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Acabando a faculdade resolvi viajar pela bolívia. Busquei compania mas na falta segui solo. Um pequeno guia de conversação em espanhol e mochila nas costas.

Peguei o voo da tam rio > sao paulo > santa cruz. Um dia de viagem e você vai chegar lá de madrugada.

No aeroporto em sao paulo, usando um 3G maroto do celular consegui reservar um hotel para a primeira noite.

 

Dica 1: levar algum equipamento pra acessar internet wi-fi (3G so no brasil ou comprando um chip local).

Dica 2: na internet é possível reservar algum hostel honesto para se passar uma noite a um preço justo.

 

CHegando em santa cruz, troquei R$ 50,00. o bastante para pagar um taxi ( 60 bol. o mais caro de toda viagem) até o hostel e sobrar algo pra manha seguinte. No dia seguinte sai do hostel cedo e peguei um onibus até a rodoviaria pra comprar a passagem até la paz. Santa cruz é uma cidade quente, úmida, sem muito o que fazer. Não fique mais que o necessário por lá.

 

Uma coisa interessante na bolivia são os onibus. O transporte lá é barato. Os taxis são baratos (embora não tenham taxímetro. é preciso combinar o valor antes. Uma dica é perguntar à um gurda ou vendedor quanto custa antes. mas em toda miha viagem nunca fui passado pra trás.) Os onibus são de graça ( 1,50 bolivianos na média) e são tranquilos de se pegar se voce não estiver com um mochilão. Geralmente são carros saídos dos anos 60 ou 70, vários importados do japão, ainda ostentando velhos adesivos. Não há pontos estabelecidos. levante o braço e eles irão parar. Para descer comunique ao motorista.

 

Em frente à rodoviária há varios cambistas com um preço tabelado. Em santa cruz consegui as piores taxas de conversão.

Na rodoviária você encontrará inúmeras empresas de ônibus oferecendo o trajeto até la paz. Larguei minha mochila no guarda-volumes e aproveitei para perguntar qual as empresas mais confiáveis para se comprar a passagem.

 

Os ônibus na bolívia podem ser realmente ruins. Não espere os padrões mínimos aplicados no Brasil. Nunca acredite que o ônibus tenha banheiro. Em nenhuma das linhas que eu peguei havia banheiro funcionando. Não espere também que o seu lugar esteja realmente reservado. Quando o ônibus parar na plataforma coloque sua bagagem na parte de trás e não enrole para sentar em sua poltrona. Haja o que houver não se levante dela. Caso haja um problema argumente rapidamente qualquer coisa em um espanhol que nem você entende mas não levante. No fim tudo se acerta. Mais uma dica é não contar com paradas com intervalo programado.

 

Comprei a passagem para o fim do dia (pensando em chegar em la paz na madrugada seguinte) e parti para uma feira popular que eu tinha visto em um relato aqui no mochileiros. São inúmeras ruas cercadas de barraquinhas com tudo o imaginável. Roupas, comidas (diversas opções, no geral muito boas e baratas), falsificações, eletrônicos etc. Do outro lado da rua tem uma loja de ponta de estoque da fairplay, uma rede tipo a centauro com umas roupas e tênis originais à um ótimo preço. Comprei duas camisas drytech e 3 pares de meias para caminhar. Na hora do almoço comi um peixe frito em uma barraquinha e tomei um banho em um chuveiro público no mieo da feira. Em toda a Bolívia os banheiros são pagos mas estão disponíveis em vários lugares.

 

Peguei um bom onibus. Semi-leito. três fileiras no segundo andar. o banheiro não funcionava. à noite rolou um filme japonês dublado em espanhol. Umas dez horas paramos pela primeira vez em umas lojinhas na beira da estrada. Pra comer: PF, X-tudo, batatas fritas com liguiça. Arrisquei uma batata e aproveitei para ir no banheiro ( 1 boliviano e eles te fornecem papel higienico e um balde com agua pra descarga.) Próxima parada só às 7h, já na parte alta, próxima à la paz. De café, um chá de coca e um pão com queijo. Outro banheiro beira de estrada.

 

Chegando em la paz fui para o loki (tinha reservado pelo google na noite que fiquei em santa cruz). ótimo para quem quer festa e um ambiente acolhedor (outra opção no estilo é o wild host dobrando a esquina). não é a escolha para quem quer tranquilidade ou está totalmente sem grana. Os quartos são bons (dica: não fique em quartos individuais,escolha os compartilhados pequenos para conhcer outras pessoas), o chuveiro quente, a equipe atenciosa, o bar no segundo andar, comandado por um irlandês, espetacular. Comer é barato. Beber nem tanto. Cuidado para não se surpreender no dia seguinte.

 

No dia seguinte fui fazer o downhill da estrada da morte. Fechei o contrato com a primeira empresa que vi. Bike com suspensão completa (conforto válido por 5 reais) e um freio a disco (indispensável). Peguei uma bike boa, quadro da Mosso, o pneu é largo e o jogo de coroas é reduzido (não dá pra correr muito). Valeu não pegar um grupo muito grande, deu pra ficar mais livre na descida. Para quem tem o mínimo de esperiência em descidas não espere adrenalina mas dá para se divertir na estrada de cascalhos e pegar umas belas paisagens.

 

 

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Nesse dia conheci um boliviano fazendo o downhill e acabei combinando de fazer um trekking com ele e uns amigos até coroico no dia seguinte. Voltei para LP, comprei uma barraca doiter para uma pessoa pesando 1,5kg por 400 bol, um tanto de biscoito e fruta seca, deixei metade da bagagem no hostel (dica: leve uma mala compacta, vazia, para largar no hostel o que não for preciso para as caminhadas) e parti.

 

A trilha começa em El Cumbre, a parte mais alta na saída de LP. Pegamos carona com o pai de um dos bolivianos até a parte alta, bebemos um gole de álcool puro (hábito por lá antes de muitas caminhadas) e partimos. A primeira parte é uma descida pesada por um caminho pré-inca de pedra. Dali seguimos por um vale interminável até coroico três dias (duas noites) depois.

 

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Pouco depois dessa descida incial você vai passar por uma casa com um bar onde você vai escrever os nomes de quem vai fazer a trilha e pode aproveitar para comer algo com um chá quente. Aproveite para pegar um mapa da trilha

 

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Nesse dia você vai seguir até um camping, logo após atravessar uma ponte sobre o rio principal)

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Nós optamos por seguir mais uns 6 Km até um descampado próximo ao rio para aprveitar a luz e economizar um trecho do segundo dia. Nesse dia acabamos tendo um encontro com um urso selvagem. Algo assustador mas inesquecível.

 

No dia seguinte cruzamos o rio novamente e seguimos caminhando até um vilarejo com uma area coberta para acampar.

 

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No terceiro dia chegamos cedo a um povoado, nos juntamos com um outro grupo que fazia a trilha e pegamos uma vã até a cidade. Compramos a passagem cedo na rodoviária e fomos almoçar. Na hora de embarcar o onibus não chegou e a mulher da empresa de onibus tentou nos acomodar em vans. o problema é que não havia lugar para todos. (dica: não importa o que falem, não se levante de seus lugar, você vai ficar pra trás.)

 

de volta a LP. Banho, Bar, Boa noite de sono. Fui para o chacaltaya.

Havia nevado muito e o onibus não subiu até onde deveria. Saimos andando morro a cima (eu e mais uns 4 passageiros e o guia. os demais ficaram se divertindo com a neve). quando chegamos na parte em que faríamos a subida final o guia (que vinha esbaforido atrás do grupo avisou que deveríamos retornar para manter o cronograma e seguir até o vale da lua. Reclamamos muito mas não houve geito. Subimos mais vinte minutinhos, tiramos uma foto e voltamos correndo morro a baixo atrás do guia.

 

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De volta a LP, passei uns dias conhecendo a cidade. (dica: pegue uns onibus e rode pela cidade) Andando em direção à parte alta ou à baixa, rapidamente se sai do centro turístico e LP passa a se parecer com qualquer cidade grande do Brasil.

 

Guardei os últimos dias em LP para subir o Huayna Potosi (meu grande objetivo da viagem).

 

segue...

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Túlio,

o downhill dura umas 2 - 3h mas a volta é lenta (e acredite, você não irá querer que o motorista corra nas estradas de lá)

você voltará à LP no fim da tarde. Se o ônibus for à noite não creio que haja problema.

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Continuando.

 

Nos últimos dias de viagem programada resolvi encarar o Huayna Potosi.

Já estava em LP uns 12 dias e não tivera qualquer problema com a altitude durante as caminhadas. Mas não poderia saber como reagiria à 6.000m

 

Procurei em diversas agências. O pacote oferecido é muito parecido. O grande diferencial são os equipamentos. Subi com uma pequena empresa usando um material bem velho. Mas nada que tenha me atrapalhado.

 

Outra coisa que me preocupava era o frio. Senti muito menos frio que esperava. Usei uma segunda pele térmica da curtlo, uma calça de microfibra leve e a calça para neve da agência. Comprei um impermeável da marmot, um corta vento da doite (me arrependi de não ter comprado da marmot) a segunda pele da curtlo e uma camisa confortech da trilhas e rumos. Aproveitei uma promoção e comprei uma headlamp black diamond (se você vai passar 6h caminhando no escuro é bom confiar na sua lanterna).

 

Dica: Atenção, boa parte dos produtos que eu encontrei nas lojas eram falsificados.

 

A subida ao HP foi a coisa mais incrível que eu já fiz.

Contratamos (eu e Luís, um boliviano que conheci fazendo o downhill) a opção que faria o trajeto em dois dias (deixamos de lado, por falta de tempo, a opção de um dia extra nas geleiras para praticar com o equipamento).

 

Encontramos o guia no centro de LP e pegamos um taxi até o refúgio base.

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120524160532.JPG 500 375 Huayna Potosi]Primeira visão do pico, ainda na estrada.[/picturethis]

 

Almoçamos uma quentinha fria, largamos o excesso de peso no refúgio e subimos. A subida inicial ocorre pela morena da geleira.

 

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Essa subida é bastante íngreme e resvalosa mas não tão longa. Havia nevado bastante e já caminháva-mos com dificuldade antes de segundo abrigo. Chegamos cansados no abrigo. Tomamamos um chá com umas barras de cereal. Eram umas 13h. O tempo estava muito ruim, com neve e vento. Eu Luís resolvemos sair e testar os crampons. Eu nunca tinha usado crampons, ou piolet ou mesmo visto neve. Em uns 15 minutos de caminhada já estávamos com um bom passo pelo gelo. Voltamos pro abrigo e dormimos até às 18h quando descemos do bivaque para jantar uma sopa e macarrão. A comida era basicamente a mesma para todos os grupos. A montanha não dá vontade de comer (o gosto da água de neve também não ajudava) mas comi assim mesmo. Depois fomos todos dormir até à meia noite quando tomamos um chá e partimos.

 

Sair do abrigo para enfrentar a noite com vento e muita neve foi um choque. A subida é íngreme mas andamos em passos lentos. Importante manter um ritmo constante. Subir durante a noite ajuda a não se impressionar com o caminho.

Logo na subida inicial três grupos passaram pelo nosso. Nesse momento vi a importância de ter um bom guia. Ele insistiu para que não cedessemos à preça e mantivemos o passo. Pouco mais de meia hora depois, encontramos integrantes de ambos os grupos retornando para o abrigo após terem vomitado.

A neve incessante durante toda a caminhada atrapalhou muito a subida. Quando passamos dos 6000 metro e estávamos atravessando uma parte mais plana tinhamos neve até o joelho. Faltando uns 88 metros de disnível (uns 45 minutos) não consegui mais seguir e acabamos retornando. Não foi fácil tomar a decisão de não seguir em frente mas fiquei preocupado com a volta. Cada passo estava muito difícil. A neve solta fazia o trabalho dobrar.

A descida foi inacreditável. O sol apareceu e pudemos ver tudo o que havíamos subido, além de toda a paisagem.

 

 

 

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De volta à LP consegui esticar mais uma semana na bolívia para conhecer o uyuni.

 

segue...

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Parabéns cara. Foi muito mais além do que a maioria das pessoas pode imaginar ir. Um dia quero subir o Huayna Potosi também. As fotos estão show. Se tiver posta outras.

Abraço!

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Túlio,

o downhill dura umas 2 - 3h mas a volta é lenta (e acredite, você não irá querer que o motorista corra nas estradas de lá)

você voltará à LP no fim da tarde. Se o ônibus for à noite não creio que haja problema.

 

Ok, Pedro. Vou ver se consigo ajustar o meu já apertado roteiro, pra fazer essa descida.

 

No mais, o relato tá show! Aguardando a continuação ::otemo::

 

Abraços

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