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Tecnologia barata desmente policiais "autoritários"


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Tecnologia barata desmente policiais "autoritários"

 

Jim Dwyer

 

Por volta das 21h30min da sexta-feira, um ciclista que pedalava pela 7ª Avenida se desviou para a esquerda a fim de tentar evitar uma colisão com um policial que estava no meio da rua.

 

Mas o policial, Patrick Pogan, deu alguns passos rápidos na direção do ciclista, Patrick Long, se posicionou e usou o ombro para derrubar Long da bicicleta.

 

Pogan, astro do futebol americano em seus dias de escola, atingiu Long como se fosse um bloqueador correndo para deter um atacante, e o golpe fez com que o ciclista voasse da bicicleta.

 

Na noite de terça-feira, o vídeo que mostra o momento já havia sido assistido cerca de 400 mil vezes no site YouTube. Raymond Kelly, comissário da polícia de Nova York, declarou na terça-feira que não podia explicar por que isso aconteceu. "Não compreendo de maneira alguma como algo assim possa ter acontecido."

 

Mas o episódio não representa apenas uma forte colisão entre um ciclista e um policial. Pode se provar mais uma colisão frontal entre as mentiras contadas por alguns policiais em casos criminais e as provas documentais que os contradizem diretamente. E embora em muitos casos as histórias imprecisas tenham sido toleradas por superiores hierárquicos e promotores, o relato de Pogan está sendo examinado em níveis bem mais elevados.

 

Mais tarde naquela noite, Pogan organizou a história que contaria sobre seu confronto com Long. Ela não tinha qualquer semelhança com os fatos mostrados no vídeo. Com base em uma queixa que o policial apresentou sob juramento, Long ficou 26 horas preso sob acusações de tentativa de agressão e conduta desordeira.

 

No final de semana, porém, o vídeo gravado por um turista que estava com sua família em Times Square no momento do incidente chegou às mãos de pessoas ligadas ao Critical Mass, o passeio ciclístico mensal de protesto do qual Long estava participando.

 

A disponibilidade de tecnologia digital de baixo preço - câmeras de vídeo, câmeras digitais, câmeras em celulares - pôs fim ao monopólio das narrativas oficiais sobre confrontos públicos, a exemplo dos depoimentos juramentos criados por policiais e promotores para descrever eventos. A era digital introduziu uma versão de história não sujeita às manipulações das autoridades.

 

Centenas de caso contra pessoas que haviam sido detidas durante a convenção nacional do Partido Republicano, em 2004, despencaram sob uma avalanche de provas em vídeo que contradiziam diretamente os relatos da polícia ou no mínimo suscitavam sérias questões sobre sua credibilidade. Os vídeos foram gravados por pessoas envolvidas nos protestos, por transeuntes, turistas e policiais.

 

Na Biblioteca Pública de Nova York, um pequeno grupo que estava exibindo uma faixa diante de um dos leões de pedra que decoram a entrada foi detido sob a acusação de estar bloqueando o tráfego no meio da rua 42, ainda que um vídeo os mostrasse na escadaria da biblioteca, bem longe da rua.

 

Em outro caso acontecido na biblioteca, um policial testemunhou que ele e três outros guardas tiveram de carregar um manifestante, Dennis Kyne, segurando-o pelas mãos e pés, escadaria abaixo. Um vídeo mostrava Kyne descendo as escadas voluntariamente, e que o policial que depôs contra ele nem mesmo havia participado de sua detenção. As acusações contra ele foram descartadas, mas a promotoria distrital de Manhattan não quis apresentar acusações formais de perjúrio contra o policial depoente.

 

Dezenas de queixas foram apresentadas por policiais, em depoimentos juramentos nos quais eles afirmavam ter visto pessoas violando a lei em Fulton Street e perto da Union Square. Mas posteriormente, em depoimentos prestados em tribunal, eles admitiram que só estiveram de fato envolvidos no processamento das detenções, e que não haviam testemunhado pessoalmente a conduta desordeira que embasava as acusações.

 

Um assistente do procurador distrital Robert Morgenthau escreveu ao Departamento de Polícia para enfatizar a importância de que "policiais não jurem sobre nada que não tenham visto em pessoa". Os promotores alegam que a confusão que surge em casos que envolvem detenções em massa dificultava a apresentação de acusações por perjúrio nos casos de falsos depoimentos.

 

O caso de Long e Pogan está se tornando um novo exemplo de narrativa oficial contestada diretamente por imagens em vídeo.

 

Em uma queixa a um tribunal federal, Pogan alegou que Long o atacou deliberadamente com a bicicleta, mas o vídeo mostra o ciclista se desviando do policial, que o persegue em direção ao meio-fio.

 

O policial alegou que Long o derrubou. Mas ao longo de todo o vídeo ele permanece em pé, mesmo depois de jogar Long da bicicleta.

 

O policial escreveu que Long estava "ziguezagueando" em meio ao tráfico, e com isso "forçando múltiplos veículos a parar abruptamente ou mudar de direção a fim de evitar atingi-lo". No entanto, a julgar pelo vídeo, aparentemente não havia carros na rua.

 

Long deve voltar ao tribunal no começo de setembro. Àquela altura, as marcas que a queda deixou em seu corpo provavelmente terão desaparecido.

 

O prognóstico quanto à verdade, porém, não é tão claro.

 

Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME em http://tecnologia.terra.com.br/interna/0,,OI3041333-EI4797,00-Tecnologia+barata+desmente+policiais+autoritarios.html

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Policial de NY é investigado por derrubar ciclista

 

James Barron

 

Um policial da cidade de Nova York teve sua arma e distintivo confiscados na segunda-feira depois que um vídeo amador que o mostra derrubando um cicilista em Times Square foi veiculado na Internet. O ciclista era parte de um grupo de outros adeptos de ciclismo que estavam em passeio.

 

O ciclista foi identificado em documentos judiciais como Christopher Long, 29 anos, e estava participando de um passeio ciclístico mensal chamado Critical Mass, que chega a atrair centenas de participantes.

 

Em uma queixa criminal contra Long, o policial, identificado nos documentos judiciais como Patrick Pogan, da delegacia de Midtown South, diz que o ciclista o atropelou com a bicicleta. Mas o vídeo, que foi veiculado no YouTube e no blog Gothamist.com, mostra que o policial derrubou Long da bicicleta com um gesto propositado.

 

A polícia informou que Pogan estava restrito a deveres burocráticos enquanto o Departamento de Polícia conduz uma investigação completa do incidente. A polícia não informou o nome completo ou a idade do policial, e nem há quanto tempo ele trabalha para o departamento.

 

Os passeios mensais vêm sendo uma fonte de tensão para a polícia desde pouco antes da convenção nacional do Partido Republicano, que aconteceu na cidade em 2004. Nela, grande número de policiais estiveram envolvidos na detenção de mais de 250 ciclistas, sob acusações que incluíam a de realizar manifestações sem autorização.

 

Em 2006, um juiz estadual rejeitou um pedido do governo municipal, que desejava proibir o grupo ambientalista que promove os passeios mensais de tomar parte do passeio, de promover uma reunião prévia de seus membros no Union Square Park como preparação para o passeio e de mencionar os passeios em seu site.

 

De acordo com membros do grupo, chamado Time's Up, o vídeo foi gravado por um turista que estava em pé na calçada. As imagens mostram, bicicletas percorrendo a Sétima Avenida, na altura da rua 46, e passando por dois policiais uniformizados postados no meio da avenida.

 

Poucos segundos mais tarde, um dos dois aparece caminhando rapidamente pelo lado leste da avenida e na direção em que Logan vinha conduzindo sua bicicleta. O ciclista parece tentar se desviar do policial, mas este o empurra. Long cai no meio-fio, e um grupo de pessoas se reúne em torno dele e do policial.

 

Pogan deteve Long sob acusações de tentativa de agressão, conduta desordeira e resistência à prisão, de acordo com os documentos judiciais. Long, que segundo outros ciclistas participantes do passeio trabalha no Greenmarket de Union Square, foi libertado sem fiança no sábado.

 

Em documentos apresentados ao Tribunal Criminal de Manhattan, Pogan disse que Long começou a ziguezaguear em meio ao tráfego, "forçando múltiplos veículos a frear abruptamente ou a mudar de direção" a fim de evitar uma colisão. Pogan também afirma que sofreu um corte no antebraço quando caiu no chão devido ao choque.

 

Pogan diz que Long ficou agitando braços e pernas e se recusou a colocar as mãos para trás das costas a fim de ser algemado. Ele diz que Long "se contorceu para se afastar" do policial, e "com isso dificultou meu trabalho ao algemá-lo".

 

Ele afirma que Long lhe disse que "vocês não passam de peões nesse jogo. Eu vou fazer com que você perca o emprego". O vídeo se encerra pouco depois da queda de Long. Testemunhas contestam o relato de Pogan sobre o incidente.

 

Um dos ciclistas, Craig Radhuber, 54 anos, disse que estava a alguns metros de distância de Long, a quem ele diz não conhecer. Segundo a testemunha, Pogan "deu uma peitada no garoto e o derrubou da bicicleta com força suficiente para lançá-lo do meio da faixa de trânsito ao meio-fio".

 

"Eu saí gritando com a polícia, mas outro policial chegou e me pediu que eu me afastasse", conta Radhuber.

 

Segundo a testemunha, Long não estava ziguezagueando entre os carros, como Pogan alegou. "Não havia tráfego por trás de nós - não havia tráfego em meio ao qual ziguezaguear", disse Radhuber. "O policial olhou os ciclistas e parecia estar escolhendo quem ele derrubaria."

 

Bill DiPaola, diretor da Time's Up, disse ter chegado ao local pouco depois da queda de Long. "Ele se levantou e estava atordoado", conta, com referência a Long. Depois, falando sobre Pogan e o outro policial que o vídeo mostra, acrescenta que "eles se ajoelharam por sobre a cabeça dele, e o esmagaram contra uma cabine telefônica."

 

Mark Taylor, advogado de Long, disse que o ciclista havia sido "agredido pela polícia". Ele disse que Long, que estava machucado mas não havia sido hospitalizado, não concederia entrevistas. "Acreditamos que o vídeo fale por si só", afirmou, acrescentando esperar que o gabinete da promotoria pública estadual em Manhattan decida em breve revogar as acusações pendentes contra Long.

 

Norman Siegel, um advogado especialista em casos de direitos civis que representou a Time's Up em 2006, disse que os líderes da organização haviam solicitado que ele assistisse ao vídeo do incidente, e ele afirma que "as imagens mostram comportamento inaceitável de parte do policial em questão".

 

Siegel acrescentou que "infelizmente esse é apenas mais um exemplo de como o Departamento de Polícia de Nova York vem tomando injustificadamente como alvo de medidas repressivas os ciclistas que participam dos passeios Critical Mass".

 

Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME em http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI3039005-EI8141,00.html

 

Vídeo: policial derruba ciclista veja em http://terratv.terra.com.br/templates/channelContents.aspx?channel=2595&contentid=206276

 

The New York Times

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