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"Tudo é plácido quando se entra em Desemboque. Parece que até mesmo as aves velam a sua calmaria, deixando de produzir os sons que lhes são característicos. Duas ruas de paralelepípedos, algumas casas coloniais aparentemente abandonadas, um par de igrejinhas que resistem ao tempo e poucos e vagarosos transeuntes são os elementos de um cenário que, na centúria XVIII, certamente foi mais ululante. Não era para menos: havia muito ouro naquela época. De tão próspero, o Desemboque chegou a ser sede de governo e subordinar todas as outras vilas da região da Mesopotâmia Triangulina aos seus desígnios. Suas origens são incertas, mas há quem diga que tudo começou com as bandeiras comandadas pelo paulista Bartolomeu Bueno do Prado, caçador de índios e negros, que de tão sádico e carniceiro carregava consigo uma fieira com as orelhas decepadas dos corpos que ceifava a vida. Expulsaram os índios caiapós, nativos da região, encontraram ouro e deram início ao povoado. O certo é que era um local de difícil acesso (e ainda é), visto ser a primeira vila propriamente dita do Triângulo Mineiro (na época goiano), e muito do ouro foi roubado e contrabandeado. A Coroa Portuguesa exigia um quinto (“o” quinto) de tudo o que era extraído, mas a fiscalização, quando demonstrou que se tornaria mais eficaz, encontrou apenas os últimos resquícios da pedra preciosa, responsável pela ascensão e pela ruína de todo e qualquer ponto onde fora descoberto até então. Desemboque, subitamente, desfigurou-se. Os moradores, nômades do ouro, debandaram à procura de novos veios. Deixou de ser centro de poder, pois ali já não havia produção intelectual e concentração de riquezas".

 

http://carcaradaestrada.blogspot.com.br/2013/02/marechal-mascarenhas-e-desemboque-de-10.html

 

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"Pilotar em meio aos eucaliptos requer um cirúrgico cuidado. Muito barro, áreas em processo erosivo, crateras com bordas tão lisas e atrativas – literalmente para a depressão – quanto um aforisma de Nietzsche. Adicione-se a esse ambiente a chuva que já caía ao sul e ameaçava maximizar seu raio de ação, desabando sobre nós que, a 10km/h, penávamos para vencer os poucos metros que nos restavam até o próximo escopo. Afortunadamente chegamos sãos e salvos – e secos – à sede da Fazenda Girolândia, repousando à beira de seu lago de grandes dimensões, deixando os frangos d'água e os gansos ressabiados com a nossa presença. O carrapateiro, um falconídeo comum nas zonas rurais de São Paulo e Minas Gerais, observava nosso descanso de longe, acocorado sobre os postes de madeira e cercas brancas que ladeiam a represa. É um local no qual nos demoramos muito, primeiro devido ao garbo, e segundo por propiciar uma paz imensurável. O zéfiro morno provocava pequenas ondas na água e chacoalhava a vegetação rasteira na margem em que estávamos, e os eucaliptos, na margem oposta, reverberando os sons que, na cidade, passam despercebidos em meio ao caos e à premência do cumprimento de nossas obrigações. E, incrivelmente, não víamos sequer uma pessoa há mais de uma hora".

 

http://carcaradaestrada.blogspot.com.br/2013/03/circuito-das-frutas-09-de-marco-de-2013.html

 

P1150597.JPG

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