Membros Este é um post popular. anacarolinavoigt Postado Sábado às 12:53 Membros Este é um post popular. Postado Sábado às 12:53 (editado) Oi pessoal! Esse é meu primeiro relato de uma viagem muito esperada, que ainda está em andamento. Estou escrevendo direto de terras peruanas 🇵🇪 Esse foi meu primeiro mochilão improvisado em férias de uma CLT brasileira junto com uma amiga. Minhas principais fontes de consulta para ele foram os fóruns aqui do Mochileiros e os vídeos do Mundo sem Fim (❤️). Datas da viagem: 03/04 a 17/04. Minha viagem começou no Rio de Janeiro onde eu peguei um voo da Gol para Guarulhos às 6:10 no dia 03/04, para depois pegar o voo para Santa Cruz de La Sierra às 09:05. Inicialmente a viagem seria do dia 2 ao dia 17 porém, devido a uma necessidade da Gol, foi preciso remarcar para o dia 03. Caso eu não aceitasse, eles iriam reembolsar totalmente o valor. Bom, após todos os passageiros embarcarem no avião no dia 3, o piloto informou que o voo atrasaria devido ao mau tempo em Guarulhos (SP). No final das contas, o voo que era para as 6:10 decolou apenas as 8:20 e chegamos em Guarulhos às 9:45. Nosso voo para Santa Cruz atrasou devido ao mau tempo porém, mesmo com os atrasos dos dois voos, perdi o segundo por 18 minutos. E aqui começou a jornada do desespero antes de sair do Brasil. Fui ao guichê da Gol com mais de 100 pessoas com o mesmo problema (conexões perdidas e várias remarcações de voo) e aguardei por belas 2h para ser atendida. Para esse viagem eu contratei um seguro que cobria gastos com atraso de voo, cancelamento ou remarcações. No contrato estava expresso que para solicitar a abertura do sinistro era necessário um documento formal da empresa aérea constando os dados do voo, horários e assinatura de um funcionário. Em uma pesquisa rápida enquanto aguardava ser atendida, descobri que o documento se chama “Carta/Declaração de contingência”. Ao ser atendida pela atendente, fui remarcada para o voo do dia seguinte (04/04) no mesmo horário (9:05) e recebi um voucher para hotel e alimentação custeado pela Gol. Sobre a declaração de contingência: é uma luta conseguir. Quando esse nome é mencionado, eles fazem de tudo para te levar a exaustão e desistir de pegar o documento. Não desistam, peguem mesmo. É importante também ler e confirmar as informações: data e hora efetiva da decolagem e do pouso com atraso (eles precisam pegar os dados oficiais da infraero, não aceitem que sejam colocados horários estimados). Nesse dia ainda tive um problema porque eles alegaram que o voo chegou 8:30 em Guarulhos (dados da própria Gol) sendo que neste horário eu estava nas nuvens (literalmente). Usei o site do rastreador Kayak que tinham os horários certinhos pra comprovar o atraso do nosso voo. Essa batalha terminou às 15:00 do dia 03/04, quando me direcionei ao hotel para descansar para o outro dia. 04/04 - Guarulhos - Santa Cruz de Lá Sierra Inicialmente, a viagem começaria dia 3/4 chegando em Santa Cruz às 11:00. Planejei conhecer o centro da cidade e partir para Sucre no mesmo dia em um ônibus noturno. Com o atraso e remarcação do voo, cogitei comprar a passagem de Santa Cruz para Sucre oferecida pela BoA porém, devido ao histórico de Gol com atrasos, decidi tentar a sorte direto no guichê em Santa Cruz. Bom, dito e feito, o voo do dia 04/04 que era para decolar às 9:05 só levantou voo às 10:30. Chegamos em Santa Cruz por volta de 12:40 e fomos para imigração. 04/04 - Santa Cruz de La Sierra A imigração foi bem lenta. Os funcionários solicitaram o motivo da viagem (turismo) e os locais que eu ia conhecer (meu roteiro) e endereço do Airbnb em Sucre. Havia lido relatos que a imigração era tranquila e sem perguntas, principalmente para quem já tinha carimbos no passaporte, mas nesse dia, todos foram interrogados. Num todo, foi bem tranquila. Eu estava com todos os documentos em mãos e preparada com meu roteiro na cabeça, não me preocupei. Passando a imigração, apresentei o documento com QR code da Aduanda, que havia preenchido com antecedência e segui para o raio-X. Tudo certo também, sai pelo terminal de desembarque. Logo que sai, fui direto no guichê da BoA para ver as passagens para Sucre e já não tinham mais passagens para os dois voos do dia (13:40 e 16:00). Bom, voltei ao meu planejamento inicial de ir de ônibus para Sucre e conhecer um pouco o centro de Santa Cruz. Antes, troquei 100 reais no aeroporto com câmbio a 1,89. Não achei ruim e optei por trocar apenas 100 porque li relatos de que na Plaza 24 de Setembro o câmbio estava 2 ou acima de 2, no paralelo. Comprei um chip de Entel para 6 dias com internet ilimitada por 48 bob (38 do plano + 10 do chip) (~25 reais) e já estava conectada para falar com meus familiares no Brasil. Feito isso, me direcionei a área externa ao terminal para pegar o ônibus para o Centro (número 135) e acho que foi 3 ou 6 bob, não me lembro. O trajeto foi de uns 30/40 minutos e o ônibus nos deixou a 4 quadras da praça. Todos os passageiros bolivianos, inclusive o motorista, me orientaram sobre onde descer e foram super educados. Descendo no ponto, andei e cheguei em uma lanchonete muito bacana com playground para crianças e tudo mais. Eu estava morrendo de fome e comi uma empanada de queijo. Uma delícia! Colocaram açúcar de confeiteiro por cima e deu um tcham! Os doces eram maravilhosos de lindos também (foto). Chegando na Plaza 24 de Setembro (16:00)eu fiquei encantada com a praça e com a dinâmica local das crianças e famílias bolivianas aproveitando o clima. A praça é linda e a igreja também! Troquei dinheiro em uma casa de câmbio na praça no câmbio a 2,10. A cotação do dólar estava 10. Fui para a rodoviária de ônibus (la o app da Movit funciona) e os locais me orientaram o ponto onde era para descer. Chegando na rodoviária, um caos kkkkkk. Até hoje eu estou ouvindo “Sucre Sucre La Paz” na minha cabeça. A todo tempo você é abordado por vendedores oferencendo as passagens mas optei por comprar no interior do terminal. Tem que ter paciência com os vendedores te abordado e os gritos oferencendo passagem. Elas variam bem pouco em questão de valores mas existem muitas empresas. Optei por comprar na empresa Trans Copacabana Mem 1 para Sucre e o ônibus semi leito (160 graus), que é chamado de bus cama, me custou 100 bob (~50 reais). Obs.: Sempre pedíamos para ver os ônibus antes de comprar a passagem. O ônibus sairia às 21:30 e chegaria às 7:00 em Sucre. Enquanto isso, fiquei observando o terminal e as pessoas e crianças. Não se assustem, as crianças ficam soltas na rodoviária sem muita supervisão dos pais. Nesse meio tempo fiz amizade com uma menininha de 6 anos que carregava um pollito (pintinho) dentro de uma bolsinha. O nome dela era Maria Helena e a mãe trabalhava vendendo passagens. Ela ficava o dia todo na rodoviária enquanto a mãe trabalhava. Quando eu perguntei a ela se ela não tinha medo de ficar sozinha andando por ali ela disse com uma cara de brava “aqui as crianças aprendem a se cuidar cedo” e depois me disse que tem vários amiguinhos que ficam ali com as mães. Embarquei no ônibus e me surpreendi muito com a estrutura. O ônibus tinha banco com massageadores e regulagem automática de inclinação. Eu realmente fiquei chocada com a estrutura pq nunca andei num ônibus assim no Brasil. Recomendo muito a empresa Trans Copacabana Mem 1 (obs.: não confundam com a Trans Copacabana, são empresas diferentes). Valeu muito, 10/10. Antes da viagem começar, eu deixei meu chip do Brasil cair da minha bolsinha entre meu banco e o apoio de braço. Haviam duas pessoas bolivianas próximas a mim nesse momento, uma cholita e um senhor. Quando eles perceberam meu desespero, eles perguntaram o q houve e me ajudaram a achar o chip (com direito a uma lanterna e uma faca enorme pra puxar o chip do lugar que ele tinha caído kkkkk). Mais uma vez eu fiquei encantada com o povo boliviano! Mesmo com o conforto, não consegui dormir muito bem. Tenho dificuldades em dormir fora de casa . A viagem é longa e o caminho é muito tortuoso e dá um nervoso com as curvas. 05/04 - Chegando a Sucre Cheguei à Sucre às 7:00. Estava bem frio (5 graus) e eu estava extremamente cansada. A rodoviária e os arredores de Sucre são bem simples, e a rodoviária fica relativamente longe do centro histórico. Optei por pegar um táxi da rodoviária até o Airbnb que fiquei e a aventura começou. O táxi me custou 15 bolivianos e quando eu entrei eu dei uma bela risada. O banco do motorista era uma cadeira improvisada kkkkkkkkkkk. Talvez eu tenha pego um táxi irregular mas é assim que as memórias são construídas né kkkk Cheguei na minha hospedagem e peguei as chaves (minha reserva era pro dia 4 a 6/4). O Airbnb era uma delícia, muito fofinho, bem equipado e bem localizado. Tinha um mercado bem próximo e a Plaza de Armas ficava a duas quadras da hospedagem. Único ponto menos legal era que ficava no 3 andar de escada. Tomamos um café bem reforçado em casa e fomos passear. Conseguimos comprar o ticket do ônibus para o parque Cretáceo por 15 bob ida e volta para as 11:00. É o melhor horário para poder fazer o tour pelas pegadas com guia (12:00). Enquanto aguardávamos o ônibus, ficamos assistindo um desfile cultural sobre a inclusão de pessoas deficientes e atípicas na cultura boliviana nos arredores da praça. Foi muito lindo! Pegamos o ônibus para o parque Cretácio. Fomos no andar de cima para ver a cidade. Foi bem legal, o trajeto leva em média 15 a 20 minutos e chegamos no parque. Ele fica localizado ao lado de uma empresa de cimento e as pegadas ficam bem na parte onde eles extraem a pedra para fazer cimento (imagino que seja algum calcário). Aliás, as pegadas foram descobertas quando a extração de pedra teve início pela empresa. Ela foi a responsável por chamar os paleontólogos para verificarem e, depois, classificarem as especieis. Uma coisa que me preocupa um pouco é que a exploração continua ocorrendo ao redor das pegadas com máquinas pesadas e escavações. Não sei até que ponto pode influenciar e ocorrer mais desprendimento das parede com as pegadinhas. Aliás, apenas o lado direito da parede está habilitado para visitação (pegadas dos carnívoros e alguns herbívoros grandes). O lado esquerdo, onde tem mais pegadas de mais especieis está interditado por segurança (desmoronamento). O tour é muito legal, o guia explica as especieis de dinossauros que passaram por ali. O tour me custou 30 bob com a visita às pegadas incluídas. Retornei ao centro e fui almoçar (16:00). Não indico o restaurante que fui pq a comida não era muito gostosa e nos restaurantes locais o menu do dia já não estava mais servindo por causa do horário. Bom, segui para conhecer a Catedral Metropolitana, onde a visita ao terraço custa 15 bob. A vista é linda, é possível ver a cidade toda e andar pelos telhados da catedral é sensacional. A escada é bem difícil de subir e relativamente apertada. Senti dificuldades pra subir mas valeu a pena. Após passear mais um pouco, fomos trocar dinheiro. O câmbio em sucre não estava tão bom quanto em Santa Cruz, o máximo que encontrei lá no paralelo foi 1,90 e no oficial, 1,76. Aqui vale uma ressalva e uma dica: o câmbio paralelo em Sucre dá um certo medo, principalmente pq as pessoas te abordam e ficam bem em cima de vocês. Eu fiquei com um pouco de medo de trocar muita quantidade principalmente pq as notas eram extremamente velhas e rabiscadas. Ah, outro ponto importante: se atentem as notas que estão recebendo. Encontrei dificuldades para pagar uma compra em um mercado porque minha nota estava colada com durex (apenas uma parte). Então, sempre confiram o dinheiro e solicitem a troca caso recebam notas rasgadas, manchadas ou muito rabiscadas. Minha dica é que deem preferência para o câmbio em Santa Cruz. Eu fui fazendo picado: em Santa Cruz, Sucre e La Paz. 06/04 - Sucre Em nosso segundo dia em Sucre, iniciamos a exploração indo à rodoviária para comprar nossas passagens a Uyuni. No dia anterior (sábado) havíamos visto que quase todas as atividades culturais não funcionavam aos domingos e, por isso, decidimos ficar apenas 2 dias em sucre (5 e 6/4). Havíamos perguntando em um Hostel sobre os ônibus a Uyuni e o atendente informou que apenas duas empresas fazem o trajeto a partir de Sucre: Emperador ou 6 de outubro. Bom, fomos à rodoviária encontrar as benditas empresas. Fomos de ônibus e as linhas que passam na rodoviária são a A ou a 33, que passam na rua próximo ao mercado central. Se tiver dúvidas, pergunte sobre o ônibus ao Terminal de Buses, os bolivianos irão te explicar perfeitamente onde encontrar. E outro detalhe é que eles param em qualquer lugar na rua, basta fazer sinal para subir e falar “Parada/Bajar” ou algo do tipo para que o motorista pare para você descer. Peguei a 33 e me custou 2,40 bob. São chamados de Minibuses (quase uma van brasileira) e que andam com a porta aberta e de forma bem radical (correndo e buzinando o tempo todo). Nesse ônibus em especial, o motorista e a copiloto estavam com um neném acomodado na parte da frente (imagino que era filho de um deles ou dos dois), e situações como estas são bem comuns de se presenciar lá. Foi muito legal! Os ônibus são Pet friendly e as pessoas são extremamente educadas. Cedam o lugar aos idosos caso embarquem. Adorei ver a dinâmica das pessoas locais se movimentando em um domingo de manhã. Aqui vale uma nota muito importante: a rodoviária de Sucre é muito muito muito simples e percebi que tem muitas empresas com ônibus extremamente precários. A manutenção deles é feita na rua a céu aberto e de forma bem bem simples. Fiquei um pouco preocupada. Chegando lá, fomos no guichê da 6 de outubro e não havia atendente disponível (aguardamos por 15 min e nada). Daí, fomos no guichê da Emperador. Lá decidimos comprar a passagem das 21:30 em um ônibus semi leito (160 graus) por 120 bob (~60 reais). Sempre antes de fechar a passagem eu pedia para ver o ônibus (ou foto ou presencial), e assim o fiz. A atendente me mostrou e eu já fiquei meio “Hm, algo me diz que não é a melhor opção” mas fechei mesmo assim. spoiler: não era a melhor opção mesmo, mas isso vou contar já já. Com as passagens compradas, voltamos ao Centro para bater perna. Fomos conhecer a cafeteria Sucré que tinham gelatos lindíssimos e com uma cara deliciosa. Comprei um café, um croissant de pistache e depois um gelato. Uma delícia todos! O café me custou 10 ou 15 bob, o croissant foi 5 bob e o gelato foi 15 bob com duas bolas de sorvente. Peguei dos sabores Cofibrownie (café, Brownie e creme) e Tramontana (oreo, doce de leite e creme) - APENAS MARAVILHOSOS! Fui comer minhas delícias sentada em um banco da praça junto com muitas pessoas e famílias que curtiam o domingo. Eu fiz uma associação que os cariocas vão entender: a Plaza de Armas de Sucre é o Aterro do Flamengo aos domingos - todas as ruas no entorno estão fechadas para promover o lazer das pessoas que moram na região. Depois disso, fui conhecer a terraza da sede do governo departamental do distrito, que fica localizada em uma das esquinas da Plaza de armas. A entrada para a terraza custa 15 bob e você pode andar pelas dependências do local. Aqui vale uma nota também: todas as placas de identificação de salas, banheiros e etc, são na língua espanhola e em quechua. Eu amei isso! Achei muito rico e muito lindo! Saindo da Terraza, fomos conhecer o parque Simón Bolívar. Chegamos lá e encontramos a mesma vibe da Plaza de Armas: muitas famílias brincando, várias atividades rolando e muitas barraquinhas de comidinhas locais. O parque me lembrou a Quinta da Boa Vista aos finais de semana. Todas as praças da Bolívia são extremamente bem cuidadas e bem conservadas. As plantas são muito bem cuidadas, não tem lixo espalhado e são bem policiadas. Um único ponto é que tem muitos pombos kkkkkkk eles tem costume de alimentar nas praças e isso ajuda a ter uma população bem grande desses animais. Eu quis muito subir na torre Eiffel da praça mas fiquei com medo. Subi até o primeiro patamar, com bastante dificuldade pq é muito estreita e logo desci. Aquele troço mexe muito e tinham muitas pessoas em cima. Achei melhor evitar subir kkkk Alugamos outro Airbnb para podermos nos arrumar antes da aventura rumo a Uyuni e o tão esperado Salar, mas que eu não recomendo muito. Ele era bem localizado mas era um pequeno cativeiro sem janelas e com muitos pontos negativos. Pelo menos nos atendeu em ter 1 chuveiro quente (elétrico) e um mini fogão para cozinharmos uma breve jantinha (macarrão à la moda rapidez - molho vermelho e um sonho). Saímos da casa por volta das 19:30 e fomos tomar um café na cafeteria Metrô, localizada na Plaza de armas também. Essa aqui vale muito a recomendação! Peçam o café nativo da Bolívia. Ele é sensacional! O ambiente é muito aconchegante e com espaço para poder entrar com mochilas e malas. Nota 10/10. Saindo da cafeteria, pegamos um táxi rumo ao terminal que nos custou 15 bob. Chegamos no terminal e compramos o ticket de uso terminal (2,5 bob). Todos os terminais da Bolívia tem essa taxa para pagar que variam de 2 a 2,5 bob. Os guichês oficiais ficam localizados com identificação de “Uso terminal”. Sentamos e aguardamos o horário de 21:00 para nos direcionarmos a plataforma. Aqui o filho chora e a mãe não vê. Depois de um atraso de um pouco mais de 30 min, o ônibus chegou a plataforma. Ele era o que eu mais temia: pavoroso e completamente precário. Vocês se lembram que eu falei do pressentimento sobre o ônibus né! Eu não estava errada kkkkkkk Entrei no ônibus (obs.: cor verde) e foi só ladeira abaixo. Os bancos era velhos e sujos, as janelas estavam todas remendadas nas frestas com fita durex (sim, durex) e não consegui encontrar o cinto de segurança. Infelizmente eu não tenho nenhuma foto desses pequenos grandes detalhes pq fiquei nervosa pensando “ainda bem que eu tenho seguro viagem e meu corpo irá chegar no Brasil caso eu morra”. Trágica? Um pouco. Mas antes da viagem li algumas reportagens sobre acidentes com ônibus na Bolívia e fiquei com medo nesse dia. Eu não desisti e continuei no ônibus apesar dos pesares. Uma moça estava colocando mais fita adesiva na janela para que não entrasse vento gelado em cima da filha pequena dela q estava sentada a minha frente. Aproveitei o ensejo do improviso e perguntei se a 6 de outubro era melhor que a Emperador e ela me disse tranquilamente “Não, as duas são iguais” kkkkkk Ela apenas me deu uma informação que eu acho que seja valiosa para cá: se o ônibus da Emperador for o Verde é sinônimo de perrengue. É o ônibus mais velho deles é o pior. Se for o azul, ok. Da 6 de outubro ela não me deu mais informações. Nenhum dos ônibus até esse momento eu precisei colocar a bagagem no bagageiro. Eu coloquei ela em cima do apoio de pés e serviu como um suporte para que ficasse quase uma cama. Para mim, essa forma foi menos desconfortável de viajar. Outras coisas foram acontecendo durante a viagem até Uyuni. Algumas pessoas entraram no ônibus mesmo que não houvesse mais lugar vago e se acomodaram sentadas no chão ou na escada (era um ônibus de 2 andares e eu fui no 1 andar). Essas pessoas desceram em Potosí (3 ou 4 horas de sucre) e fiquei bem preocupada com o bem estar delas. É uma viagem desconfortável por conta das estradas sinuosas e também pq eles estavam sentados no chão né?! Bom, eu dormi pouco e não via a hora de chegar ao Uyuni. 07/04 - Uyuni O ônibus chegou em Uyuni às 5:30 mais ou menos e a mesma moça que estava colocando a fita adesiva na janela me deu uma dica de cafeteria para ficar até que as agências abrissem, como também uma agência chamada Uyuni Trans Andino. O nome da cafeteria era Nonis (basta pesquisar no maps como Nonis Breakfast). Ótima, recomendo muito! Tomamos café da manhã lá e ficamos aguardando até as 7:30 (hora que as agências abrem). Pela manhã já não estava me sentindo muito bem. Acho que era o cansaço acumulado e a falta de sono (não dormi no ônibus, apenas breves cochiladas). Estava com bastante dor nos olhos e no nariz. Tomei o remédio para o mal de altitude e segui o dia aos trancos e barrancos. Deu para viver mas não em plenitude kkkk. Esse remédio eu comprei em Sucre numa farmácia e pedi por “Medicamento para soroche” ele tem paracetamol, cafeína e acetazolamida. O que eu comprei se chama “Punacap” (40 bob). Na cafeteria, gastei uns 20 bob com café e queijo quente, que estavam uma delícia. Aproveitei e pedi indicação de agências boas por ali e recebi dois nomes: Kantuta Tours e Andes Salt. Quando saímos da cafeteria essas duas estavam fechadas e, por isso, optamos por ir na Uyuni Trans Andino. Bem, lá encontramos a moça do ônibus e ela era a gerente da loja (🙃). A princípio queríamos o tour de 2 dias para podermos ver o céu do salar durante a noite mas logo que explicaram o tour, fiquei um pouco decepcionada. Em todas as agências que fomos, o tour de 2 dias fazia um caminho bem diferente do tour de 3 e 4 dias. Basicamente o deslocamento do 1 dia era para o Salar e no segundo, para as lagunas a direto do mapa de Uyuni junto com as águas termais, e o pernoite era na própria cidade de Uyuni. Encontramos valores para esse tour de 350 a 500 bob. Nota importante: queríamos ver o céu estrelado e quase caímos em uma armadilha. Na semana do dia 07/4 a lua estava cheia e, nessa fase, é muito difícil ver as constelações pq a luz da lua é muito forte. Quase fechamos esse tour com duas agências antes de uma alma bondosa nos explicar que não seria a melhor opção porque não era garantido devido a fase da lua. Outro ponto também é que são passeios pagos a parte. Ou seja: 1 valor para o Salar e 1 valor para a noite estrelada. Eles justificam que é pq exige um fotógrafo profissional. Em geral o passeio da noite estrelada custava 500 a 650 bob, com saídas as 3 da manhã. Bom, antes de fecharmos com a Trans Andino, fomos na Kantuta e na Andes. Ambas estavam esgotadas (era 8:30 da manhã). Como já estávamos cansadas de pesquisar, fomos na Trans andino e fechamos um tour de 1 dia por 250 Bob. O passeio saia às 10:30. Tour 1 dia no Salar: O passeio tem início na agência, onde o motorista nos buscou com uma 4x4 não muito conservada para o tour. Essa foi minha primeira impressão. Nota 1: prestem atenção que eu estou escrevendo motorista, não guia. A agência forneceu botas para andar no salar e elas estavam bem limpinhas mas eu levei protetores de chuva que comprei no mercado livre pq estava com medo de pegar bicho de pé. Bom, mesmo assim eu informei o número da bota e a agência me deu. Vai que, né? Nosso tour tinham 6 passageiros + 1 motorista (chamado de chofer). 2 britânicos e mais dois que iam nos encontrar no cemitério de trens. A primeira parada foi o cemitério de trens que, ao meu ver, é um ponto completamente dispensável. Achei muito sem graça apesar da história bacana que o chofer nos contou brevemente. Ficamos ali por 1 hora aguardando os 2 últimos passageiros a chegarem. Dali seguimos para o vilarejo de Colchani para aprender sobre o processo de extração e beneficiamento do sal. A todo momento enquanto passávamos por dentro da cidade o chofer não falava 1 palavra. Nem uma palhinha da história do local e etc. Eu, como sou uma pessoa curiosa, fui perguntando as coisas de acordo com o que eu observava. Por exemplo, todas as casas tinham uma borboleta ou um ramo de plantas penduradas no portão, com cores muito vivas. Aquilo me despertou curiosidade e eu perguntei ao chofer sobre aquilo. Ele me explicou que era resquício do carnaval boliviano e uma tradição a pachamama para trazer prosperidade. Bom, chegando em Colchani, conhecemos o processo do sal do Uyuni e depois fomos ver a feirinha. É bacana ver os artesanatos feitos com o sal de lá e aproveitei para comprar uma lhaminha de sal para recordação (10 bob). Continuamos o tour e agora rumo ao Salar propriamente dito. De longe era possível ver a imensidão daquele lugar e o efeito espelhado desde a estrada. Não tem câmera que consiga pegar a beleza de ver pessoalmente. Vou compartilhar algumas fotos aqui mas é surreal! O carro se movimenta bem devagar pelo salar, chega a ser angustiante. Foi possível ver que tinha muita água sobre o sal e que minhas botinhas do mercado livre não iam aguentar o tranco. Tive que ceder a minha neura do bicho de pé e colocar a bota da agência 🥲. Obs.: essa parte do relato estou escrevendo do dia 13/04 e até agora meu pé está normal, sem sinal de pereba kkkkk A primeira parada no salar foi no hotel de sal onde fizemos um almoço bem simples fornecido pela empresa: para os vegetarianos era uma omelete de lentilha e para os não vegetarianos uma carne de boi. O acompanhamento era salada de legumes e quinoa (como o arroz). Olhando as refeições das outras agências, o nosso era o mais simplório. Do almoço, seguimos para as fotos espelhadas e já eram umas 15:30/16:00. Nesse horário, o sol estava em direção ao poente e as nuvens também e por isso, o efeito espelhado das nuvens e montanhas não era tão evidente. Percebi que a melhor hora para ver o efeito é pela manhã ou próximo ao 12:00, pois o efeito é intensificado. Já nas esculturas de sal, foi possível ver mais o efeito pq o sol estava a poente e nós nos movimentamos para ficarmos a favor do sol. Tiramos algumas fotos em grupo e gravamos um vídeo com várias posições. Seguimos para o final do tour, com o lanche da tarde (vinho e petisco) vendo o pôr do sol. Foi sensacional. Como eu disse, é lindo demais ver o Salar pessoalmente. Retornamos a cidade de Uyuni às 19:30 e fomos para o terminal. obs.: esse casaco corta vento impermeável me salvou. Comprei na Decathlon e não me arrependo. Venta bastante no Salar e ele me ajudou a não surtar com o clima kkkkk Minhas considerações sobre o passeio: não me arrependo do tour de 1 dia para o pouco tempo que tinha e (spoiler) aproveitei muito La Paz com mais tempo. O passeio em si é muito cansativo por conta dos deslocamentos entre pontos de observação. Em geral, 10/10. A próxima experiência que eu gostaria de ter é com o salar seco e com visita às ilhas, lagunas e geysers. Minhas considerações sobre a empresa: não recomendo a empresa que contratei. O carro era bem precário (tinha horas que ele demorava a ligar e eu ficava até com medo de parar de funcionar real) e o almoço foi ok. O que mais me pegou foi o chofer. Ele não explicava nada, passava o tempo quase todo em silencio e só respondia quando alguém perguntava algo. Para mim, foi basicamente contratar um táxi compartilhado pra fazer o circuito. Sobre a Kantuta e a Andes: pelo que percebi, todos os carros de ambas as empresas era muito bons e novos. A Andes tinha muito mais turistas europeus e americanos e a Kantuta variáveis. Acho que se houver uma próxima vez no salar, vou tentar uma dessas para o passeio de 3 ou 4 dias. Terminal Uyuni - La Paz: Havia perguntado quais eram as melhores empresas para fazer esse percurso a uma pessoa local e ela me indicou duas: Titicaca e Panasur. Chegando na rodoviária, compramos nossa passagem na empresa Titicaca por 140 bob para o ônibus das 21:30 com destino a La Paz (era 150 mas a moça fez por 140 sem nem eu pedir desconto). Antes, pedi foto do ônibus e a atendente me mostrou: bancos de corino, com cortininhas separando os assentos e na configuração. Obs.: O full cama da Titicaca era 220 Bobs e virava uma cama mesmo. A Panasur custava 100 bob mas não gostei muito das fotos do ônibus (me lembrou o tão temido Emperador Verde, com bancos de tecido com aparência não muito amigável). Já tinha visto comentários bacanas sobre a Titicaca e resolvi experimentar. Não era possível que seria pior que a Emperador (verde) né? Pontualmente as 21:30 o ônibus saiu e ele era impecável. Super novo, com cinto de segurança, recebemos um snack (água e bolinho tipo Ana maria) e um cobertor. Quase premium né? Eu apaguei. Para quem não conseguia dormir muito bem no ônibus eu hibernei. Era o cansaço. 08/04 - La Paz Chegamos em La Paz às 5:50 da manhã. O ônibus foi bem rápido e eu descansei bastante. Eu não havia reservado hotel em La Paz pq meu queria fazer uma viagem mais do tipo “vou na hora que eu quiser” sem muitas amarras. Bem, como estávamos a quase 2 dias sem tomar banho (brasileiro chora sem banho, né), pesquisamos e reservamos um quarto em um Hostal chamado “Posada de La Abuela”, no centro histórico de La Paz, em frente a uma das entradas da rua das bruxas. Gente, juro. Chegamos e fomos direto ao hotel. A recepcionista fez nosso check in antecipado mediante ao pagamento de meia diária (90 bob) e o total para os dias 8 a 10/4 foi de 508 bob, com direito ao café da manhã daquele dia. Mais do que merecido. Entramos no quarto, tomamos banho e as 7:40 tomamos café da manhã. Sobre essa acomodação: ela foi ótima para os dias em La Paz. Ela é no centro histórico, no umbigo dos pontos principais pra conhecer, é muito aconchegante e vale a pena. Tenho apenas 2 pontos não muito legais: o banheiro tinha não tinha rebaixamento e o teto já era o telhado (com telhas transparentes para entrada de luz). Isso deixava o banheiro muito frio e não isolava o barulho externos dos pombos fazendo guruguru no telhado. O outro era que o box era com cortina de plástico e relativamente pequeno. Como o chuveiro tinha muita pressão, a água batia na cortina e ia para fora do box, molhando todo o banheiro. Tivemos que pedir algumas toalhas para pés extras pra secar o chão. Gente, eu amei La Paz. Eu estava com poucas expectativas para a cidade mas eu me surpreendi demais. No dia 8/4 conheci o centro histórico e fiz um tour guiado na Basilica Menor de São Francisco. Infelizmente não é possível tirar fotos do interior mas foi muito lindo e legal. É um tour de 1 hora e meia mais ou menos por quase todos os ambientes da basilica, incluindo telhados e subida na cúpula maior. É possível ver as pinturas indígenas retratando o catolicismo aos olhos dos nativos e a história dos Franciscanos. O tour guiado custou 40 bob. A arquitetura da igreja mistura elementos católicos e também da cultura indígena como a pachamama dando a luz e outros símbolos lindos. Dali, seguimos para o teleférico. Eu estava igual criança pq uma das coisas da minha lista de desejos era andar em várias linhas de teleféricos de La Paz. Optamos por pegar a linha vermelha (teleférico rojo) que é o central. Nessa estação tem alguns vagões de trem antigos da época que tentaram implementar o transporte a trem em La Paz, que não deu muito certo por conta do terreno da região. Nesses vagões funcionam restaurantes e, em um deles, tinha uma pizzaria muito atraente. Fomos lá comer uma pizza da região. Sensacional! Muito gostava mesmo! Vale a experiência! Dali seguimos para o teleférico. Começou a chover um pouco, o tempo estava bem instável. Uma hora sol e outra chuva. Mais uma vez meu casaco da Decathlon me salvou. Comprei apenas um cartão para abastecer com o valor da passagem. O cartão custa 30 bob mas vem com 15 dinheiros de crédito pra usar. Não tem problema usar com mais de uma pessoa. O cartão é um charme, o que eu recebi tinha uma pintura do Van Gogh. Pegamos a linha vermelha e fomos até o ponto final que era em El Alto, com um mirador com a marca de 4060 m de altitude. É bizarramente bizarro ver como que os teleféricos funcionam. Um atrás do outro, todo tempo, rápidos e muito legais. Fizemos baldeação com a linha verde e depois na amarela para descer na estação Sapocachi. Recebemos a dica desse bairro de um casal que fez o tour com a gente no Salar. Eles disseram que era um bairro bem legal para conhecer. Bom, de fato era. Depois pesquisando descobri que era um bairro de classe média alta e associei o que eu vi com o que eu li. Era muito bonito para conhecer mas eu gosto mesmo é da parte histórica. La tinha um mirador muito bonito e ficamos passeando por lá. Os bolivianos são muito namoradores kkkkkkkk todas as praças tinham casais de várias idades namorando. Eu achei super fofinho. Além disso, foi bem comum de ver pessoas apenas sentadas nos bancos das praças apreciando o momento/vista/descansando. Vi isso em todas as praças que eu visitei nos bairros de la paz. Desde os mais centrais aos mais periféricos, não era algo restrito ao de bairros nobres. Eu moro em cidade grande e ficar numa praça parado, namorando ou apenas vendo a vista é sinônimo de pedir para ser assaltado (triste). Paramos para comer em um fast-food de frango, tipo o KFC. Eu sou vegetariana e tinha um hambúrguer de quinoa com abacate (eu fiquei apaixonada por quinoa nessa viagem). Eu adorei! Eu sou chata pra comer mas nessa viagem eu me impulsionei a experimentar coisas diferentes e novas. Para voltar para a Plaza Maior de São Francisco, pegamos um mini bus qualquer de 2,40 e sempre perguntávamos se passava no local ou próximo do local que queríamos ir. Deu certo o tempo todo e quando tínhamos dúvidas, todas as pessoas tinham uma paciência para explicar como chegar ou qual transporte pegar. Eu ❤️ bolivianos. Nesse dia eu fui conhecer o Mercado das Bruxas. Eu vi tantos vídeos sobre La Paz que eu estava com uma expectativa de ser bem maior do que realmente era. Me decepcionei um pouco com o tamanho mas foi bem legal de ver. Eu imaginava que as lojas das “Bruxas” eram apenas dedicadas aos rituais da cultura mas é uma mistura de loja de souvenires e itens religiosos. Foi legal mas confesso que não foi super legal. Fiquei passeando no centro e vendo as coisas. Eu faço coleção de blusas de lugares que visito e com a Bolívia não seria diferente. Entrei em um beco e encontrei uma senhora muito simpática. Comprei na lojinha dela um pratinho decorativo e nunca mais esqueci a senhorinha. Decidi voltar no dia seguinte para comprar algo mais com ela pq fui muito com a cara dela. Nesse dia encontrei uma loja com uma blusa linda e ela estava 90 Bobs. Consegui pechinchar duas por 160 e sai super feliz. No dia seguinte, voltei ao beco da velhinha e fui até o final. La eu encontrei a mesma blusa que comprei por 160 (duas) por 55 cada kkkkkkkkk eu chorei mas vida que segue. A loja fica ao lado de uma galeria de souvenires, com uma entrada bem simples e sem nome. 09/4 - La Paz dia 2: vale de La Luna e passeios aleatórios No dia 9/4 iniciamos o dia indo no terminal para comprarmos as passagens para Copacabana para irmos no dia 10/4. No meu planejamento inicial tinha a vista e pernoite em Copacabana mas, em decorrência das alterações de voos e outros problemas, tive que enxugar e tirar esse destino da lista. Acabou que, quando chegamos a La Paz no dia 8/4, eu fui ver no terminal quais eram as empresas que faziam o serviço de La Paz para Cusco e apenas 1, que era a Trans Salvador, fazia o itinerário. Ela saía às 7:30 da manhã de La Paz e chegava às 21:30 em Cusco. Eu desconsiderei completamente pq seria um dia inteiro perdido dentro de um ônibus. Daí, tendo em vista a falta de opção, retornei com a ideia de ir à Copacabana e de lá ir para Cusco direto (ia ver na hora se tinha empresas lá em copa) ou fazer o roteiro sola indo até Kasani (imigração), depois Puno e de Puno a Cusco. Eu havia pesquisado ônibus locais que faziam a rota La Paz - Copa, e vi que saiam do cemitério. Mas algo me disse pra ir e comprar no terminal. Fui lá, comprei na empresa Titicaca para o dia 10/4 às 8:15 por 40 bob. Saímos da rodoviária e fomos procurar o ônibus para o Vale de La Luna. Perguntando as pessoas na rua e eles explicaram que o ônibus para ir para o Vale é o que vai para Mallasa (se pronuncia Malhasa) na rua acima do Terminal (rua Ruta Nacional 3). Encontrei uma Fanta de Mamão papaia e comprei pra experimentar. Gostei a beça lkkkkkkk tem gosto de fini. Pegamos o mini bus (3 bob) e fomos para o Vale. Demorou uns 40 minutos +- até chegar no local pq é bem afastado do centro e o trânsito na Bolívia não é fácil. O motorista nos deixou na frente do Vale e entramos. A entrada custou 15 ou 20 bob, não lembro. O vale é muito lindo. A formação das pedras é lindíssima e muito interessante de ver. Você faz o percurso sozinho apenas seguindo as placas indicativas. É bem cansativo, principalmente por causa da altitude mas vale a pena. Para voltar ao centro, ficamos posicionadas do lado oposto onde descemos e esperamos um mini bus por menos de 10 minutos. O motorista interrompeu o trajeto no parque La Flórida dizendo que não ia continuar o percursos por conta de bloqueios no centro. Na hora não tinha entendido e associei a questão de ser um transporte irregular (aparentemente os mini buses parecem um carro comum com placas de destino colocadas no pára-brisa, sem nenhum tipo de regularização). Bom, descemos e vi no mapa que tinha uma estação de teleférico na região. Perguntei a uma pessoa na rua que me indicou a direção e fui. Voltamos para o centro de teleférico e descemos em Sapocachi novamente. Descemos lá pq já sabíamos onde pegávamos o mini bus que deixaria próximo ao nosso hostal. Dai começamos a ver algumas coisas estranhas. Tinham muitas pessoas nas ruas, muitas mesmos. Já eram umas 16:30/17:00 e eu imaginei que fosse a saída do trabalho. Mas outra coisa também me deixou meio abismada: quase não tinham minibuses e os que passavam, estavam lotados e não paravam. Daí veio a minha cabeça a questão do bloqueio. Como antes de chegar em La Paz eu fiquei hospedada em Airbnb, nenhum deles tinha TV com sinal aberto para ver jornal. Apenas conexão com YouTube/netflix/ etc. Isso eu senti muita falta nos Airbnbs pq eu amo ver jornal local quando viajo. Bom, quando chegamos em La Paz na Abuela, a primeira coisa que eu fiz foi ligar a TV para ver se tinha sinal de tv aberta. Para minha felicidade, tinha! No dia 8/4 e na manhã do dia 9/4 eu fiquei ouvindo a tv enquanto me arrumava e constantemente passavam reportagens sobre o aumento dos preços dos alimentos e etc. De fato, os alimentos no mercado estavam bem caros. Uma coisa que me assustou, que não era alimento, era o preço do sabonete. Uma barra de sabonete de corpo da Lux estava 8 bob. A princípio, nem me liguei muito em prestar atenção pq no Brasil a gente está passando por isso tbm então as coisas passam meio batido né, por mais que não deveriam. Esse detalhe acima era importante mencionar para o contexto dos minibuses. Bom, tentamos a todo custo pegar algum transporte para o centro e até mesmo os táxis rejeitavam quando falávamos “Plaza San Francisco”. Isso foi deixando a gente preocupada e pensando “o tal bloqueio deve ser lá e deve estar tendo manifestação”. No tour da basilica, o guia disse que aquela praça em frente à igreja era a mais importante em contextos de manifestações, passeatas e eventos em la paz. Daí fizemos essa associação. Depois de um tempo, conseguimos pegar um táxi para a estação Sapocachi pq conseguiríamos voltar de teleférico pro hostal também. Quando entramos, perguntamos se ele nos levaria à praça São Francisco e ele topou. Bom, no caminho só tinham taxis na rua e muitas MUITAS MUITAS pessoas na rua também. Eu, curiosa novamente, perguntei ao motorista se aquela quantidade de pessoas era normal e ele me explicou que estava nenhum mini bus estava funcionando por protesto a alta de preços dos alimentos da cesta básica. Todo sentido né? Beleza, descemos na praça e estava um mar de gente. Turistas e trabalhadores todos na rua. Fomos ao hostal descansar e eu liguei a TV. Daí que começou a rede de informações fazer sentido. Era um bloqueio dos próprios motoristas dos minibuses contra o congelamento das passagens em 2 bob (diminuindo de 2,40 pra 2) e sobre a alta de preços dos alimentos da cesta básica. Teve bloqueio, manifestação e briga entre motoristas que aderiram e outros que não queriam aderir ao movimento. Por isso que o mini bus do Vale não seguiu caminho até o centro. Bom, ficamos vendo TV e fomos dormir. 10/4 - La Paz - Copacabana No dia seguinte acordamos cedo para fazer o check out e tentar tomar um cafezinho antes de sair. Quando colocamos o pé na rua não tinha 1 viva alma. Pensei o que “ok né, está bem cedo (7:15) e as pessoas estão saindo agora pra ir trabalhar”. Quando chegamos na rua principal, em frente à praça de São Francisco, não tinha quase carro na rua (nem táxis nem minibuses). Por sorte, veio um táxi e pegamos. Nossa mochila esta bem pesada para subir as ladeiras de La Paz. Chegando no terminal, fui ao guichê da Titicaca e me deparei com uma rodinha de pessoas ao redor do atendente, que estava com uma cara não muito boa. Eles falam muito rápido e acabam misturando quechua com espanhol, tornando mais difícil de entender o que estava sendo dito. A única coisa que consegui entender era que não estavam deixando o ônibus voltar de copa mas que pra ir, estava dando. Na hora eu me liguei e pensei “Putz, a parada de ontem”. Sentei e fui pesquisar. Os choferes (motoristas de minibuses) de la paz tinham decretado bloqueios em todas as vias de acesso a região a partir de 00:00 do dia 10/4. Pronto, na hora eu pensei “vou ficar presa”. Bom, 8:15 o atendente chamou os passageiros para embarcarem pra copa. Depois de todos embarcarem, ele solicitou, com a mesma cara de preocupado, que todas as cortinas das janelas fossem fechadas. Ai eu fui ficando apreensiva. Imaginei que aquilo fosse um indicativo da gente estar saindo de forma irregular da região, para não sermos parados pelos bloqueios devido à presença de passageiros. Gente, foram minutos de tensão. Quando o ônibus chegou em uma rodovia grande e diminuiu a velocidade, eu olhei pra frente e vi aquele mundo de gente parada na rodovia e os policiais com aquele uniforme de tropa de choque fazendo uma barreira para que os veículos passassem por uma única faixa. A passagem pelos bloqueios durou cerca de 1 h desde o centro de La Paz e o motorista do nosso ônibus foi fazendo caminhos alternativos por dentro de bairros para poder evitar os pontos. Bom, dessa forma conseguimos passar e seguir viagem. Eu acabei dormindo e só acordei quando o ônibus estava passando próximo ao Titicaca e, logo logo, na travessia em San Pablo de Tiquina. Temos que descer do ônibus e pagar uma taxa de 2 bob para atravessar o estreito de barquinho. O ônibus vem logo atrás. Editado ontem às 02:18 por anacarolinavoigt Atualizações da viagem 2 3 2 Citar
Membros WellingtonSantiago Postado Sábado às 14:09 Membros Postado Sábado às 14:09 ótimo relato. Espero que esteja ocorrendo tudo bem na viagem e aguardo o desfecho desse mochilão improvisado haha 1 Citar
Membros anacarolinavoigt Postado Domingo às 02:03 Autor Membros Postado Domingo às 02:03 Vou continuar o relato aos poucos hahahahaha Já ja vem mais Citar
Membros Ludmila Rodrigues Postado Domingo às 02:22 Membros Postado Domingo às 02:22 Adorando o relato. Aguardando o desfecho 🤩 Citar
Membros Ludmila Rodrigues Postado Domingo às 02:24 Membros Postado Domingo às 02:24 Você está levando mais ou menos quantos reais? Citar
Membros anacarolinavoigt Postado Domingo às 03:19 Autor Membros Postado Domingo às 03:19 52 minutos atrás, Ludmila Rodrigues disse: Você está levando mais ou menos quantos reais? Oie! Eu levei 2600 em reais físicos para a viagem toda (Bolívia e Peru). Na Bolívia eu gastei um pouco menos de 1000 reais no total (passeios, transporte, alimentação, lembrancinhas, etc). Os Airbnbs estavam pagos e tive apenas o custo do o hotel em la paz que reservei na hora (508 bob para duas pessoas por 2 noites). 1 Citar
Membros Andreas Cunha Postado 10 horas Membros Postado 10 horas @anacarolinavoigt Olá, tudo bom? Sensacional esse relato da sua viagem, principalmente porque esse roteiro é exatamente o que irei fazer em julho!!!!!! Gostaria de perguntar algumas coisas, que de momento tenho apenas a passagem a santa cruz de la sierra (pré agendamento no booking das acomodações em sucre e uyuni, mas que posso cancelar ainda por faltas 2 meses), mas o meu roteiro é o mesmo que você fez. Santa cruz > Sucre > Uyuni > La paz > Copacabana ou Puno > Cusco/Machu Picchu > Volta novamente a santa cruz, dessa vez passando por Cochabamba De Santa cruz a sucre, estou em dúvida nesse trajeto de ônibus ou avião. Pelo que estive pesquisando, o trajeto é perigoso, mas pelo seu relato o onibus é bem confortável. Eu tenho zero problemas com viagem de ônibus, durmo tranquilamente, acredita que valeu a pena ter ido de ônibus ou é vantagem ir de avião? Vi que os preços aqui estão na casa dos R$420 para esse trajeto, mas meu medo em comprar com antecedencia também é um pouco por essa questão da gol trocar dias / horários dos vôos (já trocaram o horário uma vez, mas ainda tranquilo kkkkk) minha ideia seria ficar um dia em sucre, e viajar de noite a uyuni. Em uyuni, vi que você fez o roteiro de 1 dia no salar. Irei em período que o salar é seco, acredita que é melhor o roteiro de 1 dia ou 3? com o de um dia já foi suficiente pra conhecer ou em um segundo momento faria um roteiro mais completo? Já ajudou demais com seu relato para refinar com relação a lugares a visitar, dicas, etc.. Muito obrigado!!! Citar
Membros de Honra Pericles David Postado 9 horas Membros de Honra Postado 9 horas Em 12/04/2025 em 08:53, anacarolinavoigt disse: Oi pessoal! Esse é meu primeiro relato de uma viagem muito esperada, que ainda está em andamento. Estou escrevendo direto de terras peruanas 🇵🇪 Esse foi meu primeiro mochilão improvisado em férias de uma CLT brasileira junto com uma amiga. Minhas principais fontes de consulta para ele foram os fóruns aqui do Mochileiros e os vídeos do Mundo sem Fim (❤️). Datas da viagem: 03/04 a 17/04. Minha viagem começou no Rio de Janeiro onde eu peguei um voo da Gol para Guarulhos às 6:10 no dia 03/04, para depois pegar o voo para Santa Cruz de La Sierra às 09:05. Inicialmente a viagem seria do dia 2 ao dia 17 porém, devido a uma necessidade da Gol, foi preciso remarcar para o dia 03. Caso eu não aceitasse, eles iriam reembolsar totalmente o valor. Bom, após todos os passageiros embarcarem no avião no dia 3, o piloto informou que o voo atrasaria devido ao mau tempo em Guarulhos (SP). No final das contas, o voo que era para as 6:10 decolou apenas as 8:20 e chegamos em Guarulhos às 9:45. Nosso voo para Santa Cruz atrasou devido ao mau tempo porém, mesmo com os atrasos dos dois voos, perdi o segundo por 18 minutos. E aqui começou a jornada do desespero antes de sair do Brasil. Fui ao guichê da Gol com mais de 100 pessoas com o mesmo problema (conexões perdidas e várias remarcações de voo) e aguardei por belas 2h para ser atendida. Para esse viagem eu contratei um seguro que cobria gastos com atraso de voo, cancelamento ou remarcações. No contrato estava expresso que para solicitar a abertura do sinistro era necessário um documento formal da empresa aérea constando os dados do voo, horários e assinatura de um funcionário. Em uma pesquisa rápida enquanto aguardava ser atendida, descobri que o documento se chama “Carta/Declaração de contingência”. Ao ser atendida pela atendente, fui remarcada para o voo do dia seguinte (04/04) no mesmo horário (9:05) e recebi um voucher para hotel e alimentação custeado pela Gol. Sobre a declaração de contingência: é uma luta conseguir. Quando esse nome é mencionado, eles fazem de tudo para te levar a exaustão e desistir de pegar o documento. Não desistam, peguem mesmo. É importante também ler e confirmar as informações: data e hora efetiva da decolagem e do pouso com atraso (eles precisam pegar os dados oficiais da infraero, não aceitem que sejam colocados horários estimados). Nesse dia ainda tive um problema porque eles alegaram que o voo chegou 8:30 em Guarulhos (dados da própria Gol) sendo que neste horário eu estava nas nuvens (literalmente). Usei o site do rastreador Kayak que tinham os horários certinhos pra comprovar o atraso do nosso voo. Essa batalha terminou às 15:00 do dia 03/04, quando me direcionei ao hotel para descansar para o outro dia. 04/04 - Guarulhos - Santa Cruz de Lá Sierra Inicialmente, a viagem começaria dia 3/4 chegando em Santa Cruz às 11:00. Planejei conhecer o centro da cidade e partir para Sucre no mesmo dia em um ônibus noturno. Com o atraso e remarcação do voo, cogitei comprar a passagem de Santa Cruz para Sucre oferecida pela BoA porém, devido ao histórico de Gol com atrasos, decidi tentar a sorte direto no guichê em Santa Cruz. Bom, dito e feito, o voo do dia 04/04 que era para decolar às 9:05 só levantou voo às 10:30. Chegamos em Santa Cruz por volta de 12:40 e fomos para imigração. 04/04 - Santa Cruz de La Sierra A imigração foi bem lenta. Os funcionários solicitaram o motivo da viagem (turismo) e os locais que eu ia conhecer (meu roteiro) e endereço do Airbnb em Sucre. Havia lido relatos que a imigração era tranquila e sem perguntas, principalmente para quem já tinha carimbos no passaporte, mas nesse dia, todos foram interrogados. Num todo, foi bem tranquila. Eu estava com todos os documentos em mãos e preparada com meu roteiro na cabeça, não me preocupei. Passando a imigração, apresentei o documento com QR code da Aduanda, que havia preenchido com antecedência e segui para o raio-X. Tudo certo também, sai pelo terminal de desembarque. Logo que sai, fui direto no guichê da BoA para ver as passagens para Sucre e já não tinham mais passagens para os dois voos do dia (13:40 e 16:00). Bom, voltei ao meu planejamento inicial de ir de ônibus para Sucre e conhecer um pouco o centro de Santa Cruz. Antes, troquei 100 reais no aeroporto com câmbio a 1,89. Não achei ruim e optei por trocar apenas 100 porque li relatos de que na Plaza 24 de Setembro o câmbio estava 2 ou acima de 2, no paralelo. Comprei um chip de Entel para 6 dias com internet ilimitada por 48 bob (38 do plano + 10 do chip) (~25 reais) e já estava conectada para falar com meus familiares no Brasil. Feito isso, me direcionei a área externa ao terminal para pegar o ônibus para o Centro (número 135) e acho que foi 3 ou 6 bob, não me lembro. O trajeto foi de uns 30/40 minutos e o ônibus nos deixou a 4 quadras da praça. Todos os passageiros bolivianos, inclusive o motorista, me orientaram sobre onde descer e foram super educados. Descendo no ponto, andei e cheguei em uma lanchonete muito bacana com playground para crianças e tudo mais. Eu estava morrendo de fome e comi uma empanada de queijo. Uma delícia! Colocaram açúcar de confeiteiro por cima e deu um tcham! Os doces eram maravilhosos de lindos também (foto). Chegando na Plaza 24 de Setembro (16:00)eu fiquei encantada com a praça e com a dinâmica local das crianças e famílias bolivianas aproveitando o clima. A praça é linda e a igreja também! Troquei dinheiro em uma casa de câmbio na praça no câmbio a 2,10. A cotação do dólar estava 10. Fui para a rodoviária de ônibus (la o app da Movit funciona) e os locais me orientaram o ponto onde era para descer. Chegando na rodoviária, um caos kkkkkk. Até hoje eu estou ouvindo “Sucre Sucre La Paz” na minha cabeça. A todo tempo você é abordado por vendedores oferencendo as passagens mas optei por comprar no interior do terminal. Tem que ter paciência com os vendedores te abordado e os gritos oferencendo passagem. Elas variam bem pouco em questão de valores mas existem muitas empresas. Optei por comprar na empresa Trans Copacabana Mem 1 para Sucre e o ônibus semi leito (160 graus), que é chamado de bus cama, me custou 100 bob (~50 reais). Obs.: Sempre pedíamos para ver os ônibus antes de comprar a passagem. O ônibus sairia às 21:30 e chegaria às 7:00 em Sucre. Enquanto isso, fiquei observando o terminal e as pessoas e crianças. Não se assustem, as crianças ficam soltas na rodoviária sem muita supervisão dos pais. Nesse meio tempo fiz amizade com uma menininha de 6 anos que carregava um pollito (pintinho) dentro de uma bolsinha. O nome dela era Maria Helena e a mãe trabalhava vendendo passagens. Ela ficava o dia todo na rodoviária enquanto a mãe trabalhava. Quando eu perguntei a ela se ela não tinha medo de ficar sozinha andando por ali ela disse com uma cara de brava “aqui as crianças aprendem a se cuidar cedo” e depois me disse que tem vários amiguinhos que ficam ali com as mães. Embarquei no ônibus e me surpreendi muito com a estrutura. O ônibus tinha banco com massageadores e regulagem automática de inclinação. Eu realmente fiquei chocada com a estrutura pq nunca andei num ônibus assim no Brasil. Recomendo muito a empresa Trans Copacabana Mem 1 (obs.: não confundam com a Trans Copacabana, são empresas diferentes). Valeu muito, 10/10. Antes da viagem começar, eu deixei meu chip do Brasil cair da minha bolsinha entre meu banco e o apoio de braço. Haviam duas pessoas bolivianas próximas a mim nesse momento, uma cholita e um senhor. Quando eles perceberam meu desespero, eles perguntaram o q houve e me ajudaram a achar o chip (com direito a uma lanterna e uma faca enorme pra puxar o chip do lugar que ele tinha caído kkkkk). Mais uma vez eu fiquei encantada com o povo boliviano! Mesmo com o conforto, não consegui dormir muito bem. Tenho dificuldades em dormir fora de casa . A viagem é longa e o caminho é muito tortuoso e dá um nervoso com as curvas. 05/04 - Chegando a Sucre Cheguei à Sucre às 7:00. Estava bem frio (5 graus) e eu estava extremamente cansada. A rodoviária e os arredores de Sucre são bem simples, e a rodoviária fica relativamente longe do centro histórico. Optei por pegar um táxi da rodoviária até o Airbnb que fiquei e a aventura começou. O táxi me custou 15 bolivianos e quando eu entrei eu dei uma bela risada. O banco do motorista era uma cadeira improvisada kkkkkkkkkkk. Talvez eu tenha pego um táxi irregular mas é assim que as memórias são construídas né kkkk Cheguei na minha hospedagem e peguei as chaves (minha reserva era pro dia 4 a 6/4). O Airbnb era uma delícia, muito fofinho, bem equipado e bem localizado. Tinha um mercado bem próximo e a Plaza de Armas ficava a duas quadras da hospedagem. Único ponto menos legal era que ficava no 3 andar de escada. Tomamos um café bem reforçado em casa e fomos passear. Conseguimos comprar o ticket do ônibus para o parque Cretáceo por 15 bob ida e volta para as 11:00. É o melhor horário para poder fazer o tour pelas pegadas com guia (12:00). Enquanto aguardávamos o ônibus, ficamos assistindo um desfile cultural sobre a inclusão de pessoas deficientes e atípicas na cultura boliviana nos arredores da praça. Foi muito lindo! Pegamos o ônibus para o parque Cretácio. Fomos no andar de cima para ver a cidade. Foi bem legal, o trajeto leva em média 15 a 20 minutos e chegamos no parque. Ele fica localizado ao lado de uma empresa de cimento e as pegadas ficam bem na parte onde eles extraem a pedra para fazer cimento (imagino que seja algum calcário). Aliás, as pegadas foram descobertas quando a extração de pedra teve início pela empresa. Ela foi a responsável por chamar os paleontólogos para verificarem e, depois, classificarem as especieis. Uma coisa que me preocupa um pouco é que a exploração continua ocorrendo ao redor das pegadas com máquinas pesadas e escavações. Não sei até que ponto pode influenciar e ocorrer mais desprendimento das parede com as pegadinhas. Aliás, apenas o lado direito da parede está habilitado para visitação (pegadas dos carnívoros e alguns herbívoros grandes). O lado esquerdo, onde tem mais pegadas de mais especieis está interditado por segurança (desmoronamento). O tour é muito legal, o guia explica as especieis de dinossauros que passaram por ali. O tour me custou 30 bob com a visita às pegadas incluídas. Retornei ao centro e fui almoçar (16:00). Não indico o restaurante que fui pq a comida não era muito gostosa e nos restaurantes locais o menu do dia já não estava mais servindo por causa do horário. Bom, segui para conhecer a Catedral Metropolitana, onde a visita ao terraço custa 15 bob. A vista é linda, é possível ver a cidade toda e andar pelos telhados da catedral é sensacional. A escada é bem difícil de subir e relativamente apertada. Senti dificuldades pra subir mas valeu a pena. Após passear mais um pouco, fomos trocar dinheiro. O câmbio em sucre não estava tão bom quanto em Santa Cruz, o máximo que encontrei lá no paralelo foi 1,90 e no oficial, 1,76. Aqui vale uma ressalva e uma dica: o câmbio paralelo em Sucre dá um certo medo, principalmente pq as pessoas te abordam e ficam bem em cima de vocês. Eu fiquei com um pouco de medo de trocar muita quantidade principalmente pq as notas eram extremamente velhas e rabiscadas. Ah, outro ponto importante: se atentem as notas que estão recebendo. Encontrei dificuldades para pagar uma compra em um mercado porque minha nota estava colada com durex (apenas uma parte). Então, sempre confiram o dinheiro e solicitem a troca caso recebam notas rasgadas, manchadas ou muito rabiscadas. Minha dica é que deem preferência para o câmbio em Santa Cruz. Eu fui fazendo picado: em Santa Cruz, Sucre e La Paz. 06/04 - Sucre Em nosso segundo dia em Sucre, iniciamos a exploração indo à rodoviária para comprar nossas passagens a Uyuni. No dia anterior (sábado) havíamos visto que quase todas as atividades culturais não funcionavam aos domingos e, por isso, decidimos ficar apenas 2 dias em sucre (5 e 6/4). Havíamos perguntando em um Hostel sobre os ônibus a Uyuni e o atendente informou que apenas duas empresas fazem o trajeto a partir de Sucre: Emperador ou 6 de outubro. Bom, fomos à rodoviária encontrar as benditas empresas. Fomos de ônibus e as linhas que passam na rodoviária são a A ou a 33, que passam na rua próximo ao mercado central. Se tiver dúvidas, pergunte sobre o ônibus ao Terminal de Buses, os bolivianos irão te explicar perfeitamente onde encontrar. E outro detalhe é que eles param em qualquer lugar na rua, basta fazer sinal para subir e falar “Parada/Bajar” ou algo do tipo para que o motorista pare para você descer. Peguei a 33 e me custou 2,40 bob. São chamados de Minibuses (quase uma van brasileira) e que andam com a porta aberta e de forma bem radical (correndo e buzinando o tempo todo). Nesse ônibus em especial, o motorista e a copiloto estavam com um neném acomodado na parte da frente (imagino que era filho de um deles ou dos dois), e situações como estas são bem comuns de se presenciar lá. Foi muito legal! Os ônibus são Pet friendly e as pessoas são extremamente educadas. Cedam o lugar aos idosos caso embarquem. Adorei ver a dinâmica das pessoas locais se movimentando em um domingo de manhã. Aqui vale uma nota muito importante: a rodoviária de Sucre é muito muito muito simples e percebi que tem muitas empresas com ônibus extremamente precários. A manutenção deles é feita na rua a céu aberto e de forma bem bem simples. Fiquei um pouco preocupada. Chegando lá, fomos no guichê da 6 de outubro e não havia atendente disponível (aguardamos por 15 min e nada). Daí, fomos no guichê da Emperador. Lá decidimos comprar a passagem das 21:30 em um ônibus semi leito (160 graus) por 120 bob (~60 reais). Sempre antes de fechar a passagem eu pedia para ver o ônibus (ou foto ou presencial), e assim o fiz. A atendente me mostrou e eu já fiquei meio “Hm, algo me diz que não é a melhor opção” mas fechei mesmo assim. spoiler: não era a melhor opção mesmo, mas isso vou contar já já. Com as passagens compradas, voltamos ao Centro para bater perna. Fomos conhecer a cafeteria Sucré que tinham gelatos lindíssimos e com uma cara deliciosa. Comprei um café, um croissant de pistache e depois um gelato. Uma delícia todos! O café me custou 10 ou 15 bob, o croissant foi 5 bob e o gelato foi 15 bob com duas bolas de sorvente. Peguei dos sabores Cofibrownie (café, Brownie e creme) e Tramontana (oreo, doce de leite e creme) - APENAS MARAVILHOSOS! Fui comer minhas delícias sentada em um banco da praça junto com muitas pessoas e famílias que curtiam o domingo. Eu fiz uma associação que os cariocas vão entender: a Plaza de Armas de Sucre é o Aterro do Flamengo aos domingos - todas as ruas no entorno estão fechadas para promover o lazer das pessoas que moram na região. Depois disso, fui conhecer a terraza da sede do governo departamental do distrito, que fica localizada em uma das esquinas da Plaza de armas. A entrada para a terraza custa 15 bob e você pode andar pelas dependências do local. Aqui vale uma nota também: todas as placas de identificação de salas, banheiros e etc, são na língua espanhola e em quechua. Eu amei isso! Achei muito rico e muito lindo! Saindo da Terraza, fomos conhecer o parque Simón Bolívar. Chegamos lá e encontramos a mesma vibe da Plaza de Armas: muitas famílias brincando, várias atividades rolando e muitas barraquinhas de comidinhas locais. O parque me lembrou a Quinta da Boa Vista aos finais de semana. Todas as praças da Bolívia são extremamente bem cuidadas e bem conservadas. As plantas são muito bem cuidadas, não tem lixo espalhado e são bem policiadas. Um único ponto é que tem muitos pombos kkkkkkk eles tem costume de alimentar nas praças e isso ajuda a ter uma população bem grande desses animais. Eu quis muito subir na torre Eiffel da praça mas fiquei com medo. Subi até o primeiro patamar, com bastante dificuldade pq é muito estreita e logo desci. Aquele troço mexe muito e tinham muitas pessoas em cima. Achei melhor evitar subir kkkk Alugamos outro Airbnb para podermos nos arrumar antes da aventura rumo a Uyuni e o tão esperado Salar, mas que eu não recomendo muito. Ele era bem localizado mas era um pequeno cativeiro sem janelas e com muitos pontos negativos. Pelo menos nos atendeu em ter 1 chuveiro quente (elétrico) e um mini fogão para cozinharmos uma breve jantinha (macarrão à la moda rapidez - molho vermelho e um sonho). Saímos da casa por volta das 19:30 e fomos tomar um café na cafeteria Metrô, localizada na Plaza de armas também. Essa aqui vale muito a recomendação! Peçam o café nativo da Bolívia. Ele é sensacional! O ambiente é muito aconchegante e com espaço para poder entrar com mochilas e malas. Nota 10/10. Saindo da cafeteria, pegamos um táxi rumo ao terminal que nos custou 15 bob. Chegamos no terminal e compramos o ticket de uso terminal (2,5 bob). Todos os terminais da Bolívia tem essa taxa para pagar que variam de 2 a 2,5 bob. Os guichês oficiais ficam localizados com identificação de “Uso terminal”. Sentamos e aguardamos o horário de 21:00 para nos direcionarmos a plataforma. Aqui o filho chora e a mãe não vê. Depois de um atraso de um pouco mais de 30 min, o ônibus chegou a plataforma. Ele era o que eu mais temia: pavoroso e completamente precário. Vocês se lembram que eu falei do pressentimento sobre o ônibus né! Eu não estava errada kkkkkkk Entrei no ônibus (obs.: cor verde) e foi só ladeira abaixo. Os bancos era velhos e sujos, as janelas estavam todas remendadas nas frestas com fita durex (sim, durex) e não consegui encontrar o cinto de segurança. Infelizmente eu não tenho nenhuma foto desses pequenos grandes detalhes pq fiquei nervosa pensando “ainda bem que eu tenho seguro viagem e meu corpo irá chegar no Brasil caso eu morra”. Trágica? Um pouco. Mas antes da viagem li algumas reportagens sobre acidentes com ônibus na Bolívia e fiquei com medo nesse dia. Eu não desisti e continuei no ônibus apesar dos pesares. Uma moça estava colocando mais fita adesiva na janela para que não entrasse vento gelado em cima da filha pequena dela q estava sentada a minha frente. Aproveitei o ensejo do improviso e perguntei se a 6 de outubro era melhor que a Emperador e ela me disse tranquilamente “Não, as duas são iguais” kkkkkk Ela apenas me deu uma informação que eu acho que seja valiosa para cá: se o ônibus da Emperador for o Verde é sinônimo de perrengue. É o ônibus mais velho deles é o pior. Se for o azul, ok. Da 6 de outubro ela não me deu mais informações. Nenhum dos ônibus até esse momento eu precisei colocar a bagagem no bagageiro. Eu coloquei ela em cima do apoio de pés e serviu como um suporte para que ficasse quase uma cama. Para mim, essa forma foi menos desconfortável de viajar. Outras coisas foram acontecendo durante a viagem até Uyuni. Algumas pessoas entraram no ônibus mesmo que não houvesse mais lugar vago e se acomodaram sentadas no chão ou na escada (era um ônibus de 2 andares e eu fui no 1 andar). Essas pessoas desceram em Potosí (3 ou 4 horas de sucre) e fiquei bem preocupada com o bem estar delas. É uma viagem desconfortável por conta das estradas sinuosas e também pq eles estavam sentados no chão né?! Bom, eu dormi pouco e não via a hora de chegar ao Uyuni. 07/04 - Uyuni O ônibus chegou em Uyuni às 5:30 mais ou menos e a mesma moça que estava colocando a fita adesiva na janela me deu uma dica de cafeteria para ficar até que as agências abrissem, como também uma agência chamada Uyuni Trans Andino. O nome da cafeteria era Nonis (basta pesquisar no maps como Nonis Breakfast). Ótima, recomendo muito! Tomamos café da manhã lá e ficamos aguardando até as 7:30 (hora que as agências abrem). Pela manhã já não estava me sentindo muito bem. Acho que era o cansaço acumulado e a falta de sono (não dormi no ônibus, apenas breves cochiladas). Estava com bastante dor nos olhos e no nariz. Tomei o remédio para o mal de altitude e segui o dia aos trancos e barrancos. Deu para viver mas não em plenitude kkkk. Esse remédio eu comprei em Sucre numa farmácia e pedi por “Medicamento para soroche” ele tem paracetamol, cafeína e acetazolamida. O que eu comprei se chama “Punacap” (40 bob). Na cafeteria, gastei uns 20 bob com café e queijo quente, que estavam uma delícia. Aproveitei e pedi indicação de agências boas por ali e recebi dois nomes: Kantuta Tours e Andes Salt. Quando saímos da cafeteria essas duas estavam fechadas e, por isso, optamos por ir na Uyuni Trans Andino. Bem, lá encontramos a moça do ônibus e ela era a gerente da loja (🙃). A princípio queríamos o tour de 2 dias para podermos ver o céu do salar durante a noite mas logo que explicaram o tour, fiquei um pouco decepcionada. Em todas as agências que fomos, o tour de 2 dias fazia um caminho bem diferente do tour de 3 e 4 dias. Basicamente o deslocamento do 1 dia era para o Salar e no segundo, para as lagunas a direto do mapa de Uyuni junto com as águas termais, e o pernoite era na própria cidade de Uyuni. Encontramos valores para esse tour de 350 a 500 bob. Nota importante: queríamos ver o céu estrelado e quase caímos em uma armadilha. Na semana do dia 07/4 a lua estava cheia e, nessa fase, é muito difícil ver as constelações pq a luz da lua é muito forte. Quase fechamos esse tour com duas agências antes de uma alma bondosa nos explicar que não seria a melhor opção porque não era garantido devido a fase da lua. Outro ponto também é que são passeios pagos a parte. Ou seja: 1 valor para o Salar e 1 valor para a noite estrelada. Eles justificam que é pq exige um fotógrafo profissional. Em geral o passeio da noite estrelada custava 500 a 650 bob, com saídas as 3 da manhã. Bom, antes de fecharmos com a Trans Andino, fomos na Kantuta e na Andes. Ambas estavam esgotadas (era 8:30 da manhã). Como já estávamos cansadas de pesquisar, fomos na Trans andino e fechamos um tour de 1 dia por 250 Bob. O passeio saia às 10:30. Tour 1 dia no Salar: O passeio tem início na agência, onde o motorista nos buscou com uma 4x4 não muito conservada para o tour. Essa foi minha primeira impressão. Nota 1: prestem atenção que eu estou escrevendo motorista, não guia. A agência forneceu botas para andar no salar e elas estavam bem limpinhas mas eu levei protetores de chuva que comprei no mercado livre pq estava com medo de pegar bicho de pé. Bom, mesmo assim eu informei o número da bota e a agência me deu. Vai que, né? Nosso tour tinham 6 passageiros + 1 motorista (chamado de chofer). 2 britânicos e mais dois que iam nos encontrar no cemitério de trens. A primeira parada foi o cemitério de trens que, ao meu ver, é um ponto completamente dispensável. Achei muito sem graça apesar da história bacana que o chofer nos contou brevemente. Ficamos ali por 1 hora aguardando os 2 últimos passageiros a chegarem. Dali seguimos para o vilarejo de Colchani para aprender sobre o processo de extração e beneficiamento do sal. A todo momento enquanto passávamos por dentro da cidade o chofer não falava 1 palavra. Nem uma palhinha da história do local e etc. Eu, como sou uma pessoa curiosa, fui perguntando as coisas de acordo com o que eu observava. Por exemplo, todas as casas tinham uma borboleta ou um ramo de plantas penduradas no portão, com cores muito vivas. Aquilo me despertou curiosidade e eu perguntei ao chofer sobre aquilo. Ele me explicou que era resquício do carnaval boliviano e uma tradição a pachamama para trazer prosperidade. Bom, chegando em Colchani, conhecemos o processo do sal do Uyuni e depois fomos ver a feirinha. É bacana ver os artesanatos feitos com o sal de lá e aproveitei para comprar uma lhaminha de sal para recordação (10 bob). Continuamos o tour e agora rumo ao Salar propriamente dito. De longe era possível ver a imensidão daquele lugar e o efeito espelhado desde a estrada. Não tem câmera que consiga pegar a beleza de ver pessoalmente. Vou compartilhar algumas fotos aqui mas é surreal! O carro se movimenta bem devagar pelo salar, chega a ser angustiante. Foi possível ver que tinha muita água sobre o sal e que minhas botinhas do mercado livre não iam aguentar o tranco. Tive que ceder a minha neura do bicho de pé e colocar a bota da agência 🥲. Obs.: essa parte do relato estou escrevendo do dia 13/04 e até agora meu pé está normal, sem sinal de pereba kkkkk A primeira parada no salar foi no hotel de sal onde fizemos um almoço bem simples fornecido pela empresa: para os vegetarianos era uma omelete de lentilha e para os não vegetarianos uma carne de boi. O acompanhamento era salada de legumes e quinoa (como o arroz). Olhando as refeições das outras agências, o nosso era o mais simplório. Do almoço, seguimos para as fotos espelhadas e já eram umas 15:30/16:00. Nesse horário, o sol estava em direção ao poente e as nuvens também e por isso, o efeito espelhado das nuvens e montanhas não era tão evidente. Percebi que a melhor hora para ver o efeito é pela manhã ou próximo ao 12:00, pois o efeito é intensificado. Já nas esculturas de sal, foi possível ver mais o efeito pq o sol estava a poente e nós nos movimentamos para ficarmos a favor do sol. Tiramos algumas fotos em grupo e gravamos um vídeo com várias posições. Seguimos para o final do tour, com o lanche da tarde (vinho e petisco) vendo o pôr do sol. Foi sensacional. Como eu disse, é lindo demais ver o Salar pessoalmente. Retornamos a cidade de Uyuni às 19:30 e fomos para o terminal. obs.: esse casaco corta vento impermeável me salvou. Comprei na Decathlon e não me arrependo. Venta bastante no Salar e ele me ajudou a não surtar com o clima kkkkk Minhas considerações sobre o passeio: não me arrependo do tour de 1 dia para o pouco tempo que tinha e (spoiler) aproveitei muito La Paz com mais tempo. O passeio em si é muito cansativo por conta dos deslocamentos entre pontos de observação. Em geral, 10/10. A próxima experiência que eu gostaria de ter é com o salar seco e com visita às ilhas, lagunas e geysers. Minhas considerações sobre a empresa: não recomendo a empresa que contratei. O carro era bem precário (tinha horas que ele demorava a ligar e eu ficava até com medo de parar de funcionar real) e o almoço foi ok. O que mais me pegou foi o chofer. Ele não explicava nada, passava o tempo quase todo em silencio e só respondia quando alguém perguntava algo. Para mim, foi basicamente contratar um táxi compartilhado pra fazer o circuito. Sobre a Kantuta e a Andes: pelo que percebi, todos os carros de ambas as empresas era muito bons e novos. A Andes tinha muito mais turistas europeus e americanos e a Kantuta variáveis. Acho que se houver uma próxima vez no salar, vou tentar uma dessas para o passeio de 3 ou 4 dias. Terminal Uyuni - La Paz: Havia perguntado quais eram as melhores empresas para fazer esse percurso a uma pessoa local e ela me indicou duas: Titicaca e Panasur. Chegando na rodoviária, compramos nossa passagem na empresa Titicaca por 140 bob para o ônibus das 21:30 com destino a La Paz (era 150 mas a moça fez por 140 sem nem eu pedir desconto). Antes, pedi foto do ônibus e a atendente me mostrou: bancos de corino, com cortininhas separando os assentos e na configuração. Obs.: O full cama da Titicaca era 220 Bobs e virava uma cama mesmo. A Panasur custava 100 bob mas não gostei muito das fotos do ônibus (me lembrou o tão temido Emperador Verde, com bancos de tecido com aparência não muito amigável). Já tinha visto comentários bacanas sobre a Titicaca e resolvi experimentar. Não era possível que seria pior que a Emperador (verde) né? Pontualmente as 21:30 o ônibus saiu e ele era impecável. Super novo, com cinto de segurança, recebemos um snack (água e bolinho tipo Ana maria) e um cobertor. Quase premium né? Eu apaguei. Para quem não conseguia dormir muito bem no ônibus eu hibernei. Era o cansaço. 08/04 - La Paz Chegamos em La Paz às 5:50 da manhã. O ônibus foi bem rápido e eu descansei bastante. Eu não havia reservado hotel em La Paz pq meu queria fazer uma viagem mais do tipo “vou na hora que eu quiser” sem muitas amarras. Bem, como estávamos a quase 2 dias sem tomar banho (brasileiro chora sem banho, né), pesquisamos e reservamos um quarto em um Hostal chamado “Posada de La Abuela”, no centro histórico de La Paz, em frente a uma das entradas da rua das bruxas. Gente, juro. Chegamos e fomos direto ao hotel. A recepcionista fez nosso check in antecipado mediante ao pagamento de meia diária (90 bob) e o total para os dias 8 a 10/4 foi de 508 bob, com direito ao café da manhã daquele dia. Mais do que merecido. Entramos no quarto, tomamos banho e as 7:40 tomamos café da manhã. Sobre essa acomodação: ela foi ótima para os dias em La Paz. Ela é no centro histórico, no umbigo dos pontos principais pra conhecer, é muito aconchegante e vale a pena. Tenho apenas 2 pontos não muito legais: o banheiro tinha não tinha rebaixamento e o teto já era o telhado (com telhas transparentes para entrada de luz). Isso deixava o banheiro muito frio e não isolava o barulho externos dos pombos fazendo guruguru no telhado. O outro era que o box era com cortina de plástico e relativamente pequeno. Como o chuveiro tinha muita pressão, a água batia na cortina e ia para fora do box, molhando todo o banheiro. Tivemos que pedir algumas toalhas para pés extras pra secar o chão. Gente, eu amei La Paz. Eu estava com poucas expectativas para a cidade mas eu me surpreendi demais. No dia 8/4 conheci o centro histórico e fiz um tour guiado na Basilica Menor de São Francisco. Infelizmente não é possível tirar fotos do interior mas foi muito lindo e legal. É um tour de 1 hora e meia mais ou menos por quase todos os ambientes da basilica, incluindo telhados e subida na cúpula maior. É possível ver as pinturas indígenas retratando o catolicismo aos olhos dos nativos e a história dos Franciscanos. O tour guiado custou 40 bob. A arquitetura da igreja mistura elementos católicos e também da cultura indígena como a pachamama dando a luz e outros símbolos lindos. Dali, seguimos para o teleférico. Eu estava igual criança pq uma das coisas da minha lista de desejos era andar em várias linhas de teleféricos de La Paz. Optamos por pegar a linha vermelha (teleférico rojo) que é o central. Nessa estação tem alguns vagões de trem antigos da época que tentaram implementar o transporte a trem em La Paz, que não deu muito certo por conta do terreno da região. Nesses vagões funcionam restaurantes e, em um deles, tinha uma pizzaria muito atraente. Fomos lá comer uma pizza da região. Sensacional! Muito gostava mesmo! Vale a experiência! Dali seguimos para o teleférico. Começou a chover um pouco, o tempo estava bem instável. Uma hora sol e outra chuva. Mais uma vez meu casaco da Decathlon me salvou. Comprei apenas um cartão para abastecer com o valor da passagem. O cartão custa 30 bob mas vem com 15 dinheiros de crédito pra usar. Não tem problema usar com mais de uma pessoa. O cartão é um charme, o que eu recebi tinha uma pintura do Van Gogh. Pegamos a linha vermelha e fomos até o ponto final que era em El Alto, com um mirador com a marca de 4060 m de altitude. É bizarramente bizarro ver como que os teleféricos funcionam. Um atrás do outro, todo tempo, rápidos e muito legais. Fizemos baldeação com a linha verde e depois na amarela para descer na estação Sapocachi. Recebemos a dica desse bairro de um casal que fez o tour com a gente no Salar. Eles disseram que era um bairro bem legal para conhecer. Bom, de fato era. Depois pesquisando descobri que era um bairro de classe média alta e associei o que eu vi com o que eu li. Era muito bonito para conhecer mas eu gosto mesmo é da parte histórica. La tinha um mirador muito bonito e ficamos passeando por lá. Os bolivianos são muito namoradores kkkkkkkk todas as praças tinham casais de várias idades namorando. Eu achei super fofinho. Além disso, foi bem comum de ver pessoas apenas sentadas nos bancos das praças apreciando o momento/vista/descansando. Vi isso em todas as praças que eu visitei nos bairros de la paz. Desde os mais centrais aos mais periféricos, não era algo restrito ao de bairros nobres. Eu moro em cidade grande e ficar numa praça parado, namorando ou apenas vendo a vista é sinônimo de pedir para ser assaltado (triste). Paramos para comer em um fast-food de frango, tipo o KFC. Eu sou vegetariana e tinha um hambúrguer de quinoa com abacate (eu fiquei apaixonada por quinoa nessa viagem). Eu adorei! Eu sou chata pra comer mas nessa viagem eu me impulsionei a experimentar coisas diferentes e novas. Para voltar para a Plaza Maior de São Francisco, pegamos um mini bus qualquer de 2,40 e sempre perguntávamos se passava no local ou próximo do local que queríamos ir. Deu certo o tempo todo e quando tínhamos dúvidas, todas as pessoas tinham uma paciência para explicar como chegar ou qual transporte pegar. Eu ❤️ bolivianos. Nesse dia eu fui conhecer o Mercado das Bruxas. Eu vi tantos vídeos sobre La Paz que eu estava com uma expectativa de ser bem maior do que realmente era. Me decepcionei um pouco com o tamanho mas foi bem legal de ver. Eu imaginava que as lojas das “Bruxas” eram apenas dedicadas aos rituais da cultura mas é uma mistura de loja de souvenires e itens religiosos. Foi legal mas confesso que não foi super legal. Fiquei passeando no centro e vendo as coisas. Eu faço coleção de blusas de lugares que visito e com a Bolívia não seria diferente. Entrei em um beco e encontrei uma senhora muito simpática. Comprei na lojinha dela um pratinho decorativo e nunca mais esqueci a senhorinha. Decidi voltar no dia seguinte para comprar algo mais com ela pq fui muito com a cara dela. Nesse dia encontrei uma loja com uma blusa linda e ela estava 90 Bobs. Consegui pechinchar duas por 160 e sai super feliz. No dia seguinte, voltei ao beco da velhinha e fui até o final. La eu encontrei a mesma blusa que comprei por 160 (duas) por 55 cada kkkkkkkkk eu chorei mas vida que segue. A loja fica ao lado de uma galeria de souvenires, com uma entrada bem simples e sem nome. 09/4 - La Paz dia 2: vale de La Luna e passeios aleatórios No dia 9/4 iniciamos o dia indo no terminal para comprarmos as passagens para Copacabana para irmos no dia 10/4. No meu planejamento inicial tinha a vista e pernoite em Copacabana mas, em decorrência das alterações de voos e outros problemas, tive que enxugar e tirar esse destino da lista. Acabou que, quando chegamos a La Paz no dia 8/4, eu fui ver no terminal quais eram as empresas que faziam o serviço de La Paz para Cusco e apenas 1, que era a Trans Salvador, fazia o itinerário. Ela saía às 7:30 da manhã de La Paz e chegava às 21:30 em Cusco. Eu desconsiderei completamente pq seria um dia inteiro perdido dentro de um ônibus. Daí, tendo em vista a falta de opção, retornei com a ideia de ir à Copacabana e de lá ir para Cusco direto (ia ver na hora se tinha empresas lá em copa) ou fazer o roteiro sola indo até Kasani (imigração), depois Puno e de Puno a Cusco. Eu havia pesquisado ônibus locais que faziam a rota La Paz - Copa, e vi que saiam do cemitério. Mas algo me disse pra ir e comprar no terminal. Fui lá, comprei na empresa Titicaca para o dia 10/4 às 8:15 por 40 bob. Saímos da rodoviária e fomos procurar o ônibus para o Vale de La Luna. Perguntando as pessoas na rua e eles explicaram que o ônibus para ir para o Vale é o que vai para Mallasa (se pronuncia Malhasa) na rua acima do Terminal (rua Ruta Nacional 3). Encontrei uma Fanta de Mamão papaia e comprei pra experimentar. Gostei a beça lkkkkkkk tem gosto de fini. Pegamos o mini bus (3 bob) e fomos para o Vale. Demorou uns 40 minutos +- até chegar no local pq é bem afastado do centro e o trânsito na Bolívia não é fácil. O motorista nos deixou na frente do Vale e entramos. A entrada custou 15 ou 20 bob, não lembro. O vale é muito lindo. A formação das pedras é lindíssima e muito interessante de ver. Você faz o percurso sozinho apenas seguindo as placas indicativas. É bem cansativo, principalmente por causa da altitude mas vale a pena. Para voltar ao centro, ficamos posicionadas do lado oposto onde descemos e esperamos um mini bus por menos de 10 minutos. O motorista interrompeu o trajeto no parque La Flórida dizendo que não ia continuar o percursos por conta de bloqueios no centro. Na hora não tinha entendido e associei a questão de ser um transporte irregular (aparentemente os mini buses parecem um carro comum com placas de destino colocadas no pára-brisa, sem nenhum tipo de regularização). Bom, descemos e vi no mapa que tinha uma estação de teleférico na região. Perguntei a uma pessoa na rua que me indicou a direção e fui. Voltamos para o centro de teleférico e descemos em Sapocachi novamente. Descemos lá pq já sabíamos onde pegávamos o mini bus que deixaria próximo ao nosso hostal. Dai começamos a ver algumas coisas estranhas. Tinham muitas pessoas nas ruas, muitas mesmos. Já eram umas 16:30/17:00 e eu imaginei que fosse a saída do trabalho. Mas outra coisa também me deixou meio abismada: quase não tinham minibuses e os que passavam, estavam lotados e não paravam. Daí veio a minha cabeça a questão do bloqueio. Como antes de chegar em La Paz eu fiquei hospedada em Airbnb, nenhum deles tinha TV com sinal aberto para ver jornal. Apenas conexão com YouTube/netflix/ etc. Isso eu senti muita falta nos Airbnbs pq eu amo ver jornal local quando viajo. Bom, quando chegamos em La Paz na Abuela, a primeira coisa que eu fiz foi ligar a TV para ver se tinha sinal de tv aberta. Para minha felicidade, tinha! No dia 8/4 e na manhã do dia 9/4 eu fiquei ouvindo a tv enquanto me arrumava e constantemente passavam reportagens sobre o aumento dos preços dos alimentos e etc. De fato, os alimentos no mercado estavam bem caros. Uma coisa que me assustou, que não era alimento, era o preço do sabonete. Uma barra de sabonete de corpo da Lux estava 8 bob. A princípio, nem me liguei muito em prestar atenção pq no Brasil a gente está passando por isso tbm então as coisas passam meio batido né, por mais que não deveriam. Esse detalhe acima era importante mencionar para o contexto dos minibuses. Bom, tentamos a todo custo pegar algum transporte para o centro e até mesmo os táxis rejeitavam quando falávamos “Plaza San Francisco”. Isso foi deixando a gente preocupada e pensando “o tal bloqueio deve ser lá e deve estar tendo manifestação”. No tour da basilica, o guia disse que aquela praça em frente à igreja era a mais importante em contextos de manifestações, passeatas e eventos em la paz. Daí fizemos essa associação. Depois de um tempo, conseguimos pegar um táxi para a estação Sapocachi pq conseguiríamos voltar de teleférico pro hostal também. Quando entramos, perguntamos se ele nos levaria à praça São Francisco e ele topou. Bom, no caminho só tinham taxis na rua e muitas MUITAS MUITAS pessoas na rua também. Eu, curiosa novamente, perguntei ao motorista se aquela quantidade de pessoas era normal e ele me explicou que estava nenhum mini bus estava funcionando por protesto a alta de preços dos alimentos da cesta básica. Todo sentido né? Beleza, descemos na praça e estava um mar de gente. Turistas e trabalhadores todos na rua. Fomos ao hostal descansar e eu liguei a TV. Daí que começou a rede de informações fazer sentido. Era um bloqueio dos próprios motoristas dos minibuses contra o congelamento das passagens em 2 bob (diminuindo de 2,40 pra 2) e sobre a alta de preços dos alimentos da cesta básica. Teve bloqueio, manifestação e briga entre motoristas que aderiram e outros que não queriam aderir ao movimento. Por isso que o mini bus do Vale não seguiu caminho até o centro. Bom, ficamos vendo TV e fomos dormir. 10/4 - La Paz - Copacabana No dia seguinte acordamos cedo para fazer o check out e tentar tomar um cafezinho antes de sair. Quando colocamos o pé na rua não tinha 1 viva alma. Pensei o que “ok né, está bem cedo (7:15) e as pessoas estão saindo agora pra ir trabalhar”. Quando chegamos na rua principal, em frente à praça de São Francisco, não tinha quase carro na rua (nem táxis nem minibuses). Por sorte, veio um táxi e pegamos. Nossa mochila esta bem pesada para subir as ladeiras de La Paz. Chegando no terminal, fui ao guichê da Titicaca e me deparei com uma rodinha de pessoas ao redor do atendente, que estava com uma cara não muito boa. Eles falam muito rápido e acabam misturando quechua com espanhol, tornando mais difícil de entender o que estava sendo dito. A única coisa que consegui entender era que não estavam deixando o ônibus voltar de copa mas que pra ir, estava dando. Na hora eu me liguei e pensei “Putz, a parada de ontem”. Sentei e fui pesquisar. Os choferes (motoristas de minibuses) de la paz tinham decretado bloqueios em todas as vias de acesso a região a partir de 00:00 do dia 10/4. Pronto, na hora eu pensei “vou ficar presa”. Bom, 8:15 o atendente chamou os passageiros para embarcarem pra copa. Depois de todos embarcarem, ele solicitou, com a mesma cara de preocupado, que todas as cortinas das janelas fossem fechadas. Ai eu fui ficando apreensiva. Imaginei que aquilo fosse um indicativo da gente estar saindo de forma irregular da região, para não sermos parados pelos bloqueios devido à presença de passageiros. Gente, foram minutos de tensão. Quando o ônibus chegou em uma rodovia grande e diminuiu a velocidade, eu olhei pra frente e vi aquele mundo de gente parada na rodovia e os policiais com aquele uniforme de tropa de choque fazendo uma barreira para que os veículos passassem por uma única faixa. A passagem pelos bloqueios durou cerca de 1 h desde o centro de La Paz e o motorista do nosso ônibus foi fazendo caminhos alternativos por dentro de bairros para poder evitar os pontos. Bom, dessa forma conseguimos passar e seguir viagem. Eu acabei dormindo e só acordei quando o ônibus estava passando próximo ao Titicaca e, logo logo, na travessia em San Pablo de Tiquina. Temos que descer do ônibus e pagar uma taxa de 2 bob para atravessar o estreito de barquinho. O ônibus vem logo atrás. Parabéns pelo excelente relato! Aguardando o restante!! Abraço. Citar
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