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60 dias por Paraguay, Bolívia, Chile e Peru - jan/mar-2008


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Arequipa e o Vale do Colca

 

Bueno.

 

Ja estoy em Cusco!!!

 

Pero atrasado ainda estou em Arequipa.

 

Depois de uma boa descansada da subida, ou quase subida do Misti, deixei o sabado para Arequipa, a cidade-branca.

 

Arequipa ja era habitada desde 8000 anos atras. Ela foi oficialmente fundada pelo governante inca Mayta Capac que ali encantou-se com o lugar e disse: "Are quipay!", que quer dizer "fiquemos aqui!". É também conhecida com a cidade-branca, uns dizem que é porque tem muitas casas da cor branca, outros porque a populacao de europeus espanhóis é grande. A fundacao da cidade pelos espanhóis data de 1540.

 

Arequipa parece com Porto Alegre. Me gusto mucho. O pessoal se recente de estar muito longe (ao sul) de Lima e sente "separado" do restante do país. Eles mesmo dizem que moram na República de Arequipa. Pois bem, no sabado pela manha fui dar banda pela República arequipenha. A primeira parada é na Plaza de Armas, onde uma imponente Catedral toma conta da vista, junto com o Misti, que parece vigiar Arequipa.

 

Saindo dali fui ver a Juanita, mas ela nao estava em casa. Ela mora no Museo de Los Santuarios Andinos de La Universidad Santa Marta. Juanita é uma mumia de uma crianca de 12 ou 14 anos encontrada a 12 anos no nevado Ampato. Seu corpo foi encontrado em perfeito estado de conservacao e é a mais bem preservada mumia encontrada no territorio do antigo Império Inca. Por isso mesmo, ela recebe muitos cuidados e 6 meses ao ano ela é retirada da exposicao para descansar, isso que ela é mantida numa camara refrigerada. A guria nao tem um pingo de sossego: quando nao esta exposta aos turistas esta rodeada de cientistas. A visita comeca com um video muito bem feito sobre como foi encontrada Juanita, depois um recorrido onde se mostra ceramicas, tecidos, pecas de ouro e prata ate o grand-finale, que seria a Juanita. Colocaram outra no lugar, mais fajuta. No se puede sacar fotos.

 

Mais tarde fui visitar o enorme Mosteiro de Santa Catalina, fundado em 1579. É uma verdadeira cidadela. Dá pra se perder lá dentro de tao grande. Pra ser ter uma ideia, existem "ruas" lá dentro, a calle Toledo, Córdoba, Navarra, entre outras. O problema é que o Mosteiro peca pela repeticao, pois ha inumeros claustros onde viviam as freiras mas sao todos quase iguais. Durante a época colonial, era uma honra ter uma filha no mosteiro. Uma honra cara, pois o dote era altíssimo. O costume era que a primeira filha casasse, a segunda se tornasse freira e a terceira ficasse cuidando dos pais. Dá pra conhecer os grandes pátios, as salas de rezas e inclusive uma enorma banheira onde duas freiras tomavam banho ao mesmo tempo, olha só.

 

Saindo do Mosteiro, voltei ao hotel. Arequipa é capital gastronomica do Peru. É incrivel a quantidade de restaurantes e cafés no entorno da Plaza de Armas, para todos os gostos e bolsos, de excelente qualidade. Adorei o suco de papaya arequipena. Nao me excedi nas comilancas. Deixei para Lima porque estaria com um guia para me explicar o que estava comendo. Acabei comendo cousas basicas como trucha, lomo, chorizo, pollo, etc.

 

Fui descansar porque ja fazia um tempinho que nao saia pra balada, depois do acidente em La Paz e da tirada do dente em Arica. Fiquei vendo TV e quando foi 23h resolvi dar uma dormidinha pra acordar as 23h45min. Putz, acordei as 3h da manha. Carajo. Perdi o sabado.

 

Pois bem, domingo acordei temprano pois ia ao passeio do Vale do Colca. Saímos de Arequipa em bus e chegamos a um mirador onde se pode ver o Vale do Rio Colca. É muito interessante pois o rio Colca forma um vale fértil rodeado de montanhas por todos os lados. La embaixo, no vale existem pequenos pueblos. O vale do Colca é um paraíso para esportes de aventura, uma pena que nao tinha muito tempo. Se pode fazer treking pelas montanhas, canoagem e rafting no rio Colca, mountain-bike, tudo. Me deu uma baita vontade de pedalar e caminhar uns 5 dias pela regiao, que é um verdadeiro espetaculo.

 

Na ida uma parada na Reserva Nacional de Vicunhas, um santuário criado pelo governo peruano para proteger as vicunhas, a pele mais apreciada e cara do mundo. Para voces terem um ideia, para formar o mesmo diametro de um fio de cabelo humano sao necessarios doze fios de pelo de vicunha.

 

Chegamos a cidadezinha de Chivay onde almocamos. Como ja havia comido a lhama resolvi comer a alpaca agora. Nao tem colesterol, cousa e tal, mas a vaca é insubstituivel para mim. A tarde fomos a praia. Las Caleras, onde a agua sai do fundo da terra a 85 graus e chega às piscinas a muy buenos 35 grados.

 

A noite, fomos a uma peña folclórica, onde rola fiesta com musica peruana ao vivo e aproveitamos para jantar. Dessa vez foi trucha, peixe. Com uns goles de pisco sour a mais acabei dancando cúmbia a noite toda com uma peruana.

 

No outro dia, segunda, fomos conhecer o Canyon do Colca, que deixa o Itaimbezinho no chinelo. Altura: 4000m. Depois de uma caminhada pelo canyon fomos a um mirador onde se pode ver condores. Nao tirei fotos porque eles passam muito rapido. Prefiro ficar olhando normal do que ver atraves de uma telinha. Tem gente que nao tira o olho da camera. Nao sou vaidoso a ponto de colocar em primeiro plano o fato de "mostrar para os outros" do que mostrar para mim. O meu conselho é: venha ver voce mesmo, voce vai adorar e nada, absolutamente nada é melhor do que ver in loco e ao vivo.

 

Na volta passamos pela cidadezinha de Chinchollo, onde almocamos e onde ha uma pitoresca igreja com um altar cravejado de ouro e prata.

 

Bueno, volvemos a Arequipa onde, nao planejado, tive que ficar mais uma noite. Havia um problema com o meu cartao para sacar plata e nao tinha grana pra pagar o hotel e pegar o busao. Tive que ficar mais uma noite para resolver o problema no outro dia. Na terca, depois de varios telefonemas para a agencia do banco no (do) Brasil, resolvemos e pude seguir caminho.

 

Tomei um bus para Nazca (25 soles) bem cedo, la pelas 14h e cheguei nove horas depois. A paisagem é impressionante. Continua a aridez do deserto, so que fomos pela costa. A estrada, como de costume é muito pequena e mete um pavor, ja para fazer as incontaveis curvas o motora nao hesita em invadir a pista contraria. E o trafego é intenso. A estrada serpenteia montanhas com a diferenca que o abismo abaixo é o Oceano Pacífico. Essa aridez é pelo seguinte: a corrente marítima que banha o Peru é fria, ao contrario do Brasil, que é quente. Esse frio evita que haja evaporacao e consequentemente, chuvas, tornando o litoral extremamente arido. Simplesmente nao existem árvores. Só pedra e terra. Somente perto da foz de um rio é que o chao se torna fértil e dae se criam as cidadezinhas. O melhor momento é quando o busao atravessa a ponte sobre o Rio Colca a uns 200m dele desembocar no mar.

 

Cheguei em Nazca era meia-noite. Me hospedei por 40 soles (13 dólares) no Hotel Alegria, muito bom mesmo. Vale a pena. Relacao custo-benefício incrível. Aproveitei e comprei os passeios para o outro dia e fui jantar numa polleria, especializada em frango. Comi broscheta, uma especie de espetinho de frango com tomate e outras coisas que sei la o que é.

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As Linhas de Nazca, Ballestas e Paracas

 

A quarta-feira estava reservada para o sobrevoo para ver as enigmáticas Linhas de Nazca.

 

As Linhas de Nazca formam estranhos desenhos geométricos e figuras estilizadas de animais, como o macaco, baleia e aranha. O incrivel é que elas somente sao vistas do alto, nao se pode ver do solo. Para que os nazcas, uma cultura que viveu entre os anos 300A.C e 400D.C. as fizeram entao?

 

Pois, cada um, cada um. Pode se pensar o que quiser pois ate hoje ninguem sabe ao certo o motivo de se fazer esses desenhos no solo. Os mais esotéricos dizem que seria para se comunicar com os extra-terrestres. Ja escreveram muitos livros sobre isso. O certo é que as figuras representavam os deuses nazcas, que eram animais. Duas coisas bem estranhas: primeiro, a figura de um macaco. Ora, sabe-se muito bem que macacos só existem na selva. Entao, de donde diabos eles tiraram um macaco entao? Dizem os experts que a resposta para isso indica que os nazcas foram os primeiros turistas que se tem noticia, viajando por muitos quilometros ate a selva. Lá viram o macaco e entao o desenharam em Nazca. O segundo, mais interessante e perturbador é o desenho de um "astronauta", uma figura humanoide com grandes olhos.... é a deixa para se acreditar em visitas marcianas na regiao. Afinal, como diria Carl Sagan, eram os deuses astronautas?

 

Uma grande estudiosa das famosas linhas foi a alema Maria Reiche. Reiche acreditava que as linhas formavam um calendario astronomico dedicado a agronomia. Ela diz tambem que o famoso astronauta é na verdade um xama, e que os olhos grandes seriam porque ele tomado um alucinogeno em algum ritual.

 

Depois do sobrevoo (40 dolares) por 40 minutos, comprei o passeio ao Cemitério de Chauchilla. Como o passeio comeca as 10h30 e tinha uma hora ainda, fui visitar o Museu Antonini, que conta a historia da civilizacao Nazca.

 

O povo Nazca descende de um povo mais ao norte, os Paracas, que viveram antes e trabalhavam tecidos. Os Nazca trabalhavam a ceramica. Eles sao mais conhecidos no meio arqueológico pela ceramica do que propriamente pelas linhas. E realmente é impressionante a riqueza de detalhes e a formosura da ceramica Nazca. Eles trabalhavam em 12 cores diferentes, todas retiradas de rochas minerais. Essa cores se transformavam em mais de 200 matizes distintas.

 

O Cemitério de Chauchilla é um dos maiores das culturas pré-colombianas. Infelizmente, a partir de 1900 as tumbas (huacas) foram quase todas saqueadas pelos huaqueros em busca de tecidos e ouro. Hoje se busca preservar o que resta. De tanta destruicao voce acaba caminhando por cima de ossos humanos no chao. Algumas tumbas foram recriadas para mostrar como eram antes. O morto era enterrado em posicao fetal e com oferendas como alimentos, ja que se acreditava na vida apos a morte e o defunto poderia sentir fome na outra vida...

 

O que vou contar agora nao se faz, de maneira alguma. Queria roubar um cranio. Para botar na sala como decoracao. Só que ia dar muito na vista. Acabei levantando um femur. Ah, tava tudo no chao atirado. Dai nao me deixaram levar. Virei huaqueiro. So podia carregar o que cabia no bolso dae peguei um pedaco de osso humano de 2000 anos, escondi bem e me fui. Que coisa feia. Isso nao se faz.

 

Voltei para Nazca. Ia fazer a maratona ate Paracas. Peguei minha equipaje e fui para Pisco. Tomei o bus das 13h30 ate Ica, distante 2h e a cidade mais grande da regiao. Em Ica, peguei outro bus às 15h45 para Pisco. Na verdade, ate Cruce de Pisco, porque Pisco esta a 7km da estrada principal. Pois bem, cheguei ate a tal Cruce de Pisco e tomei um taxi coletivo (1 sol) ate o centro de Pisco.

 

Vou contar sobre Pisco. Há uma data que ninguem esquece que nao vao esquecer tao cedo na cidade: o 15 de agosto de 2007. Um terremoto de 8 graus na escala Ritcher teve seu epicentro na cidade. Foi sentido em Lima e nos arredores. 500 mortos em Pisco. No litoral barcos foram encontrados até 3km adentro em terra.

 

Bem, nunca vi uma cidade bombardeada mas acho que o que vi em Pisco se parece muito. O Iraque e o Afeganistao estao aqui. Ja se passaram muitos meses do terremoto mas a cidade ainda esta completamente destruida. Muitas pessoas vivem em casinhas de lona e madeira doadas por varios paises. Dá pra ser ler "do Gobierno de la Republica da Turquia para el pueblo de Pisco", assim como outros. Muito ja foi reconstruido pero se puede ver espacos com piso e nada em cima, ou seja, havia uma casa ali. Esses espacos estao em todas as quadras da cidade.

 

Em Pisco peguei outro coletivo (1.50 soles) ate Paracas, onde ia passar a noite. No caminho podemos ver o Peru industrial, com varias e enormes fabricas de processamento e beneficiamento de pescado. Cheguei em Paracas e comprei os passeios para o dia seguinte, Ilhas Ballestas e Reserva Nacional de Paracas por 50 soles.

 

No outro dia, quinta, fui conhecer as Ilhas Ballestas. Bem, ja havia planejado essa viagem a muito tempo e sempre tenho uma ideia do que vou ver e conhecer. As Ilhas Ballestas foram a coisa mais surpreendente que vi ate agora em toda a viagem.

 

Ela é chamada a Galápagos do Peru. Trata-se se uma formacao rochosa muito bonita que so isso ja vale o passeio. As Ballestas sao como um ponto de encontro de aves migratorias de todo o mundo, desde o Alasca ate a Antartida, a bicharada se encontra ali para comer e procriar. Sao 215 especies de aves: albatrozes, pelicanos, pinguins. Tambem nas Ballestas vivem lobos e leos-marinhos e focas. Marco é muito especial pois é quando nascem os bichinhos. Da pra ser ver as pequenas focas na ilha. O barulho é ensurdecedor pois eles ficam o tempo todo gritando.

 

No caminho para as ilhas passamos por mais um desenho nazca de 2000 anos: o candelabro. Ele aponta para exatamente onde estao as linhas, distantes 200km dali. Tambem da pra ver os golfinhos, que parece fazer pose para as fotos e baleias.

 

As ilhas estao cobertas por uma substancia branca, o guano, que nada mais é do que coco de ave. Só que o guano é o mais potente fertilizante natural do mundo. Os incas usavam o guando das ballestas nos seus terracos de cultivo. Para os incas, as aves das Ballestas eram tao importante que quem matasse uma era condenado a morte. O guando é um dos principais produtos de exportacao do Peru atual. Duas vezes ao ano, o material é recolhido, processado e vendido a preco bem caro.

 

Uma das coisas mais interessantes para ver sao as aves pescando. Forma-se um grupo de umas dez. Uma delas voa rasante ao mar procurando cardumes. Quando ela toma velocidade as que estao bem acima descem com tudo, em alta velocidade, como kamikazes e entra na agua para pescar. Impressionante.

 

O excesso de naturaleza nas Ballestas é explicado pelo seguinte: ali, as aguas nao sao tao frias, o que faz com a profusao de algas seja intensa, o que é um banquete para os peixes. Naturalmente aparecem as baleias e aves para comer os peixes. Com tanta ave aparecem as focas e leos-marinhos para comer as aves. Com tanta ave, a caganca é grande e aparece o homem para recolher o coco e usar como fertilizante. E aparecem os turistas para ver tudo isso e ficar de boca aberta.

 

A segunda parte do passeio foi a Reserva Nacional de Paracas onde pudemos ver uma estranha formacao rochosa chamada La Catedra. O problema é que o terremoto de agosto passado nao poupou nada, nem a natureza e fez parte da "Catedral" ruir. Salimos dali e fomos a Baía de Paracas, onde se pode tomar banho na praia, apreciar a linda paisagem e almocar. Fui comer o Ceviche, que ja haviam dito pra comer antes. Trata-se de peixe cru, escolhi o linguado, com bastante suco de limao. É bom o ceviche, principalmente se voce nao pensar que o bicho ta cru.

 

Bueno. Voltamos para o centro de Paracas, onde peguei minha mochila e refiz a maratona do dia anterior: coletivo para Pisco, coletivo pra Cruce de Pisco e dae busao para Lima, onde la pelas 21h cheguei. Liguei para o amigo Gerald, meu anfitriao na cidade e fui para o ape dele. O fim-de-semana seria limeño.

 

Os Incas

 

Capítulo 2: O Declinio do Império Sul-americano

 

Parte 1: Chegam os Espanhóis

 

Se é assombrosa a rapidez com a nacao inca se formou e dominou os povos vizinhos, é ainda mais espantoso um império desse porte ter desmoronado com a chegada de tres navios que traziam 180 espanhois e 37 cavalos. Isso ocorreu em 1932, quando Atahualpa ja derrotara o irmao Huascar.

 

Francisco Pizarro é o nome da fera. Filho de uma camponesa, engajou-se no Exército espanhol e logo ascendeu de posto, sendo enviando a colonia espanhola do Panamá. Nessa época, o Mar del Sur, na costa peruana, ja fora navegado, porem os espanhois nao viram nada que chamasse a atencao.

 

Por uma dessas coincidencias da História, Pizarro desembarcou no Peru num momento muito particular. A disputa entre os irmaos desencadeou uma violenta guerra civil, desarticulando o império. Muitas das provincias conquistadas nao estavam aculturadas, era um imperio jovem, ja que fazia apenas 100 anos do inicio de sua expansao. Outras simplesmente odiavam os incas colonizadores e encaravam os espanhois como salvadores, sendo facilmente engajadasa por Pizarro que formou um exercito com indios anaconas (homens de tribos vencidas, que haviam sido dominados pelos incas) e indios das colonias do Caribe.

 

Atahualpa ja sabia que estranhos homens barbudos e brancos vinham rondando a costa de seu reino há muito tempo e que haviam desembarcando no norte do território. Porem, por ter sido informado que eram poucos e por estar ocupado com a guerra civil, nao deu atencao ao assunto: quando fosse o momento, cuidaria dos estrangeiros. Esse foi o primeiro dos seus erros.

 

Os espanhois estava passando por maus bocados: fome, doencas tropicais, insetos, ataques de indios. Num dos momentos mais dificeis, Pizarro teve que se abrigar numa ilha com apenas 13 homens enquanto Diego de Almagro, seu sócio na empreitada, voltava ao Panama para buscar reforcos. A situacao comecou a melhorar quando foram bem recebidos pelos imdios de Tumbez. Foi aí tambem que viram pela primeira vez a cor do ouro.

 

Procurando a colaboracao dos indios, Pizarro prometeu que nao os atacaria, tratando os indios como "criancas" e nao demonstrando interesse pelo ouro. Essa estrategia deu resultado pois os indios se referiam aos espanhois - e espalharam a noticia - como bons homens que nao matavam nem roubavam, nem faziam mal a ninguem. As armas de fogo e os cavalos impressionavam os indios que achavam que os espanhois eram divinos. Mas os indios logos perceberiam com quem estavam lidando.

 

Um dos maiores problemas de Almagro e Pizarro é que nao sabiam para onde ir. Aos poucos foram seguindo para o sul, encontrando cada vez mais ouro. A medida que o metal aparecia, Almagro recrutava mais homens, soldados e cavalos. Ele voltou para a Espanha e consegui o apoio real para a conquista e o cargo de Governador Geral das novas terras. Pizarro claro, nao gostou nada nada e as desavencas entre eles comecavam aqui.

 

Com o apoio da Coroa Espanhola, sairam do Panama 180 homens, desta vez para uma expedicao nada amigavel, fazendo com os indios passassem a ver os brancos barbudos como gente cruel, que andavam pelas terras matando saqueando seus enfeites de ouro e prata e violentando suas mulheres. Homens eram escravizados e servindo como interpretes a medida que iam aprendendo o castelhano. Mulheres eram levadas para servir fazendo comida e sendo comidas. Assim, na marcha que culminaria em Cusco, as tropas de Pizarro foram espalhando seus genes e a sífilis. O contato com os espanhois - que ja vinha de alguns anos atras - provocou epidemia de variola e outras doencas que os indios nao tinham resistencia. Pizarro entrou pelo norte, onde ja havia estado antes e encontrou aldeias inteiras dizimadas pelas doencas. Nem era necessario lutar. Os que haviam sobrevivido estavam tao doentes que eram presas faceis. Podemos dizer que foi um dos primeiros casos de guerra biologica do mundo.

 

Segundo os historiadores, o que derrotou os indios foi o medo do desconhecido. Das armas de fogo e principalmente, dos cavalos, animal que nunca haviam visto antes. Eles imaginavam que esses equinos comiam carne humana. No inicio da marcha, quando um cavalo morreu, Pizarro mandou enterrar para que os indios nao percebessem que eram mortais. Quando os conquistadores investiam a cavalo, os indios saiam correndo, apesar de mais numerosos, sendo facilmente abatidos. O terreno (arido e sem arvores) facilitava o deslocamento rapido e o uso do cavalo e dificultava para os indios a tocaia. Em campo aberto, os incas nao tinham a menor chance. Seus porretes de bronze, que funcionavam tao bem com outras tribos nao eram páreo para as espadas de ferro dos espanhois.

 

A diferenca numerica era tao grande que os conquistadores poderiam ser facilmente abatidos com uma saraivada de flechas, mas os nativos estavam desorientados sobre o que fazer, pois nao houve uma ordem expressa de Atahualpa para que enfrentasse os invasores. A maior parte do Exercito Inca estava preparado para a guerra civil, longe do norte. Assim, alguns tentavam resistir mas, a menor arremetida dos cavalos saiam correndo, outros abandonavam as aldeias e fugiam ao menor sinal de proximidade do bando.

 

Pizarro, com isso, foi tomado por um excesso de confianca. Ao inves de voltar, para recrutar mais soldados, foi seguindo em frente. Ousado demais. Nao sabia onde ia chegar, mas seguia em frente. Mas a maior ousadia ainda estava por vir.

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Lima, a Cidade dos Reis

 

Lima é uma metrópole com mais de 9 milhoes de pessoas. Como qualquer grande cidade brasileira tem de um lado favelas, um centro antigo decadente e "ilhas" de riqueza com lojas sofisticadas, residencias elegantes e restaurantes finos.

 

Lima foi fundada em 1535 ja com a intencao de se tornar a capital do Vice-Reinado do Peru. Em 1610 contava com 26 mil habitantes. No seculo 19, a populacao ja se expandira bastante, mas a partir de 1930 é que aconteceu o boom, saltando de 300 mil para 3,5 milhoes em 1970.

 

A cidade tem esse nome por causa do Rio Rímac, que corta a cidade. Quando os espanhois chegaram nao entenderam a palavra "rímac". Entenderam "lima" e assim ficou o nome da cidade. Rímac é uma palavra quechua que quer dizer "sons da agua" porque ha muitas pedras no rio. Alias, uma palavra quechua que foi aportuguesada é "cancha" que quer dizer sítio, lugar. Hoje usamos cancha para designar um lugar para prática de esportes.

 

Cheguei em Lima quinta de noite na casa do Gerald e fomos jantar. Comemos anticucho, coracao de boi, muito bom, regado a chicha morada, um refresco a base de maiz, um parente do milho.

 

Na sexta, fui dar uma banda no centro de Lima. Desci na Plaza San Martin e segui ate o calcadao, onde se encontra a Igreja de Nossa Senhora de La Merced, com uma fachada ricamente trabalhada. Aproveitei e almocei numa polleria, estabelecimentos especializados em frango. Saindo dali passeando pelas ruas cheguei ate ao Santuario de Rosa de Lima, onde estao depositos os restos mortais de tres dos cinco santos peruanos.

 

Fui conhecer o Museu dos Herois de Arica, dedicado aos soldados peruanos que tombaram na batalha de Arica, na Guerra do Pacífico, em 1879, contra o Chile. O maior herói peruano se chama Cel. Francisco Bolognesi. Nao ha uma cidade aqui que nao tenha uma rua ou praca com esse nome. Inclusive tem ate um time de futebol. Bolognesi era encarregado de defender Arica, entao peruana, hoje chilena. Acossado pelas tropas chilenas, recebeu uma oferta de rendicao. Respondeu:" Nao é do meu feitio me render. Luto para vencer ou morrer. A minha unica e irrevogavel resposta é: queimaremos ate o ultimo cartucho". Queimaram, mas nao deu. O Chile chegou a ocupar ate Lima, e venceu a guerra.

 

Um pouco mais ao norte caminhando duas quadras cheguei ao Rio Rímac, que corta bem o centro da cidade. Seguindo pela beirada do rio (que nada mais é do que um córrego chinfrim), cheguei a Plaza Mayor, antiga Plaza de Armas. A Plaza é rodeada de belos casarios coloniais de cor amarela com marrom, alem da Catedral e do Palacio de Gobierno.

 

O Palacio de Gobierno é a sede do poder peruano, onde mora o presidente Alan Garcia. Em virtude da crise da Colombia com o Equador o palacio esta fechado, nao se pode fazer visita. Resolvi tirar sarro dos soldados que fazem a guarda do palacio. Chegava para eles e dizia que queria entrar para falar com Hugo Chavez! As vezes riam, as vezes me olhavam serio. Me diverti bastante. Podia ser preso, mas foi divertido. Sobre o Palácio, ele foi edificado, pela primeira vez, em 1536 sobre o palacio do rei local. Pizarro chegou para o cacique e disse "com licenca porque agora eu vou ficar por aqui". O cacique, claro, nao gostou, mas simplesmente se mudou de lugar.

 

A Catedral em frente a praca é feita de madeira! A primeira construcao data de 1540, mas foi destruida logo depois por um terremoto, novamente construida ate 1746, quando um terremoto de 9 graus destruiu 90% da cidade e matou 70% da populacao. Na Catedral ha um quadro dessa epoca de um prefeito (que fora mandado da Espanha, ja que o que havia ali tinha morrido) com um plano da cidade numa das maos e ao fundo a catedral em obras. A partir de 1746 os pilares foram construidos de madeira para evitar que desmoronem por terremotos. E pior que funciona.

 

Na Catedral, repousam os restos de Francisco Pizarro, descobertos por acaso em 1985 em uma obra de restauracao atras dos restos de um arcebispo. Pizarro morreu assassinado. Ele havia brigado com seu socio, Diego de Almagro. A proposito a cidade de La Paz, hoje capital da Bolivia, foi fundada para celebrar a uniao entre os dois. Uniao que nao durou muito. Pouco depois, Pizarro assassinou Almagro e depois foi morto por partidarios almagristas.

 

Saindo dali fui conhecer a Igreja de San Francisco. A atracao maior, para mim, sao as catacumbas onde repousam mais de 80 mil pessoas. Antigamente nao existia cemiterio e o pessoal era enterrado no subsolo das igrejas. A partir do seculo 20, para evitar a proliferacao de doencas e o mau-cheiro construiram o cemiterio. É impressionante a quantidade de ossos espalhados. Ha um poco com 12m de profundidade cheinho de ossos.

 

Ao norte da Igreja San Francisco fui passear pela Praca da Muralha, onde foram escavadas as antigas muralhas da cidade de Lima, que funcionaram por 200 anos. O motivo da construcao das muralhas foi o seguinte: em toda a conquista do Imperio Inca, morreram 500 espanhois. Em Lima, para defender a cidade, mais de mil. Isso porque quando os espanhois chegaram ja haviam morando ali 6 mil pessoas. Alem disso, quando os Incas, em 1550 tentaram expulsar os espanhois, escolheram Lima para o ataque, ja que era a capital do Vice-Reinado.

 

Bueno. Á noite, o Gerald em levou no bairro Barranco, reduto da boemia e de intelectuais limenhos. Entramos em varias boatezinhas de salsa e ficamo dando banda por la. Dai o Gerald foi buscar a namorada dele e foi pra casa. Antes disso me deixou na frente da boate Você, o point da hora em Lima. Entrei e fui conhecer Você. Toca so musica latina, techno-salsa, cumbia e principalmente a musica do momento: o reggaeton, uma especie de funk com ritmo, que inclusive chegou no Brasil faz uns anos. "Da-me mas gasolina". Agora lembraram.

 

Voltei pro ape ja quase de manha. Acordei tarde no sabado, fui para o centro e fiz um passeio de duas horas pelo Bairro Rímac, do outro lado do rio, hoje decadente mas que ja foi tradicional em Lima. Subimos ate o Cerro San Cristobal, onde se tem uma visao 360 graus de toda a Lima.

 

Dei uma passada no Museu de La Inquisicion. Pois é, houve Inquisicao no Peru. Incrivel. No museu da pra ver os metodos de tortura que usavam no pessoal. Ao lado do Museu, comeca o Bairro Chino, formado pelos imigrantes orientais que sao quase 2 milhoes em Lima. Nao e a toa que o ex-presidente do Peru foi o Alberto Fujimori.

 

A tarde, me encontrei com a Carolina, a menina que conheci no Voce e fomos passear por Miraflores, o bairro rico de Lima. Realmente, nao perde em nada para qualquer cidade brasileira. Depois de uma pequena cena, voltei para o ape do Geralde e sai de noite na Calle de las Pizzas, onde tem varias boatezinhas nos dois lados, mas mais moderninhas que em Barranco. Voltei quase de manha pra casa de novo.

 

No outro dia, peguei minhas roupas que havia deixado para lavar e fui para o aeroporto. Resolvi pegar um voo de Lima a Cuzco. O busao demora 18h entao nao era. Cheguei em Cuzco no domingo era umas 15h.

 

A capital imperial seria novamente conquistada.

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O Umbigo do Mundo

 

Napaykullayki! (Hola! em quechua)

 

Estou em Cusco, a capital imperial. Cusco, em quechua, quer dizer "umbigo do mundo". Os incas acreditavam que a cidade era o centro do planeta.

 

Bueno. Chegando domingo fui logo procurando um lugar para me quedar. Achei um quase ao lado da praça principal por 20 soles, o Fenix. Deixei minha equipaje e fui explorar a capital dos incas.

 

Cusco é uma cidade de arquitetura colonial que conserva vestígios de construçoes incas aproveitadas pelos espanhóis para construir suas igrejas e palácios. Pode-se ver por toda a parte cosntruçoes com a base em pedra dos tempos dos incas e a parte superior colonial. Os espanhois destruiram quase tudo. A cidade conta com cerca de 270 mil habitantes. O que tem de gringo aqui nao é brincadeira. A estrutura turistica é excelente: restaurantes, hoteis, agencias de viagens, casas noturnas, para todos os gostos e bolsos.

 

Tudo em Cusco gira em torno da Praça de Armas, como em quase todas as cidades peruanas. A praça é rodeada de restaurantes e lojas para turistas. De um lado esta a catedral, construida sobre o antigo palácio do Inca Viracocha. A construçao tem tres naves imensas e como é de costume, no se puede sacar fotos da parte interna.

 

Saindo da catedral, logo ao lado, na outra esquina esta a Igreja de La Compania, erguida pelos jesuitas em 1576, no local onde ficava o palácio Amarucancha de Huayna Capac. Lá da parte de cima da igreja da pra se ter uma visao bem legal da Plaza de Armas.

 

Saindo de la, tratei de jantar e voltar pro hotel. Aproveitei para comprar os passeios em Cusco. No dia seguinte foi reservado para conhecer o Vale Sagrado dos Incas, passeio de bus pelos vales a cerca de Cusco, por soles.

 

O Vale Sagrado é o vale formado pela passagem do Rio Urubamba. Lá se espalham cidadezinhas pitorescas e diversas ruínas de templos e fortalezas construídas pelos incas. A paisagem é espetacular. A primeira coisa a fazer é comprar o Boleto Turístico, um papel que por 70 soles te dá direito de entrar em quase todos os museus e ruínas de Cusco e o Vale Sagrado.

 

A primeira parada do passeio foi Pisac, a 33 km de Cusco. Lá se encontra as ruínas de Intihuatana, um templo inca dedicado ao ao sol. Uma subida forte pela encosta da montanha e logo se chega ao lugar. De lá se pode ver as terraças de cultivo incaicas esculpidas na montanha.

 

A segunda parada é na cidade de Urubamba, onde almocamos e seguimos para Ollantaytambo. A cidade foi uma das bases de resistencia de Manco Capac contra os espanhóis. Lá existem uma fortaleza, um centro religioso e uma área de habitacao, planejada na forma de uma espiga de milho. Porem, o complexo nao fora totalmente terminado, a prova disso é que na base existem muitos blocos de pedras, talvez prontas para serem utilizadas.

 

Saindo de Ollantaytambo e voltando para Cusco, passamos pela localidade de Chincheiro, onde há um colorido e autentico mercado de souvenirs peruanos. A pequena igreja também é bem interessante, construida em adobe.

 

Na terça... Bem. Ja andamos de carro, taxi, bicicleta, 4 x4, aviao, barco, moto. Trem ja esta marcado na volta de Machu-Pichu, entao, terca, aluguei um cavalo. Aluguei um cavalo e fui dar uma banda.

 

Nos arredores de Cusco existem várias atracoes. Uma delas é Sacsayhuaman, uma construcao enorme dedicada exclusivamente ao culto do deus-sol. A "fortaleza", estima-se, foi construida com a participacao de 20 ou 30 mil pessoas. Blocos de pedra de ate 350 toneladas se encaixam com total precisao, tanto que resistiram a vários terremotos. Os muros, tem quase 300m de comprimento e alcancam 9m. Como quase todas as outras construcoes incaicas, foi destruida pelos espanhois, que aproveitaram as pedras para construir suas proprias edificacoes. Cusco tem a forma de um puma. Sacsayhuaman seria a cabeca desse puma, situada no alto de uma montanha. Só se tem acesso ao complexo por um lado, por isso que se pensou, inicialmente, que seria uma fortaleza militar. Pizarro, percebendo a importancia estratégica de sua localizacao, instalou ali seu quartel-general quando tomou Cusco.

 

Cavalgando pelo norte, cheguei a Tambomachay, que em quechua significa "lugar de descanso". Provavelmente o lugar foi um local de repouso para os imperadores incas, ou seja, um spa para a nobreza incaica. O conjunto é composto por pedras talhadas pelas quais flui água em vários pontos. Um sistema de aquedutos subterraneos traz a água de uma fonte na montanha próxima.

 

Voltando em direcao a Cusco cheguei a Puca Pucara, uma pequena fortaleza militar incaica na enconsta de uma montanha. Devia terminar o passeio em Qenqo, um oratorio dedicado ao deus da guerra, porem, a galope, fui logo entrar o cavalo para o arrieiro pois as 17h comecava Cienciano X Cel. Bolognesi pela Taca Libertadores, grupo do Flamengo.

 

Me toquei pro Estádio Inca Garcilaso de la Vega. Comprei a quase popular, onde fica a hinchada do Cienciano. Devidamente fantasiado de torcedor, acompanhei o jogo junto da Camisa 12 deles. Já que o Cienciano é vermelho e branco, levei junto minha bandeirona do Colorado. "Yo soy de Cusco, soy de Peru, soy Cienciano, de corazón". E assim por diante. O jogo tava muito morno, o Bolognesi, que é de Tacna, também do Peru, só se retrancava. O ciano pressionava, mas sem objetividade. Lá pelos 30 do segundo saiu o gol da equipe da casa. O Bolognesi, a partir daí, foi pra cima e chegou a botar uma bola no travessao. Mas terminou mesmo 1 a 0 pro Cenciano. Deu pé quente. O Cienciano agora é líder do grupo junto com o Nacional de Montevideo com 6 pontos. .

 

Saí do estádio e fui comprar umas coisas pro dia seguinte. Ia comecar, na quarta, a peregrinacao até Machu-Pichu pela trilha inca, caminhando 35 km pelas montanhas do Peru. Apesar disso, dei uma escapada em Cusco na night. Cusco é o bicho.

 

Os Incas

 

Parte 2: O Declínio do Império Sul-Americano

 

Capítulo 2: A captura e morte de Atahualpa

 

Pizarro enviou um embaixador a Cusco pedindo um encontro com Atahualpa, na cidade de Cajamarca, ao norte do atual Peru. Este, dirigiu-se amavelmente ao Inka, mas fez, propositadamente, seu cavalo empinar, que relichou quase na cara do inca. A demonstracao de forca teve impacto na populacao: muitos suditos, apavorados, deram no pé. Quando o espanhol foi embora, Atahualpa, furioso, disse que o cavalo era apenas um anima, como a lhama, só que maior e menos dócil. Acrescentou que aqueles que fugiram eram covardes e o tinha envergonhado na frente do embaixador estrangeiro e como castigo, mandou matá-los.

 

Aí começa um jogo de gato e rato que termina ruim para os incas. Atahualpa, que pretendia atrair os espanhois para uma cilada, mandou avisar que compareceria no encontro, mas que seus indios tinham medo dos cavalos e queria, portanto, que os animais estivessem presos. Sua intençao era, neutralizando o poder atemorizante dos animais, mandar seus guerreiros atacar os brancos, dominando-os.

 

O tiro saiu pela culatra: era tudo o que os espanhóis precisvam, porque puderam enfiar seus cavalos nas casas em volta da praça, aparentemente atendendo ao pedido de Atahualpa, quando, na verdade, armavam uma cilada. O mais curioso é que Atahualpa sabia onde estavam os espanhóis, pois havia enviado um espiao que voltou com a noticia de que os brancos, apavorados, tinham se escondido nas casas e que só Pizarro e alguns estavam na praça esperando pelo Inka. Santa inocencia.

 

Pouco antes de anoitecer Atahualpa cheou à praça com uma grande comitiva. Tinha atras de si um grande exército, mas nao havia espaco na praça para tanta gente e só um número limitado de guerreiros pode acompanha-lo. Pizarro propos que se convertesse ao cristianismo e aceitasse a autoridade de Carlos V, rei da Espanha e entregou uma Bíblia a Atahualpa. O Inka simplesmente nao conseguiu acreditar que meia dúzia de gatos pingados tivessem a ousadia de lhe propor tal coisa e atirou a Biblia ao chao.

 

Isso foi o estopim para que os espanhois saissem de dentro das casas e atacasse a guarda pessoal de Atahualpa. Porem, independente do episódio da Bíblia, o ataque ja estava planejado. Os espanhois, numa jogada ousada e de pura sorte, conseguiram aprisionar Atahulapa. Assustados com aquela arma que matava a distancia com um estampido semelhante ao trovao, os cavalos e com seu lider nas maos dos espanhois, os guerreiros incas entraram em panico e, aterrorizados, tentaram sair todos ao mesmo tempo da praca, pisoteando-se. Os que ficaram para tras foram presa facil para os espanhóis.

 

Mesmo assim, a quantidade de incas era imensamente superior. Passado o susto inicial, e reagrupando-se para a batalha, os guerreiros ficaram de maos atadas: seu lider era um refem nas maos dos espanhois e nao puderam fazer nada. Na escaramuça que durou menos de uma hora foi decidido o destino do Império Inca e a história da América e Europa restaria vinculado, por séculos, a essa conquista.

 

Feito prisioneiro, Atahualpa nao foi maltratado e mantido com regalias. Em troca, Pizarro exigiu que o seu povo nao hostilizasse os estrangeiros. Temendo um acordo de Pizarro com seu irmao, Huascar, preso em Cusco, Atahualpa conseguiu mandar mensageiros ordenando que matassem Huascar. Agora, ele, Atahualpa era o último inca capaz de manter o controlo sobre seu povo.

 

Isso feito, Atahualpa negociou com os espanhois sua libertacao: um quarto cheio de ouro e prata. Os incas trataram de recolher todo o ouro possível para libertar seu comandante. Enquanto isso, Pizarro, querendo ganhar tempo, foi recrutando outros indios que eram rivais dos incas, os povos que foram submetidos por eles. Além disso, outros espanhois foram chegando.

 

Os incas entao entregaram o resgate pedido pelos espanhois. Mesmo assim, Atahualpa foi morto, depois de um simulacro de julgamento em que foi acusado de mandar matar seu irmao e de nao aceitar a fé crista.

 

Os espanhois, apoiados pelos povos que tinham sido submetidos pelo imperio incaico entraram em Cusco em novembro de 1533. O que se seguiu foi uma pilhagem sem precedentes na História. Milhares de estatuetas de ouro, representando divindades foram saqueadas, tendo-se como desculpa o fato de nao serem cristas.

 

Pizarro, astuto, sabendo que ainda nao era capaz de controlar o enorme império incaico, nomeou imperador Manco Capac, irmao de Huascar, um fantoche nas suas maos, enquanto esperava a chegada de mais reforcos da Espanha. Embora durante algum tempo tanha existido uma certa resistencia, comandada pelo proprio Capac, o império acabara.

 

Com todo aquele ouro rolando solto, comecaram as intrigas: amigos de Almagro adivertiam-no a tomar cuidado com Pizarro, seu sócio. Pizarro era aconselhado a se livrar de Almagro. A divisao entre os dois foi inevitavel e uma guerra entre os dois terminou com a morte de Almagro, enforcado, sob a acusaçao de traiçao, em 1538. Tres anos depois, o proprio Pizarro morreria assassinado pelo filho de Almagro.

 

Se Atahualpa soubesse que os espanhois eram muito mais perigosos que seu irmao. Se soubesse que, para dete-los, bastaria apenas uma centena de arqueiros. Se soubesse que estava enfiando uma cabeça na jaula de um leao aceitando se encontrar com Pizarro. Se o imperio nao estivesse em guerra civil quando Pizarro desembarcou. Se algo tivesse dado errado na ousadia de Pizarro na praça em Cajamarca. Se Atahualpa tivesse escapado do cativeiro. Talvez a história dos últimos 500 anos tivesse sido muito diferente. Mas seriam "se" demais.

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El Camino Inca Hasta Machu-Picchu

 

A cereja do bolo. No final, Machu-Pichu.

 

Saímos de Cusco às 6h da manha de quarta-feira. No início, uma viagem de ônibus até Ollantaytambo, onde no km 82 da estrada-de-ferro Cusco-Aguas Calientes desembarcariamos para a longa peregrinaçao a pé até a cidade perdida de Machu-Pichu, simplesmente o principal destino turístico da América Latina.

 

Chegando no ponto de partida, tomamos um pequeno desayuno, ja que saímos muy temprano de Cusco e nao haviamos comida nada. Após uma pequena apresentacao do grupo (8 viajeros e 8 ajudantes) iniciamos a viagem, isso ja era meio-dia. No meu grupo, dois alemaes, dois canadenses e tres espanhóis. Cinco minutos de caminhada e ja temos que parar no primeiro posto de controle do Camino Inca. O governo peruano limitou o número máximo de viajantes em 500 por dia, contando tudo, turista, guias e portadores. O posto fica bem numa ponte, sendo impossível passar por ela sem que se passe pelo posto, ou seja, quem quer ir por conta, tem que descobrir com atravessar o Rio Urubamba.

 

O inicio da caminhada é facil. Terreno plano. Umas 2 horas até a primeira parada, onde almocamos. O mais incrivel sao os portadores. Eles carregam 4 vezes mais peso que os turistas e chegam bem antes. Eles armam as barracas, a cozinha, deixam tudo pronto. Dai saimos. Eles desarmam tudo e quando chegamos a proxima parada lá estao eles de novo, com tudo pronto esperando pela gente.

 

Depois do almoco mais caminhada. Aí veio a primeira subidona, uns 45 min de subida. Chegando no alto passamos pelo sítio arqueológico de Willkarakay, que vemos la no fundo do vale. Lá em cima, a agua ja custa 3 soles, e segundo me disseram, quanto mais longe da civilizacao mais inflacao. No proximo ponto ja estava 4 soles.

 

Chegamos ao primeiro acampamento, onde jantamos e, sem nada pra fazer, tentamos dormir. Aí deu problema pra mim. Como durmo de bruços e o colchonete era pequeno, nao consegui dormir nada pois os joelhos doiam muito. E o pessoal tambem nao dormiu direito por causa do frio.

 

No outro dia, acordamos, quer dizer, levantamos às 5h para comecar o segundo dia, o mais terrivel de todos. Estavamos a mais ou menos 2800m de altitude e comecamos a caminhada. Terrivel. Subida e baixada. Subida e baixada. Subiiiiiiiiiiiida e Baixaaaaaaaaaaada. Até o ponto mais duro de todos. A subida de uma hora e meia ate o primeiro passo, o monte Abra Warmiwanuska, a 4200m. Voce esta la embaixo e da um desanimo geral saber que tem que subir tudo aquilo. Quando se chega la em cima o frio é intenso. Voce esta muito cansado mas logo o suor da roupa comeca a gelar e fica pior ainda. O negocio é ficar sempre caminhando.

 

Depois da longa subida, uma longa baixada. Quase uma hora descendo. E aí o camino inca se torna muito perigoso, pois as pedras resvalam e as escadas tem os degraus muito grandes. mas enfim, chegamos ao ponto final, depois de sete horas de subida e descida. Lá acampamos e, muito cansado, consegui dormir uma hora, afinal.

 

No terceiro dia, sexta, acordamos as 5h30min. Seria o dia mais longo, com 7 horas de caminhada, perfazendo 16 kilometros. Logo no inicio uma super subida de 1h. Quando digo subida, é subida mesmo, em degraus, o que fica pior ainda. Lá no topo, as ruinas de Runkuraqay, que seria um posto de passagem inca. Atingimos o segundo passo, a 3780m. Os incas fizeram varios deles, a cada 10km, como se fosse um hotel para os caminhantes ate Machu-Pichu descansarem.

 

Seguindo adiante, comecamos a baixar mais e a paisagem vai mudando, ficando mais verde. E veio a chuva. Antes havia chovido tambem, mas so uma garoa. O forte era a noite, para sorte nossa. Mas dae comecou a chuva de dia, o que atrapalhava ainda mais a caminhada. Passamos por alguns tuneis que os incas esculpiram na rocha e chegamos ate Sayaqmarca, um outro ponto de descanso e um templo de adoracao ao sol.

 

Baixamos um pouco mais e chegamos exaustos ao ponto de almoco. Recomecamos a marcha até atingirmos o terceiro passo, Phuyutamarka, a 3620. A partir dali seria so descida. Mas nao quer dizer mais facil. Descida o tempo todo é muito ruim. Como se fosse descer escadas, mas escadas molhadas e tortas, feitas de pedras.

 

Chegamos ate Phuypatamarca, um templo de adoracao a agua. Descansamos um pouco e seguimos numa descida de aproximadamente 3 horas ate perto do acampamento. Lá, o caminho se divide em dois, um mais curto ate o acampamento e outro mais longo, mas que passa pelas ruinas de Intipata, um centro agricola com terracas de cultivo que provavelmente abastecia a cidade de Machu-Pichu com comida. Resolvemos pegar o caminho mais longo, é claro.

 

Em Intipata, a paisagem é incrivel. Estamos a 2h de Machu-Pichu. La embaixo da pra se ver o rio Urubamba e os trilhos do trem, alem dos nevados ao longe. Curtimos uns 30 minutos a vista e chegamos ao último acampamento, este um luxo. Em Wina-Wayma se pode tomar banho com agua quente, tem musica, se come dentro de um enorme restaurante e tem inclusive, bebida gelada, que nao via a tres dias. Todos os grupos se encontram lá. É um clima de festa total, depois da janta todo mundo acaba dancando. Mas só ate as 22h.

 

No outro dia, acordamos as 4h. Deixamos tudo pronto e partimos. Nos despedimos dos portadores, os companheiros que trabalhavam e carregavam nossas coisas montanha acima. Agora faltavam so duas horas ate MP e depois voltariamos de trem. Consegui dormir 3h, o recorde. Bueno, chegamos as 5h10 no posto de controle, que abre as 5h30min. Isso porque queriamos ser o primeiro grupo a chegar a MP. Mas outros tambem haviam pensado nisso e ja haviam dois grupos na nossa frente.

 

Passsamos pelo posto e recomecamos a caminhada, quase totalmente plana. No caminho passamos por mais ruinas, como Intipunku. Duas horas depois, apos uma curva nas montanhas, se abriu, na nossa frente, as maiores e mais bem preservadas ruinas incaicas ate entao descobertas, a cidade esquecida de Machu-Pichu.

 

Machu-Pichu foi descoberta em 1911 pelo americano Hiram Bhingam, hoje nome de trem. Bhingam estava atras da cidade onde os incas remanecentes haviam se escondido depois da conquista espanhola. Mais tarde, descobriu-se que essa cidade estaria a 100 km dali, ja na selva peruana.

 

O que se sabe sobre MP nao é muito. A teoria mais aceita é de que se tratava de um retiro do imperador Inka, para descansar e fugir do clima rigoroso de Cusco. Cusco esta a 3500m. MP, a 2500m. Segundo os historiadores, MP foi esquecido por ordem dos sacerdotes. Isso porque os espanhois estavam destruindo e saqueando tudo. Os sacerdotes entao ordenaram o abandono da cidade. Os incas nao haviam desenvolvido a escrita e seus registros historicos eram feitos em quipus, uma especie de corda com varios nozes. Os espanhois haviam matado todos os amautas, as pessoas que sabiam ler esses cordoes. Entao MP, ainda bem, so apareceu ao mundo em 1911.

 

Machu-Pichu é uma cidadela cheia de fontes, templos e casas. Ao fundo, o Huayna Pichu, a montanha que cerca a cidade. Tinhamos decidido subir o Huayna Pichu, umas 2h para subir e descer mas estavamos tao cansados que desistimos. A visao la de cima deve ser fantastica. Da proxima vez, vou de trem, dai vou poder subir o monte.

 

Demos uma volta geral pela cidade com o Jose, nosso guia, explicando varias das construcoes, como o relogio solar, que servia como calendario para saber a epoca certa da colheita e plantio. Depois de um tempo, la pelas 11h o Jose deu as ultimas coordenadas, de como pegar o trem, que saia as 14h e o local do almoco e disse que teriamos mais uma hora a vontade para percorrer a cidade, antes de descer ate Aguas Calientes, a cidadezinha no sopé da montanha. A partir das 11h, MP comeca a ficar lotada de gente. Chegam os trens de Cusco e só se ve turistada gringa por toda a parte.

 

Estavamos todos podres e resolvemos ir para Aguas Calientes. Infelizmente, fazendo a trilha inca, voce chega a MP podrao e fica sem nenhuma vontade percorrer as ruinas. Faltou muita coisa pra ver la. Descemos para Aguas Calientes. O onibus vai ziguezagueando montanha abaixo. Lá almocamos e pegamos o trem para Cusco. Na verdade, ate Ollantaytambo, e dali, onibus ate Cusco, onde chegamos em torno das 6h.

 

Dai dei um tempo, comi alguma coisa, mexi na internet e acabei nao dormindo. Quando foi 23h30 sai pra balada, é claro. Acabei no Mama Africa, o point da gringaiada em Cusco. Cheguei no hotel ja era 4h da manha e dai preguei no sono.

 

Hoje de manha me acordaram as 8h para fazer o passeio de rafting pelo rio Urubamba, que ja havia comprado antes. Desisti. Tava podrao. Voltei a dormir e acordei hoje as quatro da tarde. Agora to legal. Vou aproveitar a ultima noite em Cusco. Amanha vou recorrer outros locais da cidade, uns museus e lugares de interesse turistico. As 14h30 sai o voo para Lima, onde chego as 16h. Depois, ja na terca, 2h30min, o voo de volta ao Brasil.

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Enfim, o fim

 

Olá pessoal!

 

Já de volta ao Brasil.

 

Pra matar a saudade: ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ççççççççççççççççççç

 

hehehehee

 

Na verdade ja tô aqui desde terça. Depois da ultima balada cusquenha domingo de noite, saí para visitar alguns museus por lá, na segunda pela manhã. Fui no Koricancha, que foi um templo inca mas hoje é uma igreja e no melhor museu de toda a viagem: o Museu Inka.

 

O Museu é muito interessante, cheio de interatividades. Conta toda a história da civilização incaica, de forma muito agradável e criativa. Fica situada logo ao lado da praça central. Nas ruelas de Cusco, da pra ver muitas construções com pedras incas e depois, na parte de cima, ja com estilo colonial.

 

Bueno. Depois da banda por Cusco, fui no hostal pegar minha mochila e me mandei pro aeroporto. Tinha uma procissao de sei-lá-o-quê por lá. O táxi demorou e quase perdi o vôo. Na verdade até perdi, pois não queriam me deixar entrar. Chorei até que me deixaram ir: Moro em PortoAlegre, se eu perdesse esse vôo, que saía agora as 14h, só amanhã de manhã. Um pouquinho de licença poética. Valeu Adoniran Barbosa.

 

Cheguei em Lima no final da tarde. Ainda deu tempo de rever os amigos de lá. Fiz algumas compras no Shoping Larco, um centro de compras que fica a céu aberto na beira do mar. Muito legal. Comprei camisa da seleção peruana, um livro do Mário Vargas Llosa em espanhol e algumas garrafas de pisco, ou seja, futebol, cultura e cachaça.

 

Creio que ja posso tirar meu brevê. Foram 8h30min de vôo, sem contar as esperas dentro do avião: 3h de Lima a Santiago, mais 1h30min de Santiago a Buenos Aires, daí 2h30min de Buenos Aires a São Paulo. Pô, passei por cima de Porto Alegre. Depois mais 1h30 de Sampa pra POA.

 

Chegando em POA às 18h marcamos um rodízio de pizza na Cia pra rever os amigos, que acabou em cachaçaria no Tropicália. No outro dia, mais cachaça no Nova York, com outro grupo que nao pôde ir na terça. Dae fui desfazer as malas, rever alguns malas, botar em dia as notícias brasileiras, separar as fotos e vídeos no computador e me dedicar a obra-prima que vocês vao ver la embaixo.

 

Bem, me despeço de todos os leitores e dos amigos que fiz na viagem. Espero ter passado um pouco do que vi e senti nesses 60 dias. Meu conselho é: vai pra lá, vai mesmo.

 

Também um abraço a todos novos e grandes amigos que fiz na trip, em especial aos meus anfitriões, o Gerald e a Alejandra, em Lima e a Hilda, em Oruro.

 

Koen - Bélgica

Sam - Bélgica

Luís - Brasil

Fred - França

Bruna - Brasil

Carlos - Bolívia

Toni - Bolívia

Taila - Brasil

Gisele - Brasil

Hilda - Bolívia

Will - Bolívia

Ksenia - Rússia

Irina - Rússia

Thijs - Holanda

Santiago - Argentina

Anthony - Irlanda

Álvaro - Chile

Felipe - Peru

Mayra - Peru

Luz - Peru

Tommy - Noruega

Omar - Peru

Adriano - Peru

Zeno - Itália

Martin - Alemanha

Marlene - Canadá

Camilo - Canadá

Rolf - Alemanha

Sonja - Alemanha

Josune - Espanha (País Basco!)

Nerea - Espanha

Oriol - Espanha

Carmélia - Peru

Vitória - Argentina

Carolina - Peru

Gerald - Peru

Alejandra - Peru

Michelle - Austrália

Lena - Suécia

Ângela - Brasil

Dani - Brasil

 

Fui!

 

Ops, já ia esquecendo, dá uma olhadinha no videozinho aí embaixo! Até a próxima, que vai se chamar Baks na Trilha do Gelo, Uma Jornada Até o Fim do Mundo.

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  • 4 meses depois...
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Baks, rapaz:

 

seu relato de viagem foi INCRÍVEl. Viajei junto! E tirei ótimas informações pra minha próxima trip, que vai ter muita coisa em comum com a sua. Seu olhar sobre os lugares e pessoas foi incrível: um viajante de fato!

 

E quanto ao vídeo... hiláááário!

 

Um abração e continue viajando para nos dar o prazer de ler os relatos =)

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