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Feriado que começou com a frustração da previsão de chuva pro Sudeste inteiro. O que sobrava era a vontade de fazer a tal da Serra Fina: se não fosse agora, dificilmente conseguiria fazer ainda em 2012, já que são 4 dias. Do grupo de 3-4 que aparentemente iam, 2 desistiram. E conforme a data ia chegando perto, eu ia ouvindo mais gente cancelando, e mais gente falando que ia estar feio, perigoso e complicado. Mas o problema é esse, quando eu quero muito uma coisa, por mais idiota que seja, perco a noção e vou atrás. E não foi diferente, fazer Serra Fina com chuva foi uma ideia totalmente de gente sem noção.

 

COMEÇA O FERIADO

Nada menos que 7 horas pra ir de São Paulo a Itanhandu, sendo mais de 3 pra sair da cidade, da Zona Sul à Marginal Tietê. Trânsito, muita chuva, e muita paciência. Já não tinha certeza se a gente ia sequer conseguir começar a trilha, mas fomos na cara e na coragem, enfrentar tudo isso pra ver se ia dar certo. Passamos em Itamonte pra comer perto da meia noite, e nem isso eu consegui pois estava meio mal do estômago a semana inteira. E dá-lhe presságio de que não ia rolar travessia. Seguimos depois pra Itamonte e não achamos hotel nenhum, o que nos levou a dormir (muito mal por sinal) no carro, no estacionamento do hospital da cidade. Mais presságio ruim: acordamos com uma mega chuva, e bem cansados. Saímos pra procurar uma padoca pra tomar café, ainda na dúvida se ia rolar. A chuva continuava fina e o tempo muito fechado. Era muita coisa ruim junta, e desistimos da travessia. Mas e aí? Fazer o que no sul de Minas, agora que a gente já estava lá?

 

Saímos dirigindo meio sem rumo e surgiu a ideia de ir até Aiuruoca. Então fomos! No caminho pegamos algumas informações e tivemos a ideia de subir o Pico do Papagaio, ou de repente outro que tem por lá onde dá pra acampar, mas tinha que pagar guia e já estava tarde pra começar qualquer um dos dois (eram 11 da manhã). Nesse meio tempo, o céu abriu bastante, pelo menos praqueles lados. Estávmaos com bastante sono e bem cansados. Descemos então até o Vale do Matutu, onde fizemos uma caminhada super light até uma cachoeira. Mas não dava pra negar a frustração – a ideia de fazer a travessia não parava de passar pela cabeça, e fica me perguntando se o tempo lá pra Passa Quatro estava aberto igual em Aiuruoca. E não deu outra, Marcelito soltou o verbo pra corrermos de volta pra Itanhandu, ligar pro nosso resgate e arriscar daquele jeito mesmo. Bora! Pro inferno o perrengue, a segurança, e sei lá mais o que. Gente teimosa e sem noção é assim mesmo.

 

Saímos correndo, ligamos pro cara do resgate, comemos salgado de padaria e tocamos pra Passa Quatro. Paramos na frente do Refúgio Serra Fina, já que o carro não iria além de lá. Organizamos as mochilas rapidinho, batemos um papo com o dono do refúgio – o Maurício, que nos disse que 4 grupos tinham iniciado a travessia, e às 16h30, estávamos de mochila nas costas pra iniciar a subida sob chuva fina. Não dava nem pra acreditar muito na loucura – íamos tentar a Serra Fina em praticamente 3 dias, naquele tempo péssimo.

 

Exaustos e a praticamente 2 dias sem dormir, sem se alimentar direito e sob chuva, saímos do refúgio e caminhamos 1,5 km até a Toca do Lobo. Subi com 6L de água, e depois de pouco mais de 1 hora de caminhada, com uma chuva cada vez mais grossa, já não estava me sentindo muito bem. A ideia era caminhar 3h até o Quartzito, o último acampamento antes do Capim Amarelo, mas sem visibilidade, com chuva grossa e já no escuro, drenada e sem energia, e ensopada, não consegui tocar em frente. Paramos no acampamento 1 (Cruzeiro, 1793m) e montamos a barraca debaixo de chuva. Às 19h, já com a barraca montada, desabou uma chuva pesadíssima sobre nós. Descobri que só tinha levado 1 par de meia, e estava molhada. O que seria dos próximos dias? Nem sabíamos se iríamos continuar no dia seguinte – se sim, teríamos um dia duríssimo, pois teríamos que chegar o mais próximo possível da Pedra da Mina. Ia depender do volume da chuva. Na pior das hipóteses, teríamos que desistir dali mesmo.

 

DIA 1 - ACAMPAMENTO CRUZEIRO AO ACAMPAMENTO DOS QUASE PERDIDOS

Acordamos com metade do céu aberto, garoa fina e uns 10 graus. Deu ânimo pra botar a roupa molhada e desmontar o acampamento, mas em pouco tempo, a chuva engrossou e o vento começou a ficar mais forte. Na teimosia, decidimos tocar em frente. Saímos às 8h30, e em pouco tempo o tempo abriu e começamos a andar nas cristas e visualizar um pouco do que tínhamos à frente – deu ânimo pra aguentar o perrengue. Mas não durou muito. O tempo fechou novamente, a chuva voltou, e o vento ficou ainda mais forte. Subimos e descemos cristas, às vezes protegidos no meio da mata. A primeira parada foi no acampamento Maracanã, mas durou 5 minutos por conta da chuva que novamente apertou. Na subida do Capim Amarelo (2.491m) teve trégua e cruzamos um grupo que tinha dormido lá em cima mas estava abortando a travessia - mais presságio ruim. Subimos mesmo assim e enfrentamos um paredão de lama – a cada 3 passos acima, escorregávamos 2 pra baixo. A chuva voltou. O ventou ficou mais forte. Mas alcançamos o cume antes do meio dia, totalmente sem visibilidade. E foi assim por várias horas, subir e descer cristas sem saber pra onde estávamos indo, escalaminhar paredão de pedra com vento forte e totalmente encharcados, com uma ou outra parada de 5 a 10 minutos pra comer qualquer coisa e respirar um pouco. Mal dava pra parar, porque os anoraks já estavam molhados por dentro, e com a parada o corpo esfriava e ficava mais frio ainda.

 

Já estava imaginando que não conseguiríamos chegar na Pedra da Mina. Eram quase 17h quando, depois de vencer mais uma crista, o tempo começou a abrir um pouco, e avistamos um vale enorme mais à frente. Já tinha avisado o Marcelito que não aguentaria muito mais tempo - já eram quase 9 horas caminhando em chuva, vento e frio e pouca comida. Decidimos parar num dos próximos acampamentos, e aí começou mais um perrengue, pois passamos por 2 acampamentos totalmente inviáveis, que estavam encharcados. Não tínhamos opção, já estava escurecendo e teríamos que caminhar até achar algum lugar que prestasse pra montar barraca. Pra piorar a situação, subimos por um morro – caminho errado – enquanto procurávamos o acampamento marcado como #20 no tracklog. Quando encontramos a trilha, ainda entramos errado num capinzal, e pra completar, o GPS deu chabu e não mostrava mais onde estávamos. Bateu o desespero: estávamos desorientados de noite, num capinzal, sem visibilidade, sem referência, e perigando tomar uma chuva daquelas. Mas não durou muito - se descemos pro capinzal, teríamos que subir de novo. E nessa subida, nos encontramos a 15 metros do acampamento. Alívio como senti poucos vezes na vida! Montamos a barraca e nos trocamos, e não deu outra, o mundo desabou sobre nós em formato de tempestade. Depois de mais de 9h de caminhada nas piores condições possíveis, podíamos descansar. De novo pensei, na pior das hipóteses, abortamos no dia seguinte via Paiolinho.

 

DIA 2 - ACAMPAMENTO DOS QUASE PERDIDOS AO PICO DOS TRÊS ESTADOS

Na noite anterior tínhamos visto algumas lanternas mais acima de nós. Devia ser um dos grupos restantes. De manhã o céu amanheceu aberto, e o sol apareceu timidamente por alguns momentos, mas iluminava com persistência os topos das montanhas em volta. Mais uma vez foi sofrido vestir a roupa molhada e gelada no frio, e apesar de ter mais um dia duríssimo à frente, tínhamos boa visibilidade e parecia que o tempo ia ficar firme. No caminho, logo cedo, o desafio de subir a Pedra da Mina (2.798m).

 

Desmontamos acampamento e tocamos em frente. No caminho cruzamos 2 grupos que acamparam improvisadamente, sendo que metade deles ficou com tudo encharcado e estavam com um menino de uns 12, 13 anos. Mais acima, 2 caras subiam o morro. Em teoria, eram essas pessoas e mais ninguém que estavam fazendo a travessia, e se ninguém tinha chegado ainda à Mina, é porque todo mundo tinha passado muito perrengue. Tocamos pra cima numa subida interminável, cuja parte final era um barranco de capim que não acabava nunca. Qual foi minha supresa quando cheguei lá em cima e vi os dois caras assinando um livro de cume? Como assim? Assim sim! Estávamos na Pedra de Mina, em menos de 1 hora de caminhada. E que presente: tempo aberto! Visão em 360 graus da Serra Fina, sol secando a roupa e iluminando bem o caminho. Bom sinal? Se descêssemos a Mina, teríamos que ir até o fim!

 

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Durante o segundo dia o tempo começou a abrir e foi possível apreciar um pouco do que tinha pra frente.

 

Aproveitamos a paisagem pra recarregar um pouco a bateria, avistamos o tal Vale do Ruah e tocamos pra baixo. Erramos um pouco o caminho mas depois voltamos à trilha. Na descida, cruzamos um grupo de 4 cariocas que ia atravessar o Vale só na base da carta, e convidei eles pra irem com a gente, já que estávamos de GPS. Achar o caminho certo no Ruah é meio difícil no começo, mas depois é só seguir o rio pela esquerda, cruzar à direita e seguir tocando. Apesar do capim alto, a trilha é relativamente visível pra quem tem experiência. Pegamos água no meio do Vale, e em alguns momentos não teve jeito de não meter o pé na água. O capim é realmente isuportável, mas saber que não tínhamos desistido e que iríamos até o fim depois de tanto perrengue, foi bem estimulante. Nessas horas me lembrava do meu amigo Jorge Soto e a travessia perpendicular que ele fez da Serra Fina... deve ter amassado muito capim! Bom, o que tinha começado como uma incerteza arriscada, estava se concretizando em um feito. Ainda faltava muito, mas o tesão – isso mesmo que você leu – da possibilidade de completar essa travessia com todo esse volume de acontecimentos estava virando energia, vontade, perseverança.

 

Romantismo à parte, depois do Ruah inciamos a subida mais longa da travessia: os dois cumes antes do Cupim de Boi (2.530m), um trecho que parece não acabar nunca. Dá-lhe vara mato, capim, subida. Ninguém fala muito, e é possível ouvir a respiração ofegante de quem vai à frente e de quem vem atrás, todo mundo exausto, entretido em seus próprios pensamentos que provavelmente não iam muito além de chegar no Três Estados (2.656m), comer, vestir uma roupa seca e dormir. No cume do Capim do Boi já é possível avistar o dito cujo, o que dá uma mistura de alívio e desespero. O caminho ainda é longo, e o tempo novamente começou a fechar. A descida parece ser muito íngreme, mas rapidamente descemos a encosta rochosa, atravessamos capinzal, adentramos mata, e depois começamos a subida do Três Estados, com escalaminha e lama, tudo misturado e bem íngreme. O cansaço era tanto que parecia que dávamos passos de alpinista em altitude: um de cada vez, intercalado com a respiração. Foram dois dias de 9 horas de caminhada, comendo mal e dormindo não tão bem assim. Mas no ponto em que estávamos, pra acabar com o sofrimento, só terminando a trilha. E olha, ô povo que gosta de sofrer...

 

Chegamos no cume do Três Estados e nos surpreendemos, pois além dos 2 que estavam à nossa frente, tinha mais uns 3 grupos pequenos por lá. E só tinha espaço suficiente pra nós. O grupo que em teoria vinha atrás com as crianças tinha desaparecido – talvez tivessem descido pelo Paiolinho, mas se tivessem continuado certamente não chegariam ao Três Estados com luz, e se chegassem não teriam onde acampar. Tivemos tempo de montar a barraca e trocar de roupa (eu com luva de Polartec no pé né...), antes de ver um incrível por-do-sol, com um céu bem aberto e uma noite salpicada de estrelas. A travessia que tinha começado como um perrengaço estava nos dando pequenos prêmios, um atrás do outro. O dia tinha sido lindo, sem chuva, e agora, a noite era bem clara. No entanto, o vento estava bem forte lá em cima, e derrubou a temperatura durante a noite. Não foi fácil dormir.

 

DIA 3 - PICO DOS TRÊS ESTADOS À BR

Se alguém pensa que a Serra Fina tem dia fácil, pensa errado. Não assisti ao sol nascer por inteiro, mas saí sim da barraca de pé pelado pra ver o tapetão de nuvens mais lindo da história da minha vida. De um lado da Serra Fina, tudo encoberto, com as pontas de Itatiaia visíveis, do outro, tudo aberto. No meio, o maciço da Mantiqueira, e nós lá em cima: uma visão que perdurou o dia inteiro.

 

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Roupa molhada, meia e bota encharcadas, cansaço e frio: assim começou o terceiro dia, descendo do Pico dos Três Estados.

 

Saímos pouco antes das 9h. O último dia sempre dá a impressão de que vai ser fácil, por ser só descida. Mas a descida na Serra Fina começa bem no fim. Descemos o três Estados e passamos por algumas cristas, com a impressão de não estar perdendo muita altitude. E aí vem a subido do Alto dos Ivos (2.513m) – mais um trepa pedra totalmente desanimador, debaixo de sol firme. Foi o único dia da trilha em que realmente fiquei preocupada em estar com pouca água. Mas vencida essa última subida, e depois de admirar um pouco a paisagem do último ponto alto da travessia, adentramos uma descida por mata que dura mais de hora, com bambu, planta e capim enroscando na cara, na perna no braço e na mochila. Me seqüestraram uma Nalgene e terminaram de fatiar meus dedos e mãos.

 

Pra ser bem sincera, essa etapa final da trilha é miserável. São algumas horas caminhando dentro da mata, sem visão de nada, e sem perspectiva de sair, com muita lama escorregadia, num caminho que não acaba nunca e paisagem que não muda, e quando acaba, acaba numa estrada. Falando nisso, uma coisa muito suspeita: quando a estrada bifurca em T, e deve-se tomar a esquerda, que é a descida pra sede da fazenda, Porém, algum “esperto” (pra não falar palavrão) montou uma seta pra direita. Pra quem não tem noção de navegação, ou GPS, ou indicação de nada, vai entrar no caminho errado. Uma mega sacanagem, pra dizer o mínimo.

 

Descemos até a sede da fazenda, depois pela estrada de terra e pelo vale, e finalmente chegamos na saída da BR, com seu calçamento octavado. É uma sensação e tanto, terminar a tal “travessia mais difícil do Brasil”. Não tem como não sorrir, depois de uma conquista tão suada como essa: não foi só fazer a travessia, foi driblar o tempo ruim, correr pra fazer em bem menos tempo que o sensato, chegar inteira, e ainda dar risada no final.

 

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A maior parte da descida do terceiro e último dia foi com esta vista: o maciço de Itatiaia ao fundo, e uma mar de nuvens sem fim.

 

Dados numéricos finais

Km total 31.58km

Tempo total de trilha 27h53

Peso ida 18-19kg estimados, com 6L de água (como a mochila é nova e muito confortável, ainda não peguei a manha de estimar o peso, como conseguia com a antiga)

Editado por Visitante
  • Membros de Honra
Postado

Muito bom o relato Cissa, parabéns.

Que conquista! E que disposição e perseverança! ::otemo::

Eu iria subir na quinta, porém como estava chovendo em Passa Quatro na quarta e a previsão era de que continuaria chovendo nos dois dias seguintes acabei desistindo.

Outro que não desistiu e encarou a serra foi o Divanei que acredito você ter encontrado assinando o Livro Cume da Pedra da Mina junto com um camarada.

 

Abraço.

  • Membros
Postado

Wow, PARABENS pela trip e pelo relato.

kkk, está f.a.n.t.a.s.t.i.c.o !!!

Super engraçado e leve de ser ler, não dá vontade de parar, hehehe.

Mais uma vez parabens !!!!!!!

Super beijo

Vivi

  • Membros de Honra
Postado

Parabens, Cissinha e Divanei pela perseverança neste feriado de tempo modorrento e bem desanimador. Fica aqui minha sugestao de mais uma trip perrengosa ai mesmo, na Serra Fina, q apenas meia duzia de doidos ja encarou com sucesso: a conquista da Mina pelo Rio Claro, pernada pauleira de 4-5 dias q corta transversalmente no sentido norte-sul a tradicional Serra Fina.

  • Membros
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Caraca, perrengão gostoso esse, hein? Parabéns pela coragem e pelo relato, que ficou muito bem escrito. Fiquei curisoso para ler o texto do Divanei....

abs!

  • Membros de Honra
Postado

Parabens pela Conquista. Nos encontramos no cume da Pedra da Mina e o garoto que voces viram por lá tinha 14 anos e acabaram nos acompanhando da Pedra da Mina até o final. Nós passamos pelas mesmas desgraças metereológicas que voces passram e por pouco não sucumbimos ao mau tempo.

O meu relato estou escrevendo aos poucos porque ainda sinto dores em todas as partes do corpo(rsrsrsrsr).Foi minha segunda travessia pela Serra Fina e fiquei muito feliz de reencontrá-la tão selvagem como em 2001. É sem dúvida umas das melhores travessias do país. Uma travessia digna de quem gosta de montanha e detesta a chatisse e normas tacanhas dos Parques Nacionais. Montanhismo e liberdade, acho que é isso que precisamos. Um abrço.

Divanei Goes de Paula

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  • Membros
Postado

Essa travessia foi realmente um baita perrengue !

Graças a são pedro os turistas sumiram da montanha e as agencias que poluem os acampamentos não marcaram presença

 

Aposto que o perrengue seria maior com tempo bom e sem local para dormir

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