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Relato do primeiro mochilão (Chile) Bolívia e Peru


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ùltimo dia do passeio pelo Salar:

 

 

O último dia do passeio é o mais cansativo dos 3. A gente acorda super cedo - 4h20m - e corre para ver os gêiseres. É legal, mas às 5h é muito, muito frio. Frio do nível paralisante que impede de tirar uma foto digna.

 

 

 

 

 

 

Preferi bem mais a segunda parada, as águas termais enquanto víamos o sol nascer. "Aí sim eu vi vantagem". Sem contar que adorei o termo em inglês "hot springs". Achei quase tão melódico quanto handkerchief . Mas deixando minhas preferências sobre a língua inglesa de lado e voltando ao passeio, tivemos uns 40 minutos para ficar lá no quentinho, mas acho que ficamos mais. Estava uma delícia!

 

 

 

 

 

Posando pra foto. Depois entramos de roupa de banho

 

É nessa parada mesmo que tomamos o café da manhã, finalmente. Depois andamos bastante tempo no carro e passamos pelo que chamam de Deserto Salvador Dalí, pela Lagoa Branca e pela Verde. Nessa última há uma montanha cujo cume está a 6 mil metros de altitude. É muito procurada pelos esportistas para escalada porque você chega a um ponto altíssimo, mas partindo de um "plano" já alto, a 4,8 mil metros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Seguimos até perto da fronteira com o Chile e esperamos a chegada do transfer de um dos casais, que seguiria para aquele país. Nesse ponto quem segue pro Chile precisa apresentar o bilhete do parque comprado no dia anterior. Essa é uma das opções de roteiro, seguir para San Pedro de Atacama. A outra é voltar para Uyuni.

 

 

E olha, essa opção é chata, viu? Daí em diante é só uma longa volta. Fizemos uma parada para almoçar - arroz, atum e salada e gelatina de sobremesa - em uma pequena vila, onde dá pra usar o banheiro por 1 boliviano. Depois fizemos ainda uma parada para usar o banheiro e comprar bebidas em San Cristobal. No caminho vimos uma empresa que explora o Boro, o acampamento dos trabalhadores, uma plantação de quinua e outras coisas que tornam a viagem menos entendiante, mas é muito tempo sacolejando no carro. Chegamos em Uyuni por volta das 16h.

 

 

E é isso. Esse terceiro dia é bem cansativo, por isso ficar de molho nas águas termais é providencial. Bom, aí acabou o passeio em si. E para nós começou uma peregrinação para chegar a Copacabana (a boliviana e não a princesinha do mar). Assunto para o próximo post!

 

 

 

 

Abs,

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  • 3 semanas depois...
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Seguindo...

 

 

A gente queria muito ir à Isla del Sol. Muito. Ver o Lago Titicaca, dormir na Isla eram momentos mais que esperados por nós, que ainda nos lembrávamos das aulas do colégio sobre essa região. Então, a Isla era um dos locais que não abriríamos mão de ir, não sairia do roteiro por nenhum motivo. Por mais que os perrengues aparecessem. E como apareceram.

 

Quando finalmente chegamos em Uyuni (leia sobre o fim do passeio aqui) corremos para tomar um banho, pois íamos encarar muitas horas de estrada. Nos nossos cálculos seriam mais ou menos umas 15 horas, já que íamos para Copacabana, com destino final Isla del Sol. Bem ao lado da agência Blue Line tinha um local que alugava banheiros (só o chuveiro, 10 bolivianos cada), então pagamos e tomamos nosso bainho quente. Saímos tranquilos em direção à Todoturismo (transporte turístico, como na nossa ida, leia aqui) para comprar nossa passagem de volta. Nosso planejamento era ir de ônibus turístico até La paz, lá pegar um ônibus local até Copacaba, mais 4 hs, e depois um barco às 13h30 para a Isla.

 

 

Mas, sim, não tínhamos as passagens de volta de Uyuni a La Paz. Não me perguntem por qual motivo não tínhamos reservado. Um mole bobo, idiota que demos. E claro que não íamos ficar impunes a esse deslize de planejamento. Não tinha mais passagens para La Paz na Todoturismo. E nem nas mais de 10 agências de ônibus turísticos e locais que ficam ali pertinho e às quais corremos.

 

Já estávamos pensando que ficaríamos mais um dia inteiro em Uyuni quando uma agência disse que tinha um ônibus para Oruro e que de lá poderíamos ir pa La Paz. Depois de discutirmos um pouco e já tendo verificado todas as agências, topamos. Compramos as passagens por 43 bolivianos cada, fomos comer algo e usar o banheiro, já que não tinha no ônibus.

 

Quando fomos embarcar, puseram nossa mochila no bagageiro, mas não nos deram nenhum cmnprovante de despacho de bagagem. Pensávamos: é a última vez que vemos essas mochilas e o pior é que são mochilas emprestadas! Mas, alguém protege os duros com equipamento alheio pelo mundo. Subimos e o ônibus já estava lotado. Em muitas poltronas tinha crianças nos colos dos pais e alguns cachorrinhos também - educadíssimos, diga-se de passagem porque ninguém ouviu latidos. Nossos lugares eram separados, mas um senhor se ofeceu pra trocar. Depois rolou um barraco entre pessoas com passagens para a mesma poltrona. Nos valemos da nossa condição de turistas e fingimos não entender nada. E finalmente o ônibus saiu de Uyuni.

 

E em poucos minutos a Jackie, que já sofria com a altitude começou a sentir falta de ar. Claro, o ônibus estava lotado e era todo fechado, como se tivesse ar-condicionado, mas claro que não tinha. Estava sufocante. E tremia. Muito. Lá fora era tudo muito escuro, não se via nada. E asim fomos por umas 5 horas até a parada. Uns 40 minutos parados no meio do nada, um casebre onde vendiam churrasquinho (mas deu pra usar o banheiro).

 

 

Mais umas 3 horas e chegamos a Oruro. Às 3h da manhã. Mas foi só seguir o fluxo em direção à rodoviária local. Lá foi só seguir os gritos de "La Paz, La Paz", pagar 20 bolivianos e embarcar para La paz. E com janelas abertas!

 

 

Mas dessa vez quem atrapalhou foi o frio. Muito. Fomos encolhidos e grudados pra nos aquecer. E 5hs depois chegamos na rodoviária de La Paz.

 

Compramos a passagem para Copacabana, depois de penar um pouco com o mal atendimento (37 bolivianos cada). E tentamos usar o banheiro, pago, mas super lotado da rodoviária. Em vão. Demoramos mais de 30 minutos e nada. Tomamos café e partimos no micro-ônibus.

 

Pouco mais de 1h depois fizemos uma parada providencial, com banheiro limpo e lojinha onde reabastecemos o estoque de Pringles, Coca-cola e Snickers.

 

Mais 3hs e chegamos ao Lago Titicaca. Ali, o microonibus pega uma balsa e a gente outra, paga, pra atravessar (é preciso pagar, não anotamos o preço, mas é algo barato, como uns 2 bolivianos por pessoa). Pensávamos outra vez: adeus, mochilas.

 

 

Essa travessia é bem rapidinha - também, qualquer coisa seria rapidinha depois daquela viagem, né? A gente sai de San Pablo de Tiquina para San Pedro de Tiquina. O nome do canal é estreito de Tiquina e a Marinha Boliviana fica ali, já que o país ainda reivindica a devolução de sua saída pro mar (perdida na Guerra do Pacífico, quando o Peru também perdeu território para o Chile, incluindo Iquique, onde havíamos passado, leia aqui).

 

 

Ainda deu tempo de dar uma voltinha na feirinha por ali antes de entrar de volta no ônibus. Ai começamos a subir, subir, subir e... finalmente chegamos a Copacabana!

 

 

Como no planejamento, chegamos lá por volta de 12h. Claro que não esperávamos que fosse ser tão complicado, mas estávamos felizes. Só nao estávamos ainda no nosso destino. Pra Isla del sol ainda teríamos que atravessar de barco. E não sabíamos que mais uma etapa da odisséia nos esperava após isso. Mas aí fica pros próximos posts.

 

Abs,

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Vários amigos nossos tinham ido a Copacabana e, invariavelmente, os comentários eram sobre a beleza da cidade, a vontade de voltar e como tinha chovido. Influenciados por esses relatos estávamos esperando uma cidade cinzenta. E molhada. Mas chegamos a ela bem ao meio-dia, com o sol brilhando no céu e nos permitindo retirar os casacos que haviam nos aquecido na fria odisséia até ali.

 

 

Estávamos tão certos de que pegaríamos chuva que tínhamos separado uma referência de hostel (o La Cupula) para nos abrigar na cidade enquanto lamentaríamos não ir à Isla del Sol. Mas já no caminho, embasbacados com a vista que tínhamos do ônibus, percebemos que poderíamos seguir nosso roteiro original.

 

Desembarcamos, recuperamos as mochilas e fomos tratar de seguir viagem. Sim, ainda havia mais uma etapa a enfentar antes de podermos descansar no hotel Palla Khasa, sobre o qual a Jackie ia fazendo muito propaganda. Mas para arrumar o transporte para a Isla del Sol não precisamos nem dar um passo. Ali mesmo na calçada uma senhora já vendia a passagem de barco para a ilha. Saída às 13h30m (opa, como tínhamos lido nas pesquisas). Quinze bolivianos cada. Acertado.

 

Tratamos então de buscar almoço. Enveredamos por uma ruazinha em descida e logo simpatizamos com o Hostal Colonial. Entramos, sentamos e pedimos. Comida fresquinha, servida na área aberta, mas protegida do sol por ombrelones. Relaxamos, enfim, e curtimos o ar e os sabores de Copa.

 

Depois do almoço e da pequena fila para usar o banheiro - a cidade já se enchia naquela hora com quem voltava da Ilha e com quem esperava o embarque - demos uma volta e reservamos a passagem de Copa para Puno no dia seguinte. Depois, descemos em direção ao píer para ir à Isla del Sol.

 

Mas sobre a ilha contaremos depois. Voltando a Copa, ficamos mais algumas horas na cidade na volta, mais uma vez sob sol. Desembarcamos no mesmo píer e pegamos a mesma rua em direção ao centro, dessa vez, subindo. Deixamos as mochilas na empresa onde havíamos reservado a ida pra Puno e fomos dar uma volta.

 

Rumamos para a Praça e visitamos a Catedral da cidade, local importante para celebrações religiosas da região. Ali no altar, todo de ouro, está a Vírgen de Candelaria, a patrona da Bolívia. A imagem foi esculpida por um artista local, Francisco Tito Yupanqui, descedente de incas e os bolivianos creditam a ela proteção contra enchentes do Lago Titicada. A maior das festas da cidade é justamente para honrar a Vírgen e acontece no início de fevereiro.

 

Não temos fotos do interior da igreja, pois havia uma placa indicando ser proibido fotografar ali e, embora houvesse gente fazendo isso, não curtimos desrespeitar as tradições e regimentos locais.

 

A igreja começou a ser construída em 1601 e passou por diversas reformas e ampliações. A construção é toda branca, com aplicações de azulejos, grandes portas entalhadas em madeira, e espécies de "torres" espalhadas pelo extenso pátio.

 

 

Depois da igreja, andamos um pouco pela praça logo em frente e pegamos uma rua em descida em direção novamente ao Lago. Vimos mais feiras e, finalmente, um mercadinho. Estávamos impressionados por não havermos visto ainda supermercados nem mesmo mercearias na Bolívia, somente camelôs e vendinhas nas calçadas.

 

Pouco tempo depois embarcamos finalmente rumo a outro país, o Peru. Contaríamos depois a nossos amigos sobre as belezas da cidade, sobre nossa vontade de voltar e de como, sim, faz sol em Copacabana, na Bolívia.

 

Abs,

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  • 2 semanas depois...
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Olá, olha eu peguei bastante frio indo em janeiro, então junho deve ser bem frio tb. Mas em janeiro chove e em junho não. Dizem ser uma época melhor pra ir porque vc não corre o risco de pegar nada fechado por conta das chuvas. Pra não ter que levar muitas roupas é só ter um casaco e calça corta vento e vc troca so as roups de baixo.

abs,

 

=) blz!!! Bom, vou deixar pra compras algumas roupas em La Paz! =D

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  • 4 meses depois...
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Retomando os relatos:

 

Uros, o povo que os incas não dominaram

 

Demorei a retomar os relatos do mochilão, né? Mas aqui estamos para começar a falar do Peru. Atravessamos a fronteira da Bolívia com o Peru vindos de Copacabana e nossa primeira parada seria na cidade de Puno. É dali que sai o passeio até as Ilhas Uros, ou ilhas flutuantes, uma grande atração do Peru.

 

As tais ilhas ficam no Lago Titicaca e são habitadas pelo povo Uros, um povo primitivo que chegou ali fugindo da expansão inca vinda do norte. O mais interessante é que as ilhas não existiam: elas foram feitas pelos Uros. Sim, as ilhas são artificiais, feitas utilizando o capim totora, típico do local. Hoje em dia existem aproximadamente 66 ilhas e 2,3 mil pessoas vivendo nas ilhas.

 

Como estudo guerras fiquei enlouquecida com esse povo que para não se submeter ao domínio inca simplesmente criou um novo território, dentro do Lago, para continuar independente. Não é impressionante?

 

Mas, claro, viver em uma ilha feita de capim tem seus problemas. Os Uros precisam ter muito cuidado para que a ilha continue a fluturar, por isso o trabalho de trançar o capim é contínuo. Além disso, a alimentação também teve que ser adaptada e o capim totora se tornou a principal fonte. E viver num solo úmido e macio (a ilha é firme, mas bem macia, como andar num colchão) gera muitos problemas de saúde, sendo bronquite e artrite os mais comuns.

 

Enquanto moravam ali, isolados, os uros não tinham dinheiro. Mas hoje em dia já utilizam, especialmente o deixado pelos turistas que são muitos e chegam ali de barca para conhecê-los e podem comprar algum artesanato feito com o campim.

 

Nós fizemos esse passeio, que já compramos lá em Copacabana mesmo. Descemos na rodoviária e fomos levados a um táxi, que nos deixou no cais. Pegamos a barca e depois de uns 30 minutos chegamos a uma primeira ilha, onde assistimos a uma apresentação sobre os Uros, com um guia e um menino local. Provamos o capim totora (tem gosto de palmito beeeeem aguado) e depois fomos conhecer o interior da casa de uma família. As casas são muito simples, um único cômodo para vários moradores. Na casa que visitamos morava Melina, seu marido e seus 5 filhos. Ela cria trutas, flamingos e faz artesanato. Compramos com ela um barquinho feito de capim totora.

 

As crianças frequentam a escola. Há escolas para os Uros desde 1963 e a primeira foi uma escola adventista.

 

 

Depois pegamos um barco de capim totora para outra ilha. Lá havia uma lanchonete, mas nem comemos nada e depois, de barca, voltamos ao cais.

 

Esse é um daqueles destinos que nos fazem refletir sobre os efeitos do turismo. A mudança de cultura e hábitos dos Uros por conta das visitas é clara. Os moradores ficam esperando os turistas e são muito receptivos, por exemplo, para mostrar suas casas porque esperam alguma gorjeta em troca. Enquanto estávamos no barco de totora, por exemplo, umas criancinhas conataram uma versão em espanhol da canção My Bonnie. Era uma gracinha, claro, mas era obviamente um número ensaiado para os turistas.

 

 

 

Então o passeio se tornou uma coisa bem turística, sim. Como a procura é alta (chegam barcos a toda hora, todos os dias), muitos uros se adaptaram a viver dessa atividade e isso é uma mudança importantíssima para um povo que sequer utilizava dinheiro. Ao mesmo tempo, esse dinheiro permite que os uros tenha acesso a bens modernos e que podem facilitar sua vida. Atualmente, por exemplo, usa-se energia solar na ilha, em vez de fogo, o que diminuiu drasticamente os acidentes gerados por fagulhas em ilhas feitas de capim. Ou seja, é uma questão complicada julgar os efeitos do turismo, se está deturpando a cultura ou se está ajudando-os a viver melhor.

 

De todo modo, os Uros são entre os povos cotemporâneos o mais interessante que já conheci e sua história de resistência merece ser conhecida.

 

Read more: http://www.viajesim.com/2012/08/uros-o-povo-que-os-incas-nao.html#ixzz24xksy3ej

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  • 4 semanas depois...
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Depois de um longo inverno, escrevi mais um pouco, começando a falar de Arequipa:

 

Quando estava fazendo o roteiro do mochilão sempre lia ótimas opiniões sobre Arequipa. As pessoas voltavam apaixonadas pela cidade branca. Então, fiz questão de incluí-la no roteiro. Nós também voltamos de lá encantados, passamos um dia super agradável e ficamos pensando que a cidade seria perfeita para uma lua de mel. Mas, antes de contar a história do passeio em Arequipa, temos outra história para contar. É a história da noite em fizemos tudo aquilo que a gente sempre diz que um turista não deve fazer para sua segurança. A história de como, apesar disso, chegamos sãos e salvos a um quarto de hotel em Arequipa.

 

Apesar de eu estar convencida de que adoraríamos Arequipa, o Rômulo só queria dar uma passada pela cidade. Então, segundo nosso roteiro, chegaríamos pela madrugada, quase manhã, passaríamos o dia por lá e à noite seguiríamos para Nazca. Tudo redodinho. No papel.

 

Na vida real, a saída de Puno foi bem complicada, pois a empresa que eu tinha como referência (era um ônibus leito que os relatos diziam ser perfeitos para descansar à noite) já não tinha mais passagens para aquele dia. Rodamos a pequena rodoviária da cidade até encontrar outra empresa que fosse para Arequipa ainda naquela noite. Achamos a Juani. Compramos as passagens para as 20h (custaram 35 soles cada), o que era bem mais cedo do que nosso roteiro previa e o que nos impediu de sair da rodoviária e procurar um hostel para tomar banho antes de embarcar, por exemplo. Mas enfim, comemos uma pizza e um hamburguer bem ruins na rodoviária e embarcamos.

 

Rômulo gostou do ônibus, eu achei um pouco desconfortável, mas foi uma viagem tranquila. Lá pelas 2h chegamos à Nazca. É, 2h. No nosso planejamento chegaríamos às 6h e iríamos a pé procurar um hostel pelo entorno da rodoviária. Mas àquela hora não achei que devíamos sair da rodoviária. Arequipa é uma cidade de 1 milhão de habitantes, eu tinha lido relatos sobre golpes em táxis, assaltos na rua. Então, o que fazer?

 

Começamos a conversar e o Rômulo, que não estava nem um pouco empolgado pela cidade, disse que por ele iríamos direto a Nazca. Fomos, então, checar o horário do próximo ônibus pra lá. Mas, não adiantava, chegaríamos depois do horário de saída do passeio na cidade (o sobrevôo das linhas de Nazca). E aí ficamos naquele impasse. Ficamos? Onde? Vamos dormir aqui na rodoviária até amanhecer? Arriscar um táxi? Ir direto para Lima?

 

Enquanto conversávamos uma senhora se aproximou e nos disse que no segundo andar funcionava um escritório de turismo da cidade, onde poderíamos pegar informações. Então, lá fomos nós. E a senhora que tinha vindo falar conosco, também. Ela trabalhava lá. Já achamos esquisito. Nos entreolhamos, acendendo o modo turista em alerta. Mas lá fomos nós. Ela nos mostrou um mapa da cidade, disse que poderia nos arrumar um hostel com bom preço. Ela falava e íamos concordando e trocando olhares incrédulos.

 

A moça então ligou e reservou o hostel por um preço ótimo (60 soles!). Pensei, "ok, em algum momento teremos que pagar uma comissão, mas está ótimo, íamos ficar abandonados aqui na rodoviária mesmo". Mas não, ela não pediu nada.

 

Quando ela disse que estava reservado eu perguntei sobre o táxi, que tinha lido que era perigoso, pois tinha táxi pirata e ela confirmou tudinho que eu tinha lido. Então, se levantou e disse: eu levo vocês.

 

Meu olhar e do Rômulo se cruzaram e tive certeza que ele pensava o mesmo que eu: pronto, ela vai nos sequestrar, vamos acordar sem um fígado, vou virar escrava. Mil possibilidades de golpes passaram pela nossa cabeça. Porque afinal, infelizmente, não é comum uma pessoa sair da sua mesa de trabalho, fazer mais que sua obrigação, ir resgatar dois turistas que nem tinham pedido ajuda a ela e os ajudar com tudo, informações, reserva e até serviço de delivery. Era bom demais para acreditar. E a imagem da minha mãe infartando ao saber disso tudo não saía da minha cabeça. Mas acreditamos e fomos com ela.

 

Pegamos um táxi e levamos uma aula sobre táxis piratas. Fiz questão de levar minha mochila comigo no colo, pois pensava que em algum momento iam nos jogar para fora do carro. Tinha lido sobre um caso assim em Caracas. Rômulo não entendeu meu olhar quando sinalizei isso e colocou a mochila dele no porta-malas. Memorizei a placa do carro também.

 

O táxi se afastou da rodoviária e enquanto andávamos, eu ia vendo como a cidade era grande. Tentava imaginar para onde nos levavam. Então, à medida que percebi que a cidade ficava mais branca soube que estávamos, de fato, indo em direção ao centro histórico. Ali, numa ruazinha branca, o táxi parou. Descemos. O hostel ficava em um prédio branco. Fizemos o check in, acompanhados da nossa anfitriã. Vi na parede o preço original - o dobro do que estávamos pagando - e a moça se despediu. Assim, sem pedir nada, dando conselhos sobre o que fazer no dia seguinte, ela foi embora.

 

Subimos uma escada, entramos no quarto, pequeno, mas muito limpo e muito novinho. Usamos o wi-fi, ligamos a TV - ficamos sabendo naquele dia sobre o naufrágio do Costa Concordia, que tinha ocorrido há vários dias. Tomamos um banho quente e ainda pensávamos: em que momento vai chegar a conta dessa sorte toda?

 

Dormimos super bem e pela manhã tomamos o café, simples, e a recepcionista nos arrumou lavanderia e um city tour. Passamos um dia muito agradável, nos apaixonamos por Arequipa. À noite, ao voltarmos ao hotel nos arrumaram um táxi para irmos à rodoviária. Ainda a caminho de lá pensávamos: é, vai ser agora que vai acontecer algo ruim. Nada podia ser tão perfeito.

 

Mas foi. Embarcamos (em um ônibus ótimo!) e assim saímos de um dia em que cuidaram de tudo para nós. Um dia em que um anjo parece ter se importado com dois mochileiros com roteiro furado. É, acontece.

 

Read more: http://www.viajesim.com/2012/09/mochilao-arequipa-deu-tudo-certo.html#ixzz27g3JsEsf

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Adorei sua sensibilidade para ver nas ilhas de uros algo que pocas pessoas veem. Estive na bolívia/peru duas vezes e nao tive oportunidade de conhecer as ilhas flutuantes, mas esse ano em dezembro eu vou, se Deus quizer.

 

Sabe, ainda que tudo seja um teatro e nao reflita uma realidade presente, é algo que realmente existiu, e mais, "encenado" em um palco de uma ilha artificial flutuante feita de capim, no meio do titicaca, um dos lugares mais lindos que já estive. ainda que tudo seja um teatro, quem nao gosta de artes cenicas? pessoas gastam uma pequena fortuna pra ir a broadway, e nao podem investir tempo e pouquissimo dinheiro pra conhecer um local único no mundo, e ouvir histórias de pessoas que relamente viveram ali e poder imaginar como realmente era tudo aquilo? só pq os "artistas" atuais cobram a ninharia de 20 soles? só porque é "ensaiado" pro turista?

 

Lamentei nao ter ido lá em ocasioes anteriores e pretendo sim conhecer esse local único.

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  • 4 semanas depois...
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concordo totalmente com vc, Aletucs. É um lugar unico, e embora tenha sim sofrido mt influencia do turismo, ainda acho que vale muitissimo a pena ser cohecido. infelizmente nao sei dizer de que forma poderia ser visitado por um monte de gente do mudo td e nao sofrer influencia. a questão das mudanças trazidas pelo turismo a comunidades tradicionais é mt complicada.

Abs,

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Continuando sobre Arequipa....

 

E lá estávamos nós sãos e salvos em Arequipa. Acordamos cedo, tomamos café e antes de dar tempo do Rômulo me perguntar "e aí, o que vamos fazer?" fico para morrer que ele não lê o roteiro , a recepcionista já tinha nos sugerido um city tour que saía naquele momento a duas quadras dali. Não curtimos muito city tours, preferimos fazer nosso próprio roteiro, mas às vezes é legal para dar uma idéia da cidade ou aproveitar o transporte entre pontos distantes. Como ela disse que não levaria o dia todo, fomos, pois teríamos o resto do dia para explorar Arequipa sozinhos, caso não curtíssemos o tour.

 

Corremos e embarcamos no ônibus turístico, que já estava na segunda parada. E aí começamos a olhar a programação: alguns nomes impronunciáveis, uma mansão, um passeio a cavalo, um mini-zoológico. Oi? No nosso roteiro original prevíamos ficar apenas pelo centro - patrimônio cultural da humanidade - fazendo tudo a pé, visitando a Praça de Armas e o Convento de Santa Catalina. Mas o tour só previa uma parada no centro (a Praça de Armas, e já tinha ocorrido antes de subirmos a bordo) e depois era tudo bem longe dali. Ok, devia mesmo haver muita coisa para se ver além do centro, mas aqueles nomes não nos diziam nada. Achamos a programação no mínimo pitoresca. Mas como nada até aquele momento estava sendo convencional em Arequipa, entramos no clima e prosseguimos no "Campiña Tour". Segundo meu espanhol capenga, deveria ser algo como "um tour campestre".

 

A primeira parada foi em Janaguara. Neste bairro há uma bonita praça, o Mirador de Yanahuara, cujos arcos são cobertos com frases de pessoas célebres de Arequipa, e uma igreja. Rende boas fotos, é bem bonita, já dá para tirar com o guia as dúvidas sobre a pedra vulcânica usada ali (se chama sillar). Tinha uma padaria pertinho em que fizemos a festa com rocamboles deliciosos (#ficadica!).

 

Voltamos pro ônibus e rumamos para a próxima parada, passando por bairros bem pobres, típicos de periferia, até chegar ao mirador de Carmen Alto. É uma espécie de fazenda/centro cultural em que se tinha uma ótima vista dos vulcões de Arequipa: Chachani, Pichu Pichu e o Misti. O Misti é o mais famoso, pois está apenas adormecido e não extinto, como os outros dois.

 

ao ônibus rumamos para uma parada beeem turística: uma loja de produtos de alpaca. Mas, mesmo para quem não quiser comprar nada (os produtos de alpaca não são baratos) a parada vale para ver o mini-zoológico e também para receber uma explicação sobre a alpaca verdadeira e assim evitar levar lhama por alpaca em qualque loja no Peru. No zôo a loja mantém 4 espécies bem parecidas entre si: lhama, alpaca, guanaco e vicuña. O Guanaco é o mais selvagem e como no grupo tinha um tiozinho mala que tentou mexer com ele deu logo uma cusparada na cara do tio e deixou a parada ainda mais legal.

 

Em seguida fomos para a Mansão do Fundador. É, o fundador da cidade. Parece boring? Pois não julgue assim à primeira vista. A parada tem uma parte turística clássica - uma senhora oferece gaviões para fotos na entrada, há lhamas soltas pelo jardim, um carro antigo estacionado na porta - mas lá dentro há relíquias. O prédio data do século XVI, construído em sillar, em estilo hacienda, contém muitas obras e mobília originais da construção. Mas, para mim, o melhor foi descobrir resquícios da Guerra do Pacífico dentro do armário de um dos quartos. Ali há pinturas deixadas pelo exército chileno em sua campanha contra o Peru. #Pirei

 

Outro atrativo do lugar é que daria um belo casamento. É, eu perguntei e eles alugam para até 120 pessoas (US$ 1 mil para 60 pessoas). Um belo destino pro World Wedding, né não?

 

A última parada foi na região de Sambadía, nos Molinos coloniales. Ali pode-se andar a cavalo. Fiquei bem empolgada com isso porque o senhor meu marido só tinha andado quando criança. Eu como boa roceira e neta de vaqueiro fui dar umas noções para ele. Mas é coisa rápida o passeio e não consegui entender a lógica de sua inclusão no roteiro. Eu teria adorado o passeio, porque gosto quando o marido tem a chance de fazer coisas novas, mas fiquei receosa quanto ao tratamento recebido pelos animas, pois alguns estavam pele e osso, coitadinhos. Então, até achei interessante a inclusão desse passeio no city tour, mas espero que os animais sejam tratados decentemente.

 

Durante o tour ainda vimos, sem descer do ônibus, outras atrações como o Palácio Goyeneche e vários vales, e ficamos sabendo que a cidade é a maior produtora de cebola roxa do país (amo!).

 

A parada final do ônibus é no centro, onde ficamos. Onde ficamos perdidos, quero dizer, já que contrariando uma dica que damos por aqui e para todos com quem viajamos, saímos do hostel sem pegar um cartão ou panfleto de lá. Como havíamos chegado naquela confusão da noite, não nos lembrávamos do endereço do lugar e ninguém conhecia o hostel pelo nome (era novo, lembram?). Pois ali estávamos, perdidos no meio de Arequipa. Mas a guia do ônibus era muito gentil e foi ligando para todos os hostels que tinham enviado clientes até que achou o nosso.

 

Se o ar de arquipa fazia bem pros asmáticos eu não sei, mas que fazia mal para nossas cabecinhas, ah, isso fazia.

 

Informações: fizemos o city tour com a empresa "Tours Class Arequipa". Nosso roteiro foi o "Campiña tours", custou 35 soles (em janeiro de 2012) e durou cerca de 3 horas. A empresa oferece outros roteiros.

 

Read more: http://www.viajesim.com/2012/10/mochilao-peru-city-tour-arequipa.html#ixzz2A3Zzk97D

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jackelinemota , eu nao tinha lido o começo do seu relato, não sei porque, tinha visto só de puno pra frente. hoje fui reler tudo e tenho algumas observações.

 

Adorei a meneira como você passa as coisas, bem real, com emoção, boa escrita, parabéns.

 

Quanto a La Paz, ual, você captou bem a cidade. já estive algumas vezes lá, (ao todo já devo ter passado uns 20 dias lá) e estarei indo de novo agora em dez/2012. amo aquele lugar confuso e harmonico ao mesmo tempo.

 

Corrigindo sua informação sobre o burger king em la paz, há três unidades. uma do lado do subway, descendo a plaza murilo. outro na Av. Mariscal Santa Cruz, próximo ao Angelos Colonial (um restaurante muito bom) e outro no shoping Mega Center, na Zona Sul (área rica da cidade).

 

Eu achei o hotel rosário lindo, mas infelizmente caro, bem caro pros padrões bolivianos e pro meu bolso mochileiro. em julho/2011, quando estive a primeira vez em la paz, conhecemos um casal de brasileiros que ficou lá, muito legal. é realmente uma boa opção pra quem nao estiver com um orçamento apertado. quanto ao restaurante deles, já estava na minha lista pra ir agora em dez.

 

Estive no salar em dez/2011, as chuvas nao atrapalharam nada, podemos conhecer todas as atrações, mas eu cheguei por sucre e fui pra la paz de avião, então nao sei como estava a estrada uyuni - la paz.

 

Aguardo seu relato da ilha do sol, pq eu fui pra lá em dez/2011 com minha então namorada, especialmente para perdi-la em casamento, no alto da ilha. ela nem sonhava com isso então foi uma surpresa total pra ela que fez com que a ilha tivesse significado impar para nós. vamos voltar lá em dez/2012, agora casados, um ano depois, pra comemorar nosso noivado e casamento. uahauhauahua. lugazinho bom pra isso não?

 

bem, nao desanime de escrever o relato, tá ficando muito bom.

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