Ir para conteúdo

China - 20 dias - Shanghai, Xian e Beijing - junho de 2011


Posts Recomendados

  • Membros
Postado

Décimo sétimo dia. Segunda-feira, 20 de junho de 2011.

 

Hoje o dia foi corrido. Além de voltarmos à Cidade Proibida, ainda aproveitamos para conhecer dois dos mais importantes parques de Beijing, o Jingshan e o Beihai. Para completar, não resistimos e fomos outra vez ao Quanjude Roast Duck Restaurant.

 

Tomamos café no hotel e fomos pedir para a moça da recepção escrever que queríamos ir para a Cidade Proibida (Palace Museum), mas que era para o taxista nos deixar na entrada sul, onde fica o quadro do Mao. Ela riu (elas riem de tudo) e escreveu para a gente. Assim evitamos outra vez entrar pela porta de trás do palácio.

 

O taxista nos deixou um pouco longe da entrada pois não se pode parar exatamente em frente à ela. Nessa área do entorno da Praça da Paz Celestial as cercas brancas que separam as calçadas das ruas estão por toda parte e nos fazem dar voltas imensas para chegar onde queremos. Para ir à Praça da Paz Celestial também existe a opção do metrô mas, nesse fim de viagem, com o cansaço acumulado, preferimos o taxi, até porque ele é muito barato aqui.

 

Na Praça da Paz Celestial, não resistimos e tiramos mais algumas fotos. O lugar é emblemático, sem dúvida um dos lugares mais importantes da história do século XX.

 

Compramos o ingresso (60 Yuans/R$ 15) e entramos. Ainda longe de estar vazia, a Cidade Proibida estava muito menos movimentada do que no último sábado, quando viemos pela primeira vez. Já tendo uma boa noção, pudemos apreciar melhor a arquitetura e a representatividade histórica do lugar, dando mais atenção aos detalhes.

 

A Cidade Proibida não é um palácio como os outros. Além de ter áreas reservadas à vida privada do Imperador e sua corte, o complexo também era o centro cerimonial e administrativo do Império, possuindo espaço suficiente para comportar muitas pessoas que participavam do culto ao Imperador.

 

A estrutura do palácio é a da clássica arquitetura tradicional chinesa. Uma sucessão de pátios com pavilhões centralizados, interligados por portais. A diferença é que aqui tudo é grande, muito grande.

 

Nas laterais do percurso central, o principal, outros pavilhões menos visitados guardam relíquias da era imperial. É uma boa forma de fugir da área muito movimentada do palácio. Uma dessas relíquias é a coleção de cerâmica que tem 350 mil peças! Claro, nem todas estão expostas e apenas 400 peças metodicamente escolhidas podem ser admiradas pelos vistantes.

 

Mas é voltando ao eixo principal que podemos ver todo o luxo da Cidade Proibida. O Salão da Harmonia Suprema é o maior e mais importante do palácio. O anúncio do novo Imperador, a coroação, o seu aniversário, o ano novo lunar, o solstício de inverno e a ordem de enviar os generais em batalha eram algumas das cerimônias que aconteciam ali.

 

A inscrição acima do trono foi feita pelo Imperador Qianlong e significa ”Grande Guia e Soberano do Povo”. Modesto ele. A prova de que aquele é um dos principais edifícios do Império está em seu telhado. O Salão da Harmonia Suprema é o único edifício da China que pode ter o telhado decorado com dez animais enfileirados, representando a máxima graduação de importância de um edifício (infelizmente não fotografei esse detalhe do prédio).

 

Aliás, esses pequenos detalhes estão por toda a parte na Cidade Proibida e todos têm um significado. Nada é puramente decorativo. Além dos animais enfileirados no telhado, as intrincadas pinturas que cobrem cada centímetro das contruções de madeira apresentam gravuras que, assim como a cor dourada dos telhados, eram de uso exclusivo do Imperador.

 

O estado de conservação da Cidade Proibida é bom, considerando o tamanho do palácio, sua idade e a técnica de construção que utiliza muita madeira. Podemos ver várias partes em obras. A impressão que dá é que quando o governo acabar de reformar tudo a primeira parte que foi reformada já vai estar degradada outra vez. Manter um lugar desses é uma tarefa e tanto para governo chinês. Mas acho que o retorno financeiro com o turismo chega a compensar, sem contar, é claro, o valor cultural que o complexo representa para o povo chinês e mesmo para a humanidade.

 

Mais adiante encontramos outros pavilhões que abrigam tronos imperiais. O Salão da Harmonia Central e o Salão da Harmonia Preservada são menores e menos luxuosos que o Salão da Harmonia Suprema, mas ainda assim impressionam.

 

Já estávamos passeando há um bom tempo pelo palácio quando resolvemos dar uma pausa para ir ao banheiro e fazer um lanche. Os chineses preferem comer sempre o macarrão deles ou sopas, não importa a hora. Escolhemos um lanche com mais cara de lanche mesmo. Compramos muffins e refrigerantes. Foi bom dar uma pausa pois o calor estava de matar e agora que tínhamos comido alguma coisa dava para aguentar melhor até o almoço.

 

Apesar de muito das riquezas da Cidade Proibida não estar em exposição ou mesmo ter se perdido com o tempo, algumas preciosidades ainda podem ser vistas na Sala do Tesouro e na Sala dos Relógios. Para visitar essas salas temos que comprar ingresso à parte (10 Yuans cada/R$ 2,50).

 

Na Sala do Tesouro encontramos algumas peças que pertenceram à corte e as mais magníficas obras de arte da época. Vilarejos inteiros minuciosamente esculpidos em pedras de jade de dois metros de altura. Há também algumas jóias e peças de decoração. Muito ouro, prata e pedras preciosas. Vale a pena ver.

 

Na Sala dos Relógios há uma coleção de relógios enormes, todos da época da Dinastia Qing, a última dinastia imperial. Há muitos relógios feitos pelo ateliê imperial, mas há também muitos relógios ocidentais (principalmente franceses e ingleses). O mais interessante, além do trabalho das obras, é que alguns são verdadeiros móveis, do tamanho de armários, e têm tantos detalhes decorativos que quase não conseguimos encontrar o relógio! Vale a pena visitar também.

 

Outra razão para visitar essas duas salas e pagar os ingressos extras é que elas estão localizadas nas laterais do eixo central da Cidade Proibida. Ali o ambiente, com pavilhões menores e cheios de jardins arborizados, é muito mais acolhedor que a parte central, feita para impressionar pela grandiosidade. Por receberem poucos turistas, essas áreas laterais são muito mais tranquilas e podemos visualizar melhor como era o cotidiano naquele lugar.

 

Cada pavilhão e portal dessas áreas tem um nome pomposo e que remete à natureza superior do Imperador e do Império. Em frente à um dos pavilhões encontramos dois leões dourados. Há vários deles em frente à vários prédios do palácio (na verdade, são comuns em toda a parte na China), representando proteção e segurança.

 

Em uma parede dessa área podemos admirar também o Mural dos Nove Dragões, uma obra de arte muito conhecida, composta por vários ladrilhos, como um mosaico. O Dragão é um animal mitológico que, na China antiga, representava o Imperador.

 

Próximo à saída da Cidade Proibida há uma parte cheia de lojinhas. Há muitas coisas à venda que não têm nada a ver com o palácio. Mas se procurarmos direito conseguimos encontrar peças interessantes e por bons preços. Comprei um par de leões de bronze para o meu irmão e um incensário, também de bronze, para a minha mãe, além de imãs para a minha coleção, chaveiros e outras lembranças. Muitos souvenirs que encontramos à venda nas atrações são defeituosos e feitos em série. Nessas lojas da Cidade Proibida até encontramos algumas coisas bem acabadas e diferentes.

 

Saímos da Cidade Proibida pela entrada norte, dando de cara com o Parque Jingshan. Atravessamos a rua, compramos os ingressos (2 Yuans/R$ 0,50) e entramos, ou melhor, subimos.

 

O Parque Jingshan fica em uma pequena montanha que abriga um Templo Budista no topo. A história da construção do parque é o que chama mais a atenção. Segundo o Feng Shui, a técnica milenar chinesa de harmonização de ambientes e construções, todo palácio tinha que ser construído ao sul de uma montanha, o que traria boa sorte. Acontece que em Beijing não havia montanhas. A solução encontrada foi fazer uma. O Parque Jingshan fica em cima de uma montanha artificial feita com a terra removida durante a construção do fosso que circunda a Cidade Proibida.

 

Além do templo Budista, o Parque Jingshan também é dono de uma das mais incríveis vistas de Beijing. Os belgas que nós conhecemos no passeio à Muralha já tinham me comentado que era imperdível ir à este parque. E realmente é!

 

É proibido tirar fotografias no Templo. Dentro, uma enorme estátua dourada de Buda observa a Cidade Proibida do alto. Mas é a paisagem do entorno que faz valer o esforço da subida. De lá de cima, além da Cidade Proibida, podemos ver também o Parque Beihai bem ao lado. A vista de 360º só não é mais incrível por causa da densa camada de poluição que esconde o horizonte de Beijing.

 

Para mim, quem vai à Cidade Proibida não pode deixar de subir o Parque Jingshan para vê-la do alto. Pode ter certeza que vale a pena!

 

Na descida, fomos comprar o nosso chá gelado em um quiosque do parque. Desde que descobrimos uma marca muito boa, não paramos de tomar. Para minha surpresa, no meio dos imãs, reluzente e solitária, encontrei uma bandeirinha da China bordada! Aquela era do jeito que eu estava procurando desde Shanghai para costurar na minha mochila e não conseguia encontrar de jeito nenhum! Fiquei tão surpreso que mostrei para a Dani fazendo o maior estardalhaço. Na mesma hora ela me disse para ser mais discreto. Com o meu entusiasmo o preço já deveria ter dobrado! Logo eu me fiz de desinteressado e perguntei o preço: 5 Yuans (R$ 1,25). Comprei na hora!

 

Saindo do Parque Jingshan, fomos direto ao Parque Beihai, que fica ao lado. Apesar de parecer ser bem pertinho, tivemos que andar bastante até encontrar a entrada.

 

Assim como o Parque Jingshan, o Beihai também foi um jardim imperial. Só que o Beihai é muitíssimo maior que o Jingshan. O parque foi construído no século X e até hoje, 1000 anos depois, ainda é considerado exemplo de jardim chinês. O ingresso custa 20 Yuans (R$ 5).

 

O nome desse parque quer dizer ”Mar do Norte” (Bei=Norte/Hai=Mar) e se justifica por causa do imenso lago que domina a paisagem juntamente com a Pagoda Branca que fica no alto de uma montanha.

 

O Parque Beihai é um bucolismo só. É um lugar para esquecer que estamos em uma cidade tão grande quanto Beijing. Muitas árvores com os galhos caídos sobre a água criam uma paisagem inesquecível. De frente para o lago, eu e a Dani sentamos e ficamos descansando um pouco.

 

Passeamos por todo o parque que é bem grande e cheio de prédios. Há uma espécie de passarela que circunda o lago e é toda decorada com pinturas. Cada viga tem uma pintura diferente representando cenas cotidianas e da natureza. E são centenas delas!

 

Depois, subimos a montanha até o pé da Pagoda Branca, de onde a vista também é muito bonita. De lá pudemos ver todo o lago, o Parque Jingshan e a Cidade Proibida por outro ângulo.

 

Na descida, visitamos o templo Budista do qual faz parte a Pagoda Branca. Em frente à entrada principal, muitos pedacinhos de madeira pintados de vermelho estavam pendurados nas árvores e nos incensários do templo. Cada um deles representa o pedido de um fiel. Dentro, o templo lembra a estrutura do Templo do Buda de Jade de Shanghai, só que menos luxuoso.

 

Há um restaurante que parece ser muito bom no Parque. Mas como já estava tarde, ele já tinha fechado. Estávamos morrendo de fome e então decidimos ir comer outra vez o Pato de Pequim do restaurante da Wangfujing.

 

Depois de andar bastante nas ruas ao redor do parque na busca por um taxi, conseguimos um. Eu com a minha pronúncia perfeita disse: ”Wangfujing Dajie”. E não é que o taxista entendeu direitinho!

 

Ele nos deixou bem próximo da estação de metrô Wangfujing, em uma rua chamada Donghuamen. Ali também tem uma feira com uma enorme variedade de ”guloseimas” chinesas.

 

A Donghuamen é uma rua que corta a Wangfujing e onde ocorre uma feira só de comidas ”diferentes”. A variedade e a própria limpeza do lugar dá de 10 a 0 na ruela que fica na Wangfujing, onde provamos o escorpião. Aqui há todo tipo de bicho (filhote de tubarão, cobra, estrela do mar, os mais variados insetos etc), e a apresentação é bem melhor. Os preços são bons. Quem quiser provar essas delícias recomendo vir aqui.

 

Infelizmente, com o delicioso Pato de Pequim em mente, as comidas da Donghuamen não tinham vez. Compramos só um espetinho de camarão e fomos direto para o restaurante.

 

Chegamos no Quanjude Roast Duck Restaurant já no meio da tarde. Na mesma hora as arrumadas moças da recepção nos mandaram subir. Fomos para um andar diferente daquele que tínhamos ido na primeira vez. Esse era muito mais luxuoso. Tinha até uma réplica do Mural dos Nove Dragões da Cidade Proibida em uma das paredes.

 

Já sabíamos o que pedir. Só que desta vez queríamos um pato inteiro e não só a metade. Para compensar, não pedimos o arroz de pato e os bolinhos de trigo doce. Foi um banquete.

 

A conta saiu mais ou menos igual à da outra vez, por volta de 400 Yuans (R$ 100). Acho que se eu vier mais cem vezes à Beijing, em todas eu vou vir aqui comer esse pato! É muito bom!

 

Saímos do restaurante já no fim da tarde. Aí entramos em um shopping center da Wangfujing, o Gongmei Emporium. São uns cinco andares cheios de peças em madeira, porcelana, jade… Com certeza lá é o melhor lugar para comprar arte mais fina.

 

A Dani tinha prometido para a mãe dela que levaria um vaso de presente. O difícil era encontrar alguma coisa bonita e com um preço razoável. Havia vasos que chegavam a R$ 200 mil! Mas, com paciência chinesa, encontramos uma loja que vendia peças bem bonitas por um preço melhor. E ainda conseguimos um bom desconto depois de muito implorar (o que não é comum em lojas mais caras).

 

Comprei um par de vasos brancos com dragões azuis pintados à mão. A Dani escolheu dois vasos que eram o dobro do tamanho dos meus, também pintados à mão. Seria uma missão fazê-los chegar ao Brasil inteiros. Mas tenho que admitir que realmente valiam a pena, tanto pelo preço e quanto pela qualidade. Depois a gente se virava para levar!

 

Já era umas 20:00 horas quando pegamos o metrô e voltamos para o hotel. Ainda fomos à uma loja de conveniência na Dongsi para comprar macarrão instantâneo (a variedade de marcas e sabores, quase todos muito apimentados, é enorme), chá e refrigerantes para comermos antes de deitar.

 

Estávamos exaustos. Fazer turismo no calor acaba com qualquer um. Esse, sem dúvida, foi um dos dias mais cansativos da viagem, mas também um dos mais proveitosos!

  • Respostas 42
  • Criado
  • Última resposta

Usuários Mais Ativos no Tópico

Usuários Mais Ativos no Tópico

  • Membros
Postado

Décimo oitavo dia. Terça-feira, 21 de junho de 2011.

 

Uma das coisas que mais queríamos fazer na China era ver um panda. Então planejamos ir nessa terça-feira ao Zoológico de Beijing pela manhã e a tarde, se desse, conhecer o Palácio de Verão, aproveitando que os dois ficam perto um do outro, à oeste do centro, com acesso pela mesma linha do metrô (linha 4).

 

Descemos tão tarde que quase perdemos o horário do café da manhã do hotel. Quando saímos já era umas 10:30 horas. Depois de sete estações e duas conexões, chegamos à estação Beijing Zoo.

 

O Zoológico de Beijing é uma instituição antiga. Foi fundado em 1906, ainda durante a Dinastia Qing e ocupa uma área gigantesca de 86 hectares! Apesar de ser uma imensa área verde, o zoo fica em uma parte bastante movimentada da cidade, cercado por largas avenidas e muito trânsito.

 

O ingresso custa 40 Yuans (R$ 10), mas não dá direito a visitar o Aquário que fica dentro. Quando entramos procuramos logo a jaula do panda, só para garantir. Se tinha um bicho que não podíamos deixar de ver era ele.

 

Aliás, todo mundo que vai lá pensa a mesma coisa. Sem dúvida alguma o panda é a estrela do Zoológico de Beijing. A parte onde os pandas estão é a mais movimentada e chega a ser difícil chegar perto do vidro de tanta gente.

 

Existem vários pandas no Zoológico de Beijing. Apesar da carinha meiga, na natureza o panda não é de muitos amigos e, em geral, vive solitário. Por isso, em cativeiro eles também ficam sozinhos, um por jaula.

 

É quase impossível não gostar de um panda logo de cara. Ele parece tão inofensivo e bonzinho que dá vontade de pegar. A calma do bicho (para não dizer preguiça) é impressionante. Quando não está deitado, está sentado comendo bambu.

 

Os pandas não estavam com muita paciência para serem bajulados nesse dia e passaram a maior parte do tempo de costas para os visitantes ou olhando um para o outro por um portão que ligava as jaulas. Algumas vezes eles até se escondiam atrás das pedras.

 

Há um prédio com ar-condicionado de onde podemos ver os pandas pelo vidro. Dentro desse prédio também tem uma exposição que mostra o trabalho do zoológico na preservação da espécie com fotos desde o nascimento, quando eles mais parecem uns ratinhos pelados, até a vida adulta.

 

Uma loja enorme vende só produtos relacionados aos pandas. Camisetas, guarda-chuvas, canetas, canecas e, claro, muitos pandas de pelúcia, de todos os tamanhos e vestidos com uma camisa do Zoológico de Beijing. A Dani comprou alguns presentes para a sobrinha, o irmão e a cunhada dela e eu comprei um par de kuwé (pauzinhos) que ficavam presos nos pés de um panda de borracha, formando uma pinça. A atendente disse que era para crianças que ainda estavam aprendendo a comer sozinhas e achou graça quando eu disse que ia dar de presente para o pai da Dani.

 

Saímos da parte do panda e fomos olhando outros animais. Vimos várias espécies de aves, macacos, felinos, elefantes africanos e asiáticos… Os animais que mais gostamos foram os Lêmures-da-cauda-anelada, a espécie do Rei Julien do filme Madagascar (eu me remexo muito…). Eles são muito engraçados e ficam o tempo todo abraçados, amontoados em um canto. Parecem muito carinhosos entre eles.

 

Uma coisa estranha chamou nossa atenção. Apesar da mega estrutura do parque, com lagos enormes e jardins muito bem cuidados, faltava uma coisa essencial em qualquer zoológico: animais! Havia muitas jaulas vazias.

 

Nas jaulas que tinham animais dava para ver que eles estavam sofrendo com o forte calor pois ficavam deitados e se escondendo do sol como podiam.

 

Tivemos a impressão de que o zoológico estava meio subutilizado. Não que esteja abandonado, longe disso. O lugar é muito organizado e bonito e os animais que vimos pareciam saudáveis. Mas, pelo espaço que eles têm e a estrutura toda pronta, acho que a variedade de animais poderia ser bem maior como é, por exemplo, no Zoológico de Santiago, no Chile, que nem é tão grande quanto este de Beijing.

 

Uma atração diferente chamou a nossa atenção. Há um canal sinuoso que liga os vários lagos e por onde uma lancha em alta velocidade passa fazendo curvas radicais toda hora, jogando água para todo o lado. Os chineses adoram e lotam as lanchas (o passeio é pago separadamente). É estranho. Nunca tinha visto isso em um zoológico. Acho que ninguém parou para pensar que isso pode estressar um pouco os animais.

 

Aliás, aqui cabe um comentário. Os visitantes chineses não respeitam muito os bichos. Ficam gritando e até chegam a jogar água para chamar a atenção deles. Vindo de crianças é até admissível, mas vimos um monte de marmanjos fazendo isso!

 

Demos uma parada e sentamos em uma das várias lanchonetes do parque. Já tinha passado há muito da hora do almoço e estávamos com muita fome. Comemos cachorro-quente, batatas fritas e tomamos chá gelado. Como sempre, o lanche foi barato e estava gostoso.

 

Continuamos passeando até encontrarmos o Aquário de Beijing, que fica dentro do zoológico. O ingresso é um pouco caro para os padrões daqui: 120 Yuans (R$ 30). Diferente do resto do zoológico, o Aquário de Beijing apresenta muitos animais. O edifício é moderno e enorme, além de muito bem mantido e estruturado.

 

Diferentemente do Aquário de Shanghai, que tem ares de museu da vida marinha, a decoração do Aquário de Beijing é um pouco cafona, com muitas esculturas e pinturas coloridas de personagens infantis pelas paredes, fazendo o aquário parecer mais um parque temático.

 

Fora a decoração, há vários pontos altos lá dentro. Um deles é o tanque das belugas. Já tínhamos visto essas baleias (que na verdade são mais próximas dos golfinhos) no Shedd Aquarium, em Chicago, e tínhamos adorado. Elas são muito simpáticas, mas é muito difícil conseguir tirar uma foto porque elas não sossegam um segundo, nadando de um lado para o outro.

 

O tanque com corais impressiona pelo tamanho. É tão fundo que precisa de um mergulhador para fazer a manutenção. Outra parte interessante é a dos peixes pré-históricos que ficam em uma sala escura. Eles são bem grandões e muito calmos, quase não se mexem.

 

No fim, fomos ao ginásio onde a foca e os golfinhos adestrados se apresentam. Ficamos esperando dar a hora de começar o show enquanto as arquibancadas ficavam cada vez mais lotadas. A apresentação é muito legal e dura uns 30 minutos. Os animais são muito espertos e fazem um monte de acrobacias. Só não é melhor porque a apresentadora só fala chinês. Aqui, como nos outros lugares turísticos, é tudo voltado para o turista nacional. Das cerca de quinhentas pessoas que assistiram a apresentação, só umas 10, no máximo, eram ocidentais. Temos a sensação de estar perdendo alguma coisa ao ver todo mundo rindo e não rir também por não entender o que ela fala. Mesmo assim o show é muito legal, vale a pena.

 

Quando o show acabou já era umas 16:00 horas e percebemos que não dava mais tempo de ir ao Palácio de Verão. Íamos ter que deixar para ir no último dia. Voltamos de metrô para o hotel. O Zoológico de Beijing e seu Aquário, para quem gosta de bichos, é um passeio bem divertido. Recomendo.

 

Com o cansaço acumulado da viagem e de tanto andar pelo zoológico no calorão que fez o dia todo, resolvemos dar uma descansada. À noite iríamos procurar um lugar legal para jantar, mas ainda não sabíamos onde.

 

Dormimos até umas 20:30 horas. Enquanto a Dani tomava banho, eu dei uma olhada no mapa de Beijing do guia Lonely Planet para saber onde era a região com maior aglomeração de restaurantes.

 

Apesar de não estar muito destacado no guia, a região da Shishahai Lu é cheia de bares e retaurantes. Essa rua fica ao norte do Parque Beihai e margeia o mesmo lago do parque. O acesso é pela Di’anmen Xidajie, quase esquina com a Di’anmenwai Dajie.

 

O clima estava bem quente e seco. Havia uma névoa na rua que encobria o horizonte e só não era mais bonita por causa do calor e porque sabíamos que aquilo era fruto da poluição. No caminho vimos um caminhão pipa da prefeitura que passava molhando a copa das árvores ao longo da avenida. Um funcionário ia na frente avisando os pedestres para aguardarem o caminhão passar em uma esquina para que não se molhassem. Esperamos e, depois que voltamos à avenida, o clima estava sensivelmente mais agradável. Na hora ficou mais úmido e menos quente!

 

Percebemos que o lugar era mais longe do que parecia ao olharmos o mapa e chegamos a pensar que estávamos indo pelo caminho errado. Decidimos pegar um taxi. Quando conseguimos, mostramos no mapa para onde queríamos ir e o taxista, surpreendentemente, disse, na base dos gestos, que não precisávamos ir de taxi, que era muito perto, logo adiante. Eu e a Dani achamos legal ele não querer nos enganar. Saímos e realmente, mais umas duas quadras, encontramos a entrada da Shishahai Lu.

 

O lugar foi uma excelente surpresa. Há uma infinidade de restaurantes, bares e boates um ao lado do outro, dos dois lados do lago. A quantidade de opções era muito maior do que o mapa mostrava. Havia restaurantes bem arrumadinhos que serviam todo o tipo de comida ocidental e chinesa e a qualidade parecia ser muito boa.

 

Isso tudo sem contar que o lugar é muito bonito, às margens do lago, com as luzes decorativas dos bares (os chineses adoram luzes coloridas) refletindo nas águas. A Dani, que no caminho já estava ficando impaciente com a distância, até se animou mais. Acertamos em cheio. Aliás, acho que o guia da Lonely Planet deveria dar mais destaque para esse lugar.

 

Antes de escolhermos um restaurante, percorremos toda a extensão da rua, atravessamos uma ponte e fizemos o mesmo na rua do outro lado. O lugar tem um astral sensacional, com música de bandas ao vivo e um público em sua maioria jovem, tanto chineses como turistas ocidentais.

 

Por ser uma terça-feira a rua não estava lotada mas também não estava vazia. Pela quantidade de mesas, nos fins de semana aquele lugar deve ficar abarrotado. Apesar de não ser muito iluminada, a Shishahai Lu parece bastante segura.

 

Há muitos trapiches onde ficam barquinhos para alugar para quem quiser dar uma volta pelo lago. No meio da escuridão, víamos apenas a luz fraca de lanternas vermelhas tradicionais penduradas nos barquinhos no meio do lago.

 

Nos restaurantes, podemos escolher ficar dentro ou fora, em mesas e até sofás ao ar livre. Escolhemos um restaurante de comida variada e sentamos em uma mesa do lado de fora, encostados na mureta do lago. Pedimos uma pizza e um peixe empanado. Os dois estavam deliciosos (nunca pensei que ia gostar de pizza chinesa!). Não guardei os valores exatos, mas lembro que a conta deu um pouco acima da média, mas nada absurdo.

 

Saímos satisfeitíssimos e felizes por ter ido, quase por acaso, àquele lugar. Já era tarde mas não havia nem sinal de que os restaurantes e bares estavam para fechar.

 

Estávamos cansados. Pegamos um taxi e fomos para o hotel começar a arrumar as coisas. O outro dia seria o nosso último na China. Íamos para o aeroporto no início da noite mas não queríamos nem pensar em quão cansativa seria a viagem de volta, afinal, nesse nosso dia de despedida ainda queríamos visitar o Palácio de Verão e, se dessse tempo, o Templo do Lama.

  • 2 semanas depois...
  • Membros
Postado
Oi , tudo bom? Bom Blog !

 

No mes que vem estou indo pra ficar 4 dias Beijing. Vale a pena tirar um dia e ir pra Xian?

 

abs

 

Oi Thiago. Tudo bem.

 

Olha só, Xian vale muito a pena, mas se tu só tens 4 dias para Beijing, é melhor deixar Xian para uma outra oportunidade ou então tu não vais aproveitar nenhuma das duas cidades. Em quatro dias terás muito a fazer em Beijing, podes ter certeza!

 

Abraço

  • Membros
Postado

Décimo nono dia. Quarta-feira, 22 de junho de 2011.

 

Nossa viagem estava acabando. Acordamos com aquela sensação de perda. O último dia sempre é triste. Aqui na China parece que ainda é pior, pois fica a impressão que tão cedo não voltaremos. Afinal, a China não é logo ao lado…

 

Demos uma adiantada na bagagem na noite anterior mas ainda tínhamos que arrumar algumas coisas. As moças da recepção devem ter achado que éramos loucos por notícias porque há uns dois dias nós pegávamos todos os jornais (mesmo os em chinês) do saguão para embalar as peças mais frágeis que compramos.

 

Tomamos café e logo saímos com destino ao último destino em Beijing que queríamos conhecer, o Palácio de Verão. Essa é a vantagem de fazer um bom planejamento. Conseguimos ver tudo o que queríamos e pudemos até repetir alguns programas, como a Cidade Proibida, onde fomos duas vezes.

 

O Palácio de Verão fica à oste do centro de Beijing. A melhor forma de chegar é pelo metrô. A estação Beigongmen (penúltima da linha 4) tem saída perto do portão norte do palácio. Taxi para cá não é um bom negócio. Além de demorar quase a mesma coisa por causa do trânsito e da distância, ainda sai muito mais caro. Não vale a pena. Mesmo o taxi sendo barato, concorrer com os 2 Yuans (R$ 0,50) do metrô de Beijing é difícil.

 

Saindo da estação, como sempre, ficamos meio desorientados. No mapa parece que é só sair e dar de cara com a entrada do palácio, mas não é assim. Estávamos até achando que isso era coisa nossa, mas pelo visto todo turista se sente meio perdido ao sair da estação do metrô por aqui.

 

Uma gringa loura que também saía do metrô, ao nos ver, perguntou para que lado ficava o palácio. Aí dissemos que também estávamos procurando e ela saiu perguntando para todos os chineses em volta quem falava um pouco de inglês.

 

Juntos, encontramos a entrada do Palácio de Verão, compramos o ingresso, que custa 60 Yuans (R$ 15), e entramos.

 

O nome dela é Wendy, uma americana de Massachussets muito simpática e muito, muito falante. Ela foi nossa companhia por toda a manhã.

 

Wendy é uma professora de inglês engajada em um projeto de ensino do idioma no exterior. Ao longo da conversa, ela nos contou que recebe cerca de 6.400 Yuans (R$ 1.600) por mês na China. Nos disse também que já viajou por muitos países, sempre sozinha, lecionando inglês para os locais.

 

Ela parece gostar muito do que faz e nos confirmou um fato que já tínhamos percebido na prática. Essa história de que tem milhões de pessoas fluentes em inglês na China é balela. Na escola onde ela trabalha os alunos, mesmo os que não vão bem nos estudos, são aprovados. O mais incrível é que ela disse que nem mesmo os professores de inglês dessa escola sabem o idioma fluentemente.

 

Enquanto íamos andando e conversando, nos deparávamos com os prédios do palácio e com belas vistas. Uma pena que grande parte do palácio estava fechada para obras de restauração.

 

O Palácio de Verão é um conjunto de pavilhões, templos e jardins em volta do imenso lago Kunming. A construção original data de 1750 (Dinastia Qing), mas ali já existiam construções imperiais desde o século XIV (Dinastia Ming). Em 1860 o palácio foi destruído pela invasão imperialista franco-inglesa, tendo sido reconstruído em 1886. Novamente, em 1902, a Guerra dos Boxers destruiu o palácio, que foi reconstruído dois anos depois.

 

O símbolo maior do Palácio de Verão é a Torre do Incenso Budista, uma grande pagoda no alto da Colina da Longevidade (60 metros de altura), com vista para o lago. A entrada na Torre do Incenso Budista é paga à parte e custa 10 Yuans (R$ 2,50). Lá de cima, podemos ver o lago cheio de barquinhos, os jardins e os inúmeros pavilhões do palácio, todos envoltos na névoa de Beijing.

 

Quando descemos, continuamos andando até encontrar o pier de onde parte o barco que atravessa o lago. O barco é decorado com telhados tradicionais e dragões e parece seguro. A passagem custa 10 Yuans (R$ 2,50) e o trajeto é curtinho. Vale a pena.

 

Um outro ponto bastante conhecido do Palácio de Verão é a Ponte dos Dezessete Arcos, obra prima da escultura na Dinastia Qing, é considerada a maior entre todas as pontes dos jardins imperiais da China. A imponente obra liga a margem do lago à uma ilha, é feita toda em mármore branco e possui mais de 500 leões esculpidos em poses diferentes ao longo dos seus 150 metros de comprimento.

 

Foi muito legal conhecer a Wendy. Conversamos sobre vários assuntos e isso foi bom para saber as impressões de outro estrangeiro sobre a China, a cultura e o povo chineses.

 

Ela nos contou sobre como a censura e a propaganda governamental alienam os professores da escola onde ela trabalha (e olha que eles são até pessoas esclarecidas, acima da média). Segundo ela, todos têm medo de conversar sobre política ou falar sobre assuntos polêmicos, como os eventos ocorridos durantes os protestos na Praça da Paz Celestial em 1989. Muitos sequer sabem o que realmente aconteceu.

 

A Wendy também nos contou muitos hábitos interessantes dos chineses, coisas que só quem participa mais proximamente do dia a dia deles pode saber. Falou da curiosidade que eles têm sobre o estrangeiro, das relações familiares, dos hábitos de higiene pessoal. Sobre esse último ponto, descobrimos que eles chegam a usar a mesma roupa durante vários dias e, mesmo assim, incrivelmente, não ficam mal cheirosos! Já tínhamos percebido isso. Em locais fechados e lotados, como o metrô, mesmo nos dias mais quentes, não sentimos mal cheiro!

 

Quanto ao Brasil, para variar, ela tinha uma visão paradisíaca, igual à maioria dos gringos que nunca estiveram no país e se guiam por editoriais dos grandes jornais, geralmente escritos por pessoas que também nunca estiveram no Brasil. Ela perguntou sobre tudo: democracia, nossa economia, política, infraestrutura, segurança, educação, empregos… Percebemos que ela também foi iludida com a fanfarronice governamental de que no Brasil tudo vai bem só porque os índices de aprovação do governo são altos. Ela sequer tinha ideia do populismo e da corrupção que nos assola, do fato de que a educação é de péssima qualidade, que metrô e esgoto são raridades nas cidades brasileiras, que os salários são medíocres e se espantou quando contamos o nível de insegurança em que vivemos. Lá fora a ideia é de que tudo vai bem e que o Lula Sassá Mutema salvou a pátria com Copa e Olimpíada.

 

Passeamos por todo o Palácio de Verão conversando e, distraídos, nem vimos a hora passar. Quando percebemos, já era mais de meio-dia! Então começamos a procurar a saída e percebemos que estávamos perdidos nos caminhos dos jardins.

 

Enquanto procurávamos o caminho de saída acabamos por nos deparar com o Longo Corredor, uma espécie de passarela de 728 metros de comprimento que margeia o lago e se divide em 273 partes ricamente decoradas com mais de 8.000 pinturas diferentes retratando a natureza e histórias clássicas da literatura chinesa. Esses corredores são estruturas comuns nos jardins imperiais chineses e o Longo Corredor do jardim do Palácio de Verão é o maior de toda a China.

 

Depois de algum tempo, encontramos a saída, trocamos e-mails com a Wendy e nos despedimos. Ela foi procurar um restaurante e nós pegamos o metrô de volta para o hotel.

 

O Palácio de Verão é um local imperdível, realmente muito bonito. Vale a pena visitar. Uma manhã é suficiente. Quem tiver mais tempo pode entrar um pouco pela tarde pois o lugar é enorme.

 

No caminho, vimos que ainda tínhamos tempo para visitar o Templo do Lama. Na internet este não era um ponto muito destacado e o guia falava pouco sobre ele, por isso não nos pareceu uma prioridade e o deixamos para depois. Por sorte tivemos esse tempinho no último dia de viagem para visitá-lo e ver o quanto ele é bonito!

 

Contou a favor da nossa visita ao Templo do Lama o fato de ele ser bem perto do nosso hotel. Se fosse longe, como o Palácio de Verão, provavelmente iríamos passar batido por ele. Para chegar lá é só pegar a linha circular do metrô e descer na estação Yonghegong. O ingresso custa 25 Yuans (R$ 6,25).

 

Inicialmente o templo era um palácio imperial. Sua construção data de 1694 (Dinastia Qing), quando ali vivia a corte de um príncipe imperial. Quando esse príncipe se tornou o Imperador Yongzheng, em 1722, metade do palácio foi transformado em monastério budista. Hoje, toda a contrução é dedicada ao budismo.

 

O Templo do Lama é um dos maiores e mais importantes templos budistas do mundo e mescla arquitetura chinesa e tibetana. São vários pavilhões ricamente decorados e cheios de imagens de Buda e outras divindades religiosas. Para nós ocidentais, parece um pouco confuso. O Budismo é uma religião bastante complexa. Como sempre, predominam os muitos detalhes em dourado, azul e vermelho. A beleza do lugar acaba roubando a atenção de quem o visita como turista e pouco conhece os detalhes da religião. Como pouco tínhamos lido sobre o Templo do Lama, a cada salão tínhamos uma surpresa.

 

Mas o melhor mesmo ficou para o final. No penúltimo pavilhão, chamado Sala do Círculo da Lei, uma grande escultura de Je Tsongkhapa, fundador de uma escola do Budismo Tibetano, domina o ambiente. Sentada, vestindo uma túnica dourada, a estátua fica cercada por banquinhos almofadados onde os monges estudam a religião. É um salão muito bonito.

 

Saindo desse salão, ouvimos um cântigo que se repetia interminavelmente, como um mantra. Era um grupo de senhoras que cantava e tocava sinetas no pátio em frente ao último pavilhão, que é o maior de todos, chamado Pavilhão das Dez Mil Felicidades.

 

Quando entramos ficamos maravilhados com o que vimos. Uma escultura do Maitreya Buda, o Buda do Futuro com simplesmente 18 metros de altura! Esta é considerada a maior escultura de Buda em pé do mundo (está até no livro dos records). O que lemos nas placas é mais impressionante ainda. Além dos 18 metros para cima, ainda há mais 8 metros para baixo e tudo entalhado em um único tronco de sândalo branco!

 

A estátua é tão grande que foi esculpida e só depois o prédio foi contruído ao seu redor. Essa grandiosidade toda ajuda a explicar porque as senhoras rezavam tão fervorosamente em frente ao pavilhão. Sem dúvida o Templo do Lama deve ser um lugar muito especial para os devotos budistas.

 

O Templo do Lama foi uma grata surpresa. Em pensar que toda essa preciosidade esteve gravemente ameaçada pela Revolução Cultural (1966-1976) que chegou a destruir muitos templos na China em defesa do ateísmo comunista. O Templo só foi salvo por interferência de um alto político da época, o primeiro-ministro Zhou Enlai.

 

No entorno do Templo do Lama há uma grande variedade de lojinhas que vendem artesanato. Muitos artigos budistas, peças de arte e outros bons souvenirs podem ser encontrados ali. A Dani comprou alguns incensos para dar para a minha mãe. Uma pena que não tínhamos tempo para ficar e olhar tudo com mais calma.

 

Pegamos o metrô e fomos para o hotel. Já era umas 17:00 horas e ainda não tínhamos almoçado. Então fomos ao nosso restaurante da Dongsi, aquele que nunca saberemos o nome. Queríamos comer algo além do nosso já tradicional arroz com porco agridoce e brócolis. Pedimos um prato que até custava uma pouco mais caro e tinha uns camarões bonitos em cima.

 

Quando o prato chegou percebemos que se tratava de uma espécie de salada de pimentas. Devia ter uns 10 tipos de pimentas diferentes. Comemos os camarões e alguns pedaços de outras carnes e legumes que vinham e tivemos que desistir. Acabamos comendo o de sempre mesmo.

 

No hotel, acabamos de arrumar a bagagem e descansamos um pouco. Quando era umas 20:00 horas fomos tomar banho e fazer o check-out. Foi aí que eu percebi que minha mochila estava incrivelmente pesada.

 

Nosso voo era às 00:05 horas. O taxi do centro de Beijing até o aeroporto custou 80 Yuans (R$ 20) e a viagem durou quase uma hora. No caminho, ficamos observando a cidade iluminada e a saudade começou a bater antes mesmo de chegarmos ao aeroporto.

 

Feito o check-in e despachadas as bagagens, fomos logo para a sala de embarque. Passamos no free shop, que é muito bom (tanto em preços quanto em variedade), e torramos nossos últimos Yuans em perfumes. Depois, tomamos sorvete na Häagen-Dazs e fomos procurar o nosso portão. Nosso voo saiu pontualmente e eu logo procurei dormir (santo Dramin).

 

Foram quase 24 horas dentro de um avião, o vigésimo dia de viagem inteiro! Sem dúvida essa é a pior parte da viagem para a China. Foram 24 horas de gritaria e choro de crianças ensandecidas. Fiquei tão bêbado com o Dramin que, do trecho entre Beijing e Madrid eu só me lembro de acordar, resmungar alguma coisa e dormir de novo. O cansaço de tantos dias de viagem ajudou a relaxar e dormir mais do que na ida, mas em compensação meus pés ficaram bastante inchados. Pelo menos ninguém vomitou do meu lado…

 

Foram quatro dias em São Paulo na casa dos pais da Dani praticamente em transe. Nós só saímos duas vezes de casa, as duas para ir ao cinema (uma delas para ver Kung Fu Panda 3D!). Demoramos para nos adaptar ao fuso outra vez e dormíamos quase o dia todo. Recuperar totalmente as energias só em Belém mesmo, já de volta à rotina de trabalho, uns 10 dias depois.

 

Apesar de termos ido e voltado, às vezes ainda é difícil acreditar que estivemos na China, a ficha não cai. Mesmo com todos os perrengues e dificuldades, aquele é um país maravilhoso. Aconselho a todos que gostem de viajar à ir. Ali se encontra uma cultura rica, um povo sofrido, mas digno e alegre, belezas naturais e históricas inesquecíveis e, ao mesmo tempo, uma modernidade surpreendente.

 

A China sempre vai ter um lugar nos nossos pensamentos e nos nossos corações. Ainda não sabemos quando, mas certamente voltaremos…

  • 4 semanas depois...
  • 3 semanas depois...
  • Membros
Postado
Parabéns pelo relato, pela coragem,.. muito bom, despertou minha vontade de conhecer a China

 

Obrigado pelos parabéns! Quis transparecer nos relatos aquilo que vi e vivi por lá. Dou a maior força para quem quiser conhecer esse país. Vale a pena passar 30 horas viajando. A China é um outro mundo, muito diferente da nossa realidade.

 

Abraço

  • 4 semanas depois...
  • Membros
Postado

Arnóbio, parabéns e obrigado!

 

O seu relato de viagem foi hilário e contém muitas informações úteis! Tenho certeza que ao visitar Beijing confirmarei muitos dos aspectos citados por você.

 

Novamente, obrigado.

  • 3 meses depois...
  • Membros
Postado
Arnóbio, parabéns e obrigado!

 

O seu relato de viagem foi hilário e contém muitas informações úteis! Tenho certeza que ao visitar Beijing confirmarei muitos dos aspectos citados por você.

 

Novamente, obrigado.

 

Obrigado vc pelos parabéns!

 

A China vale muitas viagens e tenho certeza que só com essa ainda não conheci nem um milésimo desse país. Boa viagem!

 

Abraço

  • 4 semanas depois...
  • Colaboradores
Postado

Ola Arnóbio!!!

Amei o relato. Muito bom mesmo, bem detalhado e muito divertido!!! ::otemo::

 

Tenho exatamente o mesmo roteiro em mente pra fazer no meio do ano.

Mas estava pensando em fazer a ordem ao contrário do seu. Começaria por Pequim depois Xi'An e terminaria em Shangai.

 

A diferença é que minha disponibilidade é bem menor e vou ter que dar mais prioridade a algumas coisas doq a outras.

Por enquanto as únicas coisas que tenho em mente é as muralhas e a cidade proibida em Pequim, e os soldados de Terracota em Xi'An.

Em Shangai ainda não sei onde vamos conhecer. ::putz::

 

Acredito que possa ter uns 8 dias pra fazer o roteiro e tenho que enxugar o máximo.

Onde vc acredita que seja imperdível nessas cidades???

Vi tbem que tiveram dificuldades pra chegar às Muralhas, alguma dica?

 

Mais uma vez parabéns pelo relato!!!

Participe da conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.

Visitante
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emojis são permitidos.

×   Seu link foi automaticamente incorporado.   Mostrar como link

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar o editor

×   Não é possível colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.


×
×
  • Criar Novo...