze estações. Cada uma possui um tema e um tipo de arte que se repete em toda sua extensão. Mosaicos, painéis, vitrais, esculturas e lustres compõem cenários belíssimos. É um alento para o agitado corre-corre dos trabalhadores russos. É exagero dizer que se trata de um museu subterrâneo, entretanto seria um pecado ignorar a visita.

 

Os quase 11 milhões de habitantes de Moscou vivem na maior da maior cidade da Europa, porém ela está muito, mas muito longe de ser uma capital europeia tradicional. Moscou está bem mais próxima à realidade de São Paulo do que da organização de Berlim ou do charme de Paris. Antes de chegarmos na Rússia, algumas pessoas nos disseram que o país é perigoso e que os assaltos a mão armada são comuns. Com a gente nada aconteceu. A grande verdade é que é preciso saber por onde andar e ter a experiência das grandes cidades. Os moscovitas são fechados e individualistas. Poucos param para ajudar alguém de fora, o turista desavisado se perde mesmo! Há pouca estrutura para quem fala inglês, mesmo assim gostamos muito mais de Moscou do que de São Petersburgo. O atendimento é melhor e mais rápido e apesar das dificuldades, a estrutura para o turismo é um pouco mais completa. Nossa passagem por Moscou foi muito feliz e interessante. A cidade melhorou muito a impressão ruim que tivemos do país na chegada a São Petersburgo. Foi fascinante conhecer de perto a capital do maior país do mundo em extensão.

 

De onde viemos: São Petersburgo

Para onde vamos: Bucareste – Romênia

 

MOSCOU - RÚSSIA

Hospedagem: (2 mil rublos/dia => R$ 125,00/dia - quarto duplo ) - hostel ruim

Transporte: a pé e metrô - ótimo

Culinária : (400 rublos => R$ 26,00 por por prato em média): bom

Hospitalidade do povo local: ruim

Pontos Turísticos: excelente

Preços: altos

Clima Local (média 25 graus): junho/12 - otimo

Fuso Horário: 07 horas a mais em relação ao Brasil

Distância Percorrida desde o último destino: 750km

Distância Percorrida desde o ponto de Partida (Lisboa): 8.011 km

Palavras muito úteis:

Spasiba = Obrigado

Pajalusta = Por favor, De nada

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