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SUBINDO O RIO DAS AREIAS

Dos afluentes q abastecem o Rio da Onça - aquele q rasga o medonho “Vale da Morte” - o Rio das Areias é o q mais se destaca. Não apenas por ser seu mais extenso tributário e sim por ser o q abriga a queda mais ilustre, a majestuosa Cachu da Fumaça. Programa tradicional do regato é sempre descer até a notória cachu ou, no máximo, ir além dos limites do “Portal”. Mas será q alguém já se animou a subir este mesmo rio, por completo, e explorar seus meandros até sua nascente??? Pois bem, às vésperas de um feriado com promessa de perrengue pauleira, encaramos no último domingo este bate-volta mais tranqüilo pela região serrana q bordeja os limites de Paranapiacaba e Sto André: alcançar a nascente do Rio das Areias. E pra adrenar um pouco mais o programa, nada melhor q emendar a famosa “Ferradura da Fumaça”. Só q no sentido inverso ao trajeto habitual.

 

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Com o feriadão se avizinhando e prometendo uma aventura de garbo, elegância e mto respeito, neste ultimo domingo decidi me preservar fisicamente encarando um programa sem mto desgaste e relativamente curto. Além do mais, tinha coisas a resolver á noite mas nem por isso queria deixar de sentir o cheiro de mato naquele domingo atípico, repleto de atribuições e responsabilidades. Claro q não pensei duas vezes e a pedida da vez foi subir o Rio das Areias até sua nascente, programa q sempre tive curiosidade de realizar mas sempre adiei por julgá-lo insuficiente pra preencher um dia inteiro. Então simbora desta vez, não?

Dessa forma, eu, Lu, Hudson e Cissa saltamos até bem cedo a meio caminho do asfalto q interliga Rio Gde da Serra e Paranapiacaba, as 7:40hrs. Conosco desceu uma galera ate bem numerosa – um grupo de jovens guiados por pessoal do CAT - da qual buscamos nos distanciar o mais rápido possível, de modo a ficar longe da muvuca. Por sorte eles tomaram uma picada paralela à nossa, a q leva num piscar de olhos á Cachu da Fumaça, enqto a gente seguiu em frente pra adentrarmos na vereda sgte.

 

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O mato ainda preservava uma grossa camada de umidade e o chão de terra se alternava entre charco e lama ao chapinhar no inicio da famosa “Trilha do Lago Cristal”. Uma galinha-do-mato solitária na trilha se pirulitou na mata ao nos avistar, resmungando por ser obrigada a sair do seu agradável banho de sol matinal. De fato, as brumas iniciais daquele dia estavam tds se dispersando pra dar lugar a um céu parcialmente nublado, com um forte sol começando a espiar por entre as nuvens.

As 8:13hrs alcançamos as velhas manilhas de concreto q repousam no Rio Vermelho, pra então seguir pela continuidade da vereda, sempre no mesmo compasso. Mas não a passos ligeiros pois a umidade deixou alguns trechos mais compactos da mesma tremendamente lisos feito sabão, e este aqui q vos escreve fez uso do seu “quinto apoio” amortecer a queda no chão em mais de uma ocasião. Não bastasse isso, dose mesmo era ter de engolir as trocentas teias de aranha no caminho, sinal de q realmente éramos os primeiros a pisar ali naquele dia. Ossos do oficio de quem vai na frente, abrindo caminho pros demais.

As 8:30hrs chegamos nas margens do borbulhante Rio da Solvay, q passamos a acompanhar ora numa margem ora pela outra sem gde dificuldade. As várias pedras aflorando sobre seu leito raso davam indícios de não chover ali a um tempão, mas esta estiagem de certa forma facilitou nosso avanço, saltando as rochas feito cabritos e assim costurando as margens com mais agilidade. Passamos o lago Cristal - incrivelmente sem nenhum bicho-grilo acampado! – , a Cachu dos Cristais e a Cachu Escondida pra começar, enfim, tocar forte rio abaixo, na base da desescalaminhada básica.

 

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É incrível como num grupo menor o avanço realmente rende, tanto q não demorou já a começar a emergir a meio caminho do vale, onde as vistas da sequencia de cachus do Rio das Areias, do “Portal” e do comecinho do “Vale da Morte” preencherem o panorama descortinado a nossa frente. E assim não tardou a atingir o encontro dos ilustres tributarios q formam o famoso Rio da Onça, o Rio das Areias e da Solvay, as 9:30hrs. Se a idéia era subir o Rio das Areias por completo, nada mais justo q começar a fazê-lo a partir de sua foz, e ela era ali, no “Portal”.

A partir daí começamos de fato a subida do rio, q por sua vez transcorre neste trecho bastante cênico e encachoeirado q alem de fazer parte da Cachu da Fumaça, tb recebe o nome de “Trilha das Sete Cachus”, embora aqui o avanço não seja atraves de picada alguma e sim na base da escalaminhada, e trepa-pedra. Já desci trocentas vezes esta cachoeira na sua tradicional “Ferradura”, mas era a primeira vez q a subia, o q dava novo alento àquele bate-volta sussa. E devo reconhecer q o programa tinha até seu charme pois possibilitava apreciar de novo ângulo, uma nova perspectiva, as enormes pedras e belas quedas no caminho. Por sinal, caminho este q conheço de cor e salteado, onde já sei de olhos fechados onde apoiar, onde estão as agarras necessárias e ate onde deixar o corpo simplesmente escorregar pra ganhar o patamar sgte. Reparei tb q um velho tronco e uma corda q la estavam pra auxiliar já não mais existiam – provavelmente levados por alguma enxurrada mais forte - mas nada q uma minima noção de escalada técnica não resolvesse.

 

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E assim fomos ganhando degraus, quebra-corpos e patamares sucessivos na base da escalaminhada e até da engatinhada, ate q desembocamos numa das belas quedas do meio da Cachu Fumaça, onde resolvemos dar uma parada pra descansar, as 9:45hrs. Era mais cedo do q havíamos previsto, e portanto não havia pressa el chegar ao topo da Fumaça. E alem do mais, queríamos nos manter o mais longe possível da muvuca q provavelmente devia estar no alto da referida cachu.

A pernada tem continuidade 10min depois, agora escalaminhando galhos e troncos pela íngreme encosta esquerda do rio. No caminho, além de encontrar o chão forrado de maracujá-do-mato tropeçamos com aquela mesma galera q desceu conosco do buso, no sentido contrário. Mas assim q caímos na cachu e poço sgte nos brindamos com nova e demorada pausa, esta com direito a tchibum na água gelada, comilança e até soneca. O tempo, q até então mostrava-se incrivelmente bom, começou a se nublar ofuscando não apenas o Astro-Rei, mas tb escondendo o topo serrano do entorno, inclusive do Morro Careca, bem a nossa frente.

Mais q descansados, retomamos a pernada um pouco depois das 11hrs superando o último trecho pirambeiro da encosta esquerda, pra em seguida saltar pra outra margem e, assim, vencer o trecho derradeiro ate o topo propriamente dito. E assim, ladeando mais duas sequencias de cachus pela direita, as 11:20hrs atingimos o topo da Cachu da Fumaça. Conforme havíamos previsto tava repleto de gente, desde a farofa tradicional de turistas de fds, agências rapelando clientes e com presença garantida dos inconfundíveis “Rambos” de ocasião.

 

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Dando as costas pra farofada, passamos batido pelo topo da cachu, claro, pra então dar continuidade à pernada proposta. Agora bastava apenas acompanhar o rio, q aqui marulhava largo, relativamente raso, manso e calmo. Passamos pelo Rio das Tartaruguinhas à nossa esquerda, primeiro tributário no caminho e q abastece discretamente o regato palmilhado. Passamos pela bela queda envolta em rochas e pela primeira área de acampamento tb. Mas a medida q deixamos a beirada da serra pra trás e adentramos cada vez mais planalto adentro, sentido norte/nordeste, as largas paisagens ficam pra trás dando lugar apenas a um túnel largo de vegetação a nossa volta.

Sempre pelo rio e ignorando a picada q agora o acompanha, encosta acima (direita), percebemos o quão facil é caminhar por aqui, enqto temos vista privilegiada de outra angulo do rio, faceta esta geralmente ignorada por quem vai pra Fumaça pela trilha ao lado. As margens se alternam em terreno de terra, pedras roladas, gdes lajes e largas ravinas q ameaçam se elevar num imponente cânion, mas q sempre voltam a manter-se no nível do rio. Td cuidado é pouco ao pisar as pedras, besuntadas de limo visguento e escorregadio. Numa curva, porem, a primeira surpresa na forma de uma mini cachoeirinha guardando um pequeno laguinho – invisível pra quem vem pela trilha - é motivo pra pausa pra fotos.

Na sequencia, vemos uma pequena picada na encosta direita q leva ao alto da cachu, pra dali em diante se descortinar uma paisagem bem peculiar deste trecho: um breve e peculiar mini-cânion, onde lajes e pedras se elevam em torno de 2m emparedando o rio em muralhas verticais de tons cinza esverdeado, com rochas aflorando do chão e da água tal qual a geologia típica do Espinhaço! Passado este mini-desfiladeiro o rio nivela e, entre poços e piscinas generosas, o chão pedregoso da lugar á mais pura areia. E não tarda pra gente dar as caras na tradicional “Prainha” do Areias, as 12hrs, onde havia outra galera praticando um tirolesa no mínimo curiosa.

 

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A partir dali vamos pela picada q acompanha o rio ao lado, por conta do mesmo ser mais fundo e composto basicamente de areia q rocha, e a maledita tava entrando nas botas colocando nossos pezitos sob risco de assaduras ou arranhões. Mas o trecho de trilha é curto pq num piscar de olhos a mesma nos leva ao cruzamento da picada principal (vinda do asfalto) com o rio, cujo chão aqui já passa outra vez a ser compacto e composto de pedras e rochas. A bússola aponta rumo leste, sempre, direção confirmada pelo possante GPS da Cissa.

A marcha então prossegue firme e desimpedida em meio a um rio repleto de curvas, q singra sinuosamente o planalto norte da Serra do Mogi. O rio se estreita e alarga varias vezes, sendo alguns trechos repletos de mato tombado ou tomado por enormes deslizamentos q nos obrigam a contornar esses obstáculos do jeito q dá, ora pela encosta ora por cima do mato mesmo. Piscinas cristalinos, poços translucidos e mais bucólicas prainhas com belos remansos (e pegadas de td sorte de bichos!) se sucedem em progressão geométrica e passa a ser nossa paisagem recorrente durante td o resto da pernada. Vale salientar q esperança de sair com pé seco aqui é nula. Eu bem q tentei, mas o melhor mesmo era já enfiar o pé de vez na água e deixar de frescura, pois assim o avanço era realmente mto mais ágil e veloz.

 

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No decorrer da pernada, percebemos q o rio vai serpenteando a mata e morraria do entorno lentamente sentido nordeste, ou seja, uma hora daríamos no asfalto. A pergunta era, a que altura dele? Segue-se então um trecho raso e largo praticamente feito em linha reta durante um bom tempo, onde sempre buscamos nos manter no rio principal, ignorando os pequenos tributários q nele deságuam. O tempo passa e a mata aparenat ficar cada vez mais densa, mas não... era o rio q ia lenta e imperceptivelmente se estreitando! A presença (rara) de algum lixo, como telhas, azulejos e ate roupas, era sinal q ele daria nalgum lugar “civilizado”, onde dali o abandonaríamos pra colocar pé no asfalto. Encontramos ate uma enorme armação de tocha de balão ali no meio.

Checando constantemente a bussola e o GPS no intuito de saber tanto da direção a tomar como a distancia do asfalto, chegou uma hora em q passamos pelo ultimo poço representativo e o então rio deu lugar a um pequeno e raso córrego cercado de vegetação alta. Enormes tubulações de concreto despedaçada era indicio de alguma coisa próxima. Dito e feito, as 13:30hrs nos deparamos com uma ponte bem a nossa frente, sinal q já era hora de sair do regato. Fim da linha! Limpamos as botas e foi o q fizemos, pois era hora de andar em chão firme e seco. A pergunta agora era, q direção tomar? Pela rústica ponte cruzava uma precária estrada de terra q não me era assim tão desconhecida. Aquela era a “Estrada do Mirante”. Foi ai q vasculhando os cafundós da minha memória a reconheci como o trecho final de outras aventuras feitas na regiao, mtos anos atrás, onde a “Trilha do Padre”, uma picada q subia do Rio Mogi até o planalto, fora uma delas.

 

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Tomando então a esquerda, direção confirmada pela carta (e GPS, claro), num piscar de olhos desembocamos numa área tremendamente aberta e repleta de carros novos e kombis estacionados!? Pelo q me lembrava, a ultima vez q ali havia estado o local estava tomado por vários galpões e uma vasta área aberta, q pensei ser um futuro conjunto residencial. Os galpões ainda la estavam, mas o descampado aparentava agora ser um mega-estacionamento! Não tardou pra dois guardas do lugar (acompanhados de cachorros, inclusive um rottweiller!) nos pararem perguntando do q fazíamos ali. Explicamos q fazíamos trilha e simplesmente queríamos acesso ao asfalto, e eles entao se prontificaram a nos escoltar ate la. No caminho, nos disseram q a cerca de um ano a área se tornara um dos pátios da Wolkswagen e q eles eram encarregados da segurança dali. Contaram q por conta de roubo de veículos nos primeiros meses, foram obrigados a contratar uns policiais (armados) pra circular pelo mato, do entorno. Foram reticentes em nos dizer q foi sorte não ter topado com eles pq, segundo eles mesmos, os caras eram meio ignorantes e não se misturavam com os seguranças do pátio. Não bastasse isso ainda estavam cercando com mais muros o lugar.

Fomos então gentilmente conduzidos a entrada do lugar, q reconheci imediatamente como o antigo Dallanezze Park. E la nos prostramos no ponto de buso, as 13:45hrs, de cara com o portão principal do lugar. O buso passou pontualmente as 14hrs, e como antevendo q td correu conforme o previsto, nos poupamos de tomar uma leve chuva q o mau tempo trouxe depois! Em Rio Gde da Serra, com tempo de sobra, tivemos o sagrado e basico ritual da bebemoração pos-trip, q se estendeu alem da conta. Q o digam as 9 brejas, um pacote de torcida, dois mistos e muita fofoca colocada em dia. Na sequencia vazamos bem antes de escurecer, cada um pra seu destino e atribuições por fazer. Ou pelo menos tentar fazer.

 

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E assim foi nossa pernada pelo Rio da Areias deste último domingo. Uma caminhada q era apenas pra ser desencargo de consciência q descortinou novas possibilidades de explorações a partir da “Estrada do Mirante”, q decerto deve dar acesso a beirada de planalto do setor nordeste da Serra do Mogi e, logicamente, a mais cachus e mirantes pouco (ou nada) conhecidos. O único porém, como já foi dito antes, é contornar o problemão de quiçá topar com os tais “seguranças ignorantes” q circulam pela região, se é q de fato existem. Afinal, aquele setor é propriedade particular. Mas até ali já são outros quinhentos, pois esse aí seria um tempero a mais à aventura. A dica foi dada, mas aí já é por conta e risco. Como qq outra exploração q se preze.

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