Membros Ana Paula Sinueh Postado Julho 7, 2011 Membros Compartilhar Postado Julho 7, 2011 Segunda parte: relato Começamos nossa viagem saindo de Porto Alegre às 18h31min num vôo para Campo Grande. Compramos as passagens com mais ou menos um mês de antecedência, o que custou R$ 190,00 já com as taxas, cada uma. Campo Grande Chegamos a Campo Grande às 23h00min (00h00min em POA) e logo encontramos um clima bem diferente do sul... Estava bem calor apesar da hora e começamos a provar o efeito “cebola”, pois tínhamos saído de POA com muitas blusas de lã. Descendo do aeroporto descobrimos que a estação rodoviária tinha mudado de lugar e precisávamos pegar um táxi até lá, que ficava distante uns 15 km e logo aplicamos pela primeira vez a regra básica de mochileiros: procurar por um táxi barato, pois os que estavam no aeroporto cobram quase o dobro dos outros. Andamos uns 200 metros até o ponto de táxi mais próximo e esperamos o táxi aparecer enquanto tomávamos uma cervejinha numa lanchonete (economia porca, porque o dinheiro que economizamos com o taxi mais barato acabamos gastando na cerveja!). Chegando à estação rodoviária fomos comprar nossas passagens para Puerto Quijarro, o que custou R$ 72,00. Na verdade, o ônibus vai até a fronteira de Corumbá com Puerto Quijarro, mas percebi que se você comprar passagem para Corumbá e não disser que quer ir até a fronteira, o ônibus fica no terminal rodoviário de Corumbá e você terá que pegar um táxi até a fronteira. Sendo assim, informe-se, ao comprar a passagem, até onde vai o ônibus e diga que você quer ficar na fronteira. Pegamos o ônibus à 01h50min e chegamos na fronteira às 08h00min. Puerto Quijarro Quando descemos do ônibus ficamos sabendo que a fronteira estava fechada e não passava ninguém. Alguém nos deu a idéia de voltar para Corumbá e ficar hospedados lá até a fronteira abrir. Não me confortou nem um pouco o fato de pagar hotel no Brasil, então tive a idéia de ir ate a fronteira e conversar com alguém lá para nos deixar entrar, afinal éramos turistas e não tínhamos nada a ver com o protesto. Nesse momento fomos informados que no dia anterior um mochileiro tinha sido esfaqueado por insistir em atravessar a fronteira. Ah... quem sabe não é uma boa conversar com os caras, né?! Mas por um golpe de sorte (o primeiro de muitos) a fronteira abriu em 5 minutos e fomos correndo pra fila dar entrada na Bolívia. Foram 2 horas e meia de muita tensão na fila, pois achávamos que a qualquer momento iria estourar uma revolução e estaríamos no meio da guerra entre fronteiras! Bom, o fato é que tudo correu bem e logo estávamos na Bolívia de vez, como mostra esta foto feliz abaixo: Ainda sem bolivianos, resolvemos trocar um dinheiro antes de ir para a estação de trem. O melhor câmbio que encontramos em Puerto Quijarro foi de 3,90 bol. por real. Chegamos na estação e compramos a passagem para Santa Cruz de La Sierra para as 16h00min na categoria Super Pullman, que custou 127 bol. por pessoa. Saindo do terminal fomos procurar um alojamento por perto onde pudéssemos descansar até a hora de trem e tomar um banho, pois fazia muito calor em Puerto Quijarro e estávamos vestidos à moda do sul ainda (bota, blusa de manga comprida e tal). Achamos um por 50 bol. que seria 25 bol. para cada, então já dá pra imaginar o naipe do lugar. Caso tenha sido difícil de imaginar segue abaixo uma foto que resume o nível das instalações: Tomamos um banho frio e fomos procurar um restaurante para almoçar. Seria nossa primeira experiência culinária na Bolívia, então escolhemos a dedo (na verdade só tinha um restaurante nas redondezas). O cardápio consistia em três pratos somente: sopa, carne frita com arroz e carne com molho e arroz. A bebida era uma só: limonada, mas tinha a opção de copo ou jarra. Comemos nosso esplêndido almoço e voltamos para o alojamerd... ops, erro de digitação... alojamento para dormimos um poucos antes da viagem de 17 horas até Santa Cruz de La Sierra. Às 15h30minh fomos para a estação, pois, antes de embarcarmos no trem, tínhamos que estar com o chimarrão pronto, como bons gaúchos que somos. Foi a sorte, porque o trem saiu 10 minutos antes da hora e nem sei que o eu faria se tivesse que ficar mais um dia em Puerto Quijarro. Não estou exagerando, a cidade é minúscula e não tem nenhum atrativo. Ao caminhar pela rua só falta passar aquela bolinha de feno como nos filmes de cidade abandonada. Bom, uma vez na estação pausa para a foto feliz: TREM DA MORTE Ao contrário do que muita gente pensa, o trem da morte (trem da vida é nome verdadeiro) não me pareceu nada perigoso. Pelo menos não na categoria que compramos, a Super Pullman, que é a intermediária. A primeira categoria chama-se Ferrobus e custa bem mais barato, mas para em muitos lugares e dizem que entra muita gente vendendo comidas e tal. A outra categoria eu não conheço, mas é bem mais cara e desnecessária, pois a Super Pullman oferece conforto suficiente para as 17 horas de viagem. Além do vagão de passageiros tem o vagão restaurante, onde é possível jantar e tomar café da manhã. Vale informar que as refeições não estão incluídas no valor da passagem. Durante a viagem o garçom do vagão restaurante fica passando e oferecendo o “Café São Paulo”. Não caiam na curiosidade de experimentar, pois não conheço ninguém que irá gostar daquele café. Na verdade todo o café na Bolívia é feito pela mesma receita: uma colher de pó de café para 5 litros de água. Aqui no sul chamamos essa iguaria de “cháfé”. O engraçado é que o garçom fica oferecendo esse café por várias vezes durante a viagem, e, quando alguém recusa, ele diz assim: “Não vai tomar café São Paulo?”. Passamos o resto da viagem usando esta frase como brincadeira para outras situações de recusa... Num momento da viagem o trem parou e subiram algumas pessoas vendendo umas comidas muito estranhas. Tinha frango frito em espetinho de churrasco, uns pães meio deformados e o mais assustador de todos: uma cabeça assada espetada num palito! A cabeça ainda tinha dentes, mas não deu pra adivinhar a que tipo de animal pertenceu um dia... As suspeitas indicam um gato, mas podia ser um furão, um cachorro ou um rato bem grande. Fiquei um pouco decepcionada por não ter comprado algumas destas iguarias, porque desde o almoço em Puerto Quijarro abandonei meus receios sobre a culinária boliviana. Desde então fiquei perguntando pro garçom do “Café São Paulo” se não teriam mais vendedores de comida no trem e ele me disse que não, aliás, estes entraram por engano, pois nesse trem não é permitida a entrada de vendedores. Sendo assim resolvemos experimentar a janta servida no vagão restaurante. A comida estava boa, mas é preciso segurar muito bem o prato senão ele pode parar na mesa vizinha, devido ao chacoalhar do trem (brincadeira, mexe um pouco, mas não tira nenhum prato do lugar). Segue a foto da janta feliz: Santa Cruz de La Sierra Chegamos em Santa Cruz de La Sierra por volta das 08h00min. Saímos do terminal Bimodal e fomos procurar um hostal ali perto (mais tarde chegamos à conclusão que hostal ao redor dos terminais além de serem em lugares perigosos são mais caros). Encontramos um hostal bonzinho, com banheiro privativo que até então era nossa preferência, por 120 bol. Dormimos um pouco e depois saímos para dar uma volta na cidade. Fomos caminhando até onde parecia ser o centro, mas passamos por umas ruas bem sinistras. Paramos para almoçar num restaurante bem bonzinho chamado Choza de Doris. Depois de almoçarmos fomos procurar uma agência que fizesse um city tour, mas acabamos desistindo de pagar 50 bol. cada pra dar uma volta na cidade que já tínhamos conhecido praticamente toda a pé. Sendo assim continuamos nosso passeio andarilho, onde entramos numa casa de cultura pra ver uma exposição de arte boliviana. Que surpresa, era uma exposição homossexual! Sem preconceitos, mas as fotos eram um pouco assustadoras e, se a censura do blog não excluir, segue abaixo uma das fotos encontradas: Depois da exposição de arte fomos ao Museo de Historia Natural Noel Kempff Mercado, onde pagamos 5 bol. para entrar, se não me engano. É um museu bem simples, com uns bichinhos empalhados e uns “fósseis” (não acredito que sejam de verdade). Não aconselho ninguém a vasculhar a cidade atrás deste museu, vá somente se estiver passando na frente e não tiver mais nada pra fazer, assim como nós... Andando pela cidade provei uma água muito boa, que jamais vou encontrar no Brasil: chamam de água "saborizada", mas é uma água com gás e sabor de fruta, parecido com Aquarius e H2O. Tomei de cereja e pêra, mas tem de muitos sabores. Aqui está a foto feliz deste momento: Depois de bater muita perna pela cidade, voltamos para o terminal para comprar as passagens para Cochabamba, pois queríamos partir na mesma noite (não havia mais o que fazer em Santa Cruz). Chegando no terminal Bimodal decidi comer. Seguem abaixo as fotos de tudo que comi: Comendo assaditos. É tipo um hamburguer preto com dois pedaços de aipim em cima... Esse suco é bem engraçado! No fundo do balde tem alguma fruta que parece mais um cérebro... Panchitos... É como um cachorro-quente, mas não me pergunta a procedência da carne da salsicha... O famoso Pollo com Papas Fritas!!! Depois desta farra alimentar, voltamos ao hostal para pegar nossas mochilas e voltar ao terminal para pegar o ônibus. Saímos de Santa Cruz de La Sierra as 21h30min num ônibus leito 3 filas, o que percebemos depois ser um exagero! É bem mais caro que o semi-leito e sem necessidade para uma viagem de média duração (8 horas e meia). De qualquer forma viajamos com muito conforto e tivemos uma noite de sono tão boa quanto se estivéssemos em uma cama normal, além de assistir um filmezinho no caminho: dois filhos de Francisco, claro que dublado em espanhol (muito engraçado) . Cochabamba Chegamos em Cochabamba por volta das 06h00min e novamente procuramos um hostal por perto do terminal (pois é, levamos um tempo até descobrir que não era bom negócio... ). Encontramos um com banheiro privativo por 120 bol. e resolvemos dormir um pouco antes de começar a andança pela cidade. Saímos perto do meio dia e batemos numa agência pra descobrir o que fazer em Cochabamba, onde conhecemos o Wanderlei, dono da agência e brasileiro que está morando em Cochabamba há 12 anos. Contamos a ele nosso roteiro inicial e ele nos sugeriu que mudássemos tudo. O Wanderlei nos deu muitas dicas e depois nos deu uma carona de carro até um restaurante que ele indicou chamado Buffalu’s. Pela primeira vez meu amigo Everton conseguiu comer bem, pois o restaurante era bem limpo e serviam churrasco. Depois de almoçarmos fomos conhecer o Cristo Señor de La Concórdia. Pra quem já foi no Cristo Redentor no Rio não vai achar muitos atrativos no Cristo de Cochabamba, pois é bem fraco em relação à estrutura e não é muito grande. Dizem que o Cristo do Rio é uma cópia deste, mas isso eu não posso confirmar. Dizem também que é maior, mas eu achei igual. Foto de turista: Depois do Cristo ficamos dando voltas na cidade, onde encontramos um lugar com os seguintes serviços oferecidos: No final da tarde fomos ao terminal comprar nossas passagens para Sucre, pois, seguindo as dicas do Wanderlei, resolvemos fazer a parte do Salar de Uyuni antes de ir pra Peru. Compramos as passagens para as 19h45min, por 60 bol. Sucre Chegamos em Sucre por volta das 06h00min e tomamos a decisão mais acertada até o momento: pegamos um táxi e fomos escolher um hostal no centro. Ficamos no primeiro que encontramos, porque não estávamos muito a fim de bater perna àquela hora. O hostal se chama Residencial Ciudad Blanca, pagamos 60 bol. na diária com banheiro compartido, mas muito melhor que muitos banheiros privativos que tínhamos visto até então. Depois de nos acomodarmos, decidimos sair para tomar um desayuno e nos informaram que encontraríamos um bem na frente do hostal, num tal mercado central. O mercado estava fechado, mas achamos uma porta lateral e subimos até o segundo andar para o desayuno. Logo nos encantamos com o tal mercado... uma infinidade de barraquinhas vendendo de tudo: frango, carne, enfeites de aniversário, verduras, bolos. Tiramos algumas fotos bem legais enquanto tomávamos nosso café da manhã. Eis algumas: A obra rolando e as carnes no meio... Pollo, pollo e mais pollo!!! Adoro essas verduras!! Depois do desayuno saímos para passear um pouco. Andamos por algumas agências de turismo buscando informações sobre o passeio no Salar de Uyuni, mas achamos os pacotes caros demais e decidimos procurar mais quando estivéssemos em Potosí. Chegando a hora do almoço resolvemos comer num restaurante perto das agências, chamado La Vieja Bodega. O dono é um brasileiro, de Campo Grande, e nos atendeu super bem. Pedimos um fondue (pois é, saímos do sul pra comer fondue na Bolívia! ) que nos custou 45 bol. para cada. Depois do almoço fomos pra o hotel dar uma descansada antes de bater perna pela cidade de novo. Saímos para conhecer o cemitério da cidade, onde estão enterrados alguns presidentes e pessoas famosas na Bolívia. Pegamos um microônibus e chegamos lá em 10 minutos. Na frente do cemitério tem uns guris que ficam oferecendo serviço de guia por 30 bol. Em outra ocasião eu ficaria desconfiada de um piá querendo ser guia de um cemitério, mas na agência de turismo já tinham nos informado que isso era comum. Contratamos o piá e fomos conhecer o cemitério. O guia vai contando a história dos famosos enterrados ali, que são generais, presidentes e príncipes. Não é uma coisa que se diga: “nossa, que impressionante esse passeio”, mas se você estiver na cidade sem muita coisa pra fazer, vale à pena conhecer. Depois do cemitério fomos conhecer o Parque Cretácico, que, pelo o que eu entendi, é um museu de dinossauros. Pegamos um ônibus e depois de atravessar a cidade chegamos no tal parque. Faltavam 15 minutos para fechar, então não nos deixaram entrar. O parque fecha as 17h00min, então, se você pretende conhecer este lugar, programa-se para chegar lá bem antes. O valor do ingresso para estrangeiros custa 30 bol., enquanto para “nacionales” custa 10 bol. Bem decepcionados de não conhecer o parque, voltamos para pegar o mesmo ônibus pra voltar pro centro. Mais meia hora atravessando a cidade e chegamos no hostal. Foi nesse momento que percebemos que não tínhamos mais bolivianos e não tinha casa de câmbio aberta, por ser domingo. Sendo assim, pegamos nossos 30 bolivianos restantes e fomos ao supermercado comprar coisas baratas pra comer a noite. Num total de 18 bol. podemos fazer a seguinte refeição: Depois do nosso banquete fomos até a praça dar uma volta e então vimos que estava tendo uma festa da cidade. Tinha uma galera apresentando umas danças típicas, uma coisa bem bonita de ver. Ficamos um pouco para apreciar a cultura do povo e depois voltamos ao hostal para dormir. No dia seguinte voltamos para o desayuno no mercado central e depois fomos trocar dinheiro para poder irmos embora de Sucre. Passando pela praça notamos que estava havendo outra festa, desta vez com desfile de crianças e carros alegóricos. Descobrimos que era a abertura de alguma festa popular deles e que o Evo Morales, presidente da Bolívia, estava na cidade para as comemorações. Para quem não sabe, Sucre é a capital da Bolívia, apesar de a sede do governo estar em La Paz. Não entendi bem essa divisão, mas certamente o pólo industrial e comercial do país se encontra em La Paz, que deveria ser a capital. Potosí Chegamos em Potosí por volta das 16h00min e ficamos impressionados com o tamanho do terminal! Parecia um aeroporto de tão grande e bonito. Ficamos meio perdidos sem saber o que fazer ali, pois tínhamos ido a Potosí para fazer o passeio do Salar de Uyuni, e a esta altura ainda não sabíamos que teríamos que ir para Uyuni antes. Logo nos avisaram que este terminal não era muito seguro e que se quiséssemos ir para Uyuni teríamos que ir para o ex-terminal de ônibus, pois deste terminal não saíam ônibus para Uyuni. Conhecemos uma suíça, que eu não me lembro o nome e um israelense chamado Alex. Avisamos eles do perigo que tinham nos avisado e dividimos um táxi até o centro. O Alex não era de muitas palavras, então não travamos muito conhecimento com ele, já a suíça era super gente boa e conversamos bastante até chegar no centro. Descemos todos no hostal que eles tinham referência, mas não tinha vaga pra todos nós, então pegamos nossas mochilas e fomos garimpar outro hostal. Nessa hora ainda não sabíamos, mas Potosí é uma das cidades mais altas do mundo, com 3.967 metros de altitude, então a subida das lombas com mochilas nas costas começou a ficar bem difícil... Encontramos um hostal muito bonito e entramos para saber do preço. 170 bol.! Não aceitamos, era muito caro para nós. Baixaram o valor para 150, mas ainda assim não podíamos pagar. Perguntamos qual o melhor preço que nos fariam e baixaram para 140 bol. Agradecemos e viramos as costas pra ir embora. Quando estávamos na porta nos gritaram: 100 bol.! Resolvemos aceitar, pois o hostal era muito bom e bem localizado também. O nome do hostal é Carlos V, eu recomendo! Deixamos as malas no hostal e fomos dar uma caminhada pela cidade. Potosí é uma cidade bem antiga e faz bem o estilo colonial. Sentar na praça e ver a rotina do povo é uma distração gratificante, pois você verá gente de todos os estilos. Como não tínhamos comido nada ainda resolvemos entrar no Café La Plata para conhecer. O café é bem turístico e os preços são bem mais caros, mas o chocolate quente deles foi um dos melhores que já tomei! Pedi um creme de aspargos, pois além da fome estava muito frio e eu precisava de algo quente para esquentar por dentro. Saindo do café o Everton começou a sentir-se mal sem motivo aparente. Queixou-se de cansaço, dor de cabeça e tontura, então voltamos para o hotel para ele descansar um pouco. Deixei o Everton no hotel e fui dar uma banda na cidade, pois eu estava super bem. Aproveitei para entrar na internet e dar uma notícia em casa e então descobri que Potosí era muito alta e o que Everton sentia era o famoso Soroche... ãã2::'> Voltei ao Café La Plata para tomar o chocolate quente antes mencionado e voltei ao hotel para dar a notícia: “Everton, tenho uma coisa boa pra te contar! Estamos a 3.967 metros de altitude, então se tu melhorar aqui não vai passar mal em cidade nenhuma mais...”. Isso eram 22h e eu tava enrolando pra tomar banho... Fazia muito frio e eu ficava me lembrando dos chuveiros que já tínhamos enfrentado e não tinha coragem de tomar banho. Bom, criei coragem e fui enfrentar o banho que imaginei ser dos mais terríveis, ainda mais naquele frio... Acabei tendo a maior surpresa! O chuveiro não só era quente, com era bem forte!!! Nem acreditei... se fechasse os olhos conseguia me imaginar no chuveiro da minha casa. Aproveitei aquele banho como nunca e não tinha vontade de sair de baixo d’água. Então aqui vai a dica: se estiver em Potosí, hospede-se no hostal Carlos V, mesmo que não consiga o desconto que conseguimos. Não tem dinheiro que pague tomar um banho bom daquele num frio quase a baixo de zero! Vale lembrar que o banheiro é compartido, mas melhor do que todos os privativos que já tínhamos conhecido... Dormimos e no dia seguinte fomos tomar o desayuno oferecido no hostal. Não consegui comer, pois não serviam leite e café da manhã sem leite, pra mim, é mau-humor o dia todo! Depois de o Everton tomar o café dele, saímos para procurar um lugar para eu tomar o meu. Achamos uma lanchonete bem boazinha e comi um sanduiche de ovo e um chocolate quente. Voltei para a internet, pois pretendia postar umas fotos no Facebook e o Everton foi conhecer a cidade que eu tinha conhecido no dia anterior. Nesse momento tomei a pior decisão da viagem: resolvi fazer as unhas em Potosí! Por um lado eu realmente precisava fazer as unhas, mas eu também estava super curiosa de como trabalhavam as manicures bolivianas... Resultado: fiz uma unha péssima, que meia hora depois eu tive remover com acetona boliviana (qualidade terrível). Mas vou contar para as gurias como funciona o processo de fazer uma unha boliviana: primeiro a manicure remove o esmalte que você trás na unha. Tive a paciência de esperar ela remover cinco unhas, mas depois pedi licença e tirei eu mesma, pois ela era muito enrolada... Depois disso, ela mergulha sua mão num potinho com água quente, assim como as manicures daqui, mas se você está na ilusão que essa técnica é para amolecer a cutícula para depois tirar, esqueça! Ela tira sua mão do pote e aplica o esmalte novo! Assim mesmo, sem lixar nem remover cutícula... Não agüentei e perguntei pra ela pra que servia o tal potinho com água e ela me disse que era pra limpar a unha para receber o novo esmalte. Sendo assim, você não precisa ficar com as mãos de molho como eu fiz, basta mergulhá-las e retirar em seguida. Claro que eu registrei esse momento feliz numa foto: Pintando... Removendo... Se vocês pensam que o meu momento beleza tinha ficado por ai, enganam-se... Queria há muito tempo fazer aquelas tranças que todas as cholas fazem nos cabelos, então fui procurar onde comprar os enfeites das tranças, que elas chamam de Tulmas (não sei se é assim que escreve, mas é assim que se pronuncia). Nessa hora o Everton já tinha conhecido todas as igrejas de Potosí, que, segundo ele, é preciso pagar até para tirar fotos... Fomos a um mercado de rua muito grande, atrás das tais Tulmas que eu queria comprar. Achamos uma barraquinha e comprei um par por 20 bolivianos e pedi para a vendedora fazer as tranças e aplicar as Tulmas no meu cabelo. Foto: Depois do momento “beleza”, voltamos ao hostal para pegar nossas mochilas e voltar pro Café La Plata para almoçar, onde encontramos um casal de argentinos muito gente boa que estavam viajando de carro. Eles estavam voltando do Peru, então nos deram algumas dicas. Achei muito legal que na idade deles (não eram mais jovens) ainda tivessem disposição para uma viagem dessas. Nos despedimos e fomos para a praça esperar a hora passar, pois tínhamos que estar no terminal às 17h30min. Estar na praça é realmente um momento muito bom, seguem as fotos: Apesar de algumas recomendações contrárias, fomos para Uyuni durante a noite. Começamos a viagem sem nenhum imprevisto, umas crianças entravam no ônibus antes de ele sair e cantavam umas canções, mas depois cobravam “una contribuicion”. Ficamos com pena daquelas crianças, que não deviam ter sete anos, cantando pelos ônibus para poder comprar comida, então demos 5 bol. para um deles e para nossa surpresa o piazinho saiu dizendo: “Oba! Vamos para a internet!”. No meio da viagem o ônibus parou num vilarejo muito sinistro e começaram a juntar pessoas mais sinistras ainda em torno no ônibus. Ficamos muito preocupados e não esquecíamos aquelas recomendações: “não viagem para Uyuni durante a noite, pois é muito perigoso”. O pior de tudo é que o motorista desligou o ônibus e praticamente todos os passageiros desceram. Nossa aflição aumentou quando percebemos que éramos os únicos estrangeiros no ônibus... Foram somente alguns minutos, mas na nossa cabeça passou uma eternidade. Em seguida o motorista voltou e seguimos viagem, mas prometemos nunca mais fazer isso de novo! Uyuni Chegamos em Uyuni por volta da meia noite e pegamos logo um táxi. Estava fazendo muito frio, mas muito mesmo, como ainda não tínhamos visto na Bolívia, então não tivemos coragem de caminhar por aquela cidade deserta. Pedimos ao taxista para nos levar ao um hotel, o que nos custou 10 bol. Não estávamos em condições de negociar preço de táxi naquela hora, mas no outro dia ficamos muito brabos quando percebemos que andamos duas quadras do terminal ao hotel que ficamos. Dormimos aquela noite para no outro dia procurar o passeio no Salar. No dia seguinte o Everton acordou mais cedo e foi se informar sobre o passeio nas agências de turismo. Quando ele voltou arrumamos nossas malas e fomos tomar um café da manhã, pois o passeio sairia as 10h30min. Deixamos as mochilas na agência e embarcamos na caminhonete que nos levaria ao Salar. Nela estavam duas meninas inglesas, um casal de franceses e um americano. Tirando as duas meninas inglesas, logo nos entrosamos com o resto do pessoal, o que tornou o passeio muito bom. O casal de franceses era o Allan e a Louise e o americano se chamava Timóteo, vulgo Tim. Antes de chegar ao deserto mesmo, passamos por um cemitério de trens, onde tem muitos trens enferrujados pela proximidade do sal, claro. Depois de cemitério de trens fomos ao museu do sal, que, por si só não tem muita coisa interessante, mas tem umas banquinhas de lembranças muito baratas. Na verdade foi onde encontramos os melhores preços para compras, em toda a Bolívia. :'> Aproveite pra fazer seu estoque de mantas e enfeites do Salar, pois não haverá mais lugares com preços tão bons. Se eu soubesse disso no dia tinha comprado todos os presente lá. Saindo do museu seguimos finalmente para o objetivo do passeio: e deserto de sal. Logo de cara o Salar já impressiona com aquela imensidão branca igualzinha neve. Antes de sair da cidade tínhamos comprado toucas e luvas, porque diziam que no Salar fazia muito frio. Bobagem! Logo no início sentimos tanto calor que tivemos que tirar algumas peças de roupa. As luvas sem sequer foram usadas. Visitamos os montes de sal; os “Ojos del Salar”, que é uma fonte de água borbulhante; e depois fomos ao hotel de sal. Não achei nada de mais o hotel, até porque não parece ser feito de sal, pelo visto o sal é usado como liga para os tijolos somente. Mas tem uma coisa bem legal ao lado do hotel, que é um monte com várias bandeiras de diversos países, onde escrevemos nossos nomes na bandeira do Brasil, claro. Ah! Quase me esqueci, encontrei até a bandeira do meu timão lá! O Tim ficou muito contrariado, pois não tinha uma bandeira dos EUA, mas do meu time tinha... Nesse momento estávamos nos divertindo muito, pois o Tim tinha levado uma garrafa de rum, que ele bebeu quase toda sozinho e ficou muito bêbado! Além disso, ele viajava com uma bóia, daquelas que se coloca em volta da cintura para as crianças não se afogarem. O nome da bóia era Jeanne e a Jeanne era uma girafa... Acho que dá pra imaginar o tamanho da farra que fizemos com Tim bêbado e sua bóia Jeanne! Depois de andar muito por uma paisagem infinitamente branca, chegamos na ilha do pescado, o que foi um descanso para os olhos! A ilha é formada por muitos cactos e tem muitas subidas e descidas por onde se explora a variedade de vegetação (cactos). Vale informar que o Salar de Uyuni, há muitos anos atrás era um imenso mar, de 12 mil m2 e a ilha do pescado ficava completamente submersa. Antes de explorarmos a ilha paramos para almoçar e então descobrimos que o nosso almoço tinha sido trazido na caminhonete e foi montado em cima de uma mesa de sal. Foi nesse almoço que comi pela primeira vez quinoa, que é um grão parecido com trigo e muito gostoso. Veja a foto: Almoçamos e fomos caminhar pela ilha, onde tivemos que pagar 15 bol. para entrar. Depois de muito subir e descer eu estava esgotada lá pelas 16h e com vontade de ir embora... Reunimos nossos companheiros de viagem e fomos embora. Nossa, o caminho de volta é muito mais demorado que o da ida, pelo menos foi o que eu percebi. Aquele deserto branco não tinha fim nunca... Chegamos em Uyuni por volta das 19h00min e combinamos de comer uma pizza todos juntos antes de nossos separarmos. Eu e o Everton iríamos para La Paz, assim como o Allan e a Louise, mas o Tim dizia que ia pro sul... ainda não sabemos para que sul, mas ele foi. Depois da pizza fomos tentar comprar uma passagem para o mesmo ônibus do Allan e da Louise, mas não conseguimos. Falamos com a mesma agência de viagem deles e conseguimos outro ônibus que sairia na mesma hora que o deles. Esse ônibus nos custou 120 bol., o que foi um roubo, pois o ônibus era bem precário e nossos assentos eram atrás. Tudo bem, pagamos e seguimos viagem para La Paz, a pior viagem de ônibus de toda a trip, diga-se de passagem. Logo que entrei no ônibus me preparei para dormir, mas de repente fui acordada por uma coisa horrível: o ônibus estava tremendo demais, como se estivesse descendo um barranco de pedras soltas! Acordei apavorada e disse para o meu amigo: “Everton, esse ônibus tá desgovernado!”. Ele me respondeu que não, que está vamos só passando por uma estrada ruim. Nunca na minha vida eu passei por uma coisa dessas... Não é exagero, o ônibus tremia demais! Eu cheguei a sentir dores por dentro, como se os meus órgãos internos estivessem se desmanchando... As malas voavam dos compartimentos superiores em cima das pessoas... No final da viagem tinha gente procurando tênis, touca, etc. Como resultado dessa trepidação toda, o meu aparelho de som estragou! Era um aparelho pequeno, tipo caixa de som externa, mas não funcionou mais depois dessa viagem. No fim das contas foi uma experiência traumática, pois cheguei em La Paz ainda tremendo. Então fica a dica: pense bem antes de fazer esse trajeto, mas se for extremamente necessário escolha um ônibus bom e com assentos na frente! La Paz Chegamos em La Paz por volta das 06h30min. Pegamos um táxi e perguntamos se ele sabia de um hostal bom e barato e ele nos levou para o Inti Karka, onde ficamos todo o tempo, inclusive na segunda vez que fomos a La Paz. Assim que chegamos, fomos conferir a “água caliente” e descobrimos que o chuveiro não esquentava. Falei pro dono do hostal que não ficaríamos ali se a água não fosse quente e ele me prometeu que assim que as lojas abrissem (eram 07h00min ainda) ele compraria uma resistência e consertaria o chuveiro. Aceite essa condição e fomos dormir até umas 11h00min, pois tínhamos combinado com o Allan e a Louise de nos encontrarmos ao meio dia na igreja São Francisco. Quando acordei, fui tomar banho e descobri que o chuveiro ainda estava frio. Fiquei muito braba e decidi tomar banho no banheiro que tinha em outro andar. Depois de toda a confusão, quando eu achei que finalmente ia tomar um banho quente, acontece uma coisa traumatizante: no meio do meu banho, ainda com creme nos cabelos, a água do chuveiro fica extremamente gelada! Entrei em pânico, desatei a chorar como uma criança, mas terminei o meu banho com o couro cabeludo e as pontas dos dedos completamente dormentes... Estava muito frio em La Paz, então dá pra imaginar a sensação de um banho frio nessa situação. Cheguei no quarto ainda em prantos e o Everton ficou apavorado comigo! Eu dizia que não queria mais ficar nesse hotel, que o homem tinha mentido pra mim e que eu queria ir pra casa! O Everton desceu, disse ao dono do hotel que a água estava gelada e que se, quando a gente voltasse à noite, a água não estivesse quente, íamos sair do hotel e não íamos pagar diária nenhuma. Me acalmei, me arrumei e fomos encontrar o Allan e a Louise como tínhamos combinado. Perguntei a eles como tinha sido a viagem e eles me disseram que foi boa... Perguntei: “mas vocês não sentiram a trepidação do ônibus?” me responderam: “ah, nem tanto...”. Nesse momento concluí que o problema era mesmo o nosso ônibus! Decidimos almoçar, então eles nos disseram que tinham ido num restaurante muito bom, chamado The Pot Colonial, na calle de las bruxas. Em La Paz é muito comum os restaurantes oferecem um serviço de menu, onde você paga 30 bol. e tem direito a comer uma sopa de entrada, um prato principal e depois a sobremesa. Adoramos o restaurante, onde comemos praticamente todos os dias que ficamos em La Paz. Depois de almoçar fomos passear pelo mercado das bruxas e eu fiquei muito impressionada com as lhamas empalhadas e secas que elas vendem. Dizem que serve para trabalhos que atrai boa sorte, mas eu discordo. Para as lhamas não trouxe sorte nenhuma! Fotos: O mercado não é dos mais baratos, como dizem e por isso que me arrependi de não ter comprado mais presentes no Salar de Uyuni. No final da tarde nos despedimos nos nossos amigos e combinamos de nos encontrar por ali de novo a noite. Tínhamos comprado bebidas muito baratas em um mercado e combinamos de beber mais tarde. Voltamos ao hostal e descobrimos que o chuveiro estava consertado finalmente, então tomamos nosso primeiro banho verdadeiramente quente em La Paz. Descansamos um pouco, nos arrumamos e fomos encontrar o Allan e a Louise, como tínhamos combinado. Voltamos ao The Pot Colonial, jantamos e ficamos bebendo nossas bebidas baratas. Depois de um tempo já estávamos mais pra lá do que pra cá e começamos a fazer experimentos envolvendo folha de coca. Misturamos folha de coca na amarula, no rum e no vinho, que eram as primeiras coisas que bebemos para começar a noite. Foto da experiência: Decidimos então sair para uma festa e nos indicaram um lugar chamado Sol e Lua. Chegando lá percebemos que não era uma danceteria, mas um barzinho de música ao vivo, que estava fechando. Bebemos uns chopes e resolvemos sair para procurar uma danceteria. Encontramos uma muito ruim, que tocava só musica latina. Ficamos um pouco e fomos embora, pois não dava mais pra agüentar aquelas músicas e aqueles gringos dançando que nem doidos... No dia seguinte saímos para tomar café da manha e encontrar o Allan e a Louise, mas o Everton tava com uma baita ressaca e tivemos que voltar ao hotel para ele descansar. Ele pediu para dizer aos amigos mochileiros que gostam de um trago, que ele não aconselha ninguém tomar um porre na altitude. O porre não é o problema, o problema é a ressaca, que, segundo ele, foi a pior ressaca que ele já teve! De minha parte posso dizer que não senti nada de mais, mas eu também não senti os efeitos do soroche como ele sentiu. ãã2::'> Enquanto o Everton se recuperava da noitada eu saí para procurar uma lavanderia e bisbilhotar umas agências de turismo para programar nossos próximos dias em La Paz. Encontrei uma lavanderia, encontrei internet, encontrei várias agências de viagem, o que eu não encontrei foi o caminho de volta pro hotel. Preciso contar que sempre tive problemas com orientação espacial, então estou acostumada a me perder... Ao todo foram 4 horas perdida em La Paz, tudo porque, ao sair de uma lan house eu tomei o caminho inverso da volta. Fui parar numa outra avenida, que não era a da lavanderia (tive a ilusão de que se encontrasse a lavanderia, encontraria o caminho do hostal) e que eu fiquei trilhando por horas e horas. Quando finalmente eu cheguei no hotel, o Everton já estava apavorado com o meu sumiço e pensando em ir me procurar. A sorte foi que ele estava mal demais para procurar alguém, porque era uma ideia muito besta procurar por uma pessoa perdida em La Paz. Bom, problema resolvido, voltamos ao centro para marcar os passeios ao Tiwanaku e ao Chacaltaya que eu tinha pesquisado durante meu momento “lost”. Pagamos 60 bol. pelo Tiwanaku, que marcamos para o dia seguinte e 60 pelo Chacaltaya, que marcamos para o próximo dia. Vale informar que esse não é único valor que você paga pelo passeio. Quando chega lá tem mais 80 bol. do boleto turístico, que não está incluído ao que você paga na agência. Além disso, tem o almoço, que custa 30 bol. e funciona no mesmo esquema dos restaurantes em La Paz: sopa, prato principal e sobremesa. Depois da agência, demos umas voltas na avenida (desta vez sem me perder) e voltamos para a calle de laz bruxas para encontrar o Allan e a Louise. Fomos jantar juntos no mesmo restaurante de sempre para nos despedirmos, pois no dia seguinte bem cedo eles pegariam o voo de volta pra Buenos Aires, onde moram. Adieu! No outro dia acordamos cedo, fizemos nosso chimarrão e ficamos esperando o pessoal da agência nos buscar. Chegando ao Tiwanaku fomos levados para um salão onde estava exposto um monumento original dos Tiwanakus e onde não se podem tirar fotos. Se você tirar alguma, vão te pedir para apagar, mas eu fiz de conta que não entendi e ficou por isso mesmo. Esta é a foto criminosa: Depois deste salão ainda fomos numa sala onde estavam expostos muitos artefatos da época dos Tiwanaku. Lá conhecemos a história deste povo, que viveu na Bolívia bem antes dos incas e, segundo nosso guia, deram origem à civilização Inca. Só depois de tudo isso é que partimos para as verdadeiras ruínas e onde conhecemos a Lorena. Lorena é uma mineira muito tri que estava fazendo a trip sozinha, ela é fotógrafa e estava fazendo um projeto chamado Retratos Andinos (quero ser convidada pra ver essa exposição, ok Lorena?). Andamos bastante pelas ruínas e nos divertimos muito com o nosso guia, que era totalmente sensacionalista. Se ele precisasse de mímicas para representar o que queria dizer, ele não poupava esforços! Uma pena que não sabemos o nome dele para recomendá-lo aos próximos mochileiros que fizerem o passeio. Depois do passeio voltamos para La Paz, onde levamos a Lorena na nossa agência, para confirmar o passeio ao Chacaltaya no dia seguinte. A Lorena se interessou pelo preço que pagamos no nosso hotel e fomos lá para ela conhecer. De noite levamos a Lorena no nosso restaurante preferido onde jantamos e depois fomos embora, afinal no dia seguinte teríamos que acordar cedo para o Chacaltaya. Que surpresa a nossa (e que alívio) quando chegamos no hostal e recebemos um recado de que a agência tinha telefonado e avisado que nosso passeio ao Chacaltaya estava cancelado. Quando eu digo alívio, foi porque desde o momento que marcamos o passeio na agência ficamos bem desanimados com a ideia. Primeiro porque sabíamos que não tem neve no Chacaltaya há muito tempo já, e depois porque só planejamos o passeio por ser uma “tradição” de La Paz. Mas isso foi antes de decidirmos não fazer passeios “obrigatórios”, mas sim aquilo que realmente nos interessasse por algum motivo. Sem passeios para aquele dia, fomos passear pela cidade novamente, mas desta vez com a Lorena que já estava instalada em nosso hostal. Bom, vou aproveitar aqui para descrever um pouco La Paz. Não encontro outra forma de comparar La Paz que não seja a São Paulo (proporcionalmente, claro). Andando pela cidade você se depara com um trânsito completamente caótico, e, como li num outro relato aqui no mochileiros, a lei de trânsito é realmente a de quem se “enfiar” primeiro. Isso vale para carros e pedestres. Vi situações de entrevero de carros que você pensa que é impossível acharem uma solução! E isso muitas vezes na frente dos guardas de trânsito. Por um lado acho que esses guardas não impõem nenhuma autoridade no trânsito boliviano, pois muitos carros não têm espelho retrovisor e muito menos placa. Na verdade o único acessório imprescindível num veículo boliviano é a buzina. Buzinam o tempo todo, para qualquer situação, seja para atravessar um cruzamento, seja para pressionar o veículo da frente. Sei que em algumas cidades do Brasil também é comum o uso abusivo de buzinas, mas no RS não se vê isso. Aqui só se buzina quando a necessidade é real, por isso fico um pouco assustada com cidades barulhentas. É incrível ver carros e ônibus tentando passar por aquelas ruazinhas estreitas por volta do mercado das bruxas. Aliás, quando você ver um ônibus em La Paz aproveite para tirar uma foto, porque não é muito comum. O comum são umas mini vans que andam com um piá pendurado pela porta gritando os destinos. Em nenhum momento eu entendi alguma coisa do que eles falavam, mas fiquei preocupada que eles fossem cair daquela van e parar no meio da rua atropelados por outros carros! Bom, no meio desse trânsito todo fizemos nosso passeio pela cidade e fomos almoçar no Subway, por desejo da Lorena. Depois do almoço eu decidi ir na luta das cholitas, que seria às 16h no El Alto. Como ninguém quis ir comigo, me conformei em ir sozinha, então liguei para uma agência para me informar melhor. É possível pegar um táxi e ir até lá sozinha, depois pagar o ingresso que custa 50 bol. e assistir a luta, mas a agência cobra 80 bol. e te buscam no hotel e te levam depois, além de oferecer souvenir e snaks. Depois de fazer as contas percebi que ia gastar pelo menos uns 20 bol. de táxi até o El Alto, que é um bairro meio afastado de La Paz, então decidi contratar os serviços da agência. Faltavam 15 minutos para o pessoal da agência chegar no hotel, então tivemos que correr para chegar antes deles. Nesse momento o Everton mudou de idéia e resolveu me acompanhar nessa empreitada, o que foi muito bom, pois não seria tão divertido se eu tivesse isso sozinha. Chegando lá, descemos da van e fomos direto para o ginásio onde seria a luta, pois a agência tinha nos ditos que teríamos direito a assentos “Vips” e queríamos ver de perto isso. Os assentos Vips ficavam ao redor do ringue, enquanto o resto do povão ficava sentado numas arquibancadas mais afastadas. Quando começou a luta percebemos do que se tratava essa “lucha libre”. Não existe luta de verdade, é apenas uma encenação com personagens fantasiados que fazem de conta de batem uns nos outros. No começo ficamos um pouco arrependidos de ter ido, mas depois acabou sendo muito engraçado. Demorou um pouco até o Everton entrar no espírito da coisa, pois ele queria ir embora a todo o momento. Depois de um tempo começaram a “lutar” as cholitas de verdade e então descobrimos o motivo dos nossos assentos “Vips”. De vez em quando uma delas caia do ringue e se jogava por cima da platéia que estava nos assentos Vips, então a outra vinha e dava nela ali mesmo, por cima dos outros. Se vissem uma garrafa d’água ou de refrigerante dando sopa pegavam e esvaziavam por cima da cholita derrubada, dando um banho em todos à volta. Fiz um vídeo num momento desses, em que a chola esta esvaziando uma garrafa de limonada em cima de nós, o que deu um banho na minha câmera digital. Depois de 3 horas assistindo à “lucha libre” fomos finalmente embora e foi nesse momento que notamos que estávamos num bairro muito barra pesada. Não vimos nenhum táxi pela volta, o que nos fez comentar: “Graças a Deus que viemos com a agência”. Não pude deixar de lembrar ao Everton que inicialmente eu iria sozinha e que, se fosse pelo plano inicial, iria de táxi. Imagina como eu iria me virar na volta! Voltamos para o hostal para encontrar a Lorena e fomos procurar uma agência para escolher um passeio. No dia que eu me perdi, numa das agências que eu fui, me mostraram uma foto de uma tal lagoa Chiarkhota, que eu tinha achado linda demais e fiz muita propaganda dela. O Everton e a Lorena também se interessaram pelo passeio e fomos encontrar uma agência que fizesse. Depois de andar por muitas, encontramos uma que fazia, pelo preço de 350 bol. Achamos caro demais, mas este passeio era até o Pico Áustria, onde a lagoa Chiarkhota era caminho. Pechinchamos, pechinchamos e chegamos ao preço de 200 bol., pois não queríamos subir o pico, mas apenas chegar até a lagoa. Fechamos o passeio para o dia seguinte e fomos jantar no nosso restaurante preferido. Depois da janta fomos dormir, pois no dia seguinte a pegada era cedo e o dia puxado! Acordamos cedo e esperamos o pessoal da agência nos buscar. Enquanto esperávamos o guia para a lagoa Chiarkhota chegou um guia para o Chacaltaya, que a agência tinha cancelado outro dia! Nos desculpamos com o guia, mas dissemos que não poderíamos fazer dois passeios num dia só e que a culpa era da agência que não deveria ter desmarcado. Bom, problemas resolvidos, partimos para a lagoa. Durante o caminho conhecemos a Nieves, uma espanhola que estava na Bolívia para escalar os grandes picos (nesse dia era o Pico Áustria) e o Amir, um israelense com o mesmo objetivo da Nieves. Percebemos que éramos os únicos preguiçosos que iam ficar pela lagoa só. Saindo da cidade uma surpresa: os bolivianos fizeram um protesto no meio da estrada que vai até a lagoa. Pareciam motoristas de vans, mas não entendemos o motivo do “paro”. Alias, “paro” é uma coisa muito comum na Bolívia. Quando estão insatisfeitos com alguma coisa e querem protestar simplesmente param o trânsito em algum trecho e ninguém passa! O nosso motorista estacionou a van e desceu para tentar negociar com os protestantes, alegando que éramos turistas e tal. Além de não convencer ninguém, isso deixou os manifestantes muito brabos e eles vieram pra cima de nós na van com pedaços de paus e pedras. Tentaram furar o pneu da van e batiam nas janelas com os paus! Começamos a ficar apavorados, pois o motorista não voltava e cada vez juntava mais gente em torno da van. Nesse momento o Everton resolveu pular pra frente e dirigir a van até longe do protesto e foi quando vimos nosso motorista entrando na van a baixo de pauladas dos caras. Foram momentos de muita tensão! Passado o terror do “paro”, seguimos viagem, mas tivemos que tomar outro caminho, já que o mais curto estava interrompido. Fizemos uma baita volta pelas montanhas, que durou umas 2 horas e meia, mas a sensação era que já estávamos andando há pelo menos 5 horas, pois a estrada era muito ruim, de chão batido e entre desfiladeiros e paredões de pedra. Algumas vezes a van tinha que andar bem devagar para não bater no paredão e também não despencar pelo desfiladeiro. Nossa amiga Lorena ficou extremamente nervosa com a situação que nem fotos tirou mais! Isso sem contar uma hora que a van patinou na areia solta e tivemos que empurrar! Depois de muito andar por essa estrada apavorante nos deparamos com um portão. Um portão trancando com cadeado e corrente. Todo mundo desceu, ficamos muito frustrados com a idéia de voltar todo aquele caminho e nem conhecer a lagoa. Nesse momento nossos guias subiram um morro e foram procurar alguém para abrir o portão. Eles voltaram uns minutos depois com uma chola que tinha a chave do cadeado, mas nos disseram que foi uma sorte, pois normalmente não tem ninguém ali. Ficamos pensando na volta: tomara que a nossa sorte continue, senão vamos passar a noite no meio do deserto! Pausa para a foto (in) feliz: Tinha um portão no meio do caminho. No meio do caminho tinha um portão. Tinha um portão no meio do caminho.. e ele estava cadeado! Mais um pouco de zig-zag e chegamos finalmente no nosso destino. Não, não é a lagoa Chiarkhota, mas o pé do morro que teríamos que atravessar para chegar nela. Nossos guias nos estimularam dizendo que a subida é tranqüila e que depois do morro é só planície. Começamos a subir e já nos 10 primeiros passos eu já estava morta! É incrível como é difícil até caminhar devagar numa altitude de 4600m. Eu e a Lorena ficávamos pra trás o tempo todo, mas não desistimos, apesar da grande vontade de voltar. Sabe aqueles momentos que você sente que não pode mais prosseguir, mas se dá conta que também não pode voltar? Era assim que estávamos, pois, apesar da dificuldade, era bem melhor seguir em frente do que voltar e ficar sozinha em volta da van esperando durante 5 horas pelo regresso dos demais! Depois de deixar o morro pra trás chegamos ao local onde os nossos guias descreveram como planície... Certamente, comparado ao que tínhamos subido era uma planície, mas comparado a um campo de futebol era uma descida de rolimã, mas ao contrário, pois estávamos subindo. Paramos para almoçar, aliás, fazer um piquenique com as coisas que os guias traziam na mochila. Comemos sanduiches com presunto, queijo, mostarda e maionese e tinha até umas frutinhas cortadas pra quem preferisse uma alimentação mais saudável. Ah, esqueci de contar que tínhamos um médico no grupo, o Amir, israelense. Ele nos sugeriu que não comecemos muito, pois estávamos respirando pouco oxigênio e isso não seria muito bom para a digestão e, além do mais, estávamos nos exercitando. Conselho do médico que comeu três sanduiches bem recheados... Bom, almoço terminado, resolvemos seguir viagem. Andamos um pouco e o grupo foi separado: os que subiriam o Pico Áustria acompanharam um guia e os que seguiriam para a lagoa acompanharam outro guia, o Luis. Nesse momento o Everton resolveu subir o pico junto com seus novos amigos Amir e Nieves. Eu e a Lorena seguimos o Luis até a lagoa Chiarkhota, de onde eu resolvi visitar o Glacial. A Lorena não topou mais essa aventura e ficou nos esperando na lagoa. Levamos uma hora para chegar ao Glacial e mais uma hora para voltar até a lagoa. Teve momentos que eu achei que não ia mais conseguir prosseguir e isso que estávamos caminhando reto, sem subidas drásticas. Fiquei muito impressionada com a tranqüilidade do Luis, onde registrei no meu vídeo-desabafo a seguir: Chegando ao Glacial, percebi que não se trata de um monte de neve fofa, como parece ser de longe. O gelo do Glacial parece o gelo que se forma no congelador da geladeira, sabe? Mas bem mais cortante e quebradiço. Assim que cheguei tentei subir, mas o Luis não me deixou, pois me disse que era necessário equipamento de escalada para subir esse gelo. O risco é que o gelo, apesar de muito fino e talves por isso mesmo, corta como uma navalha ao mesmo tempo em que vai quebrando em baixo dos pés. Sendo assim entreguei a máquina ao Luis e disse assim: “não se preocupe comigo, mas na hora que avisar, tu tira uma foto minha, ok?”. Sem muita alternativa, Luis concordou comigo e eu fiz a volta pelo outro lado do Glacial, onde tinham umas pedras que pude me apoiar. Quando alcancei meu objetivo gritei ao Luis: “Pode tirar a foto!” e o resultado foi esse: Na verdade quem devia ter tirado uma foto era eu, mas da cara que o Luis fez quando me viu em cima do Glacial! Ficou gritando: “No, chica, no se puede subir sin el equipo”, então respondi a ele: “Ah tá Luis, tu realmente acha que eu ia caminhar até aqui, pôr os bofes pra fora, pra passar a mão no gelo e ir embora?”. Claro que ele entendeu muito pouco do que eu disse, o que foi bom, pois eu precisava dele ainda pra voltar até a lagoa. Nessa hora pensei: “G-zuis, ainda tem que voltar?!?! Eu não contava com essa parte”, mas fiquei bastante surpresa, pois a volta foi infinitamente mais tranqüila que a ida e pude apreciar a vista que antes não tinha reparado. Durante a volta passamos por uns lugares muito bonitos, por trilhas super estreitas, pedras com limo e até por um acampamento. Perguntei ao Luis se ele tinha certeza de que tínhamos feito esse caminho mesmo na ida, pois não tinha visto nada daquilo! Ele me disse que sim, então fui obrigada a acreditar nele. Nesse momento eu ainda não sabia, mas esse foi certamente um dos melhores passeios da viagem, pois além da paisagem incrível, foi, para mim, uma total superação de limites... Chegamos de volta à lagoa, encontramos Lorena e voltamos para a van para encontrar o pessoal que estava descendo o Pico Áustria. Chegando na van nos deparamos com uma trompa de lhamas (é, eu pesquisei no Google o coletivo de lhamas... ) e algumas alpacas, o que rendeu muitas fotos. A foto abaixo é da Lhama Dóris, ela gosta de passear na praia, ler um livro nas horas de folga, detesta pessoas falsas e sorvete de creme. Procura uma companhia para dividir a vida solitária que escolheu quando se tornou mochileira na Bolívia: Voltando para La Paz ficamos muito satisfeitos ao saber que não precisaríamos mais fazer os caminho tortuoso através das montanhas, pois provavelmente o protesto já havia terminado. Voltamos, então, pela estrada tradicional que devíamos ter tomado desde o início e em uma hora estávamos em La Paz. Chegando em La Paz, nos separamos da Lorena, que tinha umas voltas para dar e fomos jantar num restaurante Tailandês que eu queria conhecer há tempos, aproveitando para dar uma folga ao Pablo. Jantamos e fomos dormir, pois pretendíamos ir no dia seguinte para Copacabana. Passamos o dia seguinte passeando meio sem rumo por La Paz e por volta das 15h00min fomos ao terminal tentar comprar a passagem para Copacabana, mas descobrimos que os ônibus só saem as 09h00min e depois as 14h00min. Nos disseram que devíamos ir para o cemitério, que de lá saiam ônibus toda hora. Chegando lá compramos uma passagem para as 16h00min. Ficamos um pouco preocupados com a qualidade do ônibus, mas como não tínhamos muita escolha acabamos topando. Durante a viagem tem uma hora que é preciso atravessar o lago Titicaca, então tivemos que descer e entrar num barquinho, que vai cheio até a boca. Li em um relato aqui no mochileiros, que esse barco quase virou, começou a entrar água e o marinheiro ficava pedindo pro pessoal balancear o peso, mas com o nosso barco não aconteceu nada... Felizmente li isso depois de ter atravessado o lago, senão dificilmente teria topado. Enquanto estávamos no barquinho o nosso ônibus seguiu por uma balsa, muito velha e quase afundando. Deu pra entender porque não vamos junto com o ônibus. Chegando do outro lado descemos do barco, entramos de novo no ônibus e seguimos viagem. Copacabana Chegamos em Copacabana por volta das 20h00min e ficamos na praça decidindo onde procurar um hostal. Logo fomos abordados por um cara oferecendo um hostal por 25 bol. a diária, com desayuno, internet e táxi free. Ficamos meio desconfiados, pois o cara era muito insistente e resolvemos dar uma volta na praça para procurar um hostal. Copacabana é uma cidade bem pequena e conseguimos andar por vários hostals pelas ruas em torno da praça. Uns eram caros demais, outros muito sujos, outros não tinham água quente, então resolvemos voltar para a praça e ver qual era a do hostal oferecido pelo nosso amigo insistente. Pedimos para ele nos levar no hostal para vermos como era e logo percebemos que a história de táxi free era mentira. Ele foi nos levando a pé e quando perguntamos do táxi nos inventou uma história que tava ocupado, ou coisa parecida e já ficamos mais desconfiados do que antes. Ele começou a nos levar por umas ruas muito sinistras e ficamos com medo de ser uma armadilha para assalto. Nesse momento vimos um hostal e entramos pra ver qual era, deixando o cara seguir sozinho. O nome do hostal era Residencial Sucre, bem bonitinho e limpo, com banheiro privativo. Acabamos ficando nesse e pagamos 25 bol. cada. Saímos para jantar num restaurante que servia comida mexicana que eu estava muito a fim de comer, mas que percebemos ser caro demais. Não me importei com o preço, pois que queria muito experimentar o tal de taco, que nunca tinha comido. No outro dia descobrimos que a maioria dos restaurantes de Copacabana servem menu mexicano. Jantamos e fomos pro hostal dormir, pois no dia seguinte íamos procurar pelo passeio da Isla del Sol. Acordamos e fomos procurar uma agência para fazer o passeio, que contratamos por 15 bol., ida e volta, pois não queríamos dormir na ilha. Nesse momento ainda estávamos convencendo a Lorena de ir junto, pois ela não gosta muito de passeios em barco. Fomos para o porto para ver a “qualidade” dos barcos e ver se a Lorena animava. Não teve jeito, ele escolheu ficar na cidade e fazer umas fotos enquanto nos aventurávamos pelo lago Titicaca. Almoçamos e fomos para o porto, pois nosso barco sairia às 13h30min. Desta vez o barco era bem maior que o da primeira travessia e super confortável, fui dormindo o caminho todo que durou 1 hora e meia. Quando chegamos lá descobrimos que tínhamos que pagar 5 bol. para entrar na ilha, mas tudo bem. Descemos do barco e começamos a subir uma escadaria que tinha em seguida. Não sabíamos o que fazer ali, então ficamos “pateteando” nas escadas. Nesse momento encontramos uma brasileira que tínhamos conhecido no Salar de Uyuni e ela nos deu umas dicas para chegar em Machu Picchu. Foi a única coisa que valeu a pena nesse passeio, porque nunca vi uma ilha tão sem fundamento! Talves tenha sido por não sabermos o que fazer ali, mas o fato é não gostamos nem um pouco e teríamos nos arrependido, caso esse passeio não nos tivemos proporcionado encontrar a brasileira com as dicas valiosas de Machu Picchu. Descemos a escadaria e fomos para o barco esperar a hora de voltar, pois não tinha mais o que fazer ali. O barco saiu e parou em seguida para todos descerem numas ruínas que tinham por perto. Mais uma parada sem fundamento! Vimos umas ruínas muito sem graça e voltamos para o barco para esperar o resto dos turistas. Pausa para a foto feliz: Voltamos para Copacabana, encontramos a Lorena e fomos todos juntos jantar. Depois da janta fomos pro hotel dormir, pois fazia muito frio e a Lorena resolveu ir num barzinho que ia ter música ao vivo. Você não precisa andar de táxi em Copacabana, pois todos os lugares que você vai precisar ir são muito próximos uns dos outros. Foi a única cidade em que não gastamos um centavo com táxi (Águas Calientes não conta, pois lá não tem táxi mesmo). Acordamos no outro dia e fomos procurar passagens para Puno, aproveitando que a fronteira estava aberta. Vou aproveitar aqui para explicar a história do “paro” da fronteira. Bom, segundo as informações, existe uma mineradora alemã extraindo alguma coisa no Peru, mas que está contaminado demais. Sendo assim os peruanos resolveram protestar para que essa mineradora ou saísse do Peru, ou utilizasse formas mais limpas de extração da coisa que não sabemos o que é. Por esse motivo que a fronteira estava fechada e por muitos dias só havia três formas de chegar ao Peru: 1) de avião; 2) de barco pelo lago Titicaca numa viagem de 12 horas que custava 40 dólares (quando os peruanos começaram a incendiar os portos esse caminho não pôde mais ser feito); 3) indo pelo Chile, onde era necessário fazer o seguinte trajeto: La Paz – Arica/Chile – Tacna/Peru – Arequipa – Cuzco. Quando fomos para Puno a fronteira estava aberta por causa das eleições presidenciais, mas já tinham nos avisado que seria temporariamente. Compramos nossas passagens para às 13h30min, então fomos almoçar para depois arrumar as malas. Almoçamos, fomos no hostal pegar as mochilas e voltamos para a agência e nada de encontrarmos a Lorena! Quando deu 13h00min começamos a ficar preocupados, pois ela ia perder o ônibus. Nesse momento o Everton começou a me contar uma história em que um amigo dele tinha conhecido um cara numa viagem e esse cara sumiu de forma muito misteriosa. Houve até uma investigação policial e interrogaram esse amigo do Everton para buscar informações do paradeiro do guri. Não deu outra, comecei a ficar apavorada com o sumiço da Lorena, porque sabíamos que ela não perderia o ônibus de jeito nenhum (seriam 30 bol. jogados fora, a Lorena jamais cometeria um desperdício desses) e começamos a pensar numa série de tragédias... Não podendo mais esperar, pois o ônibus sairia em meia hora, o Everton voltou ao hostal onde encontrou Lorena bem tranqüila esperando a gente sair do quarto e avisar ela que estávamos indo pra agência! Problemas resolvidos, embarcamos no ônibus com destino a Puno, ainda um pouco receosos de passar novamente por uma fronteira em conflito. Puno Atravessamos a fronteira sem problema nenhum e chegamos em Puno por volta das 15h00min. Logo no terminal contratamos o passeio para as Islas Flotantes, que não me lembro o valor inicial, mas que depois de pechinchar ficou por 40 bol. para cada. Esse passeio a Lorena não teve como recusar, pois nem demos tempo para ela pensar. Descemos do ônibus e já atacamos o cara, ele deu o preço e rebatemos por estarmos em três. Fechamos o passeio, deixamos nossas mochilas na agência e fomos para o porto pegar o barco. Assim como em Copacabana o barco era super confortável e não parecia perigoso. Andamos por cerca de 30 minutos até chegar na ilha. Fiquei muito encantada com esse passeio, um dos melhores pra mim... Descemos naquela ilha feita toda de totora e ouvimos a explicação do guia sobre a forma de que fabricaram as ilhas artificiais. São feitos blocos grandes de totora amarrada e depois são unidos uns aos outros por suportes de madeira. Feita essa base, são colocados 3 metros de totora solta em cima para fazer o chão. Pra quem não sabe, totora é uma vegetação aquática parecida com o junco. Desse mesmo material que são feitos aqueles barcos incas tradicionais do lago Titicaca. Depois da explicação do guia, todas as pessoas que estavam no passeio foram convidadas, por grupos, a conhecer as casas das famílias que moram ali. Quem nos convidou foi a Norma, que nos mostrou a casa dela por dentro. As casas são minúsculas, feitas de totora, claro, e somente com um quarto de dormir. Parece que cozinha e banheiro eles compartilham em outro lugar. Entrando na casa, já me senti bem à vontade e me joguei na cama de totora da Norma. Papo vai, papo vem, pergunto a ela se ela mora sozinha na casa e se não tinham filhos. Ela me disse que tinha filhos e que, inclusive, eu estava deitada por cima de um deles que estava dormindo na cama! Dei um pulo pensando que tinha matado a criança com meu peso, mas percebi que não a esmaguei por questão de centímetros. Depois de conhecermos toda a casa, a Norma nos convidou para conhecer a lojinha de artesanatos que ela tinha, que nada mais era que uma toalha estendida no chão, em frente à casa, com o objetos dispostos em cima. Tudo muito caro, claro, mas acabei comprando um enfeite com um barquinho de totora, que acabei perdendo do decorrer da viagem. Depois disso o presidente da ilha nos convidou para passear num barco de totora, aqueles dos incas que ainda são feitos do jeito que era antigamente. A Lorena, claro, não topou e fomos eu e o Everton nessa aventura. O passeio é muito tranqüilo, o barco não balança nem nada e parece super seguro, apesar de não ter motor, só dois caras remando. Encontramos os resto do pessoal, que tinha ido no outro barco, numa outra ilha que era a capital das ilhas. Nessa ilha tem hotel e restaurante, onde tomei um chocolate quente. Se você tiver levado passaporte pode comprar um carimbo das ilhas flotantes pelo preço de 1 sole. Alguns dos turistas que foram conosco no barco ficaram para passar a noite do hotel da ilha, mas eu não tive coragem. Além de ser muito frio, o hotel era feito da mesma forma que as casas, ou seja, totora! Entrada da ilha Casa de totora Voltamos para Puno e fomos ao terminal comprar passagens para Cuzco, pois não tínhamos mais o que fazer naquela cidade. Chegamos no terminal uma 19h00min, mas só conseguimos ônibus para as 21h30min, então resolvemos fazer nossa primeira refeição peruana no segundo andar do terminal. Já nesse momento percebemos a grande diferença de comer na Bolívia e comer no Peru: os valores são praticamente os mesmo, mas se você converter para real vai notar que paga bem mais caro... Aliás, tudo é mais caro no Peru, então se você estiver viajando em contensão de despesas não poderá esbanjar muito lá. Cuzco Chegamos em Cuzco por volta das 05h00min e logo fomos abordados por uma infinidade de pessoas oferecendo táxi e hostal. O bom dessa concorrência toda é que você escolhe quanto quer pagar na diária. Começamos a receber ofertas de todos os tipos e aproveitamos para pechinchar. A nossa vítima desta vez foi a dona de um hostal que inicialmente custava 25 soles. Dissemos a ela que éramos três e queríamos pagar 15 soles cada um num quarto triplo. Ela negou taxativamente e começamos a negociar com os outros na volta, mas nossa amiga não resistiu à pressão e aceitou nossa proposta. Pegamos um táxi e seguimos para o hostal dela, ela ficou no terminal para caçar mais alguns turistas. Chegando no hostal fomos atendidos por um cara que parecia ser o marido ou sócio da mulher. Ficamos meio desconfiados, pois o hostal tava fechado, ele demorou para abrir a porta e quando abriu nos levou para outra parte do hostal que fica na rua do lado. Isso tudo acontecendo às 05h30min. Chegando no quarto dormimos para no dia seguinte estarmos zerados! Acordamos por volta das 09h00min, pois não queríamos perder o desayuno oferecido pelo hostal que encerra às 10h00min. Comemos e fomos dar uma volta por Cuzco. Antes mesmo de chegar na praça das armas já encontramos umas cholas que andavam com uma lhamas a tiracolo para vender fotos aos turistas. Eu imagino no que você está pensando agora e também não acho certo incentivar esse tipo de comércio, mas como era minha primeira vez no Peru e eu acho as lhamas muito fofas, não resisti a estas fotos: Lhama bebê... Fotos tiradas, fomos até a praça das armas para decidir o que fazer. Tínhamos que buscar informações sobre os passeios ao Vale Sagrado e Machu Picchu, mas não tínhamos idéia de onde começar. Nesse momento perdemos a Lorena de novo e ficamos esperando por ela mais de uma hora nas escadarias da igreja o que nos proporcionou conhecer melhor os métodos comerciais utilizados pelos vendedores ambulantes. Não existe limite para as coisas oferecidas pela volta da praça das armas. Durante a hora que estivemos lá fomos abordados por uma infinidade de pessoas vendendo desde cartões postais, massagens, pinturas em tela, cigarros, artesanatos até drogas! Chega um momento que você não tem mais paciência nem para dizer “No, gracias” e fica restrito a um balançar de cabeça. Já eu transcendi esse limite: além de nem responder mais que não queria comprar nada, aproveitei para pedir uma contribuição voluntária, já que o Everton estava tocando gaita. Não me contentando com contribuições e aproveitando uns folders que tinha recebido de umas agências, comecei a oferecer passeios a Machu Picchu por 150 dólares somente. Por algum motivo misterioso desapareceram temporariamente os vendedores da nossa volta. Depois de muito esperar decidimos andar pela avenida principal de Cuzco, chamada avenida del sol. Lá conseguimos trocar dinheiro, mas a melhor taxa que encontramos foi 1,56 soles por real. Descendo mais a avenida fomos procurar um restaurante para almoçar e, como havíamos decidido segurar os gastos no Peru, chegamos a um restaurante cujo menu custava 5,50 soles! Se vocês lembram do menu da Bolívia, esse é basicamente a mesma coisa, acrescido de um copo de... hã... ah! Deve ser suco aquilo... Chegou o primeiro prato do menu, a entrada, ou seja, a sopa. Não sei se consigo descrever aqui o horror da sopa que foi servida, mas tinha um pedaço muito sinistro de carne boiando num caldo com gosto de laranja. Preciso postar a foto, senão ninguém acredita: Para tentar comer a tal sopa, derramei sal e mostarda por cima para ver se melhorava o gosto, mas não adiantou. A única alternativa foi abandonar o prato e torcer para que o seguinte fosse pelo menos comestível. Nesse momento o Everton já estava decidido a deixar o restaurante e procurar outro, porque realmente não tinha condições. Convenci ele a esperar o próximo prato, pelo menos para ver a cara. Maldita curiosidade! Serviram um prato de macarrão super cozido com um molho vermelho em cima, uma batata muito sinistra e um molho de ovo! Mais não pensem que a desgraça acaba aqui... Junto com isso tudo recebemos um copo de suco, na verdade o nome era sangria. Era um suco vermelho, morno, com uns pedaços de maçã boiando em cima que quando provei quase vomitei em cima de tudo! Por incrível que pareça acho que éramos os únicos que não apreciávamos a iguaria, pois vimos gente tomando isso de jarra... Abandonamos isso tudo e fomos embora, decididos a não economizar mais com comida. Antes de chegar no hostal fui obrigada a tomar uma Inca Kola para tirar o gosto da coisa, e eu mereço crédito, pois não sou do tipo de recusar comida! Bom, vou aproveitar aqui para fazer uma propaganda da Inka Kola. É um refrigerante muito gostoso apesar da cor de pinho sol amarelo e tem gostinho de frutas, produzido pela Coca-Cola Company. Na verdade, no Peru, uma Inka Kola custa mais caro do que uma Coca Cola! Depois dessa experiência toda fomos para o hotel para descansar um pouco e descobrir se a Lorena tinha dado alguma notícia do seu paradeiro. Sem notícias da Lorena resolvemos dar um tempo no hotel, pois ela não tinha a chave do quarto. Depois de um tempo resolvemos sair para novamente procurar os passeios nas agências, o que não encontramos de novo. Ficamos um tempo sentados na praça das armas apreciando o movimento e depois voltamos ao hotel para saber da Lorena. Desta vez recebemos um recado dela nos avisando que estaria nos esperando na frente do Mama África em poucos minutos. Saímos e fomos esperar por ela lá. Mais uma hora e meia e nada de Lorena! Já estávamos morrendo de fome, então fomos num restaurante perto do hostal para jantar, sempre cuidando a rua para o caso de a Lorena aparecer. Ficamos um tempão no tal restaurante e nada de Lorena... Voltamos ao hotel para eu tomar um banho enquanto o Everton dava mais uma volta pela praça para ver se achava ela. Quando ele voltou sem ela comecei a ficar realmente preocupada, pois percebemos que o casado dela estava no quarto e fazia muito frio na rua. Foi quando o Everton me disse: “A Lorena não estaria até essa hora na rua passando frio...”. Pronto, foi o suficiente pra eu começar a imaginar as piores coisas que podiam ter acontecido com ela. Não sei como, mas em seguida adormeci e só me acordei com a Lorena entrando no quarto muito animada e contando as coisas que tinha feito! Mais uma vez nos preocupamos sem motivos, pois Lorena estava muito bem passeando na cidade... Acordamos no dia seguinte decididos a ir para Machu Picchu da maneira mais independente possível. Arrumamos as mochilas e deixamos no depósito do hotel. Saímos perto do meio dia e fomos atrás de um ônibus para Ollantaytambo, pois queríamos ver as ruínas e depois seguir para Urubamba para pegar um ônibus para Santa Teresa. De lá iríamos pegar um ônibus até a tal hidrelétrica e depois iríamos caminhar até Águas Calientes. Esse era o plano inicial, mas não foi posto em prática. Quando chegamos no local onde deveriam sair os ônibus para Ollantaytambo um taxista nos informou que os ônibus estavam cobrando o dobro do preço, pois no dia seguinte seriam as eleições. Pelo que entendemos, os ônibus se aproveitam da necessidade dos peruanos de se deslocarem para outras cidades para votar, e cobram o dobro do valor de um dia comum. Esse mesmo taxista nos disse que poderia nos levar até Ollantaytambo, que fica distante 1 hora e meia de Cuzco. Não me lembro qual era o valor inicial, mas, depois de pechinchar, chegamos ao preço de 40 soles por todos. Resolvemos topar e partimos para Ollantaytambo. Lá chegando nem sequer animamos de conhecer as tais ruínas, mas queríamos logo um ônibus para Santa Teresa para seguirmos nosso plano. Todos os ônibus que passavam pela praça estavam lotados e teve que nos ofereceu 15 soles para irmos no corredor. Mais tarde nos arrependemos muito de não ter aceitado. Resolvemos perguntar a um taxista que estava por perto se ele sabia de mais ônibus para Santa Teresa e eles nos disse que todos que passavam por ali saíam de Urubamba, então se quiséssemos viajar sentados devíamos ir até lá. Perguntamos se ele poderia nos levar e ele fechou por 9 soles (estávamos entre três, então seria mais fácil de dividir). Chegando em Urubamba ele nos deixou num mercado e nos disse que dali que saiam os ônibus e que tinha a toda hora. Quando chegamos para saber das passagens nos disseram que só teria ônibus para as 21h00min (eram 17h00min) e que a passagem custaria 40 soles! Ficamos muito indignados com isso e com muita raiva do taxista que tinha nos colocado nessa! Depois de andar um monte naquela cidade deserta, descobrimos que não tínhamos outra alternativa a não ser voltar a Ollantaytambo e pegar o trem para Águas Calientes. Assim decidido, pegamos uma van e voltamos para Ollantaytambo por 3 soles cada um, a mesma coisa que tínhamos pagado na ida. Resumindo: 6 soles de cada um desperdiçados naquele vai-e-vem entre Ollantaytambo e Urubamba! Chegamos perto das 19h00min na estação de trem de Ollantaytambo, mas só conseguimos comprar passagens para as 21h00min, por 35 dólares cada uma. Se você comprar ida e volta sai por 33 dólares cada passagem. Enquanto esperávamos fizemos um piquenique com as coisas que havíamos comprado no supermercado em Cuzco. Todos que passavam estranhavam nossa cena, mas nos divertimos muito! Afinal, depois de tanta desgraça parecia que finalmente estávamos no caminho certo para Machu Picchu... Aproveitamos a reunião e os comes e bebes para comemorar o aniversário do Bob Esponja, que a Lorena trazia como seu companheiro de viagem. Eis a foto feliz: Quero aproveitar essa confusão de informações que nos levaram para Ollantaytambo e Urubamba para manifestar minha impressão dos peruanos. Sei que não devemos falar mal das pessoas que vivem nos países que visitamos, mas nesse caso servirá de alerta aos mochileiros desavisados como nós. Os peruanos têm uma mania muito inconveniente de mentir, e isso não é exagero. Até hoje não sei por que motivo mentem, mas o fato é que mentem mesmo!!! Para representar melhor essa afirmação vou contar algumas situações que presenciamos: Situação 1 – estávamos saindo do supermercado, em Cuzco, e, após andar uns 20 metros, encontramos um estrangeiro que perguntava a um peruano onde tinha um supermercado ali perto. O peruano respondeu que não havia supermercado naquela rua! Fomos obrigados a parar e mostrar ao estrangeiro o baita supermercado que tínhamos acabado de sair; Situação 2 – antes de achar esse supermercado perguntamos a uma vendedora onde podíamos achar um ali perto. Ela nos disse que entrássemos na rua à direita e seguíssemos reto. Seguimos, mas a Lorena não se contentou muito com a informação e perguntou novamente a para uma policial na esquina. Ela informou que o supermercado ficava naquela rua, bastava seguir reto. Nesse momento a Lorena virou para trás e flagrou a vendedora com mó cara de malvada para nós; Situação 3 – a mentira do taxista ao nos informar que tinha ônibus toda hora de Urubamba a Santa Teresa. Águas Calientes Bom, pegamos o trem as 21h00min e chegamos em Águas Calientes por volta das 23h00min. Logo que descemos na estação fomos abordados por uma galera oferecendo hostal assim como em Cuzco. Os preços começaram em 45 soles, mas nem por um decreto iríamos pagar isso. Nesse momento o assédio era tanto que o Everton disse assim: “Seguinte! Queremos pagar 10 soles por pessoa, quem oferece?”. Parece piada, mas realmente funcionou, pois logo apareceram várias propostas. Seguimos a primeira que se ofereceu e nos hospedamos no hostal dela. Tínhamos combinado de ir no dia seguinte para Machu Picchu, mas estávamos tão cansados que resolvemos deixar pro próximo dia, pois tínhamos chegado muito tarde e no outro dia teríamos que acordar muito cedo para ir pra fila do ônibus. Antes de dormir demos uma volta na cidade, que é praticamente deserta a esta hora. Em Águas Calientes não existem carros, nem ônibus, a não ser os que vão para Machu Picchu. O único transporte que chega até a cidade é o trem. Acordamos no dia seguinte e fomos tomar um desayuno em um restaurante, o que, pela primeira vez, me fez mal o dia todo! ãã2::'> Depois disso fomos passear na cidade sem carros e decidimos visitar as termas, o que nem chegamos a conhecer, pois na metade do caminho eu decidi voltar depois com as roupas de banho, afinal seria desperdício de tempo fazer aquele caminho duas vezes. Depois disso voltamos ao hostal para encontrar a Lorena e novamente nos surpreendemos que ela não estava lá! Pensei: “Ai, meu deus, Lorena perdida de novo?”. :o Saímos pela cidade à procura dela, o que não era uma coisa impossível, pois a cidade é bem pequena. Encontramos a Lorena faceira num restaurante onde tinha almoçado junto com a Natalia, que a Lorena havia conhecido em Cuzco e reencontrado em Águas Calientes. Almoçamos também e ficamos de bobeira no restaurante um tempo quando encontramos um mineiro que estava viajando sozinho também. Ele tinha ido até Águas Calientes pela trilha inca e nos contou que tinha ficado exausto pela caminhada, que é bem puxada. Depois fomos passear pela cidade e percebemos que os artesanatos lá são bem mais caros que em outros lugares, então as compras estavam suspensas temporariamente. Aproveitamos para comprar nossos ingressos para Machu Picchu, o que custou 126 soles para cada. Saindo dali fomos dar mais uma volta pela outra parte da cidade, que fica depois da ponte. Lá encontramos uma danceteria, onde entramos pra ver qual era. O nome era Cupido e não tinha ninguém. Na hora que chegamos estavam limpando ainda, mas apagaram a luz e soltaram o som... só pra nós. Isso eram umas 20h00min e nos disseram que começava a bombar mesmo perto das 23h00min, o que era muita tarde pra nós, já que tínhamos que dormir cedo para acordar cedo no outro e ir para Machu Picchu. Depois de um tempo percebemos que a danceteria era de um nível meio suspeito, pois chegavam umas pessoas bem estranhas. Certamente nos acharam estranhos também, pois estávamos de tênis e moletom e tomando chimarrão... :lol: Voltamos para o hostal para dormir. Acordamos no outro dia às 04h00min e fomos para o ponto de ônibus. Chegamos lá umas 04h30min e conseguimos embarcar no terceiro ônibus que subia, mas se você não estiver entre os quatro primeiros é bem difícil que consiga o carimbo para subir a Huayna Picchu. Durante subida não deu pra ver muita coisa, pois estava escuro, mas o pouco que vi foi impressionante: um desfiladeiro cercado de montanhas. Chegando em Machu Picchu já fomos para a fila da esquerda para carimbar nossos ingressos para a subida da Huayna Picchu. Nessa hora você escolhe se quer subir no horário das 07h00min às 08h00min ou no de 10h00min as 11h00min. Escolhemos os das 10h00min porque tinham nos dito que subindo as 07h00min você não vê muita coisa por causa da neblina. Na verdade não tinha neblina alguma e mais tarde nos arrependemos de não ter subido logo no primeiro horário. Chegando na cidade, logo a Lorena arrumou uma confusão por causa da bandeira do Brasil. O fato é que, segundo as regras do parque, não é permitida a exposição de bandeiras de qualquer país e quando viram tirando fotos com a bandeira mandaram apagar. :shock: Na verdade essa foi a primeira das muitas regras doidas que fomos descobrindo com o passar do tempo. Nem eu nem o Everton presenciamos essa cena, pois nesse momento estávamos passeando pelas ruínas. Andamos muito por aquele labirinto de casas, onde se entrava numa e se saía em outra. É impossível não ficar pensando como aquele povo vivia naquelas casas. Vou aproveitar aqui para manifestar minha impressão de Machu Picchu. Desde o início do planejamento da viagem, Machu Picchu sempre foi o destino principal e eu achava que os passeios feitos durante o caminho seriam somente a conseqüência da mochilada. Quando cheguei em Machu Picchu estava esperando por uma “cidade sagrada”, esperava sentir a tal energia que todos falam. O que encontrei realmente foram ruínas restauradas até com concreto, um total comércio turístico. Se você vai a Machu Picchu com a consciência de que será isso que irá encontrar, certamente vai curtir muito mais do que eu, pois a minha expectativa foi muito grande! Fiquei extremamente angustiada lá dentro e nem tive coragem de subir a Huayna Picchu, por isso que talvez seja melhor subir direto no primeiro horário. Além disso, eu estava muito cansada de tanto bater perna e desanimei do esforço da subida. Como fumante consciente que sou, levei uma garrafinha para depositar as bitucas de cigarro descartadas, mas me informaram ser proibido fumar no parque. :?: Não entendi o motivo, porque até onde eu sei todo mundo pode fumar em áreas abertas, desde que seja consciente com o descarte. Pelo o que entendi das regras escritas no boleto de ingresso, o que é proibido mesmo é produzir chama, necessária para acender o cigarro. Além disso, também é proibido: subir nos muros; produzir gritos e silvos; usar os bastões de apoio se não for incapacitado; carregar mochila maior de 20 kg; expor bandeiras; entre outras regras igualmente inúteis. ::bruuu:: No caso das bandeiras entendemos serem as seguintes preocupações: o uso das bandeiras para fotografia podia vincular a algum tipo de propaganda comercial tendo Machu Picchu como plano de fundo; a exposição de bandeiras podia despertar algum sentimento de indignação de alguém de outro país, o que poderia causar uma revolta com agressão física, inclusive ( ::bruuu:: não encontrei ninguém durante toda a viagem que não se dissesse apaixonado pelo Brasil). Outra coisa que nos desanimou em Machu Picchu foi que, por não ter contratado guia, ficávamos esperando os grupos passarem e ouvíamos a explicação direcionada a eles, o que nos fez ouvir muitas histórias diferentes. Se você ouvir a mesma explicação de três guias, vai encontrar versões bem diferentes da mesma história. Os guias não se limitam a dizer que tudo o que foi descoberto em Machu Picchu não passa de especulação, pois, certeza mesmo, são poucas quanto aos hábitos e ritos dos incas ali. Eles afirmam categoricamente tudo o que aconteceu em Machu Picchu na época em que os incas viviam ali. Ouvi até um guia dizer que as pedras usadas nas construções foram levadas até lá pela força da mente dos extraterrestres! Sabemos que existem teorias a respeito, mas, daí a afirmar isso como um fato, já é extrapolar! :| Decepções a parte, resolvemos voltar para Águas Calientes, então saímos do parque por volta das 10h00min. Quando fomos comprar as passagens do ônibus descobrimos que, ida e volta, compradas juntas, saem mais baratas. Chegando em Águas Calientes fomos almoçar, depois seguimos para o hostal, pois precisávamos dormir um pouco depois dessa maratona. À noite fomos pro centro jantar e encontramos um restaurante com um monte de brasileiros, então nos juntamos a eles, penduramos uma bandeira do Brasil e tiramos a foto feliz a seguir: ::otemo:: Acordamos no dia seguinte por volta das 09h00min e seguimos viagem de volta a Cuzco, a pé, pelos trilhos do trem. Caminhamos cerca de 3 horas por uma estrada muito linda e numa paisagem bem reconfortante. Chegamos na hidrelétrica e pegamos uma van para Cuzco, por 30 soles cada um. Andamos por todos os morros em torno de Cuzco e chegamos na cidade depois de 7 horas de viagem. Chegamos mortos de fome e fomos direto ao Mcdonalds para jantar. Depois de comermos, voltamos ao hostal onde nossas mochilas estavam guardadas e pedimos um quarto para passar a noite. No dia seguinte acordamos por volta das 10h00min, arrumamos nossas mochilas e fomos para o terminal comprar a passagem para Arequipa. Deixamos nossas malas na agência e fomos para a praça das armas procurar um táxi que nos levasse em alguma ruína do vale sagrado para comprarmos presentes. Encontramos um que nos levou a Coral, uma cidadezinha que tinha uma feira de artesanatos. Chegando lá descobrimos que a feira estava fechada, então ficamos dando banda de táxi à procura de outras feiras. No caminho de volta pudemos comprar presentes bem baratos, o que valeu os 40 soles pagos ao taxista. ::cool:::'> Chegando novamente em Cuzco, fomos jantar no Mcdonalds e esperar o tempo passar. Arequipa Saímos de Cuzco por volta das 18h00min e chegamos em Arequipa às 08h00min. Nem chegamos a sair do terminal, porque, de repente, bateu uma vontade enorme de voltar pra casa em todo mundo! Já que a fronteira do Peru com a Bolívia estava fechada, tivemos que fazer uma volta pelo Chile. :? Compramos uma passagem para Tacna para as 10h30min por 40 soles cada. Tacna Chegamos em Tacna por volta das 19h30minh e fomos logo procurar um ônibus para Arica/Chile. O terminal de Tacna é uma confusão e não tem guichê para compra de passagens. Tivemos que ficar na porta dos ônibus para entrar no primeiro que abrisse, senão não teria lugar para todos. Arica De Tacna até a fronteira leva cerca de 30 minutos e descemos do ônibus para passar na alfândega e oficializar nossa entrada no Chile. A revista no Chile foi a mais rigorosa que enfrentamos e não queriam me deixar passar com um pau de chuva que eu tinha comprado em La Paz e que me acompanhou o tempo todo. Pra quem não sabe, pau de chuva é um instrumento musical típico dos incas que consiste numa taquara oca com pedrinhas dentro que fazem barulhinho de chuva quando você vira a taquara de cabeça pra baixo. Na alfândega eles acharam que eu levava sementes de alguma coisa dentro da taquara e queira bloquear a entrada do meu instrumento. :cry: Na verdade, na fronteira do Chile, você não pode simplesmente abandonar as coisas confiscadas lá. Você paga ainda uma multa por infringir a lei! Depois de muita negociação liberaram meu pau de chuva e pudemos seguir viagem. :D Chegamos em Arica por volta das 20h00min e fomos logo procurar uma passagem para La Paz. Logo vimos que só havia uma agência que tinha ônibus para lá, então percebemos que seria difícil de pechinchar. O dinheiro no Chile é uma coisa muito engraçada e se você for desinformado como eu, vai ficar surpreso. A primeira vez que tive contato com essa moeda foi no terminal de Tacna, onde eu perguntei a um taxista quanto custaria uma corrida até Arica. Ele me disse que custava 20.000 pesos e eu fiquei tão surpresa que voltei correndo pra contar pro pessoal. :o Nesse momento a Lorena me explicou que convertendo para soles seriam cerca de 140 soles, o que não era barato, mas pelo menos não estava na casa dos mil. Sendo assim fomos comprar nossas passagens para La Paz na única agência aberta àquela hora por 40 soles cada um, ou seja, 6.000 pesos chilenos. Logo de cara a Lorena já percebeu a falcatrua do cara, pois ele registrou no recibo na agência 15.000 pesos e estava nos cobrando 18.000 pesos. A Lorena tentou discutir, mas não teve muito sucesso, então, como não podíamos simplesmente virar as costas e procurar outro lugar, acabamos comprando assim mesmo. ::grr:: Ficamos tão contrariados com a compra da passagem que nem nos demos conta da bobagem que estávamos prestes a fazer. O ônibus sairia a 01h00min, não do terminal, que estaria fechado, mas de uma praça que ficava próxima dali. ::bad:: Saímos do terminal e fomos jantar para matar tempo até a hora do ônibus e ficamos horrorizados com o tamanho do prato servido. Segue uma foto para provar: Terminamos esse prato monstruoso, porém muito gostoso e pedimos a conta. Cada prato havia custado 2.300 pesos chilenos e eu tava tão confusa com aquela diversidade de valores de moedas que até agora não sei se foi caro ou barato. Por volta de 00h30mi fomos para a praça, que ficava em frente ao restaurante para esperar o ônibus, e que, para nosso alívio, estava cheia de gente. Essas pessoas também estavam esperando ônibus, então ficamos menos desconfiados da agência. No início achamos que tínhamos sido enganados e que não havia ônibus nenhum. Ficamos tão preocupados com esse golpe que ignoramos totalmente os riscos que estávamos correndo numa praça naquela hora da noite. Observe a tranquilidade das pessoas desavisadas: ::putz:: Há suspeitas de que essa espada de Jedi na mochila da Lorena que nos salvou do perigo! Chegou 01h00min e nada de ônibus... 01h30min e nada de ônibus... 02h00min e nada de ônibus... 02h30min e nada de ônibus. Nesse momento encostou uma van na calçada e desceram três caras muito suspeitos se dizendo policiais. ::ahhhh:: Dois deles não deviam ter 15 anos e vestiam um moletom canguru com o capuz por cima da cabeça e coletes de policias com pistolas penduradas. Um dos “policiais” ficou nos interrogando enquanto os demais nos cercavam. No momento desta abordagem eu estava até dormindo, não sei como, por cima da minha mochila. O Everton estava estendido na calçada dormindo também. Além de nós três estavam ainda esperando esse ônibus um casal de chilenos, um peruano e dois caras muito suspeitos que eram amigos do rapaz da agência que nos vendeu a passagem. O pseudo-policial ficou perguntando o que fazíamos ali àquela hora e quando dissemos que esperávamos um ônibus ele nos disse que não tinha mais ônibus naquele horário. Acho que é possível imaginar o desespero que começou a tomar conta de mim, pois desde o início percebi que eles não eram policiais e, se se faziam passar por um, era para cometer algum crime. Na hora pensei que iam nos colocar dentro daquela van e nos seqüestrar, nos matando assim que não servíssemos mais. :o Pensando nessa possibilidade, planejei sair correndo com a minha bolsa pequena ao primeiro sinal de rendição. Na maioria das vezes isso seria burrice, pois como estavam armados, certamente iriam me alvejar de longe. Mas o fato é que percebi que ia morrer de qualquer jeito, fosse fugindo, fosse na van. Nesse momento começaram a pedir documentos e eu não estava nem um pouco inclinada a entregar documento nenhum àquele cara, então fiz de conta que estava com dificuldades para abrir a bolsa e quando percebi os três entraram na van e se mandaram. Ate agora não sabemos o que fez eles desistirem do crime, mas, caso contrário, não sei se eu estaria aqui escrevendo este relato agora. Depois que eles foram embora me levantei e comuniquei aos chilenos e ao peruano que eles não eram policiais e sim bandidos disfarçados, pois eles não haviam percebido isso. ::prestessao:: Decidimos pegar nossas mochilas e dar o fora dali o mais rápido possível, pensando que o pior havia passado. Nesse momento se aproximaram mais dois sujeitos muito sinistros que mostravam uma arma por baixo da blusa. Eu, que pensei que tudo tinha acabado, fiquei quase desesperada e mais ainda quando percebi que o Everton não estava conosco, mas sim do outro lado da rua procurando uma viatura da polícia. Por sorte, esses moleques não fizeram nada conosco, mas roubaram uma mochila de um guri que estava dormindo no banco da praça, bem na nossa frente. Depois disso, resolvemos não perder mais tempo e saímos sem rumo atrás de um hotel para ficar. Paramos um táxi e pedimos para ele nos levar até hotel mais próximo e então ele nos disse que não precisava, pois na rua ao lado da praça estava cheia de hotéis. Dissemos que não podíamos ficar caminhando, pois tínhamos sido abordados por bandidos e estávamos com medo de ficar na rua. Essa foi a primeira pessoa realmente boa que conhecemos na viagem, pois ele andou conosco uns 50 metros no táxi e não nos cobrou nada. Sei que isso parece óbvio, mas na Bolívia ou Peru você é cobrado mesmo que entrar e sair do táxi na mesma hora ( :lol: brincadeira, é um exagero, mas é bem provável). Descemos neste hotel e entramos desesperados, fechando a porta atrás de nós. Talvez por perceber que não tínhamos muita escolha, o cara do hotel nos cobro 32 dólares a diária do quarto para três. Ficamos muito contrariados, mas naquela altura não podíamos mais ficar batendo perna atrás de hotel e correndo o risco de sermos assaltados. :x Somente quando entramos no quarto e pudemos relaxar foi que nos demos conta da burrada que havíamos feito! Da onde que, no Brasil, iríamos pra uma praça deserta, de madrugada, esperar ônibus? Tinha tudo pra dar errado, mas por algum motivo misterioso não deu! ::prestessao:: Dormimos o pouco que conseguimos, no dia seguinte tomamos um banho de mangueira, pois não havia chuveiro no quarto e saímos para buscar alguma satisfação na agência. Chegando lá encontramos o pessoal que estava conosco na praça e descobrimos que o nosso ônibus tinha quebrado no caminho. O cara da agência nos informou que sairia um ônibus pra La Paz dentro de 30 minutos e que poderíamos ir neste. Fiquei na agência esperando enquanto o Everton e a Lorena voltavam ao hotel para buscar nossas mochilas. Depois de 8 horas de viagem chegamos na fronteira com a Bolívia onde passamos por outra revista rigorosa. Fiquei pensando o que a Bolívia temia que entrasse no país vindo do Chile... seria medo da concorrência? ::lol4:: Nesse momento fiz a descoberta mais devastadora da viagem: eu havia esquecido a meia onde eu guardava meus reais no hotel do Chile! ::putz::::grr::::hahaha::::dãã2::ãã2::'> ::sos:: R$ 500,00 deixados de prêmio para o camarada sortudo que encontrasse. Esqueci esse dinheiro devido a um hábito que adquiri durante a viagem: todo hotel que eu chegava, antes de dormir, eu tinha o costume de guardar meu dinheiro na gaveta do criado-mudo, mas sempre lembrava no dia seguinte de pegar. No Chile, talvez pela situação tensa do dia anterior, talvez por não ter sido eu a buscar minha mochila, não lembrei de pegar o dinheiro! Quando lembrei, até pensei em voltar pra buscar o dinheiro, mas o risco dele já ter sido achado, e eu perder mais dinheiro ainda, era grande demais e eu desisti da idéia. A sorte que isso aconteceu no final da viagem e não estragou nenhuma programação nossa. Por um lado foi até bom ter perdido esse dinheiro, pois, caso contrário, nossa volta seria pelo Paraguai, depois Paraná e depois Rio Grande do Sul e eu já queria estar em casa logo e não estava mais muito contente com essa volta toda. Não tendo mais grana para voltar por terra, fomos obrigados a comprar as passagens de avião pelo cartão. ::otemo:: La Paz (de novo!) Chegamos em La Paz por volta das 19h30min e fomos direto ao hostal Inti Karka onde tínhamos nos hospedado na primeira vez. Saímos para jantar no mesmo restaurante de sempre e voltamos logo para dormir, pois estávamos exaustos de andar de ônibus. Acordamos no outro dia e fomos para a internet comprar as passagens de avião para voltar para casa, mas só conseguimos voo saindo de Santa Cruz de La Sierra. Depois de compradas as passagens, fomos almoçar no Burguer King e dar umas voltas pela cidade. Encontramos um tipo de cassino, no centro de La Paz e resolvemos fazer umas apostas. De repente, a máquina onde o Everton jogava começou a piscar e apitar, então descobrimos que ele havia ganhado 216 bol.! ::otemo:: Bem que a viagem podia ter sido paga numa sorte maior... Andamos muito naquele dia e quando percebemos já estava anoitecendo. Resolvemos comer uma pizza, para variar, mas não encontramos um lugar bom para isso, então voltamos ao Burger King. Jantamos e voltamos para o hotel. Acordamos no outro dia e revolvemos dar uma volta numa feira na Avenida Illampu. A Lorena ficou no hotel. Andamos muito, vimos muitas coisas baratas e eu comprei um casaco da The North Face, por mais ou menos R$ 70,00. Claro que não é original, mas é uma falsificação coreana muito boa! Voltamos ao hotel e não encontramos mais a Lorena. Perguntamos se ela havia deixada a chave para nós e nos disseram que não! ::putz:: Saímos para almoçar e quando voltamos nada da Lorena ainda. Voltamos pro centro, demos umas voltas, mas sem mais nada pra fazer voltamos pro hotel e nada de chave. Nesse momento resolvemos arrombar a porta, pois estávamos mortos e tínhamos que dormir um pouco. Depois de muitas tentativas abrimos a porta e que surpresa: a Lorena tinha deixado as chaves lá dentro! ::prestessao:: Quando a Lorena chegou fomos ao terminal comprar nossas passagens para Santa Cruz e a Lorena para Uyuni. Ficamos sabendo que estava tendo um “paro” na Bolívia e os ônibus não podiam passar, então por isso a Lorena não pode comprar a passagem para Uyuni. Na nossa agência nos informaram que não haveria problema com esse “paro”, então compramos as passagens para as 19h00min. :| Voltamos para o hotel para arrumar as malas e quando deu 18h00min chamamos um táxi para nos levar ao terminal. Chegou o momento da despedida e ficamos bem tristes, pois já estávamos viajando juntos, eu, o Everton e a Lorena, há mais ou menos quinze dias. Foto da despedida: :cry: Viajamos com muito conforto num ônibus leito 3 filas e quando estávamos chegando em Santa Cruz caímos no tal “paro” que estávamos temendo. ::putz:: Eram 11h00min ainda e a previsão para liberação da estrada era somente para as 17h00min. Nesse momento a maioria do passageiros desceu do ônibus e foi de moto-táxi até a entrada da cidade. Nós ficamos com medo de pegar uma moto com as baitas mochilas nas costas pelo fato de sermos estrangeiros. Além disso não tínhamos mais grana. Como o nosso voo sairia somente às 04h40min do dia seguinte, não nos preocupamos muito e ficamos no ônibus. Por sorte, cerca de uma hora depois liberaram a estrada e seguimos para Santa Cruz. ::hãã:: Santa Cruz de La Sierra (de novo!) Quando estávamos quase chegando no terminal caímos em outro “paro”. ::carai:: Desta vez o motivo do protesto era uma nova cobrança de pedágio sobre a segunda carreta dos bi-trem. Fomos obrigados a descer do ônibus e pegar um táxi até o aeroporto, o que nos custou 50 bol. Chegamos no aeroporto por volta das 14h00min, com 50 bol. restantes e fomos comer no Subway, pois dava para pagar no cartão. Depois de comer achamos prudente nos informar sobre o voo, se era necessária alguma confirmação e tal. Nesse momento descobrimos que teríamos que pagar uma taxa de embarque no valor de 175 bol. cada um! ::ahhhh:: Ficamos apavorados, pois tínhamos 50 bol. pros dois e não sabíamos como resolver a situação. A atendente da Gol nos sugeriu que fizéssemos um acordo com algum passageiro que fosse obrigado a pagar excesso de bagagem: pagaríamos o excesso dele no cartão e ele pagava nossa taxa no dinheiro. ::bruuu:: Não podíamos contar com isso, pois se chegasse a hora de embarcar e ninguém tivesse excesso de bagagem estaríamos perdidos! Durante a viagem eu consegui fazer alguns saques no meu cartão de crédito, mas no fim não estava conseguindo mais. Subimos ao segundo piso para pensar numa solução e vimos um caixa automático. Pensamos: “Ah, não custa tentar... não temos outra opção mesmo...”. Nesse momento aconteceu o milagre: conseguimos sacar 200 bol., como por magia! Ficamos muito contentes e aliviados, pois achávamos que ficaríamos presos no aeroporto como o Tom Hanks no filme “O Terminal”. ::hahaha:: 16 horas depois embarcamos sem maiores problemas e chegamos finalmente no nosso amado país chamado Brasil! E assim termina essa viagem doida e cheia de experiências! Nada explica a sensação de conhecer culturas novas e participar delas, inclusive. O aprendizado que essa viagem me trouxe foi que não existe experiência mais atraente e assustadora do que o “novo”. Então, se você quer realmente fazer uma viagem inesquecível como a minha, não se apegue nas dicas e experiências dos relatos por outros. Viva você mesmo suas experiências, porque será isso que você trará de mais valioso na mochila! ::cool:::'> ::otemo:: Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Colaboradores miroel.filho Postado Julho 7, 2011 Colaboradores Compartilhar Postado Julho 7, 2011 otIMO RELATO.... Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros Helderzito Postado Agosto 3, 2011 Membros Compartilhar Postado Agosto 3, 2011 Ufaaaaaaaaaaaaaaaaa terminei de ler hehehe Ana Paula, querida, adorei o relato. Confesso que estava esperando por mais lugares no chile quando li o titulo do relato, porém você passou por lugares incriveis, teve experiências maravilhosas, fez grandes amizades e é isso que conta. Estou acertando meu roteiro pro ano que vem, você ajudou bastante... Estou com uma dúvida enorme na minha cabeça, será que compensar sair de Santa Cruz e ir direto pra La Paz, fazer compras de acessórios para o Frio e etc? O pessoal diz ser muito barato lá, e pretendo ir comprando conforme a necessidade. Outra dúvida, qual compensa fazer primeiro, o Salar ou Machu Picchu? Estou adaptando meu roteiro tendo isso como base, estava pensando em ir direto de La Paz trilhando o caminho pra Cuzco, porém agora estou pensando se não vale mais a pena já começar pelo salar... Minha dúvida maior é essa hehehe se alguém ler e puder dar sua opnião eu agradeço. Ana Paula, valeu a pena seguir a orientação do guia e mudar seu roteiro? Quanto gastou na sua trip? Se puder compartilhar essas infos conosco... Obrigado pelo Relato, esta lindo..e gostei do seu senso de Humor hehehe Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros Ana Paula Sinueh Postado Agosto 3, 2011 Autor Membros Compartilhar Postado Agosto 3, 2011 Olá Helderzito Que bom que tu gostou do relato, escrevi de coração! Precisava eternizar essas lembranças antes que o Alzheimer tomasse conta de mim e eu nem lembrasse que um dia saí do país... Agradeço a paciência, eu sei que ficou ENORME!!! hehehehh... Vou fazer o possível para esclarecer suas dúvidas! 1) Se tu pretendes ir ao Salar, acho que não compensa comprar nada em La Paz. O preço lá é bom, mas no Salar é bem melhor. Se você for a Potosí melhor ainda, pois lá existe um mercadão de rua com muitos artigos de frio (Potosí é uma das cidades mais altas do mundo e consequentemente uma das mais frias, então roupas pro frio têm aos montes). Como eu passei em Potosí e Uyuni antes de La Paz, pude comparar bem os preços e até me arrependi de não ter comprado mais... 2) Isso depende da sua volta e da sua disposição. Vou explicar: quando montei meu roteiro, planejei fazer o Salar na volta, pois voltaríamos quase todo o caminho que fizemos na ida. Em Cochabamba resolvemos mudar de acordo com a orientação de um guia brasileiro que conhecemos, e não me arrependo nem uma pouco da mudança. Também depende de quantos dias tu ficará no Salar, pois é um passeio bem cansativo! Se eu tivesse deixado o Salar por último, certamente não teria ido, pois no final da viagem eu estava praticamente exausta... Por último, tu fazendo o Salar na ida, pode decidir sair do Peru direto pro Chile e depois voltar pra casa de avião, ou de ônibus, mas de forma direta. 3) Não dá pra considerar muito o que eu gastei nessa viagem, pois em diversos momentos eu 'meti os pés pelas mãos'... Mas vou te dar uma dica: depois de fazer algumas contas (considerando dinheiro perdido e gastos extremamente desnecessários) descobri que eu teria gastado uns R$ 2.500. Esse valor inclui tudo, passeios, hospedagem, alimentação (até McDonalds) e presentes. Se eu fosse fazer essa mesma viagem de novo levaria exatamente esse valor! Espero ter ajudado e se precisa de mais alguma dica é só avisar. Além deste post, eu fiz um só com as dicas da viagem, tu chegaste a ler? Caso não tenha lido, segue aqui o link: bolivia-peru-chile-18-05-11-a-15-06-11-dicas-t57651.html Abraços... Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros rmattes Postado Agosto 4, 2011 Membros Compartilhar Postado Agosto 4, 2011 Muito bom seu roteiro. Estou indo em janeiro com meu irmão. Gostei da última frase do seu relato Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros Helderzito Postado Agosto 4, 2011 Membros Compartilhar Postado Agosto 4, 2011 Oi Ana Paula, Antes de mais nada, obrigado pela resposta (que foi muito rápida) hehe e não se preocupe, seu relato ficou grande sim, mas isso é ótimo, obrigado mais uma vez por cada palavra que escreveu = ) Então minhas dúvidas acerca das compras eram exatamente por essas comparações de preços, alguns dizem que tal lugar é mais barato e outros dizem que em outro é mais...a dúvida fica sim entre la paz e potosi, eu moro em SP, então não tenho muitas roupas pra suportar o frio de lá, e aqui além de ser muito caro essas roupas, fica até dificil encontrar, queria incluir esses gastos no pré-viagem, mas vai ficar complicado, vai ter que ser como disse, conforme a necessidade, já vou me programar a levar uma grana a mais pra esses gastos. Sobre La Paz, também pretendo passar por lá pra fazer o Downhill e outros passeios, então vou poder comparar esses valores, meu medo é comprar la e se eu passar em outra cidade e estiver mais barato, vou me xingar muito hehehe Seu relato é um dos mais recentes, então acredito que Potosi realmente seja o lugar mais barato atualmente... Sobre a minha volta, ela é totalmente flexível, vou ter 30 dias, se conseguir fazer tudo a tempo, irei voltar novamente por santa cruz, até campo grande...que é meu roteiro de ida...assim faria o roteiro em circulo...bolivia-peru-chile-bolivia...vamos ver...tenho 5 meses pra entrar todo dia no site, e pegar dicas de pessoas incriveis igual a você =) Não tinha visto seu post com as dicas....vou ver com muita atenção. Gratidão querida! Muita Luz!!! Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros Ana Paula Sinueh Postado Agosto 4, 2011 Autor Membros Compartilhar Postado Agosto 4, 2011 Ah, esqueci de dizer uma coisa! Em La Paz existem muitas lojas da The North Face com roupas bem baratas. Claro que são imitações, mas de uma qualidade muito boa e com o objetivo da marca preservado - tecidos quebra-vento. Além disso, andando pela Av. Illampo, bem la no final, tem um monte de vendedores de casacos e roupas de frio para turistas. Andando mais um pouco você acaba em umas ruazinhas paralelas que são um tipo de comércio local, não se vê turistas lá, só bolivianos e o preço muda bastante! Meu conselho a você é começar por Sucre, Potosí e Uyuni, assim a volta fica mais tranquila. Quando chegar no Salar não economize nos presentes, pois é o lugar mais barato, por incrível que pareça. Compre lá todas as lembrancinhas que você pretende trazer pro Brasil, pois você só verá preços bons assim no Vale Sagrado - Cusco. Que bom que pude ajudar, mas de uma boa olhada no site, tem gente bem mais preparada que eu e com uma grande bagagem de conhecimentos sobre a Bolívia e Peru! Se quizer me adicione no msn: anasinueh@hotmail.com Abraços! Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros Helderzito Postado Agosto 4, 2011 Membros Compartilhar Postado Agosto 4, 2011 Oi Ana Paula, Obrigado novamente pelas dicas e ajuda, todas foram muito uteis...Cada dia leio um novo relato aqui no site, é incrível, pena não ter conhecido o site antes, certamente já teria feito esse roteiro em outras oportunidades que fui parar em outros lugares hehehe Vou te adicionar sim...bom, assim que eu pegar novas dicas e descobrir mais coisas, também vou postando aqui, pra galera que ler seu relato já ficar ligado nas dicas Inté + Gracias Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Colaboradores miroel.filho Postado Agosto 5, 2011 Colaboradores Compartilhar Postado Agosto 5, 2011 Ana Paula, Teria como disponibilizar o seu roteiro e planilha de custos? Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Membros Ana Paula Sinueh Postado Agosto 5, 2011 Autor Membros Compartilhar Postado Agosto 5, 2011 Na verdade eu não tenho uma planília de custos... e meu roteiro eu parei de fazer muito tempo antes de viajar... Mas se tu tiver alguma dúvida sobre valores ou trajetos pode perguntar, viu... Aproveite enquanto está fresquinho na minha memória! Heheheheh.... Sds. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
Posts Recomendados
Participe da conversa
Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.