Membros Marcelo Lopes Postado Novembro 29, 2011 Membros Postado Novembro 29, 2011 Olá Mochileiros, Me casei com minha esposa Juliana em janeiro de 2010. Depois de muitas discussões e planejamentos a respeito de onde curtiríamos nossa lua de mel – Nordeste, Europa, Caribe e Patagônia foram algumas opções por nós levantadas – resolvemos fazer um giro pelo Cone Sul. Adoramos esta região: eu já era mochileiro há 11 anos, com bom conhecimento do Chile (de norte a sul) e da Patagônia; Juliana ainda estava em início de carreira, mas já conhecera Buenos Aires e se encantara. Assim, mesclando custos mais reduzidos e um encanto natural pelo nosso destino, decidimos por uma viagem de 15 dias por Uruguai, Argentina e Chile, com um objetivo especial: comer muito! Como era lua de mel, não podia fazer um roteiro baseado nos hábitos mochileiros. Tinha que escolher bem o lugar onde ficar, balanceando um orçamento limitado e o romantismo da ocasião. Ao final das contas, tudo saiu muito bem: os gastos obrigatórios – diárias e transporte – para os dois custaram USD 1.260. Além disso, gastamos USD 1.520 com o resto – aí incluídos alimentação (esbanjamos), compras (relativamente poucas, pois não compramos mais do que seis peças de roupa e quatorze garrafas de bebidas, entre vinhos e champagne, além de recordações artesanais) e tours. Somados, exatos R$5.000, sem contar as passagens, que adquiri utilizando milhas aéreas. Dia 1 - Montevidéu Iniciamos nossa lua de mel pelo Uruguai. Chegamos num vôo da TAM. Não conhecia Montevidéu, a capital do país, e foi lá que desembarcamos por volta do meio-dia de uma segunda feira de calor asfixiante. O aeroporto de Carrasco fica uns 20-30 minutos do centro da cidade, e como eu nunca tinha entrado no país por ali, apenas por Colônia del Sacramento, tive dúvidas sobre a melhor forma de ir para o centro. Os táxis de tarifa fixa custavam um absurdo – 900 pesos uruguaios, numa época em que o câmbio, arredondando para facilitar as contas, era de R$1 = $10 e USD1 = $20. Li na internet que os ônibus que vinham de Punta Del Este passavam por Carrasco, de modo que corri atrás do balcão da Cot, uma empresa de ônibus local. O balcão fica do lado de fora do aeroporto. O custo era de $88, mas, por mais surreal que seja, a empresa vende a passagem mas não garante o ônibus! Foi isso que procurou me explicar a funcionária, dizendo que não era certo do ônibus de Punta passar em Carrasco – só o faria se algum passageiro vindo do balneário solicitasse. Eu já estava quase fazendo minha cabeça sobre pagar os $900 do táxi do aeroporto, quando a Juliana puxou papo com uma senhora local que nos deu dicas sobre os táxis. Ela foi bastante atenciosa, e chamou um taxista e começou a falar com o cara, dizendo que nós éramos familiares vindos de longe. O resultado foi que pagamos $370 numa corrida feita pelas ramblas de Mvd, uma estrada pela costa marítima que vai desde Carrasco até o Centro. O taxista explicou as características de cada um dos bairros pelos quais passávamos, fazendo menção inclusive aos donos das mansões do bairro Carrasco – entre eles o jogador Rubéns Sosa, famoso atacante da Celeste. Chegamos na hora do almoço no nosso hotel, o Holiday Inn, com diária de USD90. Ele fica na rua Colônia, a uma quadra da Plaza Independência, centro da cidade e porta de entrada para Cuidad Vieja. A escolha foi muito feliz, pois o hotel, apesar de caro, é um 4 estrelas muito bem cuidado. Fiquei em dúvida entre ele e o Days Inn, mas no final das contas achei a opção correta, pois apesar de um pouco mais barato, o Days Inn não me pareceu bem localizado – fica próximo da rodoviária. Outra boa opção me pareceu o Balmoral, também no centro. Mas depois de ter ficado três dias em Mvd, posso afirmar com segurança que o melhor lugar pra ficar é em Pocitos – região de praia a cerca de 10 minutos do centro e muito estilosa, que me lembrou um pouco (só um pouco...) a zona sul carioca. Nosso primeiro almoço foi num bar perto do hotel, sem muito glamour mas com muita comida. Logo descobrimos algo fantástico, que se encaixava perfeitamente no que procurávamos: no Uruguai, os pratos individuais são BEM fartos, e podem facilmente ser divididos por um casal. Nesses bares menos badalados uma milanesa sai por volta de $120-150, o que consideramos muito barato. Já a cerveja de litro era mais cara, saindo em torno de $60-100. Passemos pelas ruas de Cuidad Vieja, partindo da Puerta de La Ciudadela no início da calle Sarandí e seguindo até a região do porto. Aos apreciadores de sorvete, há uma sorveteria Freddo bem no começinho da Sarandí. Entretanto, o melhor do dia foi o bairro de Pocitos. A praia nem é tão bonita para os olhos de um casal de cariocas – até porque o mar é turvo, provavelmente em virtude do Rio da Prata, e a água é quente. Mas o mais interessante foi o clima descontraído da região, com muitos jovens subindo e descendo, esportistas correndo pela calçada, adultos e idosos com sua inseparável garrafa térmica e erva-mate. Chega-se facilmente ao bairro de táxi (de preferência pela rambla, para curtir o visual) ou ônibus urbano – que são extremamente lentos, irritantes mesmo – mas, se couber no bolso, não tenho dúvidas em indicar Playa Pocitos e Punta Carretas (bairro ao lado) como os melhores locais para se hospedar em Mvd. Visual de Playa Pocitos Citar
Membros Marcelo Lopes Postado Novembro 29, 2011 Autor Membros Postado Novembro 29, 2011 Dia 2 – Montevidéu Aficcionado que sou por futebol, não poderia deixar de ir a MVD e não conhecer o Centenário, casa da Celeste. Minha grande surpresa foi o Museu do Futebol, anexo ao estádio, e a grande simpatia de Geraldo, o funcionário que, por vontade própria, nos ciceroneou pelo local falando em bom português e mos-rando profundo conhecimento de nosso futebol. Isso ele explica pelo fato de que, segundo ele, quase 80% dos visitantes daquele museu são brasileiros. O estádio é grandioso e ultrapassado, mas a emoção de estar ali é enorme. A visão do campo é muito boa de qualquer parte, a não ser das primeiras cadeiras encostadas ao fosso que separa as arquibancadas do campo de jogo. Já o museu me pareceu muito bem cuidado, com enormes fotos e referências ao Maracanazo de 1950. Fotos inclusive que eu nunca tinha visto, como uma visão plena do estádio do alto na final da Copa de 1950. E, claro, as fotos clássicas dos dois gols uruguaios. Estádio Centenário O estádio é próximo do terminal Tres Cruces – a rodoviária da cidade. Pode-se ir a pé para lá, e aproveitamos a proximidade para comprar nossa passagem para Colônia Del Sacramento ($185, só ida, pela Cot) e para Punta Del Este ($150, só ida, pela mesmo empresa). Os preços são iguais que na concorrente Copsa. Depois dali seguimos direto para o Mercado Del Puerto. Estávamos famintos e assim que entramos ficamos apaixonados pela gigantesca churrasqueira a céu aberto da Chacra Del Puerto. Claro, o garçom destinado a caçar clientes falava extremamente bem o português, inclusive traduzindo os pedaços de carne para nossa língua – vacío, baby beef, entrecort, asado etc. Ao final, escolhemos um espetacular asado de tira – acho que parecido com a nossa costela de boi, facilmente encontrada em grandes churrascarias brasileiras como o Porcão – a $200, que dá pra dois e vem com batatas de acompanhamento. Uma delícia! Juliana extasiada com a churrasqueira Asado de Tira A noite não resistimos e voltamos à praia. Mas dessa vez seguimos em direção a Punta Carretas, num restaurante bem romântico à beira mar – o Al viento y al Mar, bem na rambla do bairro. O grande charme do lugar é que se come dentro de uma espécie de cabana particular, em cima da areia – na verdade, grama – da praia e sentindo a brisa do mar. Em geral, a conta nesses lugares agradá-veis para uma refeição a dois não fogem muito disso: entre $400-500, sem esbanjamentos. Al Viento y Al Mar Citar
Membros Marcelo Lopes Postado Novembro 30, 2011 Autor Membros Postado Novembro 30, 2011 Dia 3 – Punta Del Este Acordamos cedo para pegar o ônibus das 09:15h em Três Cruces rumo a Punta. Com relação a acordar cedo, realmente faz-se necessário: como já disse, os ônibus de Mvd são extremamente lentos – rodam a não mais do que 20-30km/h. E a 18 de junio, a avenida principal do centro, só vive engarrafada. Caso não queira passar pelo transtorno do ônibus, que tem um custo baixo ($16), pode-se pegar um táxi, que a corrida não será cara. Mas apesar de lentos, achei interessante um aspecto desse cotidiano uruguaio: ao contrário do Rio de Janeiro, onde sobem e descem dos coletivos pedintes de dinheiro, ou contando uma história triste (morte na família, doença, desemprego, expulso pelo tráfico etc.) ou vendendo mercadorias de origem duvidosa, em Mvd a prática cotidiana me pareceu ser o canto dentro dos coletivos. Inclusive com jovens levando instrumentos (na maior parte das vezes, um violão), e os passageiros aplaudindo ao final, deixando uma contribuição. Outro aspecto interessante é que, em nenhum momento, os locais fizeram cara feia ou me deixaram de dar algum tipo de informação solicitada. Ao contrário de Buenos Aires, onde os nativos – em especial no centro da cidade – parecem estar de saco cheio de falar com brasileiro (a não ser os que querem te vender alguma coisa), em Mvd todos foram bastante solícitos e atenciosos, dando sempre informações precisas. O ônibus da Cot (todos velhos, acabados e desconfortáveis) saiu no horário, e chegamos a Punta as 11:30h para fazer um bate volta, passando antes pela rodoviária de Maldonado, cidade vizinha. Realmente Punta del Este parece ser um lugar agradável para quem tem muito o que gastar em poucos dias. A chegada na região da Península – parte mais badalada do balneário, onde fica a avenida principal e maiores lojas e restaurantes – é muito bonita, com a Playa Mansa a esquerda e a Playa Brava do outro lado. Em meio aos grandes edifícios a beira mar, a rodoviária é muito bem localizada, quase em frente àquela famosa mão com os dedos pra fora da areia. Optamos por dar uma caminhada pela Playa Mansa e, como havíamos levado roupa de banho na mochila, alugamos cadeiras e barraca e passamos 2-3hr tomando o sol de Punta. Caso opte por fazer o mesmo, sugiro que saia daquela área onde tem os dedos, pois ali tudo é mais caro – nos pediram $300 pelo aluguel de duas cadeiras e uma barraca, mas cem metros para direita o preço caiu pra $140, sem choro. Nosso almoço dessa vez, infelizmente, foi no McDonald´s – $280, mas existem várias opções mais intere$$santes em Punta, em especal na região próxima a praia. Eu não bebo refrigerante algum, e um aspecto que achei legal no McDonald´s local é que no Uruguai eles servem água de graça. Voltamos para a capital no ônibus das 15:30hr, comprando a passagem na hora. Não há necessidade de comprar antecipado, assim você pode escolher a melhor hora de voltar estando em Punta mesmo. Há ônibus praticamente a cada 30 minutos, da Cot e da Copsa. Nesse dia, nosso último em Mvd, optamos por aproveitar a noite num lugar mais descolado, e nossa opção foi o famoso bar Fun Fun, localizado atrás do Teatro Solís, bem próximo da Plaza Independência. Demos azar com a noite de Mvd, pois chegamos numa 2ª feira. Até procuramos algo mais agitado, porém só na 4ªfeira conseguimos ir ao Fun Fun, que naquele dia teria uma apresentação de tango começando às 23hr. Além do aspecto pitoresco do bar, provamos a famosa La Uvita, um destilado realmente muito gostoso e servido em pequenas doses de $35. O show de tango foi razoável, com os sucessos de sempre e uma performance muito boa do clássico Barrio de Tango, e pedimos um prato com petiscos – a conta saiu $500, mas pagamos $70 com o “couvert artístico”. La Uvita e acompanhamentos Dia 4 – Montevidéu – Colônia Del Sacramento Nosso ônibus para Colônia Del Sacramento saiu as 09:15, uma vez mais pela empresa Cot (outra bosta de ônibus). Chegamos na pequena cidade colonial sob um sol escaldante, e para nossa infelicidade, ao contrário do informado na maior parte dos sites, os preços dos hotéis, mesmo os medianos, estavam bastante majorados. Achei um absurdo pagar uma fortuna (cerca de 70-80 dólares) para ficarmos numa espelunca, e apenas uma noite. Nesse momento me bateu o espírito mochileiro ainda presente em mim, e sugeri à minha esposa que fôssemos procurar um albergue. Da minha passagem anterior na cidade eu já tinha ouvido falar no El Viajero, e assim que chegamos na rodoviária pegamos um táxi (desnecessário, pois a cidade é bem pequena e chega-se rapidamente ao centro – são cerca de 3 quadras desde a rodoviária). Descemos umas 4 quadras depois em frente ao hostel, entretanto ele estava lotado. Depois de procurar por uns hotéis menos cotados – todos cobrando mais de USD70 – nos foi indicado o Hostel Colonial. Minha primeira impressão foi boa, o que me animou, pois sabia que a Ju poderia impor resistência. A estrutura do albergue até que era boa mesmo, com internet, cozinha e área social amplas e bicicletas para alugar, entretanto a limpeza não era seu forte. Além disso, os quartos compartidos eram mistos, o que fez com que eu e Ju dormíssemos com dois homens no quarto. Realmente, para uma lua de mel, a situação era constrangedora, mas resolvemos levar na brincadeira e entramos no espírito mochileiro. Almoçamos no La Pasiva, uma cadeia famosa no Uruguai que serve pratos rápidos (dois chivitos – carne de boi bem fina, que pode ser servida com pão ou não – e uma cerveja ao custo de $400), e depois de alugar uma bicicleta e rodar por todo centro histórico (que tem ruínas interessantes de época colonial, assim como um farol de onde se avista boa parte da cidade antiga), resolvemos parar numa espécie de “podrão” uruguaio ao cair da tarde: uma cópia das deliciosas kombis cariocas que servem cachorro-quente aos jovens em fim de noite, durante a madrugada após as noitadas. Não era uma Kombi, mas uma espécie de botequim na calçada, e ali saboreamos um delicioso choripán (lingüiça de churrasco no pão com molho de maionese) e uma saborosa milanesa. Ao longo daquela “tarde modorrenta”, que nos fez lembrar as tardes caribenhas dos romances de García Márquez, enchemos a cara com o intuito de encarar com mais diversão a noite num quarto em cima de uma beliche e ao som do ronco de dois gringos. Em plena lua de mel. Colonia desde o farol Citar
Membros Marcelo Lopes Postado Dezembro 1, 2011 Autor Membros Postado Dezembro 1, 2011 Dia 5 – Buenos Aires No dia que chegamos a Colônia já compramos nossa passagem no buque para Buenos Aires. Tínhamos visto a opção de comprar pela Buquebus pela internet, mas a passagem mais barata só dava direito ao horário das 05:30hr da manhã, num buque cujo trajeto deveria ser feito em 3hr. Para nossa surpresa, assim que chegamos a Colônia nos deparamos com uma enorme loja da Colônia Express na rodoviária da cidade. Como quem não quer nada, fui conferir o pre-o, e qual não foi nossa surpresa: passagem a $630 no buque das 11:15hr e com trajeto sendo feito em 1hr. Descobri então que os preços no local e da internet não guardam relação, e que ainda existia outra empresa disponível (Seacat). O preço pela Colônia Express acabou sendo menor que o da Buquebus e num horário ótimo. O catamarã era bem moderno, com duty free dentro da embarcação e bar com bebidas e salgados. Melhor: o porto em que desembarcamos é bem mais perto do centro de Buenos Aires do que o do Retiro, onde desembarcam os passageiros da Buquebus. Tomamos um táxi para o hotel Grand King na peatonal Lavalle, entre Florida e San Martín. Ótimo localização e ótimo custo-benefício: USD65 para quarto superior, o que, somado ao IVA, nos saiu a USD78 a diária. O café da manhã também mostrou-se melhor do que o do Holiday Inn, com grande fartura de pães, vários tipos de medialunas e uma quantidade impressionante de sachês de dulche de leche, que levamos às dezenas para casa. Nesse dia estávamos com muita fome e cansados, e aí achamos talvez nossa maior descoberta em termos de comida. Na própria Lavalle, muito próximo ao Grand King, descobrimos uma birosca pequena, meio kiosco meio restaurante, lotada de porteños. O dono, um senhor bem simpático, servia por trás do balcão milanesas, sanduíches gigantescos, empanadas e potes apetitosos de vários tipos de salada. O local estava lotado e atendia pelo sistema de senhas. Ficamos um tempo do lado de fora, olhando de soslaio, tentando entender a sistemática local. Juliana se encantou e não teve medo: meteu-se em meio ao monte de argentinos, meio que acotovelando-se, e disparou um portuñol simpático que fez todos pararem para olhar o velho bigodudo servir aquela brasileira em estado em êxtase em meio a tanta comida farta e barata. Resultado: um belo almoço constituído de um pote (estilo tupperware) generoso de quatro tipos de salada, uma milanesa soberba e duas empanaditas, com bebidas e ao custo de $30. Vimos ao vivo ao longo da tarde deste dia o que os jornais do Brasil já diziam. Buenos Aires estava em liquidação, e para nós brasileiros, a um preço imperdível. Roupas femininas de bom gosto sendo vendidas a $20-30, camisas de marcas conhecidas (Cristian Dior, Pollo, Brooksfield, Lacoste) a preços bastante convidativos, além das já famosas lojas esportivas. Para os não tão exigentes, a partir das 18hr a Florida transformava-se num verdadeiro camelódromo a céu aberto, com camisas Lacoste (falsificadas, mas idênticas às originais) a $35. De noite, fomos a Puerto Madero, uma já conhecida e ótima pedida para casais. As ruas do bairro enchem-se de gente, que circulam pelas ruas mesmo as 23-24hr. Preferimos algo mais descontraído: ficamos no Spell Bar, um misto de pub e restaurante, com danceteria no salão de baixo e restaurante descolado no andar térreo, localizado nos prédios da avenida principal de Puerto Madero. A conta saiu a $75, servindo champagne Chandon em garrafinhas e dois pratos mexicanos. Citar
Membros Marcelo Lopes Postado Dezembro 4, 2011 Autor Membros Postado Dezembro 4, 2011 Dia 6 – Buenos Aires Começamos cedo o dia resolvendo a nossa ida a Mendoza. Ao contrário do Brasil, quando muitas vezes andar de ônibus (em especial longas distâncias) é algo penoso, desconfortável e enfadonho, o serviço na Argentina me parece coisa de primeiro mundo. Nos dias anteriores havíamos visto pela televisão confrontos entre motoristas de ônibus ligados aos sindicatos na estação Retiro. Aquilo me deixou um pouco em dúvida sobre se valeria a pena comprar uma passagem de avião para Mendoza. Mas eu achei que seria uma experiência interessante cruzar quase metade do país horizontalmente em direção aos Andes através das rodovias argentinas. Fui na estação Retiro e dirigi-me à cabine de vendas da Chevallier, que acabou me vendendo uma passagem pela Flecha Bus, ao custo de $255 no ônibus coche cama. Havia uma opção mais barata (cerca de $220) e outra mais cara ($300), mas a minha escolha acabou sendo adequada, como veríamos dias depois. Ao longo do dia fomos ao bairro Recoleta, bem próximo do Centro, e o translado de táxi, ida e volta, nos custou cerca de $25. Passeamos pela Plaza Alvear, próxima do grande hotel de mesmo nome, que possui jardins floridos bem bonitos e fica ao lado da Basílica de Pilar e do Cemitério da Recoleta, um atrativo fúnebre cujo maior destaque é o túmulo da família Duarte, onde estão enterrados os restos mortais de Eva Perón. A entrada é franca e em determinados horários há tours guiados em espanhol e inglês. Plaza Alvear Família Duarte no Cemitério da Recoleta Ao redor daquela praça existem diversas opções de almoço, com preços não muito convidativos, a não ser nas promoções de parrillada, que normalmente não vem completas. Nosso almoço – parrilla com salada – ficou em $105. Também nas imediações há uma sorveteria Freddo, cujo grande lance é ficar pedindo “provinhas” às atenciosas garçonetes. Parrillada Naquela noite, optamos por assistir mais uma vez ao show de tango do Café Tortoni. O tradicional restaurante fica localizado na Av. de Mayo, e pelo preço acessível – $60 por pessoa no show tradicional, mais “porteño”, segundo o vendedor; e $80 no show turístico – é uma boa pedida. A duração de ambos é bem parecida, mas o show tradicional realmente me pareceu mais “argentino”. Pode-se pedir todos os pratos constantes do cardápio do restaurante ao longo das 1:15hr de espetáculo, mas os preços não são muito convidativos - comemos um sanduíche sem bebidas alcoolicas e a conta saiu de $45. É bom comprar com antecedência o ingresso para o show, dado que o local é pequeno e há grande fluxo de turistas. Dia 7 – Buenos Aires Depois de vários dias de muito calor, Buenos Aires amanheceu enfim com cara de Buenos Aires. Uma chuva fina caiu sobre a capital argentina, diminuindo um pouco a sensação tenebrosa de calor da cidade. Aproveitamos e fomos caminhar nos parques de Palermo, um programa bastante agradável que sempre procuro fazer, só ou acompanhado. Tomamos o metrô na Florida, e fomos em direção à estação Plaza Itália. De lá, deve-se caminhar pelo lado esquerdo de jardim zoológico, em direção à Av. Libertador. Nos finais de semana, ao redor do zoológico ficam charretes oferecendo um passeio pelo bairro, que é muito interessante. Como o dia estava chuvoso, não fizemos o passeio, e a chuva também parece ter espantado muitos argentinos do parque, que costuma encher aos domingos. Um dos lugares mais agradáveis para nós daquela região é o Rosedal, uma parque bem cuidado e cheio de flores belas que produzem fotos muito bonitas e românticas. Há também um lago onde se pode andar de pedalinho. Além disso, várias carroças de sanduíches, onde o meu preferido é o choripán (custa em torno de $5 nessas carrocinhas). Por volta da hora do almoço, voltamos para o centro e almoçamos no Café Oriente (Av de Mayo esquinsa com 18 de Julio), e comemos uma deliciosa milanesa de ternera, que acompanha purê ou batata frita, ao custo de $60 todo o almoço. As lindas flores do Rosedal Outra boa pedida para um casal a noite é o bairro de Palermo, na região de Palermo Hollywood, mais especificamente ao redor da Plaza Serrano. Na parte da tarde e ao cair da noite há várias tendas vendendo roupas descoladas e outros objetovs. É possível chegar por outros meios de locomoção, mas como era bem tarde preferimos ir de táxi. Ao redor da praça também há diversas opções de bares, e dessa vez demos a sorte de encontrar música ao vivo, e brasileira. Ficamos nas mesas colocadas pelos resutaurantes ao redor da praça, em frente ao Bar Macondo, tomando uma Quilmes e beliscando os sanduíches. Dia 8 – Buenos Aires - Mendoza Em nosso último dia em BsAs, aproveitamos a manhã para fazer compras. Nosso ônibus estava marcado para as 19hr, mas os dias anteriores tinham sido marcados por confrontos entre sindicalistas do setor de transportes na área próxima à estação – Plaza San Martin – então procuramos tentar chegar um pouco mais cedo a rodoviária. Acabou que nos demos mal, pois o ônibus atrasou demais (só saiu às 20:30hr). Mesmo para quem fala bem o espanhol é uma situação difícil, pois os funcionários são muito mal preparados e tratam muito mal a todos – turistas ou argentinos. De mo do que ficamos algum tempo sem saber se o ônibus sairia ou não, num sistema de informações muito complicado – é preciso ficar atento aos microfones anunciando a chegada do ônibus e a localidade de destino. Apesar dos contratempos na estação, pude conferir uma vez mais como são bons e confortáveis os ônibus argentinos. O serviço de bordo também é muito bom, melhor que muitas companhias aéreas low fare: espumante, vinho, sanduíche e uma farta janta. Dia 9 – Mendoza Apesar de verão, Mendoza ainda mantinha aquela paisagem típica de uma cidade situada aos pés da cordilheira dos Andes. Desde a chegada, pode-se ver, mesmo no abafado dos meses de janeiro, os picos nevados por detrás das cadeias montanhosas mais próximas de Mendoza. Um táxi da rodoviária até a rua principal da cidade custa cerca de $10. Como não tínhamos nenhum hotel reservado, fomos direto ao Niventus, mas a Juliana não gostou. Fomos então para o Puerta del Sol, bem localizado (próximo a Peatonal Sarmiento, que me parece ser a principal rua turística da cidade) mas que também não é lá essas coisas. Ambos são muito melhores vistos da internet do que ao vivo. O hotel nos custou $450 o casal pelas duas noites, pagos adiantado, o que eu achei um absurdo. Aproveitamos o primeiro dia para rodar a pé pela cidade, pela região do Paseo Sarmiento (coração turístico da cidade, onde ficam as principais lojas de aventuras, roupas e restaurantes) e Av Sarmiento até a Plaza Independência. Queríamos contratar alguns passeios turísticos, e por isso fomos inicialmente ao Backpackers II, hostel que eu já havia ficado hospedado numa outra oportunidade. Meu interesse maior era o tour de Alta Montaña, pois queria mostrar para a Ju os cumes nevados de Mendoza mais de perto. Mas estava lotado para os próximos dias, de modo que buscamos uma agência localizada na Av San Martin. Fechamos dois passeios: Alta Montaña e, por idéia da Juliana, um rafting, que acabou que foi um dos momentos mais inesquecíveis da viagem. Ambos custaram $360. Citar
Membros Marcelo Lopes Postado Dezembro 11, 2011 Autor Membros Postado Dezembro 11, 2011 Dia 10 – Mendoza Foi um dia espetacular. Acordamos as 8h para o café e entramos na van rumo ao nosso rafting. Realmente me surpreendi com o passeio. Fomos até uma base próximo do rio Mendoza. Levamos cerca de uma hora para chegar no local, e pudemos ver várias vinícolas no caminho. Na base do passeio, um bar-restaurante às margens da rodovia, vestimos nossa roupa e subimos no ônibus que nos levou até a beira do rio. Colocamos o barco inflável nas costas e descemos por cerca de 20 minutos até o rio, que estava muuuuuuuito frio. Mas com o tempo, a tensão da descida (o nível de dificuldade era baixo) e o esforço da aventura esquentavam o corpo de tal forma que qualquer mergulho naquelas águas formadas pelo degelo dos Andes davam uma sensação fantástica de refrescor. Ao final da aventura, pode-se adquirir o CD de fotos tiradas pelo pessoal do tour, a $35. De volta a Mendoza, terminamos nossa estada da cidade como manda o figurino: enchemos nossas malas de bom vinho e espumante, comprados em uma loja especializada da cidade (há muitas). Foram tantos que tivemos que comprar, na rua principal de Mendoza, uma mochila adicional, a $60. Dia 11 – Mendoza – Santiago O dia na cidade argentina foi todo dedicado ao tour de Alta Montaña. Esse passeio é feito pela estrada que vai até Santiago do Chile, e que nesta época do ano encontra-se sem nenhum tipo de barreira de gelo. No caminho é possível tirar fotos da estrada e das paisagens nas paradas feitas pelo ônibus. Pode-se tirar boas fotos nas paradas Em uma delas, chega-se ao mirante do Aconcágua, que vê-se de longe - antigamente, neste tour podia-se ir até a entrada do Parque Aconcágua, mas agora não é mais permitido. Ainda assim, as fotos são boas. A primeira parada mais demorada se dá na estação de esqui de Los Penitentes, que nessa época do ano tem a cobertura de suas montanhas totalmente a mostra. Pode-se subir até o alto da estação através das telesillas (pagas), mas o grupo do tour decidiu que seguiríamos direto para um dos pontos mais interessantes, o Cristo Redentor. Trata-se de um monumento localizado a mais de 3800 metros de altura, ao qual se chega através de uma estrada sinuosa de terra, bastante inclinada e apertada, que chega a dar calafrios quando dois ônibus passam ao mesmo tempo. A difícil subida Faz bastante frio lá em cima, onde se pode comprar lembranças e tomar um chocolate quente revigorante. Não se fica muito tempo por lá, e logo iniciamos o caminho de volta, dessa vez com uma parada na localidade de Puente Del Inca, um sítio arqueológico da era incaica relativamente bem conservado, onde antigamente podia-se entrar para aproveitar de suas águas termais. Puente de Inca Na maior parte dos tours, o almoço – bastante bem servido – se dá nesta localidade. Voltamos mortos para o hotel e compramos as passagens para Santiago do Chile, pela Andesmar. O ônibus era daquele de dois andares, e confesso que a sensação de pegar a estrada, num ônibus desse porte, à noite, cruzando os Andes por uma estrada conhecida como “Caracóis” não é nada agradável, apesar do ônibus ser bastante confortável, com poltronas bem largas e inclináveis. A travessia se torna ainda mais desagradável quando se chega na aduana chilena, onde se perde fácil cerca de 2 horas cumprindo as normas da burocracia local. Cruzando os... Citar
Membros Marcelo Lopes Postado Janeiro 2, 2012 Autor Membros Postado Janeiro 2, 2012 Dia 13 – Santiago de Chile O dia foi bastante especial, já que a Juliana completava 29 anos. Decidimos adquirir um tour para conhecer Viña Del Mar e Valparaíso, duas cidades bastante próximas e que tem grandes atrativos. Contratamos um guia que falava bem o português e aparentemente conhecia bem a região. Ele nos cobrou 56 mil pesos pelo passeio feito em van e que durou o dia inteiro. O caminho para Viña é bem interessante, com diversas vinícolas ao longo da estrada, e há a possibilidade de paradas ao longo do percurso para boas fotos. A primeira cidade que paramos foi Viña, e a entrada da cidade é bem legal, quando pode-se vê-la de cima e tem boas paisagens. Após a sessão de fotos seguimos direto para a Quinta Vergara, um local onde há shows, exposições etc. Passeamos pela orla e ficamos um pouco na praia, onde pudemos tocar nas águas gélidas do Pacífico. Após o almoço – comemos um lanche rápido no McDonald´s para não perder tempo, que custou $4800 – seguimos diretamente para Valpo, cidade portuária de Pablo Neruda e que se abre feito um terraço diante do Pacífico (acho que essa frase é do poeta). Fomos visitar uma de suas casas – La Sebastiana, $6 mil a entrada – e depois fizemos uma visita bem agradável pelas ladeiras do bairro, que se estendem com uma vista impressionante para o porto e o pacífi-co. De volta a Santiago, resolvemos curtir a noite no Patio Bellavista, localizado na famosa calle Pío Nono. De todas as vezes que fui a Santiago o point da curti-ção sempre foi a Pío Nono, que possui um clima boêmio e jovem bem carioca. Bares, boates, restaurantes, um clima bem agradável, e desta última vez descobrimos o Patio Bellavista, que é um espaço onde se concentram diversos restaurantes, muitos com música ao vivo. O local estava bem cheio e nós tive-mos que esperar vagar mesa num grande restaurante central onde estava pro-gramado a apresentação de uma banda de rock. Tomamos vinho, ouvimos boa música, comemos uma bela pizza e desembolsamos $16 mil pesos, com o táxi incluído na volta pra casa. Dia 14 – Santiago de Chile Era nosso último dia em Santiago. Optamos por acordar bem tarde e, mais ou menos pelo horário do almoço, rumamos para a vinícola Concha y Toro, a mais famosa do Chile. Depois de uma pequena pesquisa na internet sobre como chegar no local, tomamos o metrô da cidade até a estação Las Mercedes. Da estação a vinícola fica a mais ou menos uns 15 minutos de ônibus urbano, que deixa exatamente em frente a CyT. O local é bastante agradável, e há dois tours disponíveis para se fazer dentro da vinícola. Escolhemos pelo mais bara-to – se não me engano custou $7 mil – que inclui um vídeo explicativo, visita guiada ao local onde estão plantadas as uvas, os tonéis (o famoso casillero del diablo) e uma prova de vinhos, além de um copo de brinde. Evidentemente que há uma loja para comprar os vinhos, e gastamos uns 40 mil pesos com as maiores delícias do Chile – gostei especialmente do vinho branco Marques de Caas Concha. Na noite do nosso último dia de Lua de Mel, ficamos batendo perna pelo bairro da Providencia, compramos algumas comidas enlatadas locais para levar ao Brasil e terminamos por jantar num fast food estilo americano. Acertamos a contratação de um serviço de shuttle para nos levar no dia seguinte ao aero-porto, serviço indicado pelo próprio Eurotel e que nos apanhou na madrugada o dia seguinte. Espero que esse relato tenha sido bastante proveitoso. As dúvida que porven-tura restarem aos mochileiros serão prazerosamente respondidas. Antes de terminar, revelo porque nossa estadia foi na capital chilena foi tão inesquecível e especial: Nove meses depois, mais uma integrante na família!! 1 Citar
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