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Chega logo oktober! :)

 

Como todos os outros relatos, hilário e muito informativo.. rs!!!

 

Prometi a mim mesmo 100 euros por dia para tomar de cerveja em munich, vou me presentear.

  • 4 semanas depois...
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Chega logo oktober! :)

 

Como todos os outros relatos, hilário e muito informativo.. rs!!!

 

Prometi a mim mesmo 100 euros por dia para tomar de cerveja em munich, vou me presentear.

 

 

Cara, te digo uma coisa: vc não vai se arrepender!!!

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Seguinte galera: resolvi postar aqui, na íntegra e com fotos, os dois primeiros capítulos do meu relato (para ver todos, vá ao meu blog: http://www.mapas-e-bussola.blogspot.com). Se animar farei isso com todos, mas não garanto não. Vou logo avisando que o relato é longo. Outra coisa: HÁ (muitas) PALAVRAS E EXPRESSÕES CHULAS no texto, então estejam avisados.

 

Posto isto, preparem os tira-gostos, abram uma cerveja e boa leitura!!!

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Europa 2011 - Capítulo I - Apertar os cintos, preparar pra decolar!

 

Estávamos nós felizes, alegres e contentes arrumando as malas na terça-feira, 6 de setembro, pra deixar tudo pronto para o vôo das 08:50 do dia seguinte, quando recebo uma ligação do Decolar (empresa com a qual comprei as passagens) às 16:30 dizendo que o vôo Vitória x Guarulhos havia sido cancelado e que única opção seria um vôo que sairia às 23:00 de terça. Ou seja, teríamos que sair correndo para pegar esse vôo, e ficaríamos no aeroporto em Guarulhos de meia-noite até 15:15. A mulher que ligou ainda disse que, caso nós não aceitássemos aquele vôo, poderíamos pedir o reembolso integral da passagem. Só não mandei-a, educadamente, ir tomar no meio do olho do cu sujo dela porque a ligação estava sendo gravada e ela poderia me processar depois. Daí fui pro aeroporto falar diretamente com o pessoal da Tam, e a atendente, diferentemente da vaca do Decolar, foi solícita e inteligente e nos acomodou em um vôo que sairia às 06:05h na quarta. Teríamos que fazer o translado de Congonhas para Guarulhos, mas àquela altura nem liguei.

 

Bom, fomos dormir já era mais de meia-noite, acordamos às 03:30, nos arrumamos, o táxi chegou às 4, fomos pro aeroporto, check-in, sala de embarque, dei uma bela cagada no banheiro de lá (e que merda de banheiro, pqp!), parará, parará, entramos no avião. Bom, quem me conhece sabe que não tenho muita simpatia por esse meio de transporte, e explico porque: Porra! se Deus quisesse que o homem voasse ele teria nos dado asas!!! E não adianta virem me dizer que isso é besteira, que o avião é seguro e etc.: pra mim não tem explicação plausível para o fato de um trambolho de metal ficar "flutuando" no ar. Eu sei que a conformação das asas faz com que se crie uma diferença de pressão entre o ar que passa por cima e o que passa por baixo da asa, provocando a sustentação da aeronave e tals, mas toda teoria cai por terra (hahaha! que trocadilho espirituoso, não acham!?) quando você fica cara-a-cara com o monstrengo. Enfim, me cago de medo mesmo, e foda-se!

 

O vôo em si, apesar das pragas de uns e outros aê, foi tranquilo. Pousamos em Congonhas (realmente meu primo Adriano tem razão: dá pra ver as pessoas nas janelas dos prédios) e pegamos o transfer para Guarulhos. Lá tivemos que esperar pra caramba, pois o vôo para Roma só sairia às 15:15. Procuramos um restaurante, pois estávamos varados de fome. Comemos num tal de Terra Azul, self-service, e aproveitamos para começar o processo embriagatório para aguentar 11 horas de vôo tomando uma Kaiser Gold. Dali saímos e sentamos em um "boteco" e pedimos um chopp da Heineken. Só pedimos a bebida, que já foi bem cara, pois comer em aeroporto é coisa para privilegiados... PUTAQUEOPARIU!!!!! 40 contos 1/4 de pizza!!! Bom, bebemos o chopp e fomos fazer o chek-in para nos livrarmos das malas. Check-in feito, fomos para a área de embarque e nos deparamos com um "boteco" da Eisenbahn. Bora beber, né!? Tomamos 1 litro de chopp cada um e comemos umas salsichas com mostarda.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120327195401.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Aquecendo as turbinas na Eisenbahn.[/picturethis]

 

Aí deu a hora de embarcar, e finalmente vimos o avião. CARALHO!!!!!! Perto deste o avião em que fomos para Sampa pareceria um mosquito. Eu pensei: não sai do chão, não. Mas, contrariando todas as expectaticas, ele voou, e foi um vôo bem tranquilo, apesar de longo pra caralho. Que raio de oceano grande da porra! Mas ele acabou, e aí pousamos em Roma. Bom, aí começaram as aventuras da viagem...

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120327211412.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Aurora sobre o Mediterrâneo.[/picturethis]

 

Fomos pra fila para passar pela imigração. Lembro da primeira vez que passamos por isso: meio assustados, com cara de pangúas do brejo que nunca tinham saído da roça, achando tudo estranho, entramos na fila única que desembocava em vários guichês e fomos recebidos no guichê por um simpático funcionário holandês que, após olhar nossos passaportes e ver que éramos brasileiros, nos disse bom-dia em português, e que éramos bem-vindos à Europa, perguntou pelo meu time (eu estava com uma camisa do Fluzão), e nos desejou uma boa viagem. Que beleza, né não!? Pois é, esperava um tratamento semelhante em Roma... Pura ilusão... Primeiro que não havia fila: as pessoas se aglomeravam em frente ao guichê único que havia. Quando chegou nossa vez, ou melhor, quando conseguimos forçar a passagem por entre a multidão, o funcionário zé-buceta-bruta-bestia mal olhou pra nossa cara, só perguntou para onde estávamos indo (idiotice, afinal junto com o passaporte entregamos os vouchers das passagens para Veneza), e, diante da resposta, carimbou somente os vouchers, nem abriu nossos passaportes, o filadaputa mal-educado do inferno!

Enfim, apesar dos contratempos, passamos pela imigração e fomos para a área de embarque. Procuramos o portão de embarque que, pra variar, era no extremo oposto do aeroporto. Achamos, ou achamos que achamos, e fomos procurar um lugar que vendesse cerveja. Comprei uma cerveja dinamarquesa tipo strong ale. Josi bebeu primeiro e me perguntou se ela era feita de pau-pereira. PQP! amarga pra caralho, do jeito que a gente gosta!!!

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120327214931.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Café-da-manhã: cerveja de pau-pereira no aeroporto de Roma.[/picturethis]

 

Ficamos por ali bebendo e observando os tipos estranhos que passavam, e, acreditem, eram muitos!!! Porra, eu sei que ninguém escolhe ser feio ou bonito, mas tem gente que escolhe ser estranha. E nos aeroportos você tem a oportunidade de ver a fina flor da esquisitice! Depois disso fiquei pensando que o viado do cara da imigração não havia carimbado nossos passaportes e fiquei encafifado com isso, pois poderia dar merda. Fui procurar informação com a mulezinha do portão de embarque, mas ela nem me deixou fazer a pergunta que eu queria: quando disse que estava indo pra Veneza ela disse que o portão de embarque não era aquele. Ma come non?, perguntei no meu italiano perfeito, e ela pegou o telefone e fingiu que eu não estava ali. Daí chegou um velhinho italiano gente boa que também ia pra Veneza, e ela disse a mesma coisa pra ele. E disse que era pra nós procurarmos informações nos monitores. Lá fomos nós para os monitores e confirmamos que o portão era aquele mesmo. Voltamos na mulezinha e ela só sabia dizer "É cambiato, é cambiato, é cambiato". Ma cambiato in cui, cazzo!???, e ela: "É cambiato, é cambiato." Deixamos a vaca falando sozinha e seguimos o velhinho, que foi pedir informação em outro portão. O cara olhou o monitor e disse que estávamos certos: o portão era o da vaca mesmo. O véio saiu proferindo impropérios em italiano. Só entendemos ele dizer "Scema" e "Stupida". Resumindo a questão: depois de o velhinho xingar a ascendência da atendente da Alitalia até Adão, apareceu outra mulher que anunciou qual era o portão correto.

 

Já do onibusinho que nos levou do portão de embarque até o avião pudemos notar que este era contemporâneo a Santos Dumont, e sua fuselagem possuía muitas marcas de fuligem. Pqp! Será que essa merda pega fogo no ar? Bom, estávamos ali mesmo, não tinha mais jeito, entramos no bagulho. Bagulho mesmo! Por dentro ele fazia jus ao seu exterior. Sabe aqueles ônibus fudidos que fazem linha entre duas cidades do interior, tipo Castelo x Conceição do Castelo, Castelo x Cachoeiro, São Mateus x Nova Venécia? Então, agora pensa num desses com asas. Era o próprio. E os ocupantes também seguiam o mesmo princípio: ô povo que fede, pqp! A lenda que diz que europeu não é chegado a água procede, e olha que estava fazendo um calor insuportável! Aí um moleque de uns quatro anos na fileira ao lado começou a berrar fazendo pirraça (era filho de uma cheirosona, que não usava nenhum tipo de “psicologia” para fazer o pirralho calar a boca). Pra completar, sei lá por causa de quê, a partida do vôo atrasou em uma hora. Agora visualiza isso tudo junto: você, morto de cansado por conta de uma viagem de 12 horas numa lata de sardinha, parado dentro de um avião velho, num calor de fazer inveja ao próprio Satanás, com o ar-condicionado desligado, cercado por pessoas fedendo por falta de banho, e com uma porra de um moleque chato berrando no seu ouvido sem parar. Senhor, Senhor! por que me abandonaste?

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120327215352.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Deixando Roma.[/picturethis]

 

Até que decolamos. Contrariando as expectativas, o vôo foi relax, a catinga diminuiu, ligaram o ar condicionado, mas a porra do moleque continuou berrando de pirraça a viagem inteira. Uma hora e um pouquinho depois chegamos em Veneza. O velhinho enfezado passou por mim, riu e disse algo do tipo “Agora tenho certeza de que entramos no portão certo”. Aí desce do avião, pega mala, procura parente, acha parente, abraça, ri... E eis que passa por nós a mãe cheirosona e em seus braços, dormindo feito um anjinho, o fiadaputa do guri chorão. Que raiva, bicho!

 

Bom, bora pra casa dos parentes em Arcade, a uns 40 km de Veneza. Os parentes são Kéia e Junior, respectivamente irmã e cunhado de Josi, e prima-cunhada e primo-concunhado meus. No estacionamento descobri que iria levar o Trovão Azul pra casa. O Trovão Azul é o Pólo 1.6 da Kéia. E ele, adivinha, é azul. Foi minha primeira experiência nas auto-estradas italianas, e a primeira vez a gente nunca esquece!

 

Chegando em casa, almoçamos e depois eles foram trabalhar, enquanto nós ficamos dormindo. À noite Kéia fez um risoto specialle, e nós matamos um barrilzinho de Heineken e umas Franziskaners (cerveja de trigo, alemã). Amém!

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Europa 2011 - Capítulo II - Veneza: todos os caminhos levam a San Marco!

 

 

Sexta-feira, 9 de setembro.

 

Cansados da viagem acordamos lá pelas 09:00. Junior e Kéia já haviam saído para trabalhar. Tomamos o café e ficamos ali, olhando um para a cara do outro. O que fazer para matar o tédio que nos matava?

 

- Ah!, sei lá, de repente poderíamos ir almoçar ali em Veneza.

 

- É, já que não há nada melhor...

 

Hahahahahaha! Tá, eu sei, nobre leitor, que o diálogo acima está pra lá de esnobe, mas foi justamente o que aconteceu. Então bora pra Veneza. Seria nossa primeira aventura, só nós dois, num mundo desconhecido, com pessoas de idioma e costumes estranhos. Na verdade já havíamos feito exatamente a mesma coisa (ir pra Veneza sozinhos) há pouco menos de dois anos, mas isso não vem ao caso.

 

Bom, primeiro teríamos que pegar um ônibus de Arcade até Treviso, e lá pegar o trem até Veneza. Lá fomos nós para a pracinha da igreja de Arcade. Compramos os bilhetes do ônibus com a mocinha da loja de badulaques e nos informamos sobre onde era o ponto de ônibus. Ela nos indicou um local específico na praça, que eu entendi ser em frente a uma placa azul com um P. Ficamos ali parados, esperando, e nada. Daí notei que em volta de toda a praça havia placas azuis com P’s. Caraca!, não é possível que haja tantos pontos numa praça minúscula como essa! Aí que a ficha caiu: o P era de parcheggio, estacionamento, e não de ponto de ônibus, que é fermata, parada. E nós sabíamos as duas coisas, mas comemos mosca. Entramos num barzinho pra perguntar direito sobre onde era a fermata. Agora sim, estávamos no lugar certo, em frente ao ponto, era só esperar. Esperamos... esperamos... esperamos... esperamos mais um pouquinho... e mais... mais... mais... Porra!, não é possível! Kéia tinha falado com a gente que havia ônibus de meia em meia hora. Havia um quadro com os horários de ônibus, mas quem é que entende isso?

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331095234.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Decifra aê, fodão![/picturethis]

 

Me debrucei sobre este quadro como Champollion sobre a Pedra de Roseta e, depois de um grande esforço mental, descobri que os hieróglifos ali diziam que de 09:07 até 12:22 não haveria ônibus. Cara, isso não existe, pqp! Voltamos frustrados para casa e esperamos até 12:00.

 

Segunda tentativa de pegar ônibus para Treviso: dessa vez deu certo. Aí saímos do terminal rodoviário e fomos para a estação de trem. Compramos os bilhetes de andata i ritorno para Veneza e logo, logo estávamos no trem.

 

Fato a ser ressaltado: em janeiro de 2010, em nossa primeira viagem fora do Brasil, já havíamos ido a Veneza com a parentada e amigos brasileiros que moravam na região de Treviso, quando, por ser perto, decidimos ir novamente a Veneza, só que dessa vez sozinhos. Compramos os bilhetes Treviso x Veneza, entramos no trem e nos acomodamos muito satisfeitos com nossa proeza. Passado um tempo depois que o trem já estava em movimento surgiu ele, O FISCAL!!! Na Europa, de um modo geral, não há cobradores nos transportes públicos (trens, bondes, metrôs e ônibus), de modo que, se a pessoa quiser, ela viaja de um lado pro outro sem pagar nada. Então por que as pessoas compram os bilhetes?, me pergunta o desavisado leitor. Porque existe ele, O FISCAL. Não existe um fiscal para cada viagem, e é até raro ver um. MAAAAAS, se ele entrar e pegar alguém sem bilhete é polícia na certa, e multa de uns 200 €, fora a vergonha. Então, voltando ao caso, eis que surge ele, O FISCAL. Começou a pedir os bilhetes da galera e quando chegou a nossa vez eu dei aquele sorriso desdenhoso de canto de boca, como quem diz “comigo você se fudeu”, e entreguei a ele nossos tickets. Ele olhou, falou alguma coisa em italiano e apontou o fim do vagão. Olhei pra Josi, que pela cara também não havia entendido porra nenhuma... Olhei de volta para o fiscal e imitei a cara de Josi. Aí ele apontou novamente o fim do vagão e disse algo em inglês, do que eu só entendi first class. Mas bastava isso. Pqp!, estávamos num vagão de primeira classe com bilhetes de segunda, e o camarada nos convidava gentilmente a nos retirarmos para o vagão correspondente. Nos levantamos e, sob o olhar reprovador do fiscal e dos outros passageiros, nos arrastamos, cobertos de vergonha, para o outro vagão. Dessa vez ficamos velhacos com isso e entramos no vagão certo. Meia hora depois estávamos na estação de Santa Lucia, em Veneza.

 

Na mesma proporção em que alguns se derramam em elogios para Veneza, já vi muita gente se dizendo decepcionada e descendo a lenha na cidade. Eu penso o seguinte: uma cidade onde as ruas são canais; onde táxis, ônibus e carros, mesmo os da polícia, as ambulâncias e os do serviço de coleta de lixo, são lanchas; que pela sua localização privilegiada foi o centro do comércio e do poder do velho mundo durante séculos, e com isso recebeu influências culturais diversas que se refletem em seu casario único e em uma imensidade de becos e ruelas labirínticas é, no mínimo, uma cidade digna de se conhecer, nem que seja para se dizer depois que não gostou. Eu gostei. Muito! Pode até ser que tê-la visto a primeira vez no inverno, toda nevada – um outro mundo aos meus olhos tropicais – tenha relevante contribuição sobre a impressão que tive, mas o fato é que Veneza me pareceu um lugar de ficção, mágico mesmo, e foi essa primeira impressão que ficou. Tanto é que, nessa primeira vez, quando o trem atravessava a ponte deixando a ilha rumo ao continente, e eu via a cidade ficando pra trás, me deu uma sensação ruim de que nunca mais iria ver aquele lugar mágico.

 

Mas ali estávamos nós, menos de dois anos depois, novamente fascinados, nas escadarias da estação de Santa Lucia, só que num calorão do carái! A localização da estação não poderia ser mais estratégica: você sai do trem e não vê nada demais, aí passa pelo saguão, atravessa uma porta e, como se tivesse passado por um portal interdimensional, se vê numa escadaria em frente a uma praça, limitada pelo Grande Canal, e do outro lado deste o casario de arquitetura quase árabe com a cúpula não sei de que igreja ao fundo...: SUR-RE-AL!!!

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331095114.JPG 500 375 Legenda da Foto]A primeira foto em Veneza, em janeiro de 2009, numa friaca da porra![/picturethis]

 

Só que estávamos ali para almoçar, devia ser mais de 14:00 e a fome já era grande. Acho que não andamos nem duzentos metros e topamos um camarada que ficava na calçada à caça de fregueses para um restaurante. Disse a ele que queríamos comer frutti di mare. Ele respondeu que essa era a especialidade da casa e nos mostrou um aquário com uma lagosta que mais parecia um monstro pré-jurássico. Aproveitei para dar uma olhada nos preços do cardápio que estava aberto ao lado do aquário: nada de anormal. Ok, nos convenceu. Ele foi nos conduzindo restaurante adentro e, quando vimos, estávamos numa varanda sobre o Grande Canal. Putaquepariu!, que vista foda! Primeiro ele nos arrumou uma mesa mais interna, e depois nos trocou para uma bem em frente à água. Engraçado que quando passava algum barco, sempre lotado de japoneses, eles ficavam batendo foto e acenando pra gente. Nesse dia, no começo da viagem, eu ainda achava que japoneses sem noção eram engraçados...

Pedimos de entrada um prato de ostras num caldo de limão siciliano e, pra beber, acqua frizzante – gente fina é outra coisa! O prato principal foi spaghetti al frutti di mare. Como dá pra perceber na foto abaixo, estava sensacional!!! Acho que foi a melhor refeição da viagem, junto com a de Herculano.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331095343.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Ô, vida mais ou menos!...[/picturethis]

 

Depois do almoço fomos rodar por Veneza. A primeira parada foi na igreja de Santa Lucia (Santa Luzia), que é bem pertinho da estação. A igreja, para os padrões de igrejas italianas, não tem nada demais – quadros, esculturas... A maior atração, se é que assim se pode chamar sem incorrer em blasfêmia, é o corpo de Santa Luzia, que fica exposto dentro de uma cripta de vidro no fundo do altar principal. O rosto é coberto por uma máscara, acho que de prata, enquanto o restante do corpo é envolvido por uma túnica vermelha, à exceção das mãos e dos pés, que estão visíveis. Digamos que o estado de conservação não seja dos melhores, mas dá pra perceber as formas exatas de pés é mãos, só que a textura da pele lembra a de folhas secas. As pessoas podem passar por trás da cripta e contemplar bem de pertinho o corpo da santa. Não é permitido tirar foto, mas acho que a câmera disparou sem querer e capturou uma imagem da frente da cripta, tchu ru ru ru...

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331095452.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Igreja de Santa Luzia.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331095633.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Corpo de Santa Luzia.[/picturethis]

 

Nessa manhã, antes de sairmos de casa, dei (ia escrever havia dado, mas me soou meio estranho) uma pesquisada em pontos turísticos de Veneza, e me chamou a atenção uma foto da igreja de Santa Maria dei Miracoli. Resolvemos procurar a tal igreja. Em Veneza há dois pontos turísticos muito bem sinalizados: a Piazza San Marco e a Ponte di Rialto. Seja qual for o lugar de Veneza em que você esteja, é muito provável que encontre alguma placa informativa sobre a direção desses dois pontos. Já o resto... Ou você compra um bom mapa e confia cegamente em seu senso de orientação, ou faz como nós fizemos: sai perguntando. De dez em dez metros perguntávamos sobre a direção da igreja. Quando eu digo aqui, e em todos os relatos posteriores, que perguntávamos, entenda o incauto leitor que eu perguntei. Sim, pois Josi, diante da mera possibilidade de ter que perguntar qualquer coisa a alguém que não falasse português, era acometida por um pavor súbito que quase a desfigurava. Exceção feita aos vendedores de bugigangas: com esses ela poderia passar horas a fio perguntando e entendendo as respostas, mesmo que o interlocutor fosse um vietnamita mudo. Mas voltando à nossa saga... Lá fomos nós no encalço de Santa Maria dos Milagres, perguntando aqui e ali, atravessando pontes, quebrando em becos, descobrindo praças, até que chegamos ao Campo dei Santi Apostoli, que era a referência da igreja de Santa Maria dos Milagres. Procura daqui, olha de lá, cadê a tal igreja? Perguntamos, nos responderam, fomos lá e... “Peraê! Essa não é a igreja de Santa Maria dei Miracoli!” Mas era. Depois que fui saber que a igreja que eu havia visto na internet era a de Santa Maria della Salute, que fica na foz do Grande Canal, na margem oposta à praça de São Marcos. Puta merda! Que bola fora da porra!

 

Bom, já que estávamos ali, bora aproveitar. Contornamos a igreja para apreciarmos todos os ângulos da parte externa da mesma, tiramos algumas fotos e fomos para a porta de entrada. Não me lembro se não estava em horário de visita ou se era necessário pagar para entrar e não nos dispusemos, só sei que dei uma olhada para o seu interior por uma fresta da porta. Pareceu-me ser bem bonita por dentro.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331095742.JPG 333.333333333 500 Legenda da Foto]Igreja de Santa Maria dei Miracoli.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331095911.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto][/picturethis]

 

E agora? Pra onde ir? “Ah!, quer saber?, vamos pra Rialto que pelo menos a gente sabe o que é.” E fomos. Seguimos as várias plaquinhas e chegamos lá. A ponte de Rialto foi a primeira construída sobre o Grande Canal, e ficava perto do mercado de Rialto, daí o nome. Por ser a ponte mais famosa de Veneza, nem preciso dizer da quantidade absurda de japoneses que se aglomerava nela. Por falar nisso: sei que o Japão tem uns 130 milhões de habitantes que vivem espremidos naquele amontoado de ilhas lá deles, mas viajando pela Europa é difícil não pensar que o Japão seja um deserto, pois a impressão que se tem é que todos os japoneses do mundo estão exatamente no mesmo lugar que você, não sobrando nenhum lá no Japão. E isso irrita! Ainda mais quando constatamos que aquele papo de respeito, formalidade e educação dos orientais só existe em filme de samurai. Na realidade os japas, pelo menos os turistas, são muito mal-educados: andam em bando de pelo menos uns 30 atravancando a passagem de quem quer que seja, entram na sua frente quando você está batendo uma foto, furam fila na maior sem-cerimônia... A estratégia deles para furar fila é muito pitoresca: eles vão chegando, sempre em bando, se aproximando pouco a pouco pela lateral da fila, sorrindo aquele meio-sorriso sonso com uma cara estúpida que só um japa furão de fila consegue ter, como se ninguém estivesse percebendo que a fila à frente aumentou em umas 50 pessoas, e furam. FILHOSDAPUTA!!! E se você bate no ombro de um deles e diz em alto e bom som para que todos ouçam, escandindo bem as sílabas para que todos entendam, no mais perfeito inglês que você consegue, “Ô japa da minha rôla, there is a queue!!!”, ele vai olhar pra você sorrindo o mesmo meio-sorriso boçal de sempre e continuar no mesmíssimo lugar, sereno como um buda. Daí, ou você procura uma ripa para esfacelar o crânio do infeliz e de mais toda a gangue ninja, ou se resigna e só faz xingar e amaldiçoar o bando de cornos nipônicos.

 

Depois deste libelo contra os japas (só contra os sonsos mal-educados), voltemos ao Rialto. Sobre a ponte existem hoje várias lojas de ourivesaria. Nós, como bons pobres (literalmente) mortais, nem demos importância a elas. Tiramos, com muito custo, as tradicionais fotos com a ponte ao fundo, e depois sobre a ponte tendo o Grande Canal como pano de fundo. E continuamos o passeio.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331100134.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Ponte de Rialto.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331100254.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Sobre Rialto.[/picturethis]

 

Rumamos para a praça de São Marcos. Apesar do labirinto que é Veneza, chegar até a praça é muito fácil: basta seguir o fluxo de turistas (leia-se: japas!) e/ou as plaquinhas de sinalização. Isso é normal, e é o mínimo que se espera de uma cidade tão intrinsecamente turística. Mas e quando você se vê diante de uma placa como essa abaixo? Fala sério! Tem coisas que só Veneza faz por você.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331100421.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]E aí, Axl? Where do we go now?[/picturethis]

 

E o pior é que é verdade! Em Veneza você pode rodar ao léu, se perder, andar em círculos, mas vai terminar por se ver no centro da piazza San Marco, de onde se conclui, mui acertadamente, que, pelo menos em Veneza, TODOS OS CAMINHOS LEVAM A SAN MARCO! E lá estávamos nós. De novo. Fooooooooodaaaaaa!!!

 

A praça é um espaço aberto plano, em L, ladeado por várias construções bem imponentes (mas que bem mereciam uma limpeza nas fachadas), entre as quais eu destaco a Torre dell’Orologio, que é, como o nome diz, uma torre com um relógio, só que com os símbolos do zodíaco e as fases da lua, em azul e dourado; o Campanile, a gigantesca torre do sino em frente à basílica de São Marcos; a própria basílica, que é uma das igrejas com o exterior mais foda que eu já vi, completamente diferente do que nós aqui no Brasil estamos acostumados, pois ela possui um estilo bizantino; e, ao lado da basílica, o Palazzo Ducale, que no período áureo de Veneza foi a residência do Doge (o chefe vitalício não-hereditário escolhido pela aristocracia) e centro administrativo da cidade. Uma das extremidades do L tem saída para o mar, bem próxima à foz do Grande Canal.

 

Na praça, depois do embasbacamento inicial, nos dirigimos para um ponto central e nos sentamos no chão mesmo (sentar num dos cafés da praça é o mesmo que ser assaltado com consentimento prévio), e ficamos observando o movimento: um monte de turistas fazendo as mais variadas poses com a basílica ao fundo, na maioria das vezes cercados por uma nuvem de pombos que se digladiavam em busca do farelo de pão ou milho que os turistas oportunamente carregavam. A fachada superior esquerda (de quem olha) da basílica estava em obras de restauro, o que acabou cagando as fotos. Também havia tapumes cercando uma extensa área da praça por trás do Campanile que também não contribuía para o embelezamento do lugar. Ainda assim a piazza é muito legal. Dá vontade de ficar ali, à-toa, batendo fotos e vendo o tempo passar... Aí acabou a bateria da câmera. Que beleza!

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331100557.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Piazza San Marco.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331100716.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Basílica de San Marco (em obras de restauro, pra variar...)[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331100824.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Lado da praça com saída para a foz do Grande Canal. Não dá pra ver, mas o mar tá ali.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331101009.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Última foto antes da bateria da câmera acabar: ângulo da basílica.[/picturethis]

 

Antes de voltarmos para a estação resolvemos dar uma olhada na Ponte dei Sospiri, que é uma pontezinha ligando o Palazzo Ducale às masmorras das Prigioni Nuove. Tem esse nome porque os prisioneiros julgados e condenados suspiravam profundamente ao verem a luz do sol pela última vez quando a atravessavam em direção às masmorras. Pois é, fomos lá ver a tal ponte. E até vimos, mas ela também estava em reforma. E como a reforma era patrocinada pela Tim, tudo em volta da ponte estava coberto com uma porra de um banner azul que fodia com o visual pós-medieval da coisa. Malditos!

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331101118.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]A cagança que fizeram com a Ponte dei Sospiri... (a foto foi tirada num dia posterior, com a bateria devidamente carregada).[/picturethis]

 

O caminho de volta foi uma via-sacra porque eu resolvi “cortar caminho” e “navegar por mares nunca dantes navegados”. Quando estávamos na Ponte dos Suspiros, ao invés de voltarmos para a praça, e de lá pelo mesmo caminho pelo qual viemos, eu, com meu sensacional senso de orientação, decidi ir pelo outro lado, para ir conhecendo lugares novos. Josi ainda tentou me avisar que iria dar merda, mas eu insisti: “Take it easy, baby! Tá comigo, tá com Deus. Eu tenho um GPS no cérebro.” Bom, deu merda! Rodamos, rodamos, rodamos, rodamos pra caralho, até eu admitir que não fazia a menor idéia de onde estávamos e de qual direção seguir, num lugar pouquíssimo movimentado e sem nenhuma plaquinha de informação. É impressionante como os becos de Veneza podem ser confusos!...

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120331101242.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Pane no GPS cerebral![/picturethis]

 

Foi aí que avistei um véio com cara de quem saberia me dar uma informação decente. Perguntei a ele sobre a direção da estação de Santa Lucia... Meu Deus, foi a nossa perdição!!! A miséria do véio quis saber de onde éramos, onde ficávamos, o que iríamos fazer, depois contou umas estórias lá dele que eu não entendi porra nenhuma, disse que era alemão, morava na Itália e falava português, disse que não havia estação de trem em Veneza, só de barcos... Pqp! Que merda de véio doido! Eu expliquei pra ele que era a estação de trem que saía de Veneza e ia para o continente, daí ele fez uma cara de quem sabia do que eu estava falando e tentou nos explicar o caminho. Mas, vendo que não entendíamos nada, ele resolveu nos mostrar o caminho pessoalmente. E partiu andando na frente, falando um monte de coisas incompreensíveis, e nós atrás dele. Eu nem olhava direito pra Josi, pois sabia que ela estava querendo me matar. Sei que o véio deu umas três voltas ao redor do mundo e nos deixou em um lugar que não era muito diferente de onde havíamos nos encontrado. Fosse como fosse, agradecemos (pelo menos ele teve boa-vontade!) e nos despedimos. Assim que saímos da vista do homem eu achei que Josi fosse me agredir, mas ela não disse nada (o que é bem pior que um chute nos ovos!) (ou não). Apenas tomou a frente e nos conduziu de volta a San Marco, e de lá seguimos o caminho tradicional para a estação. Pegamos o trem (segunda classe, lógico) e em pouco mais de meia hora estávamos em Treviso, onde Kéia nos buscou com o Trovão Azul e nos levou para casa, em Arcade.

 

À noite fomos os quatro a uma pizzaria em Treviso. Já a conhecíamos da viagem anterior, quando, inclusive, ganhei da dona do estabelecimento um copo (o copo mesmo, não o conteúdo) de uma cerveja artesanal que eles servem lá. E não é que ganhei outros dois copos dessa vez também!? Entre as cervejas que bebemos nessa noite (birra rossa, birra bianca, artigianale...), uma era uma cerveja branca, que veio num copo estiloso. Foi amor à primeira vista. Chamei a mocinha simpática que atendia nossa mesa e perguntei se os copos estavam à venda. Ela disse que não, mas foi perguntar para a dona da bagaça. Daí a pouco volta a mocinha simpática com uma sacola com dois copos embrulhados dentro, dizendo que era regalo. Nem liguei!!! Na hora de pagar a conta fui com Junior até a gentil senhora dona do estabelecimento para agradecer. Pedi a Junior que dissesse a ela que há dois anos estivemos ali e da mesma forma ganhamos um copo dela. Ela respondeu que se lembrava da gente, vê só! Se foi mentira ou não, eu não sei, mas que da próxima vez vou levar um presente daqui do Brasil pra ela, ah!, isso vou! E vai ser cachaça! Os copos ela já deve ter.

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Europa 2011 - Capítulo III - A Terra das Cenouras Gigantes, o etanol e a 3ª Lei de Newton.

 

Sábado, 10 de setembro.

 

Não me recordo muito bem do início desse dia, só sei que saímos eu, Josi e Junior e fomos comprar artigos de necessidade básica: cerveja e carne!!! Cara, na boa, o paraíso deve ser parecido com um supermercado italiano! Não sei se todos são assim, mas as grandes redes, pelo menos, têm uma variedade absurda de produtos, desde prosciutto crudo até bateria para carro. Mas o que emociona, o que fascina, o que comove mesmo, é a seção de bebidas. Sabe quando o Pernalonga subiu pelo pé-de-feijão e chegou na terra das cenouras gigantes? Então, a sensação é a mesma. Uísques tops, runs de tudo que é tipo, conhaques v.s.o.p., vinhos maravilhosos de todas as regiões produtoras da Itália, e tudo isso a um preço decente. Os vinhos então, meu Deus! MEU DEUS!, baratos, muito baratos! Com 3€ a gente compra vinhos absurdamente deliciosos. E lá – paradoxo dos paradoxos! – até os vinhos ruins são bons!!! Meio desnorteados ante tantas maravilhas, nos aproximamos sem perceber do altar supremo da nossa fé etílica: A ALA DAS CERVEJAS!!! Lagers, ales, bocks, IPAs, strongs, weiss, hells, dunkels, wits, pilsners, de abadia, trapistas...; dopels, tripels, quadrupels...; as mais variadas combinações de lúpulos...; italianas, alemãs, belgas, holandesas, austríacas, checas... É o êxtase! Oh, Senhor, obrigado por ouvir nossas preces!

 

Enchemos dois carrinhos grandes, um com coisas sem importância e outro com bebidas (conhaque, vinho e cerveja), e saímos. Fomos para um mercadinho de frutos do mar. Cara, que lugar maneiro! Tinha tudo que fosse necessário para fazer qualquer prato com frutos do mar, desde os próprios (em profusão), até os temperos e acompanhamentos. Tudo congelado de uma forma que até agora eu não entendi como eles fazem. Você vê os bichos congelados, mas não vê vestígio de gelo agarrado neles. Compramos umas tantas conchas de não-sei-que molusco, uns tantos gramas de um cogumelo muito bom (bom pra comer, não pra fazer chá, psicodélico leitor) e umas tantas postas de não-lembro-qual peixe.

 

Depois rumamos para um açougue. Eu digo açougue porque lá vende carne, mas se fosse aqui se chamaria casa de carnes, ou seja, um açougue metido a besta. Esse açougue, o Colomberotto, fica perto de Montebeluna, e compra a carne produzida na fazenda onde o irmão de Josi trabalhava quando morava na Itália. Compramos uns tantos quilos de carne para o churrascão que iria rolar à noite justamente na supracitada fazenda, onde moram e trabalham amigos nossos. De lá passamos na casa de um amigo de Junior para pegar um GPS emprestado para nos orientar nas viagens que começaríamos a fazer. Só que quando cheguei em casa vi que no GPS não constava o mapa da Áustria. Putz! E agora? Ah! Foda-se! Depois dá-se jeito...

 

De noite fomos pro churrasco na fazenda em San Donà di Piave. Carne, cerveja, vinho, conhaque, cachaça, uísque... que beleza! É desnecessário dizer que choveu tijolos essa noite, e muitos deles atingiram os participantes do churrasco, inclusive este que vos narra. Sem a menor condição de deixarmos o local, dormimos por lá mesmo.

 

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120403095029.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Affligem Tripel: cerveja de abadia, triplo malte, belga, com 9,5% de álcool.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120403095051.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Pilsner Urquell, a primeira cerveja pilsener do mundo, produzida na região da Boêmia. Deus abençôe a Rep. Checa!!![/picturethis]

 

 

No outro dia, 11 de setembro, eu acordei pra descobrir que deveria ter continuado a dormir. Parecia que minha cabeça havia sofrido um atentado terrorista. Para ilustrar a situação, transcreverei aqui a última estrofe da quinta parte do texto "Sobre o etanol e a 3ª lei de Newton", da lavra deste embriagado escriba.

 

Me sinto um bolo ruminal mascado por uma vaca,

um ovo no cu da galinha – o cu da galinha é a cloaca.

Beber é uma coisa tão boa, mas... Êta, porra de ressaca!!!

 

Estava meio que combinado que nesse dia nós iríamos dar umas voltas por Pádua e Verona, aproveitando o domingo para que Kéia e Junior pudessem ir conosco. Só que, além de Junior não ter demonstrado muuuuuuuuito interesse na coisa, seria a comemoração de um ano de casamento do Alan e da Valéria – amigos nossos que moram lá – , e ele praticamente me obrigou a confirmar presença na furrupa, de modo que mudamos os planos e jogamos a visita de Pádua e Verona para segunda-feira, no lugar de mais uma ida pra Veneza. Também firmamos outro compromisso que tomou o lugar de uma segunda visita a Veneza: um churrasco na casa de um casal de italianos amigos dos nossos parentes, no dia 1º de outubro, dia subsequente ao que retornaríamos de nossa viagem dentro da viagem.

 

Voltamos pra Arcade, ajeitamos umas coisas e fomos pro aniversário de casamento. Chegando lá eu até tentei fazer descer uns goles de cerveja, mas a coisa tava triste! Com a desculpa de assistir ao GP de Monza de F1 entrei na casa deles e me estirei no sofá junto com a minha ressaca. Nisso aparece o Tequinho, e eu conto pra ele meus pobremas com o GPS. Ele, mui solicitamente, disse que eu poderia ficar com o do carro dele durante minha estadia na Oropa. Beleza! Não me perderia pela Áustria e Alemanha. Um tempo depois me levantei melhorzinho e fiz nova tentativa com a cerveja. “Ôpa! até que não está tão ruim!” Mais uns goles. “É, sabe que até tá bebível?!” Minutos depois: “Porra! Enche meu copo que eu estou com sede, caralho!” Foi nessa hora que Kéia nos chamou para irmos embora. Ela estava na direção e, consequentemente, não estava bebendo. E, consequência da conseqüência, queria chegar logo em casa para encher o pote também. Caramba! justamente na hora em que a festa estava ficando boa... Mas tudo bem, continuaríamos em casa. Só que a galera fez a gente tomar a saideira. E uma saideira chama a outra. E Kéia também chama, só que para ir embora. E outra saideira. E Kéia fechou a cara. E só mais essa pra acabar. E Kéia batendo o pé. E essa é a última mesmo... Kéia partiu pro carro embucetada. Junior me puxou pelo braço:

 

– Vamos embora senão vou apanhar! Hahahahaha!

 

E foi assim. Nos encaminhamos para Arcade para terminarmos o processo embriagatório, com direito à parada no caminho para mijarmos na estrada. No outro dia iríamos num bate-e-volta para Pádua e Verona.

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Europa 2011 - Capítulo IV - Pádua e Verona: santos, sinos, Shakespeare e um GPS com possessão demoníaca.

 

 

!!! *** ESTE RELATO CONTÉM MUITAS PALAVRAS E EXPRESSÕES CHULAS. NÃO PROSSIGA CASO TENHA MENOS DE 18 ANOS E/OU SEJA FRESCO *** !!!

 

 

Segunda-feira, 12 de setembro.

 

Dia de visitarmos Pádua e Verona. Acordamos mais tarde que o previsto, talvez pelo sono atrapalhado por causa do foguetório que irrompeu nos arredores durante a madrugada. Até agora não sei o que foi aquilo. Parecia que a cidade estava sendo bombardeada, tamanha era a barulheira. Ou então o carregamento novo estava chegando, sei lá. Pra ajudar, de manhã chovia aos cântaros: belo dia para fazermos nossa primeira viagem automobilística pela Itália!

 

A despeito de tudo, pegamos o Gaspa (Gasparzinho, o Peugeot 207 branco do meu cunhado), dois GPS’s (pra garantir), e nossa fluência em língua italiana (per favore; prego; escusi, cazzo; va fanculo) e às 08:00 caímos no mundo... no Vêneto, para ser mais preciso.

 

Pádua, nosso primeiro destino, fica a pouco mais de 80 km de Arcade, e, em teoria, essa distância seria coberta em poucos minutos, devido às auto-estradas. Isso EM TEORIA... Na prática demoramos umas duas horas pra chegarmos, pois nosso querido GPS “estranhamente” nos colocava em cada caminho de roça que, ó: putaqueopariu!!! Nisso tudo, como se eu fosse responsável pelas (des)informações do GPS, Josi ficava com uma cara-de-bunda que não ajudava em nada. Mas chegamos.

 

Chegamos, e aí é que a jiripoca piou! Pádua tem seus 200 mil habitantes e isso dobra se considerarmos sua zona metropolitana, ou seja, é bem grandinha. “Tá, mas e a merda do GPS que vocês levaram?” – me pergunta você, nobre leitor. No que eu digo: em Pádua o GPS até que se comportou direitinho, o problema é que na Itália existem ruas que parecem calçadas e calçadas que parecem ruas, e as pessoas se atiram na frente dos carros nas faixas de pedestres, inclusive os ciclistas, que são muitos, milhares! Enfim, quase matei uma véia de bicicleta – sim, a velharada lá anda de bicicleta pra cima e pra baixo e não raro a gente vê bandos de múmias que fugiram de seus sarcófagos transitando livremente pelo mundo dos vivos – e raspei o retrovisor do Gaspa num veículo que é uma cruza de caminhão com moto. Ainda bem que o dono não estava por perto, senão, com a mais absoluta de todas as certezas, iria me passar uma descompostura em italiano que eu teria que escolher entre duas opções: ou sentar e chorar; ou matar o camarada com uma voadora ninja no estilo Lindomar, o Sub-Zero Brasileiro. Isso sem contar a surra que eu tomaria do meu cunhado Junior quando ele visse o retrovisor arranhado. MAAAAAAAS, chegamos ao estacionamento (logicamente não fiquei esperando o dono da cruza de caminhão com moto aparecer) da basílica de Santo Antônio. Basílica esta que, afinal de contas, era nosso principal interesse em Pádua.

 

Desci do carro desesperado e fui direto ver o estrago no retrovisor. E lá estavam as duas riscas verdes, uma ao lado da outra, paralelas, como duas cicatrizes gangrenadas na pele branca do Gasparzinho. Ali eu pensei: É!... fudeu!!! Já resignado ante o fato consumado, resolvi passar o dedo indicador umedecido (eu jurava que se escrevia “umidecido”, afinal é “úmido”, e não “úmedo”, mas o revisor ortográfico me corrigiu) com cuspe nos arranhões. Foi quando operou-se o milagre: miraculosamente, pela intercessão de Santo Antônio, a graça de Deus se manifestou e os arranhões se misturaram com a saliva contida no meu dedo e escorreram pela pintura alva a imaculada do Gasparzinho!!! Resumindo a ópera: era só a tinta do outro “carro” que havia manchado o retrovisor, não havia arranhão nenhum.

 

Bom, milagre realizado, nada mais justo que irmos agradecer ao santo in loco, junto ao seu túmulo. Então bora pra basílica! Ôpa! Peraê! Tem que pagar o estacionamento antes. Mas como? Onde? Já sabíamos que haveria uma máquina onde teríamos que apertar uns botões, enfiar umas moedas, apertar mais uns botões e pegar um papelzinho. Muito simples. Tinha uma véia fazendo isso na maquininha e, enquanto aguardávamos, fiquei observando o que a véia fazia para fazer igual. Chegou minha vez. Olhei pra máquina, a máquina olhou pra mim, e não rolou. A sorte é que a véia ainda estava por perto e era muito simpática. Aí me dirigi até ela e fiz umas mímicas misturadas com uns grunhidos supostamente em italiano. Ela entendeu (sou foda na mímica! diguidin diguidin) e me explicou as paradas. Na verdade ela praticamente fez todo o processo pra mim. E ainda me disse que era pra colocar o papel em cima do painel do carro, o que eu fiz muito agradecido.

 

Avistamos, finalmente, a basílica. Grande e imponente. Não entendo nada de arquitetura, mas a parte externa da Basílica, com suas abóbadas e cúpulas, me lembra construções bizantinas. Após o impacto da primeira vista tiramos várias fotos do seu exterior e entramos. O interior não chega a ser embasbacante, mas existem muitas estátuas e pinturas interessantes nas capelas laterais e nas colunas, pena que não se pode fotografar lá dentro. Numa parte elevada à esquerda se encontra a tumba do santo, sempre ladeada por uma multidão que procura tocar a tumba enquanto reza. Fizemos nós também nossas orações (a primeira de muitas em muitas igrejas!) e nos dirigimos para a parte do claustro. Não sei quantos pátios o claustro possui, mas eu contei uns quatro. Em um deles me deparei com a famosa estátua de Santo Antônio e o Menino. Tirei mais uma penca de fotos, da estátua, do claustro, das flores, e da basílica vista dali de dentro, e fomos para a salinha onde vendem lembrancinhas. Compramos umas medalhinhas e vazamos.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404220610.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Basílica de Santo Antônio.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404220734.JPG 333.333333333 500 Legenda da Foto]Fachada da basílica.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404220912.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Estátua de Santo Antônio e o Menino, no claustro da basílica.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404221027.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Foto "acidental" do interior da basílica.[/picturethis]

 

Do lado de fora novamente, nos informamos com um camelô sobre a direção da basílica de Santa Giustina. Pegamos a rua que ele apontou (a pé, pois eu não iria me arriscar de carro no centro à-toa) e depois de andar uns minutos chegamos numa praça elíptica grandaralhaça, com um espaço externo que é usado como feira, e um fosso delimitando a parte interna. Esse fosso é margeado por várias estátuas, que agora eu não me lembro de quem são. Na verdade não é que não me lembre, é que não sei mesmo, pois são muitas e eu não olhei todas. Há várias pontes sobre o fosso, ligando a parte externa à parte interna da praça, e bem no meio há um laguinho com um chafariz. Depois descobri com a mulezinha da lanchonete em que fizemos um lanche que a praça, no todo, é chamada de Prato della Valle, ou, simplesmente, Il Prato. É uma das maiores ou a maior, não entendi direito, praça da Itália. A parte interna ao fosso é chamada de Isola Memia, ou algo parecido. Ficamos ali um tempo fazendo o reconhecimento da praça e tirando várias fotos, inclusive da basílica de Santa Giustina, que fica bem em frente ao Prato, e depois rumamos para ela.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404221133.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Il Prato della Vale.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404221342.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Chafariz na Isola Memia.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404221552.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Basílica de Santa Giustina, vista da Isola Memia.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404221722.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto][/picturethis]

 

 

Do lado de fora a igreja lembra muito a basílica de Santo Antônio, apesar de não ser igual. Já do lado de dentro ela é bem mais simples, sem muitos ornamentos. No claustro e seus subterrâneos tem umas coisas interessantes de se ver, tipo a tumba de São Carlos não sei o quê, e uma caixa de metal contendo uma coisa que eu ainda não descobri o que é, mas que pertenceu a São Lucas. Estava escrito “La vecchia cassa di San Luca”. Fiquei sabendo depois que o corpo de São Lucas está em Santa Giustina, mas não creio que uma das maiores relíquias do cristianismo possa ficar exposta do jeito que estava a vecchia cassa, de modo que não sei o que era aquilo. Baú? Caixa? Caixão? Maleta com os apetrechos médicos do santo (ele era médico)? Não sei. Se alguém souber, responda aê.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404221910.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Altar central da basílica de Santa Giustina.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404222036.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Detalhe do teto da basílica.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404222156.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Altar lateral.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404222347.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]La vecchia cassa di San Luca, seja lá o que for.[/picturethis]

 

Saímos de Santa Giustina e regressamos para Santo Antônio. Pegamos o carro no estacionamento e nos mandamos para Verona. Josi jura que foi nessa hora que eu acertei o retrovisor do Gaspa no outro veículo, e eu acho que ela está certa, mas é que a história ficou tão boa do outro jeito que eu vou deixar do jeito que está. Bom, de Pádua até Verona são 90 km, mais ou menos. Logo, logo estaríamos lá. Note que eu disse ESTARÍAMOS, porque a desgraça do GPS continuou colocando a gente em caminhos de roça e vilarejos no cu-do-mundo! Setecentas horas depois, quando, finalmente, chegamos à Verona, foi que eu intuí que a porcaria do GPS estava evitando auto-estradas por ter sido “instruído” para isso. O pão-duro do camarada (e aê, Tequinho, beleza!?) que me emprestou o GPS o programou para evitar pedágios, ou seja, evitar as auto-estradas.

 

Depois de termos rodado uns duzentos trilhões de quilômetros dentro de Verona, entrando em áreas proibidas, ruas em contramão (não quero nem ver quando as multas chegarem!), tudo para achar uma porra de uma vaga livre em algum estacionamento, encostamos o carro e fomos para a maquininha de cobrança. Dessa vez foi fácil, pois já estava escolado. Lembra que eu disse que o dia amanheceu chuvoso e tal? Pois é, mas o tempo mudou e às 14:00 em Verona estava fazendo um calor insuportavelmente abafado filadaputa! Suávamos e o suor não evaporava... Mas, somos brasileiros e não desistimos nunca! Mandamos o calor para a putaqueopariu e fomos rodar pela cidade.

 

Verona é uma cidade bem bacana, com um casario antigo – quando eu falo antigo, lembrem-se que estávamos na Itália, e lá o antigo é beeeeeeeem antigo mesmo – bem conservado e muitas atrações de diferentes épocas, desde a Roma antiga até o Renascimento. Infelizmente nós não tínhamos tempo disponível para ver tudo, inclusive porque em um dia só não se vê tudo, então escolhemos as tradicionais e mais turísticas: a Arena e a casa de Julieta. Primeiro procuramos pela Arena, e não foi difícil encontrar. Ela fica ao lado da Piazza Bra. É uma sensação muito estranha e emocionante você ir andando por uma rua estreita, com casario antigo e, de repente, avistar ao final dessa rua um “fóssil” gigante construído no século I da era cristã. Alguém até pode achar exagerada essa minha descrição, mas, seja como for, a gente não vê isso todo dia.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404222515.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Avistando a Arena de Verona.[/picturethis]

 

É inevitável associarmos a Arena de Verona ao Coliseu de Roma. Apesar de bem menor que o Coliseu, tanto em diâmetro quanto em altura, a Arena é bem mais conservada e seu exterior impressiona muito. Procuramos a bilheteria e compramos o Verona Card, que dá direito a entrada em várias atrações. Mesmo pra nós, que só iríamos a umas duas ou três, o Verona Card sai mais em conta do que pagar as atrações em separado. De posse das entradas, o que fizemos? Entramos, né!? Primeiro rodamos pelos corredores que ficam sob a muralha. Depois, então, adentramos na arena propriamente dita. Tipo: devia ser o Maracanã da época. Hoje em dia eles utilizam a arena como palco para óperas, que ocorrem todas as noites, praticamente. E isso meio que tira um pouco do “gramú” da coisa, pois no centro da arena tem um palco moderno armado, e a maior parte da arquibancada está tomada por cadeiras para os expectadores. Pode ser até confortável, mas quebra o clima histórico. Enfim, vale a visita, lógico, mas o impacto da vista exterior é insuperável.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404222712.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Arena de Verona, na Piazza Bra.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404222842.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto][/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404223028.JPG 333.333333333 500 Legenda da Foto]Os que vão morrer te saúdam.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404223219.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Arquibancadas da Arena. Ao fundo a única parte que sobrou do anel superior.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404223457.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]O Maracanã da Verona antiga. Hoje, palco para óperas.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404223643.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Nos escondendo dos leões...[/picturethis]

 

Nem sei a hora que era quando saímos da Arena, só sei que estávamos varados de fome, então sentamos em um dos diversos restaurantes que existem em volta da praça Bra, de frente para a Arena. O que comemos? Adivinha! Macarrão, né!? E pra beber eu pedi uma deliciosa coca-cola (sim, chatões, coca-cola! Estava dirigindo e não podia encher a cara), e Josi uma fanta, para me acompanhar. A fanta européia tem a mesma cor da água onde foram cozidas algumas batatas, e o gosto segue a mesma linha. Eles dizem que não há corantes, nem conservantes e nem flavorizantes no refrigerante. Pode até ser mais saudável, mas o sabor é uma bosta!

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404223916.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Repara na cor da fanta européia.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404224105.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]La pasta nostra de cada dia, na Piazza Bra.[/picturethis]

 

Pedimos informação sobre a Casa da Julieta e seguimos a direção que nos apontaram. No caminho nos deparamos com uma praçinha (piazza delle Erbe) com umas fontes maneiras e uma feirazinha. Nessa feira, trabalhando, praticamente não havia italianos, todos eram imigrantes, na maioria indianos e chineses. Caímos na besteira de perguntar para um desses chineses se a torre que víamos dali da praça era a Torre dei Lamberti, que constava no roteiro do Verona Card. Primeiro ele fez cara de quem não estava entendendo (provavelmente não estava mesmo), depois, com nossa insistência, disse que não era aquela e nos apontou outra direção. Olhei bem pra cara dele e tive certeza de que ele não fazia idéia do que estava falando. Deixei o china pra lá e fui perguntar para uma indiana da barraca ao lado. Ela disse que não sabia... Pqp! Que merda! Os caras trabalham numa porra de uma cidade visceralmente turística, lidam com turistas o dia inteiro todos os dias, só estão ali, afinal, por causa da horda de turistas que, todos os dias, faça chuva, sol ou neve, passa por ali comprando quinquilharias e sempre pergunta as mesmas coisas sobre os pontos turísticos, e com tudo isso eles não sabem responder a uma pergunta comum sobre um ponto turístico que faz sombra sobre o local de trabalho deles!!! Pelamordedeus! É o cúmulo da falta de preparo, de tato, de inteligência mesmo. Puto da vida, me dirigi a outra barraca, onde pensei ter identificado alguém com semblante livre de estupidez e o argui no meu excelente inglês sobre a torre. Ele disse que era aquela mesma e me indicou o caminho por onde eu acharia a entrada. Porra! Tão simples! Foi aí que Josi pediu uma água com gás pro camarada e ele disse o preço em português ao entregar a garrafa... O cara era brasileiro, e eu lá, gastando o inglês que não possuo para pedir informação.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404224256.JPG 333.333333333 500 Legenda da Foto]Uma das portas da muralha da cidade antiga.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404224436.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Piazza delle Erbe.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404224626.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Piazza delle Erbe.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404224747.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Torre dei Lamberti.[/picturethis]

 

Já na bilhteria para subir a torre, apesar do Verona Card, tivemos que pagar 1€ cada um para usarmos o elevador. Pode crer: vale a pena pagar! A torre tem 84 m e subir isso tudo por escada não me parece uma atitude muito inteligente, quando temos à disposição um elevador. No elevador lembro de ter visto uma folha com um monte de coisinhas escritas em italiano, inglês e alemão, mas eu não estava com paciência para ler aquilo tudo. Quando o elevador chegou ao seu destino e abriu as portas pudemos ver o quão alto estávamos. A vista de Verona dali de cima é muito, mas muito foda!!! E olha que não estávamos no topo ainda, pois havia umas boas dezenas de degraus em uma escada em caracol até o topo.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404230056.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto][/picturethis]

 

Subimos e chegamos até um lugar onde havia três sinos: um grande no meio e dois menores nas laterais. Olhamos a vista dali e depois eu percebi que ainda dava para subir mais um pouco. Josi arregou, pois suas pernas estavam doendo, mas eu queria subir para tirar fotas maneiras. Continuei subindo e aí uma coisa me veio na cabeça: essas porras desses sinos tocam? Ainda gritei para Josi lá embaixo perguntando isso, e perguntando as horas, mas ela não me deu confiança, então continuei subindo. Vi que havia outro sino lá em cima, maior que o outro, e fui subindo... Até que cheguei ao topo. Caralho!!! Que visual foda! E eu estava ali sozinho, não havia mais ninguém. A torre era só minha. Fiquei ali, embasbacado, só olhando, por um tempo, depois comecei a tirar fotos. Foi quando aconteceu a hecatombe! Achei que o mundo estivesse acabando: Béééén! Um litro de adrenalina foi despejado em minha corrente sanguínea. Béééén! Um arrepio frio percorreu minha coluna e fez com que até os cabelos do meu cu se arrepiassem. Béééén! Minha respiração foi suspensa. Béééén! Senti o sangue se esvair das minhas faces. Béééén! Quis gritar, mas não consegui. Béééén! Não me caguei porque não tinha merda pronta. Béééén! Aí me dei conta de que era a porra do sino que estava batendo. PUTAQUEOPARIU!!! Que susto do caralho! Comecei a rir sozinho, não sei se realmente achando graça ou se de nervoso, só sei que uma garota branca como uma vela (devia ser dinamarquesa, sueca ou norueguesa) que vinha subindo as escadas olhou para mim como se eu fosse demente. Desci as escadas com vergonha e quando cheguei onde Josi estava ela quase se mijava de rir e dizia que havia me avisado. Avisado o caralho!!! Quando ela parou de rir resolvemos descer. Aí que eu fui ler os recados do elevador... Lá dizia: ATENÇÃO, O SINO TOCA DE MEIA EM MEIA HORA. Não tive ânimo nem pra xingar...

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404224938.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Verona vista do alto da Torre. Ao centro a Arena.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404225143.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto][/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404225333.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto][/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404225439.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto][/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404225640.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Pátio do Palazzo della Ragione.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404225859.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Sino dos infernos![/picturethis]

 

A Torre dei Lamberti faz parte do conjunto do Palazzo della Ragione. Já que estávamos ali, resolvemos dar uma olhada. O palácio é um quadrilátero com um pátio no interior. Ficamos neste pátio admirando a construção, inclusive a torre. Em um dos lados do quadrilátero há uma escada, a Scala della Ragione, que leva até uma porta no alto do palácio. Essa escada deve ser famosa, pois tem até uma placa com o nome dela... vai saber. Se havia algo mais a ser visto nesse palácio, não sabemos, pois não ficamos pra ver. Já estava entardecendo e ainda teríamos que visitar a casa da Julieta. O leitor mais desavisado (burrão, mesmo) pode estar se perguntado: “Quem é essa tal Julieta que ele tanto fala? Será uma conhecida dele que mora em Verona?” Bom, se alguém realmente se fez essas perguntas, eu não vou me dignar a responder. O que interessa é que rodamos, rodamos, rodamos e encontramos a tal casa.

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404230217.JPG 333.333333333 500 Legenda da Foto]Torre dei Lamberti, vista do pátio do Palazzo della Ragione.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404230337.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Palazzo e Scala della Ragione.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404230510.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Na Idade Média este era um local para denúncia anônima de usurários.[/picturethis]

 

É praticamente impossível passar em frente à casa e não notar que há algo diferente ali. Primeiro porque há sempre um enxame de gente (japoneses na maioria) nos arredores; segundo porque os muros estão completamente pichados com cores berrantes, o que destoa do tom sóbrio do resto das casas; terceiro porque tem uma placa de todo tamanho dizendo CASA DI GIULIETTA. A porta indicada por essa placa não é a porta da casa, e sim de uma vila. Sabe a vila do Chaves? Pois é, a Casa da Giulietta é numa vila como aquela. No pátio da vila, ao fundo, está a famosa estátua da Julieta, com o bronze já desgastado em seu seio direita, de tanto o povo tirar foto segurando ali. Há uma tradição (!) que diz que dá sorte fazer isso. Eu não acredito muito nisso não, mas, pelo sim, pelo não, melhor não dar chance pro azar. O foda é que, assim como eu, trocentas pessoas queriam fazer a mesma coisa. E o que acontece quando muitas pessoas querem fazer a mesma coisa? Fila! E lá estava eu na fila, aguardando pacientemente chegar a minha vez de apalpar as brônzeas tetas da Julieta, quando um povo sem noção foi chegando e tomando a frente, saindo na foto dos outros... Josi, que estava com a câmera para tirar uma foto minha, queria matar uma dúzia de pessoas das mais diferentes nacionalidades. Com muito custo consegui me agarrar à peitola da Juju (intimidade pouca é bobagem!), mas não consegui me livrar dos malas: nas duas tentativas de foto dois véios babacas diferentes resolveram dividir a cena comigo. Na hora queria mandá-los tomarem em seus respectivos cus em suas respectivas línguas pátrias, para que entendessem a minha ofensa, mas depois fiquei com pena: os véios só queriam apalpar um peitinho durinho, tadinhos! Hahahaha!

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404230829.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Acho que a imagem descarta legendas...[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404231718.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]A Vila do Chaves, digo, da casa da Julieta.[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404231026.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Tradição é tradição: bolinando a peitola da Juju (detalhe para o véio babão).[/picturethis]

 

No lado direito da vila, quase em frente à estátua, fica a famosa casa da Julieta. Entrar nela é bem mais fácil que tirar foto com o peito da moça na mão, por um motivo simples: a foto é de graça, e na casa você paga para entrar. A atração está incluída no Verona Card. Josi entrou primeiro e subiu as escadas para chegar até o famoso balcão na janela do segundo andar, enquanto eu fiquei no meio da muvuca embaixo, do lado de fora, para tirar as fotos. No geral as pessoas que chegavam ao balcão olhavam pra baixo enquanto eram fotografadas, e pronto. Quando Josi chegou na sacada e começou a fazer poses, cheia de caras-e-bocas, a platéia começou a aplaudir. E, ao invés de ficar com vergonha, aí é que ela fazia mais e mais poses, para delírio dos seus fãs... Eu mereço!!!

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404231212.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]O famoso balcão da Julieta (não tem nada a ver com Rapunzel, ok?!).[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404231404.JPG 333.333333333 500 Legenda da Foto]Josi fazendo micagens, para delírio dos seus fãs.[/picturethis]

 

Depois do ataque de estrelismo de Josi eu também entrei na casa. Nada demais, a não ser os quadros e gravuras que recriam as cenas onde Shakespeare discorreu sobre o amor entre Romeu e Julieta, e sobre o ódio entre as famílias Montecchio e Capuleto. Legalzinho, mas nada demais. Na saída da vila, num ataque de vandalismo, Josi rabiscou nossos nomes em uma das paredes: outra tradição do lugar... Dizem que garante felicidade no amor. Mas, a julgar pelo final da história de Romeu e Julieta, sei não... Te esconjuro, Pé-de-pato! Mangalô três vezes!

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404231531.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Eu e o Shake (Shakespeare).[/picturethis]

 

[picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20120404231857.JPG 500 333.333333333 Legenda da Foto]Josi vandalizando em Verona.[/picturethis]

 

Bom, quase cinco da tarde, era hora de ir embora. Pegamos o Gaspa e, dessa vez, programamos a miséria do GPS para aceitar caminhos com pedágio (auto-estradas). E Verona foi ficando para trás. Ahn? O quê, curioso leitor? Se eu voltaria a Verona? Sim, com certeza. Nem tanto pelo que vimos, que também foi muito interessante, mas pelo que NÃO vimos. Explico: Verona, pelos seus mais de dois mil anos de história, merece uma visita com mais tempo. Sendo bastante restritivo, pelo menos uns dois dias inteiros. Praças, igrejas, castelos, arenas, teatros, templos, pontes... é muita coisa pra ser vista! E nós não vimos praticamente nada. Basta dizer, por exemplo, que Verona foi a única cidade visitada em que não entramos em NENHUMA igreja. Isso sem falar da noite veronese, que deve ser bem interessante. Em suma, quero voltar, e com mais tempo.

 

A 150 km/h a viagem de retorno foi rápida e tranquila, pelo menos até nos avizinharmos de Veneza, onde teríamos que abandonar a auto-estrada em que estávamos para pegar outra na direção de Treviso. Aí fudeu tudo! A desgraça do GPS despirocou e nos fez cair numa cidadezinha do tamanho de um ovo de pardal. Aí o ignóbil leitor dirá: “Ah! Se era assim tão pequena, deve ter sido muito fácil achar o caminho certo.” Fácil PORRANENHUMA, seus zés-bucetas!!! Parecia que estávamos num filme non-sense: rodávamos, rodávamos, rodávamos, e passávamos pelos mesmos lugares, e o satanás do GPS só falava baboseira: dobre a direita, onde não havia rua à direita; contorne a rotatória, onde não havia rotatória; dobre na puta-que-o-pariu à esquerda, onde não havia puta-que-o-pariu... Até que desliguei o miserável e decidi seguir as placas. Finalmente saímos da micro-cidade, e caímos em outra!!! Êta, porra! “Josi, liga esse caralho desse GPS pra ver se ele se encontra aqui.” GPS ligado, o estupor nos diz para entrar numa rua sem saída. Quando eu manobrava para sair da rua sem saída – Ôpa, péra aê! Se a rua era sem saída, como eu manobrava para sair dela? Ah! Não sei. Só sei que quando eu manobrava para sair da rua sem saída o infame do GPS resolveu recalcular o percurso, e travou. Agora peço ao persistente leitor que se imagine dentro de um carro, numa cidade de um país estranho, com sérias dificuldades de comunicação com os nativos, já perto de anoitecer, perdidaralhaço, sem fazer a mínima idéia de qual caminho o conduzirá rumo à segurança da casa de seus familiares, E COM UMA PORRA DE UM GPS COM UMA VOZ FEMININA ROBÓTICA REPETINDO INSISTENTEMENTE, EM ITALIANO, RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO... RRRRICALLLLCULANDO (...) RRRRICALLLLCULANDO.......................... Porra! Vai tomar no caralho do cu, desgraça do inferno!!! “Josi, desliga essa buceta (note, leitor de merda: essa buceta = GPS)!” Pra resumir: depois de nos perdermos em mais trezentas micro-cidades, finalmente encontrei um camarada que me deu uma informação decente. Seguindo a dica dele consegui encontrar a auto-estrada certa, e aí a bosta do GPS se encontrou no mundo, e chegamos em Arcade às 20:00. Ufa!!!

 

Ah! Em casa descobri que o limite de velocidade era de 130 km/h.

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