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[t1]truta deliciosa[/t1]

Acordei bem cedo descansado e ansioso, afinal o dia prometia. Gostei tanto da villa que resolvi ficar por aqui mais um dia, vou aproveitar o dia para conhecer a Ruta dos sete lagos e ir almoçar a Parrilla em são Martin de los Andes e por falar em almoço, não poderia deixar de falar do jantar de ontem, que foi aqui no restaurante da pousada, O pequeno e agradável restaurante, rústico e típico da Patagónia e com um cardápio voltado com as mais simples receitas . fogão a lenha e cozinha aberta de frente para o salão, da minha mesa ouvia os estalos da madeira que queimava, e eu podia sentir o aroma dos temperos. o Romulo que era o Garçon, o chefe e também o proprietario, me ofereceu de cortesia uma taça de vinho enquanto aguardava a truta que já estava por vir, fiz um esforço muito grande para recusar o vinho, porque na verdade minha vontade era tomar uma garrafa toda ou até mais que uma," para mim a chegada até aqui era motivo para muitas comemorações" porem eu já havia prometido um mês antes que não beberia, era o meu segredo, com o grande aventureiro Danilão, meu filho.ainda hoje bebo toda e qualquer bebida desde que ela seja somente agua. A truta a mais simples e mais deliciosa que já esperimentei, guarnecida com uma omelete de ervas frescas apanhadas pela manha na pequena horta da pousada e já que dispensei o vinho, brindei com a melhor agua da Argentina, que na minha opinião era a "Villavicencio" e a sobremesa também simples e deliciosa a principio achei redundante a sugestão do Romulo que era pudim de leite, com Dulce de leche, pensei comigo, pudim de leite com doce de leite deve ser uma bomba, mas quando ele me trouxe aquela porção de pudim e do lado uma colherada do típico doce de leite Argentino me deliciei com tudo,que, quase lambi o prato de sobremesa. Percebi nos olhos do Romulo a satisfação dele por ter me visto gostar tanto de tudo que me foi servido naquela noite e como só havia eu e mais um casal no restaurante naquela noite ele se sentou do meu lado e apesar da nítida timidez dele e da minha, conversamos sobre nossas paixões, a minha, viagens de moto e a dele, a rústica cozinha da patagónia, paixãoes essa que dividíamos muito bem, afinal apesar de não ser mais um chef de cozinha ainda amo, panelas, frigideiras, cardápios e as receitas. e ele como eu,também um grande moto viajante que num momento mais oportuno eu conto a historia das viagens dele.

 

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[t1]Muito frio em La Angostura[/t1]

Ontem a tarde enquanto abastecia a moto, percebendo que eu não era dali e sem que eu dissesse nada um motociclista parou ao meu lado, tirou um cartão do bolso e falou, vá amanha a San Martin de los Andes e esperimente a melhor parrilla da Argentina. Não estava em meus planos porque a minha intenção era sair cedo e ir direto para o Chile afinal estava a poucos km da fronteira e Puerto Mont me esperava. mas quando amanheceu o dia resolvi ficar por mais um dia ali na villa .Como eu acordei muito cedo, fui caminhar pelas ruas da Villa e percebi, que, por aqui os costumes são outros. por causa do frio,á cidade só desperta depois das dez da manha. e por falar em frio aquela manha apesar do dia estar limpo fazia um frio de congelar gaúcho. voltei para o quentinho da pousada e fiquei esperando pela hora do café que por minha vontade seria servido as sete e não as nove como era o costume dali. eu estava impaciente pois parece que era só eu que estava acordado aquela hora e olha que já era quase oito da manha e da minha janela não via ninguém na rua e na pousada um silencio que era quebrado somente pelo ranger do assoalho que por mais que eu não quisesse não conseguia disfarçar o barulho que minhas botas faziam naquele assoalho, cheguei a forrar o chão com tolhas, mas não adiantou muito. depois de tanto vai e vem, dentro do quarto, arrumando minhas coisas, deu a hora do café. fui para o restaurante e la estava o Rómulo arrumando as mesas e surpreso por eu ser o primeiro a estar ali tão cedo para tomar café. pareceu me que ninguém acorda antes das dez, e ele mesmo que surpreso, me serviu uma deliciosa xícara de café torradas e geleias, afinal ainda não havia chegado os pães , falei pra ele que eu tinha acordado cedo para conhecer melhor a Villa e também iria conhecer " el camino del siete lagos" por isso a minha pressa pois queria fazer tudo naquele dia, já que amanha domingo eu iria para o Chile.ele pediu me para que tomasse cuidado, porque naquela madrugada havia caído a primeira geada do ano e que as estradas poderiam estar congeladas e lisas. agradeci o cuidado dele e fui buscar a moto que estava nos fundos da pousada, empurrei a moto até lá fora sem liga-la para não acordar os hospedes que ainda sonhavam...cheguei a pensar que a moto não pegaria porque ela passou a noite todo num frio de congelar a alma, mas ela pegou na primeira. boa menina ...enquanto a cidade dormia fui para o deque da bahia brava, andei pelo centro e rumei para Ruta 234,"a ruta que me levaria a San Martin de los andes onde eu iria esperimentar a melhor parrilla argentina, isso segundo ao motociclista do posto" que para minha surpresa o caminho era cinquenta quilómetros de asfalto e setenta de ripio, surpresa porque pensei que essa ruta fosse toda asfaltada e não esperava que esse fosse meu primeiro ripio na patagónia, no inicio do ripio fiquei meio apreensivo, mas rápido eu peguei o gosto pelas as pedras redondas imaginei comigo se a Carretera austral for assim vai ser fácil. mais que eu imaginava.

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[t1]Ruta 234 el camino de los siete lagos[/t1]

San Martin de los andes não estavam em meus planos, felizmente e graças aquele motociclista do posto que fez aquele marketing da Parrilla Argentina. mudei de ideia e resolvi fazer el camino del siete lagos.E logo no inicio da Ruta, percebi que a cada curva que passava a viagem toda ia valendo ainda mais a pena, na verdade fui descobrindo que esse é um caminho indispensável para os amantes da Moto paisagem e para se ter uma ideia do que eu estou falando, valeu a pena todos os quatro mil kilometros para chegar até aqui para conhecer esses cem kilometros, afinal a cada curva, uma paisagem mais linda que a outra,Os sete lagos, os rios,as montanhas, o vulcão,a própria ruta, é sem duvida o melhor da geografia patagonica resumida em cem kilometros.

Me arrependo de ter saído da Vila tão tarde, quase meio dia, pois eram tantos os lugares para parar e contemplar que o tempo foi ficando curto,cheguei em San Martin já quase no final da tarde, procurei o restaurante da parrilla e pelo jeito fui o ultimo cliente daquela tarde, o restaurante era lindo tudo muito bem posto, lindas garçonetes, porem era um restaurante voltado ao turismo tipo aqueles organizados pela CVC, muitos turistas pagando caro, porem a parrilla feita lá no quintal da Tóta em luiz guijon na grande Buenos Aires era muitíssimo melhor os chinchulines, os rinhones,a morcilla, a ternera. A do Pocho e da Tóta eram imbatíveis, mas eu tinha que esperimentar o Parrilla num restaurante e apesar de ter ido varias vezes a Argentina e ter morado la por três meses na época da guerra nunca tinha esperimentado parrilla num restaurante e confesso que não gostei.Não da para comparar com o nosso churrasco porque mesmo sendo churrasco são totalmente diferentes a começar que o nosso é assado com carvão e o deles com madeira, o que da um sabor levemente mais defumado em relação ao nosso, sem contar que os miúdos e os cortes são muito diferentes, deixo bem claro que não gostei daquele la se San Martin talvez ate por ter chegado tão tarde, mas aquele que esperimentavamos la no subúrbio de Buenos Aires ainda sonho com aqueles domingos que passávamos horas assando a parrilla,tomando vinho ou mate e contando piadas Brasileira para eles, até hoje tenho duvidas se eles riam porque entendia o que falávamos ou porque não entendiam nada, só sei que toda hora éramos elogiados nos chamavam de " boludo, pelotudo" só podia ser elogio porque eles riam muito.

 

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[t1]San Martim de los Andes[/t1]

 

San Martin de los Andes a bela e pequena cidade andina encravada no vale, de ruas retas, calçadas largas, quase aos pés do vulcão Lanin que numa comparação livre quer dizer o inativo em alusão ao vulcão Chileno do outro lado da fronteira este sim ativo até hoje, e espelhada pelo lago Lacar, era um final de tarde muito frio, poucas pessoas na rua, apesar do tamanho da cidade não percebi grandes movimentações do comercio, aquele vento gelado varria a folhas das ruas dando um ar meio triste para aquela tarde pouco movimentada... Com poucas voltas conheci toda a cidade, passei pelo lago estacionei a moto andei pelo deck fui ate o píer contemplei a aquela bela paisagem a beleza da montanha, do lago límpido, a calma daquela tarde e eu ali quase que só a não ser por alguns turistas a beira do lago. Naquele momento de paz interior pude fazer minhas preces e agradecer o grande chefão por poder estar vivendo aquele momento único, de poder estar ali naquele instante e podendo apreciar toda aquela obra da natureza...

Já era quase 16:00hs quando me dei conta que tinha um longo caminho de volta e pior ainda me lembrei que a estrada estava em obras e interditada em alguns trechos. Liguei a Moto e peguei o caminho da Ruta depois de uns vinte kilometros percebi que talvez precisasse abastecer pois, o consumo da moto foi alto e não queria arriscar e foi o que fiz, voltei para cidade para abastecer e para quem estava atrasado agora atrasou de vez.

 

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[t1]Sonho de de ir até o final do mundo "Ushuaia" pela Carretera Austral, foi adiado em uma curva.[/t1]

 

Eu ainda estava maravilhado com as paisagens daquele sabado, rios, lagos, cordilheira e picos nevados com a primeira neve do ano, vulcão, parques nacionais.

Quando me dou conta, entre um e outro milésimo de segundo, a moto estava derrapando em direção ao guard-rail de concreto, e nesse espaço de tempo ainda deu tempo de usar a técnica para cair, não sei se por milagre ou por um acaso da sorte afinal era minha primeira queda em muitos anos de Motociclismo, quando percebi que a queda era inevitável deitei ainda mais a Moto e deixei que ela deslizasse na minha frente e por sorte quando eu realmente caio já estava bem próximo da grama. A moto bateu num pilar de concreto e parou, eu continuei deslizando e também bati com as costas num outro pilar de concreto, naquele momento pensei no pior, minha vista escureceu na hora e devido à pancada nas costa me faltou ar e num relance de preocupação me lembrei da minha família e como num pesadelo imaginei o trabalho que iria dar a eles se eu morresse ali tão longe de casa. Passado alguns segundos eu ainda meio grogue despertei com um barulho de motor, foi quando me dei conta que aquele barulho vinha da minha moto que continuou ligada e acelerada mesmo depois da queda. A falta de ar momentaneamente passou e no lugar veio uma dor nas costas, eu pensei comigo vou ficar aqui parado até chegar socorro, passaram-se alguns minutos e nada de aparecer alguém. Consegui levantar uma mão, levantei a outra, percebi que apesar de doloridas só tinha um pequeno arranhão na mão esquerda, continuei ali deitado imaginando o estado das minhas pernas, apesar de não sentir dor alguma nelas, pensei que elas estivessem destruídas, mas conforme eu ia me restabelecendo percebi que minhas pernas também estavam bem, minhas preocupações se voltaram para minhas costelas elas sim doíam muito, continuei ali parado esperando ajuda. Eu tinha certeza que tinha quebrado algumas vértebras, principalmente por causa da falta de ar que sentia e também porque percebi quando bati minhas costas contra pilar de concreto, passaram-se longos minutos e nada de ninguém chegar, foi quando me lembrei que aquela Ruta estava dentro do parque nacional Lanin alem do mais, interditado em alguns trechos para manutenção, não ia ser fácil passar alguém naquele horário para me socorrer e já que não tinha acontecido nada com minhas mão e pernas resolvi tentar me levantar, mesmo com medo de ter fraturado alguma costela ou pior ainda a minha coluna.

Percebi que eu mesmo teria que me socorrer e tentar pedir ajuda, fui me levantando bem devagar e como num milagre consegui me sentar e constatar que nada de grave tinha acontecido comigo a não ser um grande calombo em baixo do cotovelo do braço direito e um arranhão profundo na mão esquerda, ainda meio zonzo consegui me levantar, tirei o capacete e fui desligar a moto que gritava muito alto como se ela tivesse sentindo toda a dor que era para eu estar sentindo, um silencio terrível invadiu a cordilheira e num gesto do mais completo egoísmo da minha parte comecei a sentir raiva por ter me colocado naquela situação, ainda bem que nem deu muito tempo de sentir raiva,foi quando passou por ali o primeiro carro que parou imediatamente para saber o que tinha acontecido, em instantes chegou mais dois carros e todos desceram para me auxiliar, naquele momento eu já estava em pé tentando recolher minhas coisas que estavam espalhadas pelo chão, e mesmo eu dizendo que Estava tudo bem comigo me fizeram deitar novamente e esperar socorro, um deles havia Radio PX no carro e entrou em contato com o Guarda Parques que estava em treinamento no lago Faulkner ali bem próximo de onde eu havia caído, enquanto esperava-mos a chegada do Guarda Parque eles terminaram de juntar minhas coisas que espalharam-se na queda, documentos, maquinas fotográficas, celular, mapas, e o pingüim meu mascote... Levantaram a moto, foi quando eu senti aquela dor com sabor de frustração, me doeu muito, muito mesmo ver minha companheira com as duas bengalas entortadas, carenagem toda destruída,para-brisa quebrado, guidon amassados, protetores de mãos totalmente ralados, roda dianteira amassada. Na verdade o que doeu, foi perceber que ali naquele momento teria que adiar o meu sonho de cruzar a Carretera Austral .

Em menos de dez minutos o Guarda Parque chegou e depois de uma consulta superficial ele constatou que dava para me levar ate um ponto de apoio que ficava num camping proximo ao lago Falkner. com ajuda dos outros colocaram a moto em cima da camionete dele. Ainda meio dolorido agradeci como pude daqueles que pararam para me auxiliar e rumamos para o camping.

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[t1]Socorro no camping Falkner[/t1]

 

No caminho para o camping o guarda parque deve ter entendido o meu silencio, a única coisa que ele me perguntou é se eu estava bem o que eu respondia que sim com um aceno de cabeça, porem, era visível que nada estava bem, aquele sentimento de raiva e de decepção com aquele acidente me tomava conta dos pensamentos, naqueles instantes me deixei levar pela angustia e o nó que sentia na garganta deixou de ser uma expressão e ficou tão real que eu mal podia falar... Em poucos minutos chegamos e o Pancho zelador do camping me recebeu me deitou num banco ao lado da da mesa me trouxe agua e pediu para que eu ficasse ali até que eles conseguissem entrar em contato com o socorro em Villa Angostura a 100 km dali ou com meu seguro no Brasil. De onde estava conseguia ouvi los e as noticias não eram boas, socorro para moto só no dia seguinte e me cobrariam 600 dólares para busca-la, e socorro para mim ia demorar de quatro a cinco horas e quanto ao seguro falei para desistirem, porque eu havia feito um seguro que só valia no Brasil. falei ao Pancho que quanto a mim estava tudo bem, não precisava de socorro o problema era a moto, Foi quando ele me ofereceu para levar-me em Villa Angostura por 300 dólares, Argentino rápido nos negócios, ou esperava o dia seguinte e pagava 600 ou poderíamos sair agora e pagar 300 aceitei na hora. em poucos minutos conseguimos colocar a moto na camionete dele. Pedro Alcido o guarda parque me explicou que como eu não havia colidido com outro veiculo nem machucado outras pessoas ou animal e não ter causado prejuízo a ninguém a não ser a mim mesmo, que eu poderia ir embora sem precisar fazer ocorrência, e quanto aos dois pilares de concretos que eu e a moto quebrou ele faria vista grossa e que dali por diante estava por minha conta caso eu aceitasse o auxilio do Pancho. Agradeci ao Pedro por livrar-me daquela burocracia, me despedi e fomos rumo a Villa Angostura.

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aguardando socorro no camping falkner (foto do site)

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[t1]Somente com o orgulho ferido.[/t1]

 

Numa camionete Mitsubishi L 200 cortando o ripio da Ruta dos Sete Lagos, era assim que começava meu retorno inesperado da patagónia, já não me importava mais com as paisagens. Nem o frio que insistia em castigar-me conseguia dissolver meus pensamentos.O pancho me deu varias alternativas para o que fazer com a moto, me falou de um mecânico em San Martin de los andes campeão Argentino de moto enduro que poderia me ajudar a colocar a moto para andar novamente, disse também que se não conseguisse-mos peças para moto, poderia deixa-la em sua casa em San Martin até Agosto e em seis meses, depois do inverno, voltaria com as peças do Brasil e continuava a viagem, me falou também que em villa de la Angostura dificilmente conseguiria peças e mecânico.... a minha cabeça estava quase estourando de raiva pois nem uma alternativa era viável, cheguei a pensar seriamente em abandonar a moto com o Pancho, porque eu já sentia que nem em Buenos Aires eu conseguiria arrumar a moto, pior ainda suspeitava que tinha dado PT na moto, mas mesmo assim resolvi não abandona-la, decidi que iria leva-la para o Brasil mesmo que custasse mais que uma moto nova.

Chegamos na pousada em Villa Angostura, descarreguei a moto nos fundos da pousada, o Pancho insistiu que queria me levar ao hospital, argumentei que me sentia bem e que estava muito cansado, porem, se caso sentisse dores durante a noite pediria ajuda na pousada, paguei os 300 dólares dele, nos despedimos e subi para o quarto. Estava cansado, quebrado, machucado, e com uma puta dor no peito, mas não se tratava de dor da pancada e sim de uma dor esquisita, me sentia despreparado para aquela situação " quem viaja de moto sabe o que eu vou falar, quando chegamos com a moto em qualquer lugar somos bem recebidos, despertamos curiosidade, é inclivel como uma Moto abre portas". Porem de agora em diante até o meu espanhol de turista que todos entendiam, passa a ser um espanhol que ninguém entende, já não era mais um turista, era apenas um Brasileiro com um problema para resolver. "Pelo menos era assim que me sentia, mas na realidade todos os Argentinos que cruzei me trataram como irmão, principalmente depois do acidente."

Enchi a banheira com agua bem quente e apesar de estar todo dolorido, tomei um banho bem demorado, fiquei pensando como é que daria aquela noticia lá em casa, eu sabia que mesmo que eu dissesse que não tinha acontecido nada comigo eles vão pensar que estou minimizando para não preocupa los.

Depois do banho, meu ombro começou a doer muito, não conseguia fazer alguns movimentos com o braço, mas mesmo assim sai da pousada fui procurar um locutorio para ligar para casa, não achei nem um aberto acho que pelo frio e pelo pouco movimento da cidade naquela noite de sábado, meu celular não funcionou , e o telefone da pousada não estava fazendo ligação internacional. sozinho, acidentado, quebrado e sem poder me comunicar, puts, que vontade de falar palavrão, pior que nem adianta ninguem vai entender!!!.

Liguei meu laptop e justo naquele dia por incrível que pareça não tinha ninguém on- line no MSN, nem no ORKUT naquele horário, nem parentes nem amigos e eu desesperado querendo falar com o Vitor meu caçula, com a Liliam minha filha que mora em londrina, com o Danilo, com a Deise e nada ninguém on- line, resolvi então entrar no jogatina um site de jogos que eu costumava jogar tranca de vez em quando e pelo o chat do Jogatina dei o numero do meu telefone em casa e pedi aos jogadores da mesa que ligassem em casa e avisasse para alguém ligar o computador que eu queria falar com eles pelo MSN, a principio ninguém da mesa acreditou que fosse verdade o que estava pedindo a eles, mas de tanto que insisti a Silvia uma das jogadoras ligou la do Espírito Santo em minha casa em São Paulo e conseguiu dar o recado ao Vitor, que na mesma hora ligou o MSN e consegui dar noticias do acidente a eles.Fiquei sabendo depois que naquele espaço de tempo em que a Sílvia a jogadora do Jogatina ligou até que conseguissem falar comigo pelo MSN a noticia correu rápido entre amigos e familiares e alguns deles chegaram a pensar que havia acontecido o pior. Mas felizmente apesar de dolorido eu estava bem e pude dar boas noticias.

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[t1]Quem disse que viajo só?[/t1]

 

De sábado para domingo foi uma longa noite, senti dores no corpo todo, principalmente no ombro, já me arrependera de não ter ido ao medico como o Pancho queria que eu fizesse. Pra falar a verdade nem sei porque recusei ir ao medico, estou cansado de saber que por menor que o acidente seja, o certo é ir imediatamente ao medico, porque mesmo que aparentamos estar bem não sabemos como estão as coisas lá dentro. Comecei a me lembrar do acidente e da pancada que eu recebi nas costas, e no meio da madrugada fiquei em pânico porque sentia varias dores, Será que eu estava arrebentado por dentro? mas teimoso que sou, resolvi esperar amanhecer e se caso não melhorasse pediria ajuda ao luis dono da pousada. resolvi por minha conta tomar um comprimido potente que eu havia levado para se caso sentisse dores na coluna e não é que deu certo, amanheci bem melhor até o ombro melhorou. Quem ainda pensa que não existe anjo da guarda é melhor repensar, porque eles existem e eu posso afirmar, não só porque amanheci bem melhor, mas um fato que até agora me intriga e que o Guarda Parque chegou a comentar comigo é que quando cai la na Ruta eu e a Moto batemos nos pilares de concreto e dentro desses pilares todos tem dentro deles para reforçar a estrutura uma barra de ferro, o que a moto bateu inclusive tinha dois, por isso o estrago que ela sofreu foi grande. E como num milagre o pilar que eu bati não tinha ferro nem um dentro, era só o concreto. Veja só o que aconteceu, quando eu bati as costas, o pilar se quebrou e amorteceu a minha batida deixando que eu continuasse deslizando o que não aconteceu com a moto que travou no impacto com os ferros do pilar ai é que entra o milagre, sorte, anjo da guarda, observado pelo guarda parque que quando chegou para me socorrer viu que no pilar que eu bati não tinha ferros dentro dele, uma falha segundo ele na construção que salvou a minha vida, porque caso houvesse o ferro seguraria o impacto e provavelmente o meu corpo não resistiria ao choque. Milagre, sorte, anjo da guarda? . Apesar da raiva que eu senti de mim mesmo na hora do acidente, minha fé em Deus sempre foi inabalavel, porque se não fosse pela fé que tenho nele jamais faria viagens solo. Muito obrigado meu companheiro de viagens, voce não me abandonou, devo a voce Deus tudo que me tem dado e para que minha divida seja amenizada continuarei retribuindo a minha eterna gratidão a ti, colocando-me a disposição a todos aqueles que a mim precisarem.

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[t1]A imagen triste dessa bandeira Argentina. Expressava bem como me sentia naquele dia.[/t1]

 

 

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Bandeira Argentina, como eu. triste cinza e rota .

 

 Instintivamente sempre planejei para que eu dependesse o minimo possivel do tempo e da pressa alheia, cada pessoa tem a sua urgencia e por entender isso sempre procurei entender melhor os caminhos que me levam aos atalhos, e como eu faço isso? já até falei; é quase por instinto; as leituras, as pesquisas, os conselhos, as criticas, são ferramentas na construção das minhas urgencias e sempre me saio muito bem em resolver os problemas, e muitos se quer existiram o qual dedico o exito a minha instintiva preparação.

Porem nessa mãnha fria de domingo uma anciedade tomava conta do meu peito, esse fato não previsto por mim estava me deprimindo, principalmente porque não conseguia me espressar com clareza e as pessoas não entendiam muito bem nem o que eu falava e muito menos das minhas nececidades, apesar de ter morado alguns meses em buenos Aires, meu espanhol era basico para quem esta a passeio e minhas nececidades agora eram outras, por ex. oficinas, transportadoras,mecanicos,peças,Moto peças,translado,documentos etc. eu conhecias as palavras porem não conseguia associa-las ao que eu precisava.que na verdade era conseguir transporte para retirar a moto de Villa angostura e leva-la a Bariloche numa oficina indicada pelo pessoal da pousada, o probrema é que nada aconteceria até segunda apos as onze da mãnha quando as coisas por aqui começam a funcionar, só me restava esperar. " pra falar a verdade até agora não entendo porque fiquei com aquela anciedade desesperada afinal de contas só faltava 30 horas , que para mim pareceram 30 dias" Voltei para a pousada angustiado por não ter conseguido ninguem para levar a Moto, resolvi me enfiar nas cobertas e dormir o maximo que eu pudesse na esperança que o tempo passasse mais rapido e foi o que fiz, não sai do quarto nem para almoçar nem para jantar.

Durante a noite me lembrei de ter visto um ponto de taxi na cidade, cheguei até a pensar de que sobreviveria um taxista numa cidade tão pequena. E quando a segunda feira chegou, tudo já estava bem claro e planejado e para minha surpresa até o tempo estava sorrindo para mim, nada como uma manhã ensolarada para que o animo retorne para se resolver o que tem que ser feito. Logo pela manhã fui em duas transportadora que mais parecia o nosso correio a diferença é que alem de cartas eles transportam todo tipo de cargas inclusive a Moto, a má noticia é que só poderiam levar a moto na quarta feira, fiquei desanimado mas não desisti, fui até o ponto de taxi e consegui expricar ao taxista o que eu precisava e na hora ele me levou a casa de Manoel Cespedes, camioneiro, que nas horas vagas faz pequenos fretes, as coisas voltaram a dar certo, o frete que ele tinha para hoje acabaram de cancelar, então combinamos que em uma hora ele estaria na pousada para me levar a Bariloche. Foi o tempo nessessaria para arrumar minhas coisas, fechar minha conta e me despedir do Romulo o Chef, que mesmo sem poder abandonar sua cozinha se empenhou em me manter animado durante aquele interminavel domingo. No horario marcado o Manoel Cespedes chegou com seu Hiundai HR pequeno caminhão na medida certa para transportar a Moto. Saimos de Villa de la Angostura exatamente ao meio dia.

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[t1]Voltar de onibus não estava nos planos.Muito menos imaginar a Moto sendo transportada num caminhão.[/t1]

 

Apesar do que aconteceu enquanto estive em Villa Angostura, com certeza voltarei aqui outras vezes se possivel no inverno quando a neve estiver na altura das janelas, mil vezes aqui que Bariloche que tambem é muito béla porem incomparavel com a beleza rustica de Villa.

Carregamos a Moto no caminhão e partimos, decemos a avenida e já chegando a Ruta que nos levaria a Bariloche olho para traz e ainda vejo as ultimas casebres da Villa, me despeço silenciosamente daquele lugar que amei como numa paixão a primeira vista. Seguimos nosso caminho e em menos de duas horas estavamos em Bariloche na porta da oficina que o luiz me indicou.Se é verdade que as aparencias enganam, dessa vez ela me enganou, porque naquele lugar não teria coragem de deixar nem minha bicicleta, quanto mais minha companheira de viagem. Manoel Cespedes motorista e amigo de primeira hora me consolou dizendo-me para ficar tranquilo que iriamos procurar outras oficinas até que encontrasse uma do meu agrado, resolvemos então que passarimos na autorizada YAMAHA de Bariloche, aconteceu que ela estava fechada para a ciesta só abriria depois das quatro."Pensei comigo , daqui a pouco anoitece e eu fico com a Moto na rua". E como o Manoel Cespedes já havia me falado que conhecia todas as transportadoras de Bariloche, decidi naquele momento que iria mandar a moto para Buenos Aires via transportadora e lá eu decido o que vou fazer. Na primeira que fomos cobraram uma fortuna e só enviariam na quinta feira, tentamos a segunda transportadora, chegamos lá eles tambem estavam fechando para la ciesta, mas consegui espricar minha urgencia e eles me receberam para fazer o orçamento do frete que ficou em $ 960,00 Pesos Argentinos, uma ninharia comparado ao que me cobraram para trazer a Moto la do lago falkner até a Villla, alem do mais a Moto seguiria ainda aquela tarde para Buenos Aires. achei tão barato que fiquei meio na duvida se a Moto chegaria no destino, sem contar que eles iriam drenar o restante do combustivel e oleo do carter antes de embarcar, " constatei depois que não drenaram nada nem o tanque nem o carter". Outra coisa que constatei depois é que se tratava de uma das melhores transportadoras da Argentina, Tranportadora Cruz Del Sur , voces estão de parabens, fui muito bem atendido tanto em Bariloche quanto em Buenos Aires na retirada da Moto.

Com os tramites todos concluidos o Manoel Cespedes me deixou na rodoviaria de Bariloche, " Manoel Cespedes é mais uma dessas pessoas que vão ficar para sempre no meu coração, total dedicação a um desconhecido, era para ser somente mais um a prestar serviços, porem fez o trabalho dele com tamanha dedicação que nos tornamos amigos, trocamos email até hoje, ele sempre me convida para que da proxima vez fiique hospedado em sua casa em Villa de la Angostura, esse cara entregou muito mais do que eu poderia pedir e receber, certas coisas não da para entender, nunca tinha-mos vistos , não passamos mais que cinco horas juntos e fizemos uma amizade que vai durar muito, com certeza me hospedarei em sua casa amigo, até breve.

 

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Rodoviaria de Bariloche. Mochileiros para todos cantos que olho, impossivel não me lembrar do meus tempos de mochila.

 

Consegui comprar passagem para Buenos Aires no proximo onibus que sairia as 17:00 hr. Tudo resolvido rapidamente e amanhã por volta das 12:00 hs vou estar em Buenos Aires, estava triste por minha Moto seguir de transportadora mas já que tinha que ser assim, que seja então, pelo menos vamos chegar quase juntos na capital.

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