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Postado (editado)

 

Fala pessoal,

Vou deixar aqui um relato de uma viagem que eu fiz para Guatemala e México, com um stopover no Panamá, que aconteceu em fevereiro de 2022.

️ Essa viagem é parte de um livro / ebook que eu escrevi, quem quiser mais detalhes dessa viagem e muitas outras, pode conferir no meu ebook Destino Vulcões, no amazon.com.br (link: https://a.co/d/5x3B7BM). O livro está gratuito para o amazon unlimited, e no menor preço possível no site (5,99R$).

Instagram: www.instagram.com/destinovulcoes

Youtube: www.youtube.com/@destinovulcoes

Guatemala, México, Panamá e os melhores vulcões das Américas do Norte e Central

Introdução – Como tudo começou

Em meados de 2020, durante a pandemia, preso em casa e com saudades de viajar, encontrei na internet duas comunidades de amantes de vulcões que compartilham fotos e notícias sobre vulcões ao redor do mundo no Facebook, Instagram e sites (Ref. 4 e Ref. 5). Também comprei meu livro de vulcões (Ref. 1). Ficou bem mais fácil conseguir informação sobre as atividades dos vulcões, pesquisar mais sobre os vulcões mais incríveis em atividade do mundo. Foi aí que surgiu um sonho distante: e se um dia, quem sabe, eu escrevesse um livro sobre isso?

Mas minha vontade de conhecer a Guatemala começou antes disso, em 2019, quando ouvi falar do Vulcão Fuego. Conversando com um amigo no trabalho sobre minhas férias na África, ele me mostrou o Instagram e Youtube de um casal viajante chamado Viajante honesto (Ref. 19). Eles estavam dando uma volta ao mundo, e um vídeo específico me chamou a atenção: um trekking no vulcão inativo Acatenango, na Guatemala, para ver as erupções do vulcão ativo ao lado, o Fuego. Foi a primeira vez que vi vídeos de um vulcão com erupções estrombolianas parecidas com as de Vanuatu! Sim, havia outro vulcão com atividade parecida ao Monte Yasur, explodindo lava algumas vezes por hora. Sabe-se se lá por quanto tempo esse vulcão ia permanecer em atividade, e eu não poderia perder essa oportunidade.

Pesquisando informações atualizadas sobre a atividade dos vulcões nas comunidades, confirmei que o Vulcão Fuego tinha que estar no topo da minha lista pós-pandemia. Descobri também que a Guatemala tem mais dois vulcões bastante ativos e bem próximos ao Fuego: o Pacaya e o Santiaguito, que costumam ter alguma lava aparente!

Atualmente, o trekking pelo Acatenango e Fuego é muito famoso na Guatemala, provavelmente disputando com Tikal o título de tour mais famoso de país. Criadores de conteúdos, como o Richard do Vida de Mochila (Ref. 27), e o Vazonde (Ref. 29), já fizeram relatos e vídeos inspiradores de lá. Mais recentemente, o Mundi360 (Ref. 28) fez o tour do Fuego, e acompanhar os stories no Instagram foi como vivenciar o passeio “ao vivo”. Não são poucas as pessoas que saem impressionadas após conhecer o Vulcão Fuego, então, “bora” para Guatemala!

Em fevereiro de 2022, consegui apenas 14 dias para fazer essa viagem sozinho. Meu objetivo principal era conhecer os vulcões da Guatemala, Fuego, Pacaya, Santiaguito, e mais algum vulcão “por perto”. Pela logística/tempo/$, acabei escolhendo conhecer o vulcão Popocatepetl, no México. Consegui a volta MEX-GRU por uma quantidade de milhas razoável, um voo barato de ida para Guatemala pela Copa, com stopover no Panamá e outro voo barato da Guatemala pro México.

Eu tenho muita vontade de passear por toda a América Central, especialmente Nicarágua, mas vai ficar para uma próxima. Era hora conhecer os vulcões mais ativos da América Central e do Norte, e, já dando spoiler, o vulcão mais incrível de todas as Américas!

 Resumo do Roteiro

Figura VI1: Roteiro Guatemala, México e Panamá

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O roteiro escolhido foi:

Dia 1 -> Cidade do Panamá

Dia 2 -> Antígua e Vulcão Pacaya

Dia 3 -> Acatenango e Fuego

Dia 4 -> Acatenango e Fuego

Dia 5 -> Lago Atitlan - Panajachel

Dia 6 -> Lago Atitlan - Maximon

Dia 7 -> Tikal

Dia 8 -> Flores -> Lanquin

Dia 9 -> Semuc Champey

Dia 10 -> Lanquin -> Cidade da Guatemala -> Cidade do México

Dia 11 -> Cidade do México

Dia 12 -> Teotihuacán e Basílica

Dia 13 -> Popocatepetl

Dia 14 -> Cidade do México -> São Paulo

Relato dia a dia

Dia 1 -> Cidade do Panamá

A Copa Airlines oferece frequentemente stopover gratuitos de alguns dias no Panamá, uma excelente oportunidade para conhecer o país. Sempre quis conhecer as ilhas de San Blas, mas, devido a minha falta de tempo nessa viagem, só pude conhecer a Cidade do Panamá. Lá eu queria conhecer a Amador Causeway, o centrinho chamado Casco Antiguo e, claro, o Canal do Panamá.

Algumas horas seriam suficientes para conhecer tudo, mas os horários das passagens aéreas baratas eram meio ingratos. Saí de casa tarde da noite para o aeroporto de Guarulhos, peguei um voo às 3h e cheguei ao Panamá às 8h da manhã. Só consegui dar aquela “dormidela” de avião antes de sair para conhecer a cidade, bastante cansativo.

No aeroporto, há várias ofertas de city tours para quem está em conexão/stopover, saindo e voltando para o aeroporto, por uns 100 $USD. Como eu estava muito cansado para alugar carro e ver transporte público, fui ver se algum taxista faria uma volta pelos meus pontos de interesse por um preço menor.

Logo descobri que o centro de visitantes do Canal do Panamá (Eclusa Miraflores) estava fechado às segundas por causa da pandemia. Caramba, meu principal ponto de interesse no Panamá, já era! Pelo menos descobri outra eclusa para visitar, Pedro Miguel, que pode ser vista da beira da estrada, segundo os taxistas.

Acabei fechando um passeio de 4h por 80 $USD, para a eclusa, aos outros locais que eu queria conhecer, e mais algumas sugestões do taxista. Após o passeio, ele me levaria para almoçar e me traria de volta para o aeroporto. Então, partiu conhecer o Panamá!

Antes de seguirmos para a Eclusa Pedro Miguel, fizemos uma primeira parada rápida para foto na parte moderna da cidade, próximo ao prédio mais icônico, o “The Screw”, com sua arquitetura retorcida e muito interessante. Após passar por esta parte rica da cidade, passamos por uma parte bem mais pobre, com favelas no centro – um lembrete da desigualdade social que, infelizmente, é uma das marcas da América Latina.

A Eclusa Pedro Miguel, diferente da Eclusa de Miraflores, não tem um centro turístico. Mas da estrada já era possível ver a eclusa e os barcos passando por lá. Tivemos um pouco de sorte porque, naquele momento, tinha um navio bem grande passando lá. Salvei o vídeo Cap VI1 no canal do livro (youtube.com/@destinovulcoes).

Depois fomos conhecer um lugar bacana chamado Amador Causeway. Durante a construção do Canal do Panamá, aterrou-se um trecho do mar e criaram a Avenida Amador Causeway, conectando a cidade a algumas ilhas próximas. É um lugar agradável, com ciclovias, marinas, restaurantes e museus, além de uma vista da cidade. De um lado, o Canal do Panamá e a bela Ponte De Las Américas; do outro, o skyline da parte moderna da Cidade do Panamá.

Figura VI2: Navio gigante na Eclusa Pedro Miguel, parece que não vai passar....

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Figura VI3: Apertadinhho, mas passou....

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Figura VI4: Skyline, “The Screw” se destaca

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Figura VI5: Ponte de Las Américas

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Depois seguimos para o Casco Antiguo, o centrinho da Cidade do Panamá. Para mim, é a parte mais interessante. A primeira parada foi em uma igreja com um bonito interior, Igreja de São José, com o altar todo de ouro.

Depois seguimos para a Catedral Basílica Metropolitana de Santa Maria la Antígua do Panamá (nome grande, né!), também conhecida como Catedral Metropolitana do Panamá. O motorista parou na frente da catedral, me disse para eu dar uma voltinha em um quarteirão e voltar lá para depois sairmos para almoçar.... Vi que o cara estava com pressa, mas me fiz de desentendido e dei uma volta bem maior, já que não era esse o combinado, queria conhecer melhor o Casco Antiguo.

O motorista me explicou que o governo estava reformando o Casco Antiguo, trocaram todo o calçamento das ruas e calçadas, comprando imóveis antigos para restaurá-los e transformá-los em locais mais turísticos como restaurantes, lojinhas de souvenir e museus. Para falar a verdade, achei o centrinho com uma aparência meio artificial. Tudo estava novo demais para um centro colonial antigo, a pintura das casas, as calçadas, calçamento das ruas.... Parecia mais um estúdio cenográfico, não sei explicar direito. Diferente do pelourinho, em Salvador, que, mesmo após restaurações, manteve o charme autêntico de centro histórico. Talvez, com o tempo, à medida que as ruas e calçadas fiquem mais desgastadas, o Casco Antiguo ganhe uma aparência mais colonial.

De qualquer forma, no Casco Antiguo tem construções bonitas, incluindo as principais igrejas, o palácio do governo, algumas ruínas antigas e alguns prédios bonitos. É um lugar bem bacana, ainda que não tenha o brilho de outros centrinhos coloniais. Entre suas muitas praças, destacam-se a Praça de La Independencia, em frente à catedral (coloquei no canal um vídeo de lá, Cap VI2), e a Praça Simon Bolivar, com um belo monumento a Bolivar, considerado o libertador de vários países da América Latina, inclusive o Panamá. Esta praça fica próxima de belos prédios, como o Teatro nacional, e a bonita Igreja de São Francisco.

Algo que me surpreendeu é que não há praias para nadar na Cidade do Panamá. Segundo o motorista, a praia para banho mais perto do centro fica a uma hora de carro. A orla é repleta de prédios modernos, estilo “Dubai wannabe”, e a Cinta Costeira (avenida à beira-mar) é, de um modo geral, agradável, mas não dá para aproveitar o mar. Com uma ressalva: parte da Cinta Costeira foi construída no meio do mar, circulando o belo Casco Antiguo, teoricamente para desafogar o trânsito. Mas, na minha opinião, essa avenidona no mar circundando o Casco Antiguo ficou horrível...

Figura VI6: Catedral Metropolitana do Panamá

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Figura VI7: Altar da Igreja de São José

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Figura VI8: Casas coloniais e calçamento “novinhos” no Casco Antiguo

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Figura VI9: Parte horrível da Cinta Costeira ao redor do Casco Antíguo

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Terminei o passeio, voltei para van e perguntei para o motorista sobre o almoço. Visivelmente apressadinho, ele me pediu para entrar na van enquanto perguntava que tipo de comida eu queria. Respondi que queria algo bom e barato, e depois de alguns minutos, ele disse: “ah, então vou te levar para um lugar que fica do lado de fora do aeroporto, onde os funcionários comem, não os restaurantes turísticos....” Espertinho, querendo terminar logo o passeio. Seria bom ter mais tempo para explorar o Casco Antiguo sem pressa, mas, como iria dar mais ou menos as 4h combinadas, OK.

No geral, o passeio foi legal, embora um pouco caro, pois, cansado, acabei pagando mais pela conveniência. A parte ruim é que acabei voltando muito cedo para o aeroporto, umas 13h, e meu último voo saía 19h.

Depois de almoçar, fiquei com 5h livres sem nada para fazer no aeroporto. Como eu estava de bobeira mesmo, fiquei procurando wi-fi grátis (o irritante aeroporto só oferecia 30 minutos grátis) e um bebedouro para encher minha garrafinha, já que não queria pagar 4 $USD por uma água! Nesses “rolês”, passei por umas salas vips e lembrei que o meu cartão novo tinha 2 acessos gratuitos por ano. Nunca tinha ido nessas coisas chiques, fui em uma chamada Lounge Key.

O local era pequeno e, para comer, só tinha macarrão com molho de tomate e almôndega. A única coisa que parecia bem servida era bebida alcoólica, mas eu estava muito cansado e sem pique para beber. Me perguntei como alguém pagaria 32 $USD para usar aquela porcaria, só fui porque era de graça! Pelo menos o wi-fi era bom e, uma hora antes do voo, mesmo sem fome, comi mais um pratão de macarrão para não ter que jantar depois. Já dizia o Jô Soares, pobre é uma desgraça 🤣🤣🤣 .

Finalmente, embarquei rumo à Cidade da Guatemala. A Cidade da Guatemala fica a mais o menos 1h de Antígua, meu destino final. Como meu voo chegou tarde, o jeito foi ir de táxi mesmo. Cheguei em Antígua depois das 22h, horário local (3h de diferença pro horário de Brasília). Foram 27h rodando para chegar até aqui, estava exausto, agora era só tomar um banho e desmaiar. Mas foi um dia bacana, gostei de conhecer a Cidade do Panamá, especialmente Casco Antiguo, pena que o centro de visitantes do canal estava fechado.

Cidade do Panamá: #valeapena

Dia 2 -> Antígua e Vulcão Pacaya

O principal motivo da minha viagem era fazer o tour do vulcão Acatenango, para conhecer o Vulcão Fuego. Os dois vulcões ficam lado a lado: o Acatenango, inativo, e o Fuego, bastante ativo! O tour começa com um trekking puxado até o acampamento no Vulcão Acatenango, com vista privilegiada do Vulcão Fuego. Passamos a noite no acampamento e retornamos no dia seguinte.

A maior incerteza desse tour é climática. O Vulcão Fuego tem 3.763 metros de altitude, o Acatenango, 3.973 metros, e os acampamentos ficam entre 3500-3700 metros de altitude. Depois de encarar um longo trekking, o maior medo é chegar no topo e estar tudo coberto por nuvens (ou com muita chuva) e não conseguir enxergar nada. Por isso, o ideal é ir na estação mais seca de lá, entre dezembro e maio.

Eu escolhi fevereiro e fiquei acompanhando as previsões de curto prazo no mountain-forecast (Ref. 30) para definir o dia exato do trekking. Por causa dessas incertezas, eu só reservei com antecedência a primeira noite em Antígua, e deixei resto do itinerário na Guatemala livre, caso pegasse mau tempo em algum momento da viagem. A única certeza era o dia da passagem aérea para o México.

Chegando perto da viagem, felizmente a previsão estava “boazinha” no início da viagem. Não estava lá essas coisas para esse primeiro dia, mas estava perfeita para a tarde do dia seguinte: segundo o mountain-forecast, o cume estaria sem uma nuvem sequer! Assim, decidi conhecer Antígua primeiro, eventualmente conhecer o Vulcão Pacaya, e deixar o tour do Acatenango para o dia seguinte.

Antígua é uma cidade colonial bem bonitinha, seu centro foi declarado patrimônio mundial da UNESCO por causa da sua arquitetura de influência barroca espanhola e igrejas coloniais do século XVI. Fundada em 1542, já foi a capital da Guatemala, fica aos pés do vulcão inativo Água e próxima aos vulcões Acatenango, Fuego e Pacaya, sendo uma região com bastante atividade sísmica.

A cidade já enfrentou vários desastres desde sua fundação, houve alguns terremotos grandes, uma enchente devastadora e até um incêndio provocado pela população indígena em 1527. Mas a população nunca abandonou a cidade, que foi se reconstruindo depois de cada desastre natural. Depois do último terremoto gigante, em 1773, a capital do país foi transferida para Cidade da Guatemala, a 45 km de Antígua. Caminhando pelo centro, é possível ver muitas ruínas causadas pelos terremotos, especialmente o de 1773.

Depois de tomar o café da manhã, comecei a explorar as ruas de paralelepípedos do centro de Antígua. Logo cheguei à Igreja de São Francisco, uma das poucas que resistiu a todos os terremotos da cidade, ainda que tenha uns sinais de desabamento no lado direito da própria fachada da igreja. Bonita igreja. Aliás, não faltam bonitas igrejas no centro de Antígua. De uma forma geral, os guatemaltecos são bastante religiosos, dizem que as celebrações da Páscoa na Guatemala, especialmente em Antígua, são muito bonitas!

Depois fui seguindo por uma praça com uma fonte, chamado Tanque La Union e, no final, outra igreja amarela do apóstolo São Pedro.

Figura VI10: Igreja de São Francisco

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Figura VI11: Igreja de São Pedro

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E logo cheguei na Praça Central de Antígua, o coração da cidade. A praça não é tão grande, tem um belo chafariz no centro e é rodeada de lindos edifícios. De um lado, o palácio municipal, prédio bonito com muitos arcos.

Do outro, o Palácio Real dos Capitães Gerais, com ainda mais arcos. Do outro lado, a Catedral San José. Ela é talvez o melhor lugar para testemunhar o estrago que o terremoto de 1773 fez na cidade. Uma parte dela foi reconstruída, a parte cuja fachada está de frente para praça central. Ao lado, ficam as ruínas que não foram restauradas depois do terremoto.

A entrada para a parte restaurada da catedral é grátis, mas, para conhecer a parte das ruínas, é cobrada entrada. Também voltei para a praça central à noite, para conferir a linda iluminação noturna na cidade.

Figura VI12: Palácio Real dos Capitães Gerais

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Figura VI13: Palácio Municipal

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Figura VI14: Catedral de San José

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Figura VI15: Ruínas da antiga nave da catedral

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A poucas quadras da praça central, está o Arco de Santa Catalina, declarado patrimônio da humanidade da Unesco, originalmente pertencendo ao convento Santa Catalina. Ele resistiu ao terremoto de 1773, mas, nesse ano, com a mudança da capital de Antígua para Cidade da Guatemala, a estrutura ficou abandonada. Até que, em 1890, o arco foi reformado pelo governo e construíram a torre do relógio, que acabou se tornando, o monumento mais famoso de Antígua.

Depois do arco, conheci mais uma bela igreja de Antígua, Igreja de La Merced. Por fim, andei mais um pouco na parte norte do centrinho. Vi mais algumas igrejas, outras ruínas de igrejas destruídas pelo terremoto... Outro lugar “famosinho” é o Convento das Capuchinas, também destruído pelo terremoto. Mas não quis pagar entrada, “pão durei” e tirei só foto de fora.

Figura VI16: Arco de Santa Catalina

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Figura VI17: Mais bonito de dia ou de noite?

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O lugar com a vista mais bonita da cidade é o Cerro de La Cruz, onde eu estava pensando em fechar o meu city-tour por Antígua. O dia amanheceu bonito, mas com nuvens cobrindo a parte mais alta do belo Vulcão Água. E o vulcão encoberto foi a desculpa que eu precisava para me render à preguiça e desistir de subir o Cerro de La Cruz... Melhor guardar energia para a tarde, já que eu decidi fazer o tour do Vulcão Pacaya!

Eu adorei conhecer o lindo centrinho de Antígua e um pouco da cultura guatemalteca! Muito artesanato, comidas e roupas típicas. Legal ver um povo que mantém viva muitas das suas tradições, alguns ainda falavam os idiomas maias.

Vulcão Pacaya

Nas minhas pesquisas, descobri que a Guatemala possuía três vulcões bastante ativos. O Fuego e o Pacaya ficam próximos à Antígua, e o Santiaguito próximo à Xela (apelido da cidade chamada Quetzaltenango). O meu objetivo era visitar todos, mas eu sabia que, comparando com o Fuego, os outros não deveriam ser tão incríveis assim.

Quando eu fui, em fevereiro de 2022, infelizmente o Pacaya estava sem nenhum pouquinho de lava visível. Uma pena, pois ele costuma ter ao menos um pouco de lava aparente. Isso quando ele não está bastante ativo, com erupções ou com fissuras grandes, escoando muita lava! Em junho de 2021 (só 8 meses antes da minha visita ) teve uma mega erupção havaiana, eram rios de lava descendo a encosta do vulcão! Imagens incríveis rodaram a internet, mas durou pouco, pena que eu cheguei tarde demais na Guatemala....

As agências de Antígua geralmente oferecem o tour para o Pacaya saindo de manhã, umas 6h, ou à tarde, umas 14h. Mesmo sabendo que dificilmente teria alguma atividade, optei pela tarde, porque, caso houvesse algum resquício de lava, ia ficar mais bonito à noite.

O tour do Pacaya é muito mais leve que o Acatenango, são aproximadamente 6 km de caminhada (ida e volta), umas 3h de caminhada. O ganho de altitude não é tão grande, saímos de 2000 metros e fomos até 2500 metros, aproximadamente. Para quem não quiser ou não puder caminhar, tem muitos locais oferecendo cavalos no começo da trilha.

No começo e durante a maior parte do trajeto, a trilha não é tão inclinada, mas a areia muito fofa afunda bastante o pé quando pisamos. Cansa um pouquinho mais por isso, mas o hiking é bem tranquilo. O sol não castigou, pois o caminho tem alguma cobertura de vegetação e o céu estava bem nublado. Ainda assim, deu para ver o último fluxo de lava que desceu o vulcão até o fundo do vale na última erupção (aquela de 8 meses atrás), e que por pouco não chegou no vilarejo lá embaixo....

No final da caminhada, quando chegamos na encosta do vulcão, aí, sim, o solo mudou bastante. Passamos a caminhar sobre lava recém-solidificada, com muitas pedras meio pontudas, mas com bastantes cavidades entre elas. O terreno parecia esponja petrificada, bem diferente...

Para quem gosta de vulcões e vulcanólogos, é bem interessante, dá para ver a diferença das lavas solidificadas de cada erupção. Os rios de lava mais pretos, à esquerda do vulcão, tinham uma cor mais escura por causa da atividade mais recente. Enquanto outras partes, resultantes de erupções mais antigas, estavam menos escuras.

Quanto à atividade vulcânica, até dava para ver algumas fumarolas bem mais para cima, perto do cume do Pacaya, mas nenhum sinal de lava, infelizmente.... No final do tour, caminhamos pela base do vulcão, até alguns buracos quentes entre as rochas, de onde saía calor. Tradicionalmente, os guias usam esses buracos quentes para esquentar marshmellows.

Salvei dois vídeos no canal, o Cap VI3 com as atividades fumarólica mais no topo do vulcão, e o Cap VI4 com uma vista 360 do vulcão e seus arredores.

Figura VI18: Vulcão Pacaya

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Figura VI19: Lava mais escura (erupção recente)

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Figura VI20: Buraco quente

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No geral, eu gostei do tour. Uma pena que estava bem nublado entre as montanhas. Com o céu aberto, teria uma vista linda para os 3 vulcões mais próximos de Antígua: Água, Acatenango e Fuego. Só essa vista já deve valer o passeio, no pôr do sol deve ficar ainda mais bonito, mas, infelizmente, esse lado estava encoberto. O céu só estava mais aberto para o lado da Cidade de Guatemala.

Mas é um tour imperdível? Com o Pacaya sem lava, só emitindo algumas fumarolas, eu diria que não. Se estiver com rio de lava, com certeza é imperdível! Vale a pena conferir a atividade antes. Na minha opinião, por 150 $QTZ, acho que vale a pena conhecer um terreno vulcânico interessante e, se o tempo estiver bacana, curtir uma linda vista dos vulcões da região. Uma ressalva: algumas pessoas vendem o tour do Pacaya como uma versão light do Acatenango, mas em termos de atividade vulcânica, o principal atrativo do Fuego/Acatenango, não tem comparação!

Só não gostei muito da logística/enrolação do tour. Tudo era meio lento, demora para sair, demora para voltar, pegava um monte de gente em cada hotel... Acabei saindo às 14h e só voltei para Antígua por volta das 20h, não precisava demorar tanto. Foi bastante cansativo, o ideal seria fazer o Pacaya em um dia e conhecer Antígua em outro, mas, por falta de tempo, juntei tudo em um dia só. E, como se não bastasse, quando cheguei no hotel ainda saí para tirar aquelas fotos noturnas de Antígua!

Antígua: #valeapena

Vulcão Pacaya: #valeapena

Dia 3 -> Acatenango e Fuego

E chegou o tão esperado dia de conhecer o Vulcão Fuego, um estratovulcão com aquele clássico formato cônico e mais de 3700 metros de altura. O Fuego tem uma peculiaridade: ele fica “colado” ao seu “irmão” Acatenango, inativo e mais alto (quase 4000 metros).

Depois de anos de repouso, em 1999, o Fuego voltou a ter atividade estromboliana. Sua principal característica são as pequenas erupções estrombolianas, que ocorrem de maneira frequente e contínua. São diversas erupções por hora, geralmente entre 3 e 8, mas esse número pode variar bastante.

De vez em quando, surgem fluxos de lava na encosta do vulcão e ocasionalmente ocorrem fluxos piroclásticos, mas erupção maiores são raras. A exceção foi em 2018, quando uma erupção mais violenta fez com que fluxos piroclásticos atingissem rapidamente vilas próximas, causando fatalidades, infelizmente. As cinzas desta erupção forçaram, inclusive, o fechamento do aeroporto da capital.

Eu diria que a subida até o campo-base é entre moderada e difícil. O trecho tem uns 6,5 km de distância, mas a variação de altitude é grande: começa em algo entre 2300/2400 metros e sobe até o campo-base, que fica entre 3500 e 3600 metros, dependendo do ponto de acampamento da agência.

As agências, normalmente, têm mais de um guia (no nosso caso, eram três) e, apesar do grupo ser grande, o pessoal vai dando um bom ritmo. Eles fazem bastante paradas para descanso, de uns 10 minutos cada, suficiente para dar uma descansada, e não é tão longo a ponto de esfriar o corpo. E tem uma parada maior para o almoço. Além disso, um guia vai com o pessoal que sobe mais rápido, outro vai com o pessoal intermediário, outro com o pessoal que sobe por último.

Eu diria que, mesmo quem está com preparo meia-boca, com força de vontade e devagarinho, consegue chegar até o acampamento-base. Vai cansar bastante, mas chega! Lembrando que tem que subir carregando mochilas com comida, água para 2 dias e roupa para passar uma noite acampando a 3600 metros, por volta de 0o C. Ah, atenção na hora escolher a agência, pois algumas já deixam as barracas/abrigos montados lá no acampamento, enquanto, em outras, você terá que carregar também a barraca e o equipamento para dormir.

O motorista da agência passou no hotel às 8h. Depois da tradicional enrolação para pegar a galera nos hotéis, juntar com uma galera de outro ônibus, pegar guias, ouvir instruções, esperar não sei mais o que, enfim..., começamos a subida às 11h30. E chegamos no acampamento por volta das 16h, foram 4h30 de subida já contando as paradas. A parte mais inclinada e cansativa é no início. Felizmente, a trilha não fica exposta ao sol, está cheia de árvores. Aliás, me chamou a atenção a quantidade de árvores altas, nem parecia que você está chegando em um dos vulcões mais ativos do mundo! Deixei no canal o vídeo Cap VI5, mostrando como é a maior parte da subida até o acampamento.

Estava um dia bonito, com bastante sol, mas, quando a gente olhava para o alto, não conseguia ver o topo do Acatenango, que estava encoberto com algumas nuvenzinhas perdidas. Eu pensava: “Só faltava chegar lá em cima e a vista para o Fuego estar toda encoberta...” Conforme íamos subindo, a vegetação foi diminuindo um pouco, mas grande parte do trajeto ainda era bem arborizado. Quando não chove, o solo vulcânico de lá é até bom para caminhar, nem é tão fofo, sem pedras pontiagudas etc.

Seguimos caminhando. As nuvens no alto do Acatenango não tinham dispersado e, depois de muito subir, chegamos na camada das nuvens. Nesse trecho, até ameaçou cair umas gotinhas de chuva, tão de leve que nem precisou vestir a jaqueta impermeável. Atravessamos as nuvens e continuamos subindo.

No final da subida, a vegetação fica bem menor e já não protege do sol. Felizmente esse último trecho é mais plano. Agora estávamos contornando o Acatenango, rumo ao acampamento-base. À direita fica o cume do Acatenango, que não estava todo encoberto. Mas à nossa esquerda, onde em breve estaria o vulcão Fuego, tinha uma camada de nuvens persistente que não deixava a gente enxergar nada praquele lado. Eu estava ficando cada vez mais preocupado, a previsão dizia que não ia ter uma nuvem sequer, e lá no alto, a gente estava rodeado de nuvens! O vídeo Cap VI6 é dessa parte final da subida.

Estávamos quase chegando no acampamento, e eu era só preocupação.... Ainda havia uma esperança: vai que, do outro lado do Acatenango, a vista está melhor. E seguimos contornando o vulcão.... “Ni qui” chegamos no acampamento......, esta era a nossa visão:

Figura VI21: Vista na chegada ao acampamento

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🤡 🤡🤡Droga, não dava para ver nada! Muito menos o Fuego, que ficava tão pertinho (estávamos a apenas 3 km da cratera). Depois de 4h30 de caminhada, quase 1.5 km de altimetria, não deu nem para comemorar o final da subida. Depois de anos planejando essa viagem, era só que o que me faltava: chegar aqui tão perto e não conseguir ver o Fuego! O pior é que eu tinha planejado tudo certo, a previsão era a melhor possível, o dia tinha amanhecido bonito com pouquíssimas nuvens, mas, chegando no topo, estava com nuvem para caramba. É muito azar! Será que a previsão do mountain-forecast é tão ruim?

Bom, só me restava esperar, já pensando em um plano B. Uma coisa era certa: se eu não conseguisse ver nada nesse tour, eu voltaria outro dia. Afinal, tinha deixado meu itinerário flexível para mudar os planos caso o tour do Acatenango “desse ruim”. Deixaria de ir em outros lugares e faria de novo o tour, ia pedir desconto na agência, tentaria não pagar de novo entrada no parque (até guardei o ticket!), mas não iria voltar para casa sem tentar ver de novo o Fuego.

Perguntamos aos guias se era normal esse tempo nublado, mesmo sendo época de seca, e eles disseram que ali, no topo dos vulcões, era tudo muito imprevisível. Às vezes fecha tudo, às vezes abre, pode até chover do nada e depois clarear novamente.... Segundo eles, deveríamos esperar com alguma esperança porque o tempo ainda poderia abrir. Comentaram também que, na época de chuva, é bem mais complicado, muitas vezes o tempo fica fechado nos dois dias do tour. Já nessa época de seca, o tempo pode ficar fechado à tarde e abrir pela manhã do dia seguinte, ou abrir à tarde e fechar no dia seguinte, mas raramente fica fechado o tempo todo. Não sei se eles estavam sendo sinceros, ou era aquele papo otimista só para nos animar e dar um pouco de esperança, já que não tínhamos muito o que fazer, além de torcer para o tempo melhorar!

E o tempo foi passando.... Já estávamos há uma hora lá no acampamento, e nada do tempo mudar. E o pior é que não dava para ver nem para ouvir nada do vulcão, nenhuma fumaça, nenhum barulho. Nem parecia que, a uns 3 kms de distância, tinha um vulcão ativo que entra em erupção umas cinco vezes por hora. Apreensivo, eu estava arrumando umas coisas na barraca quando o outro brasileiro da nossa excursão veio correndo me chamar: “Rafael, vem rápido, vem rápido”! “Ni qui” saí da barraca, vi as nuvens começando a se dissipar do nada e, num passe de mágica, eis que ele surge bem na nossa frente, o grande rei do pedaço: bem-vindo Vulcão Fuego!!! E, no primeiro minuto, boooom, a primeira erupção! Ufa, ele estava lá mesmo 🤣🤣🤣 .

Figura VI22: Vulcão Fuego aparecendo

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Hora de aproveitar para tirar muitas fotos, afinal, não sabíamos quando tempo mais teríamos de céu aberto. Nessa hora, os guias começaram a falar para a gente se preparar para a caminhada até o Fuego. As agências oferecem (e geralmente cobram à parte) uma caminhada do acampamento-base até essa segunda “corcova” do Fuego (vide foto a seguir). O pessoal fala que esse trecho chega a 300 metros da cratera. Não me pareceu tão perto assim, acho que deveria estar a uns 500-600 metros, mas é beeeem mais perto que o nosso campo-base no Acatenango.

A altitude é a mesma do campo base, uns 3600 metros, mas tem uma “descidona” do Acatenango e depois uma subidona do Fuego, deve dar uns 2 km (só a ida), com 500 metros de descida e 500 metros de subida. A trilha ainda tinha um trecho mais perigoso/exposto, é quando tem que passar por um tronco em um penhascozinho. Aproximadamente 1h30 para ir, e o mesmo tempo para voltar, cansativo para caramba, isso porque tínhamos acabado de fazer as 4h30 de subida!

Figura VI23: Caminhada até a “corcova” do Fuego

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Teoricamente estava proibido fazer esse trecho da corcova do Fuego porque, na época, um mexicano não se contentou em ir só até onde os guias deixam e resolveu ir por conta e risco até a borda da cratera, postando um monte de vídeo no Youtube.... O turismo lá movimenta bastante a economia, e muitas pessoas dependem dele para viver. Elas ficaram “p da vida” porque, se acontecesse um acidente mais grave, o trekking poderia ser proibido.

De fato, após o incidente com esse turista, o governo havia proibido a caminhada até a corcova do Fuego. Mas, naquele dia, os guias estavam liberando, e lá fomos nós!

Nos preparamos rapidamente para o trekking extra, o grupo estava muito animado porque o clima tinha aberto. Eu achei melhor deixar a mochila de 40L no campo-base. Só peguei uma garrafa de água, bolacha e celular para levar nos bolsos, e resolvi levar a câmera DSLR pendurada no pescoço e um tripé na mão mesmo. Como iríamos voltar à noite, vesti as roupas de frio e começamos nossa descida lá pelas 17h.

Detalhe, depois de uns 15 minutos descendo o Acatenango, lembrei que tinha esquecido de pegar minha lanterna de cabeça. Não ia ser nada divertido voltar no escuro sem a lanterna! Na hora, eu quis voltar para o acampamento para pegá-la, mas o espertinho do guia que estava atrás me enrolou, dizendo que o outro guia tinha uma lanterna reserva... Na boa-fé, eu acreditei.

Na parada para descanso, perguntei para o outro guia se ele tinha uma lanterna reserva, e ele disse: “claro que não, só tenho a minha!” E ainda respondeu como se eu estivesse fazendo uma pergunta das mais idiotas... Na verdade, o outro guia só queria me convencer a não voltar para não atrasar o grupo. E conseguiu atingir esse objetivo, eu deveria ter voltado! Enfim, “guia-mala” sendo “guia-mala”, querendo ter o menor trabalho possível e cagando para você....

Pelo menos na volta, entre um “tropicão” e outro, usando só a lanterna do celular e aproveitando da iluminação das lanternas dos outros, eu consegui voltar sem maiores percalços.

Mas logo nos primeiros 20 minutos, quando a gente ainda estava descendo a encosta do Acatenango em direção ao Fuego, o tempo foi fechando novamente. As nuvens foram se acumulando cada vez mais no pequeno vale entre os dois vulcões, até que, não tardou muito e começou uma chuvinha. Ainda bem que a terceira camada da minha roupa estava com impermeabilidade em dia e me protegeu bem da chuva. Protegeu, inclusive, a minha câmera que estava no pescoço por baixo da jaqueta.

Depois de um rápido descanso, era hora de encarar a subidona até o Fuego, com chuva e tudo! Só nos restava ter fé e torcer para as nuvens se dissiparem (de novo) quando chegássemos lá em cima. Mas, em vez disso, a chuva aumentou para caramba. As partes mais arenosas da trilha estavam se transformando em lama, as partes com mais pedras estavam bastante escorregadias. Estava escurecendo, um frio do cão, não dava para enxergar um palmo na nossa frente. E, para piorar, começou a chover até granizo como se São Pedro tivesse decidido nos apedrejar! Que perrengue! Só nos restava seguir caminhando, e torcer para virada do tempo.

E..., quando chegamos na corcova do Fuego...., não dava para enxergar absolutamente nada! O vídeo Cap VI7 é do exato momento que chegamos lá. Detalhe: o pouco que vocês conseguem enxergar no vídeo é o por causa do flash ligado do celular, e das lanternas.

Ao menos tinha parado de chover granizo quando chegamos na corcova do Fuego; chovia só água mesmo, além da ventania e do frio. De vez em quando, dava para ouvir uma erupção, mas não dava para enxergar nada. O jeito era esperar para ver se o tempo melhorava (de novo).

Acho que ficamos entre 30 minutos e uma hora lá em cima, não sei ao certo. Mais para o final, tivemos a sorte de ver pelo menos duas erupções quando as nuvens se abriram um pouquinho, o que nos permitiu ver essas erupções bem de perto. Foi incrível! Pena que não tive como fotografar. Até tentei tirar foto com meu celular, mas ele era muito ruinzinho. Com a chuva, não ia arriscar molhar minha câmera. Às vezes, as nuvens abriam um pouquinho a ponto de ver a lava deslizando pela encosta, como no vídeo Cap VI8 que eu fiz com o celular.

As coisas estavam melhorando. Mais tarde, o tempo abriu um pouco mais, a chuva quase parou, e eu comecei a montar a câmera no tripé para tentar tirar uma foto. Mas, naquela escuridão, eu mal conseguia encaixar a câmera no tripé. Para “ajudar”, eu estava sem a minha lanterna de cabeça e bem nessa hora os guias resolveram que era hora de ir embora. Droga... Desencanei e comecei a guardar a câmera e o tripé. O pior é que, nessa hora, percebi que perdi a capinha de proteção da lente da câmera.

Apesar do guia-mala querendo que eu fosse embora logo, fiquei rodando na corcova do Fuego, procurando a capinha, e nada... Maldição, não consegui nenhuma foto com a câmera, agora só faltava estragar a lente! O jeito era tomar muito cuidado voltando pela trilha escorregadia, na chuva, no escuro, com a câmera no pescoço e sem proteção alguma... Apesar de alguns tombos e escorregões, pelo menos a câmera (e eu) chegamos intactos no acampamento!

No caminho da volta, quando estávamos mais ou menos no meio do caminho, finalmente parou de chover. Melhor que isso, parecia que as nuvens estavam sumindo. Estava tudo muito escuro, mas, quando ouvi uma erupção e virei para ver o Fuego, o céu tinha aberto completamente e já era possível ver o show dele explodindo lava vermelha pelos ares! E depois vieram muitas erupções, uma atrás da outra.

Pelos gritos dos turistas vibrando, já sabia que era só virar para trás e ver o Fuego iluminando os céus da Guatemala. O céu tinha finalmente aberto, eu não via a hora de chegar no acampamento, arrumar a câmera e o tripé e tirar um monte de foto. Só faltava o tempo virar de novo nesses últimos 45 minutos de caminhada. Mesmo sem lanterna, apressei o passo, era o primeiro da fila e ainda ficava apressando o guia 🤣🤣🤣 .

E, quando finalmente chegamos no acampamento, ufa, o tempo permaneceu limpíssimo!

Infelizmente, tivemos azar com o tempo horroroso na corcova do Fuego: chuva, lama, frio, até granizo. Ainda perdi a capinha da câmera. Lá em cima, ainda conseguimos ver duas explosões bacanas. Pouco tempo depois, do nada, o tempo melhorou para caramba, teria sido incrível se tivéssemos ficado lá mais uns 30 minutos...

Enfim, não era hora de ficar lamentando o tempo ruim, mas sim de aproveitar ao máximo o tempo bom! A maioria do pessoal foi descansar nas barracas, ou se aquecer na fogueira, mas eu não tive dúvidas, posicionei o tripé e fiquei esperando ansiosamente as próximas erupções. E que espetáculo, eram muitas erupções! Só parei de tirar fotos quando a janta ficou pronta, mas logo voltei para câmera. O resto do pessoal jantou, deu uma socializada e foi dormir. Mas eu só queria aproveitar cada minuto daquela noite mágica, não ia ter frio, cansaço, ou sono que ia me tirar de lá!

A maioria das erupções era menor. Nessas fotos, com o zoom máximo da minha câmera (7,5x, não tenho lente tele), elas apareciam do tamanho dessa foto a seguir:

Figura VI24: Vulcão Fuego (erupção menor)

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Mas, de vez em quando, ocorriam mega erupções, e era lava incandescente escorrendo por todos os lados! Dessa vez, eu já tinha visto uma boa quantidade de fotos e vídeos do Fuego em erupção, mas sabe aquelas coisas que você sabe que existe, sempre ouviu falar, viu fotos e vídeos, no entanto, quando vê ao vivo, a intensidade e a beleza ainda conseguem te surpreender?! Queria ver mais e mais. Eu acho que, naquela noite, peguei umas quatro mega erupções que “iluminavam” todas as encostas do Fuego com lava vermelha incandescente, realmente impressionante! E que espetáculo, era lava por toda parte, um dos espetáculos mais bonitos e grandiosos que a natureza pode oferecer!!!

Figura VI25: Vulcão Fuego (erupção maior)

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Figura VI26: Lava para todos os lados!

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Passei horas testando ajustes, focos, tempos de abertura, zooms etc. Estava particularmente difícil acertar tudo. Sem as erupções, não dava para enxergar nada. Como a câmera estava com bastante zoom, precisava esperar uma erupção para conseguir visualizar e enquadrar o vulcão, e então, na próxima erupção, tentar ajustar o foco manual.

Foi assim durante toda a noite: acontecia a erupção, mas o enquadramento estava ruim; corrigia o enquadramento... Mas o foco estava ruim; acertava o foco... Afastava o zoom e tentava capturar a lava escorrendo pelas encostas, aí bagunçava o enquadramento de novo... E por aí vai.

Mais desafiador ainda era tirar foto comigo aparecendo... Precisava de muito zoom e, como o acampamento era na encosta do Acatenango, eu não tinha como ficar a uma distância razoável da câmera, e a chance de sair eu e o vulcão focados era praticamente zero....

Figura VI27: Tentativa de foto minha com erupção doo Fuego

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Fiz uns vídeos também. O vídeo Cap VI9 mostra o tipo de erupção mais “típica” que observei lá. Já no vídeo Cap VI10, eu capturei uma bela erupção, daquelas que jorrava lava para todos os lados. Naquela noite, foram umas 3 ou 4 com essa intensidade.

Ao menos na minha câmera/lente, o vídeo não captou tanta luz quanto parecia ao vivo, mas já dá para ter uma boa ideia... As fotos, em compensação, com ajustes de abertura e tempo, capturam mais luz e às vezes saíam um pouco mais iluminadas do que a gente enxerga a olho nu. É pequena a diferença, eu diria que, na hora da erupção, a olho nu, fica mais parecido com a foto do que com o vídeo. Mas, na hora que a lava está escorrendo pela encosta, não fica tão iluminado quanto nas fotos, parece mais com o vídeo do que com as fotos.

Outra coisa que chamava atenção era o delay era a erupção e o som! Como estávamos a 3 km de distância, a gente primeiro via as erupções e, uns 3 segundos depois, vinham os barulhões das explosões. Talvez nos vídeos que eu salvei no canal não dê para ver tão bem, mas tentem reparar. No começo do vídeo da erupção maior (Cap VI-10), a lava já está descendo a encosta quando o som da explosão chega no acampamento.

Passei horas lá no frio assistindo àquele espetáculo; nem pensar em dormir. Eu sempre dizia para mim mesmo: “depois da próxima erupção animal, vou dormir”. Mas, acontecia uma nova erupção, e eu sempre arrumava uma desculpa “mental” para ficar mais um pouco: “ah, deixa eu fazer um vídeo na próxima”... “Vou conseguir mais uma foto boa e depois vou dormir”... “Deixa eu ver se consigo uma foto mais aberta”... “Uma comigo aparecendo”... É hipnotizante, a deusa Pele realmente me enfeitiçou!

Só fui dormir quando acabou a bateria da câmera, lá pelas 2h da madrugada. Foi uma noite incrível, foram horas e horas hipnotizado, assistindo de “camarote” àquele espetáculo da natureza, em seu estado mais intenso. A grandiosidade da paisagem, o som das explosões, a lava “pintando” o Fuego inteirinho de vermelho – que experiência! Inesquecíveis aquelas mega erupções!!!

Figura VI28: Sequência de uma bela erupção

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Vulcão Fuego: #imperdível

Dia 4 -> Acatenango e Fuego

No dia seguinte, lá pelas 4h da manhã, os tours fazem a subida até o cume do Acatenango (4000 metros). Não é um trecho tão longo, mas é bastante inclinado, saindo do acampamento até o cume dá quase 500 metros de altimetria. E o pessoal começa ainda no escuro para pegar o nascer do sol lá no topo. Demora mais ou menos umas 2h, dizem que é puxada a subida.

Eu não quis nem quis saber do trekking. Acordei, montei o tripé e fiquei tirando mais fotos do Fuego. Uma linda camada de nuvens cobria a parte debaixo das montanhas, mas, felizmente, o topo dos vulcões estava limpinho. Pegamos mais umas duas erupções gigantes! Antes do sol nascer, ainda dava para ver o vermelho da lava, depois já não dava mais...

Salvei no canal um vídeo de erupção de manhãzinha, enquanto ainda dava para ver a lava vermelha (Cap VI11). Do lado que estava o nosso acampamento, o lado do sol nascente, tinha uma linda vista do nascer do sol atrás do vulcão Água, aquele inativo que fica bem próximo à cidade de Antígua.

Figura VI29: Vulcão Fuego antes do sol nascer

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Figura VI30: Sol quase nascendo

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Figura VI31: Sol nascendo atrás do Vulcão Água

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Na nossa excursão, havia um guatemalteco que tinha mais prática com drones. Ainda no escuro, ele pilotou o drone até bem perto do vulcão e o deixou posicionado, aguardando uma erupção enquanto a bateria durasse. Depois de duas baterias descarregadas, na última ele conseguiu pegar uma erupção bem legal com o drone.

Como eu sou um piloto de drone bem meia-boca e com bastante medo de perder o aparelho, nem cogitei voá-lo à noite. E mesmo depois que o dia nasceu, o drone começou a reclamar que o vento estava muito forte e que eu tinha excedido a altitude máxima de projeto. Enfim, não tive coragem de mandá-lo para mais perto do vulcão, mas ainda peguei essa erupçãozinha legal (foto a seguir), e salvei um vídeo do nosso acampamento no canal (Cap VI12). As erupções de dia são legais também, mas são cinzas, não dá para ver aquela lava vermelha incandescente.

Figura VI32: Vulcão Fuego de dia

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Pena que tudo que é bom dura pouco, era hora de arrumar a mochila e me despedir do incrível Vulcão Fuego. Depois do café da manhã, era hora de voltar. Descemos em 2h, muito rápido. Nas “descidonas”, tem que tomar cuidado para não machucar, frear era bem complicado e às vezes era melhor descer no embalo para frear nas partes mais planas. Ainda tinha uns trechos molhados na chuva na noite anterior, mas foi bem tranquilo, umas 11h já estávamos na estrada, esperando a vanzinha de volta para Antígua. Todo mundo cansado, mas com aquele sorrisão de orelha a orelha, valeu a pena cada músculo dolorido.

No geral, foi uma noite inesquecível. Muita atividade, lava, e erupções magníficas! Poderia ter sido melhor? Sim, seria ainda mais incrível se o tempo estivesse aberto quando chegamos na corcova do Fuego... Mas tá tudo bem também, eu diria que todo aquele perrengue da corcova virou só mais uma história para contar. E a noite do acampamento foi perfeita: tempo aberto, muitas erupções, algumas incríveis, a uma distância bastante segura, e muita foto.

Por fim, algumas dicas sobre o tour do Acatenango. No geral, as agências oferecem três refeições: almoço, janta e café da manhã do dia seguinte. No meu caso, as achei simples, mas boas. E lembrem-se de levar snacks e outras coisas para complementar. Pedem para levar pelo menos 4 litros de água, e recomendam uma mochila de 40 litros, para caber as refeições e roupa, porque de dia faz calor e à noite, lá em cima, a temperatura média é de 0oC. Eles alugam roupa de frio/montanha para quem precisar, e costumam oferecer porter para carregar as mochilas. Algumas agências têm o acampamento em um lado do Acatenango, lado do sol nascente, outras no lado do sol poente (menos agências). A diferença é que o trajeto para o lado do sol poente é um pouco mais longo. Acho que deve ter mais chance de pegar clima bom no nascer do sol, mas ambos devem ser muito bonitos. Na minha opinião, na hora de escolher a agência, o mais importante é você saber se você vai ter que carregar equipamento de camping ou não.

Comparação Fuego e Monte Yasur

(melhor ver no livro completo, nesse post aqui não faz sentido...)

Antígua -> Panajachel

Seguindo a viagem, após a descida do Acatenango, era hora de voltar para Antígua e seguir para Panajachel, à beira do Lago Atitlan. Depois de algumas enrolações, chegamos no centro de Antígua às 12h30. A logística não é o forte das excursões da Guatemala, tudo demora mais que precisava... O transporte coletivo também não é o forte da Guatemala. Entre as cidades principais, os ônibus são bons. Mas, entre as cidades menores, ou você vai pegando os famosos chicken-bus, que são mais baratos, mas tem muitas paradas, ou você vai com os shuttles/transfer que as agências organizam. São micro-ônibus cuja qualidade varia bastante, alguns são bons e outros são bem “zoados”, não são tão caros, mas a organização é bem tosca. Só consultando os hotéis e agências de viagem para saber os horários “regulares” dos transfers e se tem vaga disponível.

De Antígua para Panajachel, eu sabia que tinha um transfer ao meio-dia e outro às 17h. Como não sabia o horário que eu estaria de volta do Acatenango, deixei para comprar o transporte quando chegasse. Não cheguei a tempo de pegar o das 12h, só sobrou o horário das 17h, o último do dia, mas eu fui nas agências do centro para tentar encontrar um transfer mais cedo. E, para minha surpresa, além de haver transfer mais cedo, todas as vagas nos transfers das 17h já estavam esgotadas! Minha última esperança era uma agência de turismo que eu achei pela internet. Vi que essa agência ainda tinha vaga e reservei meu transfer 17h.

Eu estava aliviado por ter conseguido a reserva, mas também um pouco desconfiado se essa reserva era para valer, já que todas as agências do centro de Antígua não tinham conseguido a vaga. Para confirmar se estava tudo certo mesmo, mandei um WhatsApp para eles lá pelas 15h, mas não recebi resposta. Depois eu pedi para recepcionista do meu hotel ligar para eles, mas ninguém atendia. Então, vi que essa agência ficava a umas 8 quadras do meu hotel e fui lá pessoalmente para ter certeza que meu lugar estava confirmado.

Era um lugar que tinha serviço de hospedagem, agências de turismo e transfer também. Falei que tinha feito uma reserva de transfer pelo site e tinha ido lá para confirmar se estava tudo ok. O pessoal achou meio estranho eu ir até lá só para isso, e perguntaram se eu tinha recebido o e-mail automático de confirmação. Eu mostrei que tinha recebido, e eles disseram que então estava tudo certo.

Mais tranquilo, voltei para recepção do meu hotel e fiquei esperando o transfer chegar. Mas o tempo passou..., deu 17h, e nada do transfer chegar! Precisamente às 17h08, recebo uma mensagem no WhatsApp, respondendo àquela primeira mensagem pedindo confirmação que eu tinha mandado. Eles estavam perguntando de novo se eu recebi a confirmação por e-mail.

Eu disse que sim, mandei print e também disse que eu tinha ido pessoalmente até a agência confirmar a minha vaga. E perguntei se o meu transfer estava chegando. Nessa hora, 17h10 (!), o cara manda mensagem dizendo que tinha falado com todos os transfers da cidade e não tinha conseguido nenhuma vaga para mim! Caramba, isso porque eu tinha ido lá pessoalmente perguntar se estava tudo certo.

Então eu disse para ele: “Mas por que você não me avisou antes, quando eu fui até aí perguntar?” O cara disse que tinha pedido para secretária me informar (mas ninguém me avisou!), e que agora só tinha Uber ou Táxi para Panajachel!!! O táxi era uns quase 800 $QTZ (uns 120 $USD), o transfer que eu tinha reservado era 100 $QTZ. Que raiva!

Se eu soubesse antes, pegava o chicken-bus até Chimaltenango e depois me virava até Panajachel. Mas agora já estava ficando tarde, correria o risco de não ter mais os chicken-bus até Panajachel. Minha vontade era mandar o cara para “PQP”! Mas enfim, apesar da vontade de mandá-lo para aquele lugar, eu só disse educadamente (em inglês): “ok, só lamento porque vocês não me informaram quando eu fui até aí perguntar se o transfer estava confirmado. Obrigado”.

Eram umas 17h20, eu já estava pensando no prejuízo que seria o Uber ou o táxi até Panajachel quando o cara mandou uma nova mensagem de voz, dizendo que conversou com o motorista de um transfer e que teria surgido um lugar bem apertado entre o motorista e o passageiro. Seria um banco reclinável pequeno, até mandou foto no WhatsApp, e disse que caso eu não me importasse com o desconforto, eu poderia ir nesse transfer.

Eu disse que não teria problemas, com certeza eu aceitava e, 17h25, o transfer passou para me pegar! Ufa, ainda bem que eu não tinha xingado o cara 🤣🤣🤣 ! Pelo menos ele correu atrás e deu um jeito. E o banquinho nem era tão desconfortável... No final, deu tudo certo. Aliás, isso foi uma coisa que eu percebi das agências, transfers e tours da Guatemala: é tudo mega bagunçado, mas o pessoal é esforçado e gente fina e, no final, acaba dando tudo certo.

De Antígua até Panajachel são só 76 km, mas demorou 2h30, estradinha com muitas curvas e montanhas. Acabei saindo do Acatenango 11h da manhã e chegando quebrado em Panajachel umas 20h. Eu estava realmente quebrado, sem banho, tinha dormido menos de 2h no dia anterior, e ainda estava com um olho mega ferrado! A barraca do acampamento do Acatenango, onde faziam a fogueira e que servia de “restaurante”, acumulava muita fumaça e meu olho ficou mega-ultra-irritado. Quando cheguei em Panajachel, não estava conseguindo nem abrir o olho direito.

Enfim, só consegui tomar um banho (com água bem fria graças ao chuveiro sem vergonha do hotel...), e desmaiar até o dia seguinte.

Dia 5 -> Lago Atitlan - Panajachel

Existem várias cidadezinhas simpáticas ao redor do Lago Atitlan, conectadas por barcos. Achei as principais cidades meio parecidas, e acabei escolhendo Panajachel pela logística: ficava mais perto de Antígua e mais ou menos no caminho para Xela, cidade onde eu pretendia ver o terceiro vulcão ativo da Guatemala, o Santiaguito. Meu plano inicial era passar só um dia em Panajachel, curtindo o Lago Atitlan, e depois ir para Xela.

Porém, no transfer para Panajachel, eu já tinha decidido que não iria mais dormir em Xela. Estava meio de saco cheio dos transfers da Guatemala, as cidades não ficam longe, mas sempre demora muito para viajar entre elas, por isso resolvi passar duas noites em Panajachel e alugar um carro para fazer um bate e volta até o vulcão Santiaguito.

O Santiaguito, o Pacaya e o Fuego são os três vulcões mais ativos da Guatemala. Dependendo da época, um pode ficar mais ativo que o outro. O Santiaguito também é estromboliano, com erupções um pouco menos frequentes que o Fuego, e é bem menos turístico. Assim como os “irmãos” Fuego/Acatenango, ele também fica ao lado de um vulcão bem alto e que não expele fumaça, mas é considerado ativo e perigoso, o Santa Maria, que, em 1902, teve uma violenta erupção, devastando grande área.

Desde 1922, o Santiaguito vem crescendo na base da cratera da erupção do Santa Maria de 1902 por pequenas erupções e extrusões de lava, com magma de viscosidade mais alta, tornando-o mais perigoso.

Nas minhas pesquisas anteriores, eu só tinha achado duas opções de tours para o Santiaguito. Um tour de meio dia que sobe só até um mirante do Santiaguito, localizado no vulcão Santa Maria, com saída apenas pela manhã. Infelizmente, não faziam no final da tarde, para tentar ver as erupções à noite. Dizem que esse trekking é bem leve, aproximadamente 1h30 de subida. A segunda opção é uma subida bem puxada até o cume do Vulcão Santa Maria, com pernoite lá. Durante a subida, passa-se pelo mesmo mirante do Santiaguito, mas do local do acampamento à noite, aparentemente, não dava para ver o Santiaguito em ação.

Para essa viagem, planejei só o tour do mirante do Santiaguito de manhã, mesmo sabendo que não seria tão legal quanto o do Fuego. Mas, quando eu cheguei em Antígua, entrei em contato com algumas agências de Xela e descobri um terceiro tour chamado Santiaguito Crater Overnight. É um tour bem puxado, que sobe o próprio Santiaguito e passa a noite acampado lá no alto, aí sim, com a chance de assistir as erupções à noite. Mas precisava de 2 dias e eu só tinha tempo para fazer um bate-volta, optei pelo mirante do Santiaguito de manhã.

Comecei o dia com duas missões “logísticas”: primeiro alugar carro para o bate-volta até o Santiaguito, e depois já deixar garantido o transporte até a cidade de Flores (daqui a dois dias). Depois do trampo que foi conseguir transfer para Panajachel, aprendi a lição. Nas agências de turismo de Panajachel, já consegui comprar de uma vez o transfer até a rodoviária da Cidade da Guatemala, e o ônibus noturno até Flores.

Já o aluguel de carro... Descobri que simplesmente não existe aluguel de carro em Panajachel! Droga.... O pessoal até alugava aqueles Quad ou motos para fazer trilhas e passeios ao redor do Lago Atitlan, mas, locadora de carro, simplesmente não existia lá. A cidadezinha, apesar de bem turística, era menor que eu imaginava. Ainda pensei em negociar um transporte privado/táxi para o Santiaguito, mas ficaria muito caro, e o pessoal de Panajachel não fazia a menor ideia de como chegar lá.

Infelizmente, fui obrigado a tirar o Vulcão Santiaguito do meu roteiro. Eu não queria deixar de conhecer os outros atrativos da Guatemala para ver mais um vulcão, durante o dia, que seria bem menos impressionante que o Fuego. Quem sabe um dia eu volto. Mas aí seria para tentar ver o Santiaguito à noite! Nessa viagem, preferi ficar dois dias no Lago Atitlan, que também tem bastante coisa para fazer.

Panajachel, assim como a maior parte das cidadezinhas simpáticas à beira do Lago Atitlan, tem bastante artesanato, cultura local, restaurantes, além da bela vista do lago rodeado pelos três imensos vulcões (inativos). Além disso, tem bastante atividades esportivas à beira do lago, como caiaque, stand-up paddle, paraglider, bike, e muitos belos trekkings pelos vulcões e montanhas na região. Mas depois do Acatenango/Fuego, eu queria fazer algo mais leve, e a atividade que mais me interessou foi um cliff jumping na vila de San Marcos de La Laguna.

Quanto aos passeios mais culturais, o mais tradicional faz paradas em algumas cidades, visitando uma fábrica local de tecidos e outra de tabaco. No entanto, outra atração cultural me pareceu mais legal: a cerimônia Maximon, em Santiago de Atitlan.

Comecei a aproveitar o dia passeando em Panajachel. Fui direto para “praia”, curtir a bela vista do Lago Atitlan e seus três famosos vulcões inativos. O dia estava lindo, quase nenhuma nuvem no céu! Bem a nossa frente estava o Vulcão San Pedro, 3020 metros. Mais ao sul, à esquerda da foto, dava para ver o vulcão Toliman, de 3158 metros, com algumas poucas nuvens cobrindo o topo dele.

Figura VI33: Lago Atitlan

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Nesse primeiro dia, eu fiquei procurando o terceiro vulcão.... Tinham várias montanhas altas ao lado do lago, mas me pareciam um pouco mais distantes. Só no dia seguinte, que amanheceu com menos nuvens, que eu desvendei esse mistério: o terceiro vulcão, Atitlan, 3535 metros, na verdade, estava logo atrás do Toliman! As poucas nuvens do dia anterior estavam encobrindo o Atitlan, essas fotos a seguir são do dia seguinte:

Figura VI34: Lago Atitlan, no dia seguinte

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Figura VI35: Vulcão Toliman e Vulcão Atitlan

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Figura VI36: Vulcão San Pedro

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Salvei no canal um vídeo da vista do Lago Atitlan de Panajachel (Cap VI13).

É muito agradável passar pelas ruas mais turísticas de Panajachel, cheias de artesanato, restaurantes, comidas de rua e turistas. Mas depois de uns 30 minutos tirando foto lá do centro e do Lago Atitlan, não tinha muito mais o que ver na cidade... As praias em si, pelo menos as perto do centro, não me pareciam muito legais para banho. Era hora de partir para as outras atividades ao redor do Lago Atitlan, começando pelo cliff jumping.

Para circular entre as cidades à beira do lago é tranquilo, durante o dia tem barco a cada 30 minutos, que vai parando em todas as cidades. Custava 25 QTZ (~4 USD), preço justo, mas o problema, para variar, é a logística... Na verdade, o barco só sai quando tiver um número mínimo de pessoas. Então, se você der sorte de chegar e tiver um barco quase cheio, ele sai praticamente na hora. Senão, você senta lá e espera o barco encher.

O cliff jumping ficava na cidade de San Marcos de la Laguna. De Panajachel até lá demorou uns 30 minutos, o barco parava em umas quatro vilas ao longo do percurso. Foi um passeio bem agradável, o lago estava bem calmo, passando por algumas vilas, hotéis, casas, algumas prainhas mais ajeitadas, algumas pessoas pegando sol, outras andando de caiaque, cenário bem bucólico.

Chegando em San Marcos, fui tentar descobrir onde era o cliff jumping. Aliás, eu perguntava onde era o cliff jumping e ninguém entendia. Acho que o termo cliff jumping dá uma aparência bem radical, ou gourmetizado, especialmente depois daqueles campeonatos da Red Bull. Em San Marcos, eles chamavam o lugar de “trampolim” mesmo, bem menos glamoroso 🤣🤣🤣 .

O trampolim está localizado no Cerro Tzankujil, um local com algumas trilhas bem tranquilas e estruturadas (dá para ir havaianas tranquilo…) contornando o Lago Atitlan. Em um trecho da trilha, eles construíram um trampolim de 12 metros de altura para quem quiser saltar no lago! Tem umas pedras na beira do lago que formam como se fosse uma escada natural, é bem tranquilo para sair depois. Eles cobram uma pequena taxa de entrada para quem vem de San Marcos, mas a estrutura é bem simples, com apenas um vestiário para trocar de roupa. Não tem onde deixar mochila, câmera etc., então, se estiver sozinho, vai ter que fazer amizade com algum turista lá e pedir para ele olhar suas coisas enquanto salta.

Cheguei em San Marcos e segui contornando o lago, procurando o trampolim. Tinha pouca gente, o dia estava lindo e fazia um calor bem agradável por volta do meio-dia. Quando finalmente vi o trampolim..., caramba, que aflição! Nas fotos, não parecia tão alto, mas, na hora que chega naquela plataformazinha e olha para baixo..., são 12 metros, mas pareciam 100 metros 🤣🤣🤣  . No canal, salvei um vídeo só da vista da plataforma (Cap VI14).

Figura VI37: Cliff Jumping no Lago Atitlan

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Primeiro fui dar uma olhada ao redor, ver o caminho para subir de volta. Fiquei enrolando, tirando umas fotos do lago, enquanto tentava criar coragem e me acostumar com a ideia de saltar.... Quando cheguei lá, não tinha ninguém saltando. Encontrei 2 dinamarqueses e fiquei conversando um pouco com eles. Eles já tinham saltado, falaram que o lago era bem fundo, que não tinha perigo e se ofereceram a tirar umas fotos minhas caso eu quisesse saltar.

E...., depois de um bom tempo pensando seriamente em “arregar”..., tomei coragem e resolvi saltar! Foi bem bacana, salvei no canal o vídeo que os dinamarqueses fizeram do meu primeiro salto, Cap VI15!

Detalhe: eu tinha levado uma GoPro para fazer vídeo saltando, mas, na hora que eu liguei, vi que a bateria estava descarregada. Droga, fiquei sem vídeos do salto com vista em primeira pessoa, ia ser bacana.... Aproveitando a boa vontade dos dinamarqueses, já fui pular de novo e pedi para que eles tirassem sequência de fotos, ficou bacana também:

Figura VI38: Segundo cliff jumping

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Ué, e cadê as últimas fotos na hora do mergulho na água? Acertou quem percebeu que a sequência de fotos acabou antes de eu cair na água 🤣🤣🤣 .

O salto dá muito medo, muito mais do que parece olhando as fotos, acho que estou ficando velho... Para mim, o segredo é não pensar muito, nem parar na plataforma: vai caminhando, de preferência rápido, e pula direto! Não pode dar tempo de pensar em nada, muito menos de “arregar”...

Depois chegaram mais turistas, e eu fiquei só observando o pessoal tentando criar coragem para pular. Um monte de gente foi lá, ficaram um tempão, a maioria desistiu, até que duas pessoas foram.

Enquanto eu estava lá, um americano que estava sozinho me pediu para fazer um vídeo dele saltando. O vídeo filmado de cima ficou bem bacana também, e eu resolvi pular mais uma vez. Mesmo depois de ter saltado 2 vezes, eu ainda estava com medo... Salvei o vídeo desse meu terceiro salto (Cap VI16), e também mais um vídeo de uma outra turista, que demorou umas 10 minutos, mas acabou saltando também (Cap VI17!).

Foi muito divertido o cliff jumping, valeu a pena! Depois, fui conhecer o mirantezinho do Cerro Tzankujil, que tem uma bela vista das vilas pequeninhas aos pés do Vulcão San Pedro e das montanhas da parte oeste/norte do Lago Atitlan.

Figura VI39: Vilas de San Juan e San Pablo

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Na volta para Panajachel, percebi que, mais para o final da tarde, o vento começava a aumentar e o lago ficava com mais ondas, bem menos confortável para andar de barco. Por isso, decidi deixar para o dia seguinte o aluguel do caiaque e a ida até Santiago conhecer o Maximon.

Meu plano para o final da tarde era achar algum mirante perto de Panajachel, mas o tempo foi ficando cada vez mais nublado, até começou a garoar, então acabei desistindo da ideia. A vista mais bonita do lago deve ser do alto das montanhas e vulcões ao seu redor (nos transfers de ida e volta, deu para eu ter um gostinho).

No final do dia, voltei para praia de Panajachel na esperança de ver um pôr do sol no lago. No entanto, as nuvens venceram, não teve pôr do sol, e assim acabou o meu dia conhecendo o Lago Atitlan. Eu achei o lago muito bonito, mas tinha visto algumas descrições como “o lago mais bonito do mundo”, etc. Achei um pouco exagerado. Pronto, falei 🤣🤣🤣 . Mas é bonito sim, bem bonito!

Lago Atitlan: #valeapena

Dia 6 -> Lago Atitlan - Maximon

O dia amanheceu ainda mais bonito, então aproveitei para tirar novas fotos dos vulcões do lago, agora sem as nuvens no topo. Em seguida, fui atrás de um caiaque. Como o check-out do hotelzinho às 10h, eu teria que voltar antes disso se quisesse tomar um banho após a remada. Meu transfer para a Cidade da Guatemala saia às 16h30, , e de lá eu pegaria o ônibus noturno para Flores, então ainda ia demorar bastante até conseguir um banho.

Próximo ao píer central de Panajachel, aluguei um caiaque e saí para remar. O lago estava bem calmo, mas o tráfego constante de barcos no píer gerava muitas ondas, que atrapalhavam bastante. Tinha que tomar bastante cuidado para “cortar” as ondas.

Segui remando na direção sul, rumo à cidadezinha de Santa Catarina de Palopó. Como esperado, o começo próximo ao píer foi a pior parte, com muitos barcos transitando... Depois do píer, tinha uma praia urbana de Panajachel, que estava beeeeem cheia. Coloquei um vídeo no canal mostrando essa movimentação (Cap VI18). Não sei se estava acontecendo alguma celebração religiosa, o pessoal estava com umas roupas diferentes, tinha até uns cavalos na praia. Tinha muito movimento lá, e vários barcos também...

Figura VI40: Caiaque no Lago Atitlan

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Figura VI41: Alguma movimentação na praia

Figura VI42: Lago Atitlan e seus 3 vulcões icônicos

Depois de passar o píer e essas praias mais urbanas de Panajachel, a remada ficou muito mais agradável. Quase não passava barco e encontrei umas praias de pedra bem calmas. Sem muvuca, algumas pessoas curtindo o sol, outras nadando. Muito agradável esse lugar! Salvei um vídeo dessa parte no canal também (Cap VI19).

Daria para parar o caiaque, curtir a praia, ou até mesmo seguir mais contornando o lago, mas, como eu tinha o horário do hotel, resolvi voltar, para tomar banho e fazer o check-out.

Depois de deixar as malas na recepção, fui pegar o barco até a cidade de Santiago de Atitlan para conhecer mais sobre o ritual Maximon. Ri Laj Mam, também chamado de Maximon, é uma divindade sagrada maia, venerada em algumas cidades da Guatemala. O início de sua adoração remonta à época que os espanhóis conquistaram a região dos maias, em 1524, segundo meu guia.

Maximon, também conhecido como San Simon, me chamou atenção por alguns motivos. Primeiro porque é um exemplo de sincretismo religioso: uma mistura de tradições espirituais dos maias, com crenças espanholas, africanas e, mais tarde, católicas. Interessante como a cultura religiosa indígena não se perdeu por completo, mesmo com o cristianismo sendo a única religião permitida na Guatemala na época colonial. Em alguns locais da Guatemala, houve uma mescla do catolicismo com muitas crenças maias, resultando na adoração de alguns “santos” bem curiosos, como o Maximon.

Outro motivo que me chamou bastante a atenção foi o ritual de adoração do Maximon, um tanto quanto inusitado. Maximon fuma, bebe e é mulherengo (apesar de ser, também, protetor dos casais)! Durante os rituais, o próprio Maximon fuma tabaco e bebe cachaça: o pessoal coloca cigarro e uma bebida alcoólica guatemalteca, “tipo” um licor, na boca do santo! Segundo o guia, o pessoal acredita que a mistura do fumo com incenso é o que faz ele realizar os desejos dos devotos, além de facilitar a comunicação entre o xamã e o Maximon. E a bebida oferecida é para relaxar o Maximon. Alguns dizem que a bebida também é para purificar, mas não entendi se para purificar o Maximon, o xamã, os devotos, ou todos eles 🤣🤣🤣 . Pelo que eu entendi, o xamã também bebe e fuma nos rituais (não tenho certeza se os demais devotos também).

Os devotos do Maximon e peregrinos vão aos rituais fazer pedidos “normais”, aqueles que todo peregrino faz para seu “santo”: saúde, dinheiro, amor, proteção, emprego etc. Mas as oferendas que os devotos levam não poderiam ser outras: cigarros, bebidas, dinheiro (também levam velas, incensos e flores....).

Segundo a Wikipedia, cada cidade acredita em uma origem diferente do Maximon. Algumas cidades acreditam que ele foi algum sábio ou um guerreiro antigo, mas lá em Santiago de Atitlan, me disseram que Maximon nunca foi um humano, sempre foi uma figura de madeira (efígie) criada pelos xamãs para defender os maias de feiticeiros do mal. Algumas versões dizem que o Maximon, às vezes, aprontava com os próprios moradores da aldeia que ele protegia. Uma vez os pescadores da vila estavam desconfiados de traição e, quando saíam para trabalhar, pediram a Maximon que vigiasse suas esposas. Mas acabou que o Maximon promoveu umas bebedeiras e acabou “pegando geral” as esposas dos pescadores! Os xamãs, então, deram um corretivo nele, quebrando seus braços e pernas, e Maximon então passou a fazer o trabalho corretamente e protegeu as pessoas da cidade do mal 🤣🤣🤣 . Que história! Realmente é um “santo” bem peculiar: mulherengo, mas também protege os casais. Ao contrário dos santos “típicos”, tem um lado bonzinho e um lado mais travesso.

Fisicamente, o Maximon é uma efígie (como uma estátua) feita de madeira, que fica em uma confraria onde os devotos e peregrinos fazem suas oferendas e adoração. E quem realiza os rituais e “conversa” com o Maximon é um xamã. Além disso, o tempo todo tem dois guardiões tomando conta do Maximon. Cada ano a efígie do Maximon fica em uma casa diferente. Dizem que essa tradição surgiu na época que os maias tinham que esconder o Maximon dos espanhóis, que não aceitavam a adoração aos deuses/santos não cristãos. Atualmente, essa tradição continua, e todo ano tem uma semana sagrada em que a imagem é venerada nas ruas, antes de ser levada para uma nova casa de algum membro da confraria. As casas são bem simples, “tipo” as comunidades no Brasil. Para chegar lá, tem uns becos e vielas, mas é bem tranquilo e seguro. A efígie permanece exposta o ano todo para receber os peregrinos (e os turistas enxeridos...). Sem mais delongas, seguem as fotos da efígie do Maximon:

Figura VI43: Maximon

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Reparem que tinha um maço de cigarro como oferenda, e a efígie estava com um charuto na boca! E tem várias gravatas, me disseram que você pode pegar uma gravata “benzida” se você colocar um dinheiro lá. Olha quanto dinheiro tinha embaixo das gravatas!

Aquelas outras duas caixinhas de madeira que estavam vaziam costumam ter bebidas alcoólicas durantes as cerimônias. E reparem como ele, apesar de ter tronco de tamanhos similares aos humanos, tem uma perninha curta e braços cortados, quem mandou aprontar com os pescadores maias antigamente 🤣🤣🤣 ?

Também me chamou a atenção que, junto com o Maximon, tinham imagens de santos católicos, cruzes e imagens de Cristo também.

Figura VI44: Guardiões do Maximon na confraria

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Figura VI45: Devoção a divindades católicas também

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Antes da minha viagem para Guatemala, nunca tinha ouvido falar da devoção ao Maximon. Quando estava indo para o Acatenango, um guatemalteco e dois alemães comentaram sobre ele, e logo me interessei em conhecer melhor a história desse santo “loucão” em Santiago. Mas é importante destacar que Maximon não é adorado em toda a Guatemala. A maioria absoluta dos guatemaltecos é católica, e a adoração ao Maximon é restrita a algumas cidades habitadas pelo grupo étnico maia da região montanhosa da Guatemala.

Mas enfim, voltando ao meu relato.... Quando cheguei de barco em Santiago de Atitlan, não sabia muito bem como conhecer o Maximon. Já no píer, alguns guias vieram oferecer passeios. O primeiro ofereceu um tour de 2h passando em uns quatro pontos turísticos de Santiago por 250 $QTZ (~32 $USD). Mas eu disse que só queria mesmo ir conhecer a confraria Maximon, e ele disse que cobraria 120 $QTZ. Achei caro, era só pegar um tuk-tuk até lá, mas foi bom para saber quais as opções para os turistas conhecerem o Maximon: eu poderia participar de uma cerimônia completa, ou só visitar a confraria e conhecer o Maximon.

Para participar de uma cerimônia com um xamã, você tem que levar umas oferendas, como bebida e cigarro, e pagar umas taxas para participar e filmar. Sairia mais ou menos uns 300 $QTZ. Não ficou claro para mim como seria a cerimônia, se seria como uma “missa”, com várias pessoas reunidas em horários regulares, ou se seria apenas o xamã e alguns devotos fazendo suas oferendas e pedidos.

Já a visita sem cerimônia poderia acontecer em qualquer horário. Para ver o Maximon, tem que pagar uma entrada de 15 $QTZ, mais 10 $QTZ para tirar foto, e, se quisesse fazer vídeo, 30 $QTZ. Como eu tinha pouco tempo, resolvi fazer só a visita até a confraria mesmo. Imagino que o ritual/cerimônia deve ser bem interessante também, quem sabe eu conheça em uma próxima.

Agradeci ao primeiro guia pelas ofertas, mas achei caro... Logo chegou um segundo guia, oferecendo o mesmo “tour” até a confraria por 100 $QTZ, ainda caro. Eu mal disse “não” e já apareceu um terceiro guia, oferecendo a mesma coisa por 75 $QTZ, que também dispensei. Quando o quarto chegou, eu já estava de saco cheio e pensando em ser bem mal-educado para conseguir andar em paz em busca de um tuk-tuk....

Mas antes que eu fizesse isso, ele me disse que, ao contrário dos outros guias, era dono de um tuk-tuk e, por isso, me ofereceria o passeio para confraria mais barato. Ele pediu 60 $QTZ, fechamos por 50 $QTZ, e finalmente partimos para a confraria.

A visita à confraria Maximon foi muito interessante. Depois o “guia” me deixou no centrinho de Santiago, que tem uma igreja bonita. Ao lado, tem uma pracinha e algum comércio e artesanato.

Figura VI46: Tuk-tuk

Figura VI47: Igreja de Santiago

Ao contrário da outras vilas à beira do Lago Atitlan, Santiago já uma cidade meio grande. Dizem que tem mais de 60 mil habitantes, é a maior cidade à beira do Lago Atitlan. Se Panajachel e as outras vilas ao norte têm aquele centrinho charmoso, me lembraram um pouco a Praia da Pipa, ou Jericoacoara, cheio de restaurantes, artesanatos, pousadas; no centrinho de Santiago, tudo já era meio cheio e caótico, estilo 25 de março! Ok, eu exagerei um pouco... Mas andar pelo centrinho de Santiago acaba não sendo tão agradável quanto nas outras vilas.

Por outro lado, dá uma visão mais real do dia a dia dos guatemaltecos. Acho que vale a pena ir até Santiago, conhecer o Maximon, mas, para quem for turistar no Lago Atitlan, acho que é mais legal ficar hospedado em Panajachel ou nas outras vilas menores ao norte do lago. De forma geral, as vilas têm belas vistas do lago, boas opções de mirantes e esportes outdoor, restaurantes, muitas lojinhas de rua, especialmente de roupas multicoloridas. Muito agradável passear pelas outras vilas ao redor do Lago Atitlan.

Figura VI48: Muito comércio de rua

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Figura VI49: Lindas cores da Guatemala

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Depois de conhecer rapidamente o centrinho de Santiago, fui pegar logo o barco para Panajachel. E ainda bem que eu fui cedo, porque, na volta, demorou para caramba para encher o barco! Fiquei mais de 1h esperando, até que finalmente saímos rumo a Panajachel! Eu já falei que eu “adoro” a logística da Guatemala?

De qualquer forma, deu tempo de pegar um almoço reforçado antes de voltar para o hotel e esperar o meu transfer para Cidade da Guatemala. Mas, quando esperava o transfer, apareceu um cara se apresentando como funcionário da agência de turismo, dizendo que eu iria pegar um transfer até Antígua e lá faria uma “conexão” para outro transfer até a Cidade da Guatemala. Achei bem ruim e reclamei, pois ninguém tinha me falado isso na hora da compra. Mas ele disse que não tinha mais vagas diretas para a capital e me garantiu que não teria problema porque eu chegaria em Antígua pelo menos 30 minutos antes do horário de saída da “conexão”. Achei bem zoado, mas fazer o quê, embarquei no transfer para Antígua.

Só que, uns 45 minutos depois que o motorista saiu de Panajachel, demos azar e pegamos um mega congestionamento na estrada! Ficamos 1h30 praticamente estacionados. O trecho até Antígua que deveria demorar 2h, ia demorar 3h30... Perguntei ao motorista se ainda assim daria tempo de pegar o segundo transfer de Antígua para a Cidade da Guatemala (aquele que sairia 30 minutos depois na nossa chegada), e ele disse que não sabia dizer. Insisti na pergunta, mas ele desconversava.... Na verdade, eu e ele já sabíamos a resposta, claro que não daria.

Já estava vendo a roubada, e comecei a pensar no plano B: ao chegar em Antígua, teria que pagar uns 300 $QTZ de táxi. Eu ia ficar bem pu️ com o prejuízo, mas o táxi levaria cerca de 1h e ainda daria tempo de chegar na rodoviária e pegar o ônibus até Flores. O pior é que o pagamento é feito com a agência que contrata os transfers, não dava nem para eu pedir meu dinheiro de volta para o motorista. Eu estava xingando a agência de tudo que é nome, maldita hora que eles inventaram essa conexão em Antígua, quando, de repente, a uns 15 minutos de Antígua, o motorista do transfer me informou que arrumaram um transporte direto de Antígua para rodoviária da Cidade de Guatemala!

Provavelmente o motorista estava mandando umas mensagens para o cara da agência, dizendo que não daria tempo de fazer a conexão em Antígua, e eles arrumaram um Uber para me levar até a Cidade da Guatemala. O motorista parou em um posto, encontrei o Uber e cheguei a tempo na rodoviária, ufa!

O ônibus noturno para Flores era bem confortável. Marcado para sair às 21h30, acabou saindo umas 21h45, mas depois parou na frente de um shopping, que é “tipo” um ponto de parada dos ônibus ao norte da cidade, e ficou esperando não sei o quê por mais 45 minutos, não entrou um passageiro sequer.... Depois disso, finalmente seguimos viagem e desmaiei até Flores. É, pessoal, a logística da Guatemala é dureza. É outro ritmo, tem que ter paciência. Mas, pelo menos, o povo é muito simpático, e eles sempre dão um jeito de resolver o problema e te ajudar!

Maximon: #valeapena

Dia 7 -> Tikal

O ônibus chegou em Flores lá pelas 6h, após uma jornada interminável de mais de 12h desde Panajachel. Peguei um tuk-tuk até meu hostel, e felizmente a dona me deixou fazer check-in mais cedo grátis, já que o meu quarto estava desocupado.

Flores, localizada em uma pequena ilha no Lago Peten, é a melhor base para conhecer as ruínas de Tikal. O Lago Peten também é bonito, mas não é tão grande quanto o Lago Atitlan, nem rodeado por montanhas e vulcões.

Infelizmente, eu não peguei um tempo bom em Flores; estava sempre chovendo ou bastante nublado. O lago estava tão cheio devido às chuvas que a água estava invadindo uma parte da rua "beira-mar". Ainda assim, é uma cidade bem bacaninha, tem alguma estrutura para turistas, uma igrejinha bonita, bastante pousadas, restaurantes e lojinhas. É agradável caminhar pela cidade, especialmente na beira do lago.

Tikal é o mais famoso sítio arqueológico dos maias na Guatemala, que fica a 65 km de Flores. Eu fechei o tour no hotel mesmo, saindo às 8h. Só deu tempo de tomar um banho, não consegui nem tomar café da manhã, comprei uns pães na padaria e saí. Mas foi aquela logística típica dos tours da Guatemala, até juntar todo mundo, pegar guia, comprar entrada do parque, só começamos o nosso tour em Tikal às 10h.

Os maias, ao contrário dos astecas e dos incas, não possuíam uma capital única, mas “cidades-estados” independentes que poderiam ser aliadas ou rivais, dependendo dos seus objetivos. Cada cidade-estado tinha sua própria administração, com crenças, línguas e costumes próprios. Existem ruínas maias espalhadas pelo México, Belize, Guatemala, El Salvador e Honduras. Tikal, uma antiga cidade maia, tornou-se um dos reinos mais poderosos da civilização maia, e ali foram encontradas imponentes estruturas de pedra, como templos, pirâmides, palácios e outras construções.

Além das estruturas impressionantes, Tikal é famosa por sua localização em uma densa floresta tropical na Guatemala, conferindo ao local uma atmosfera mística e exótica. Apesar de suas estruturas mais antigas datarem do século IV a.C., Tikal atingiu seu apogeu entre 200 d.C. e 900 d.C. Nesse período, a cidade dominou grande parte da região maia política, econômica e militarmente, enquanto interagia com áreas da Mesoamérica, como a grande metrópole de Teotihuacán, no distante vale do México.

Há evidências de que Tikal foi conquistada por Teotihuacán no século IV d.C. Tikal dominava as terras baixas dos maias, mas estava frequentemente em guerra com os vizinhos. Várias inscrições dão conta de muitas alianças e guerras com outros estados maias vizinhos, dentre os quais Uaxactun, El Caracol, Naranjo e Calakmul.

Tikal foi um dos maiores centros populacionais e culturais da civilização maia. Já no século IV a.C., iniciava-se a construção de sua arquitetura monumental, mas as principais estruturas visitadas hoje provêm do período entre 200 d.C. e 850 d.C. Depois deste período, nenhum grande monumento foi construído, coincidindo com depósitos que comprovam a ocorrência de um incêndio em alguns palácios usados pela elite da cidade. Desse período em diante, iniciou-se o gradual declínio de sua população até seu abandono completo, por volta do século X d.C. Estudiosos estimam que, no seu auge, a cidade teria uma população entre 100.000 e 200.000 habitantes.

O sítio apresenta centenas de construções antigas significativas, das quais apenas uma fração foi cientificamente escavada em décadas de trabalho de arqueologia. Os edifícios sobreviventes mais proeminentes incluem seis grandes pirâmides de plataformas (ou estágios) que apoiam templos nos seus topos. Elas foram numeradas geograficamente pelos primeiros exploradores e construídas no período mais recente, entre o século VII e o início do século IX. O Templo I foi construído ao redor de 695; seguido pelo Templo II, próximo a 700. O Templo III surgiu em 810, enquanto o maior deles, o Templo-Pirâmide IV, com cerca de 72 metros de altura, foi erguido em 721. Já o Templo V data de aproximadamente 750, e Templo VI, de 766.

Esta cidade antiga também tem os restos de palácios reais, além de várias pirâmides menores, residências, estelas e monumentos de pedra. Em 2021, descobriu-se que aquilo que durante muito tempo se supôs ser uma área de colinas naturais próxima ao centro de Tikal era, na verdade, um bairro de edifícios em ruínas que foram projetados para se parecerem com os de Teotihuacán. Há até mesmo um edifício que parece ter sido uma prisão, originalmente com barras de madeira nas janelas e portas. E há também vários estádios de jogo de pelota maia.

O nome "Tikal" quer dizer "lugar de vozes" ou "lugar de línguas" na língua maia, mas foi um nome dado recentemente, quando as ruínas foram descobertas. Os guias batem palmas em algumas praças para demonstrar que o local parece fazer um eco diferente mesmo, por isso o nome Tikal. Baseado nos hieróglifos, acredita-se que os nomes antigos da cidade poderiam ser Mutal ou Yax Mutal, que significaria "pacote " ou "pacote verde", e talvez, metaforicamente, "primeira profecia".

Bom, quando vou visitar esses sítios arqueológicos, eu sempre fico na dúvida se vale a pena ou não pegar um guia. Apesar de eu não gostar muito de andar com grupos, se o guia for bom, vale a pena; se não, é um martírio... O problema é saber se o cara é bom com antecedência. Em Tikal, com o tour durando umas 3h/4h, achei melhor pegar um guia pois o lugar é bem grande, eu estava cansado e não tinha pesquisado nada. E também porque custava só 30 $QTZ...

Mas o guia era daqueles que falavam muito..., demais mesmo! O pior é que ele ficava falando muito no começo, quando ainda não tínhamos visto ruína nenhuma e estávamos ansiosos para ver alguma coisa interessante. Mas o guia parava e falava, falava, falava.... O cara falava tanto, sobre um monte de coisa pouco interessante que, quando ele começava a falar algo útil, eu já estava fazendo outras coisas e tirando fotos. Fora o inglês belizenho-caribenho meio complicado para entender. Enfim, não acho que tenha valido muito a pena.

No entanto, eu reconheço que o cara tinha muita informação e conhecia bastante do lugar, aqueles que gostam de saber tudo nos mínimos detalhes, vão gostar. E ele passou informações interessantes sobre técnicas de construção maias, que usavam limestone (que, segundo o tradutor, é calcário). Ele falou um pouco da fundação e que eles usavam o mesmo material retirado do solo, tratando o limestone para “cimentar” as pedras, algo assim. Ele também explicou que, depois que contato com Teotihuacán, mudaram a técnica de assentar os tijolos para algo mais consistente. E que eles iam construindo os templos por andar, algo a ver com rei, algo a ver com chegar mais perto dos deuses, não lembro direito.

A primeira parte interessante que visitamos é chamada Acrópole Central, onde viviam parte das elites de Tikal. Lá, o guia nos mostrou como seriam os quartos, banheiros, cozinhas e até um suposto trono nas pedras, dando uma boa ideia de como seria a casa dos antigos maias.

Figura VI50: Acrópole Central

Depois de uma curta caminhada, chegamos na Gran Plaza, o local mais importante de Tikal. Os destaques são os dois templos, Templo I, também conhecido como Templo do Jaguar, e Templo II, também conhecido como Templo das Máscaras. O guia explicou algumas coisas sobre a construção das duas pirâmides principais da praça, Templo I e Templo II. Um foi construído apontando para o outro, alinhados em alguma direção que tinha a ver com a astrologia e calendário. As fendas de um templo alinham nos solstícios, a janela do outro templo seria para ver a lua.

O Templo I ficou conhecido como Templo do Jaguar já que, dentro dele, foi encontrada uma representação de um rei montado num jaguar e, na tumba do rei Jasaw Chan K’awii, peles do animal. O Templo II foi construído pelo mesmo governante Jasaw Chan K’awiil I, em homenagem a sua esposa. No seu topo (é possível subir nesse templo), tem uma viga esculpida com uma máscara mortuária que acreditam ter sido da esposa de Jasaw Chan K’awiil I, por isso ficou conhecido com o templo das máscaras.

A Gran Plaza também tinha várias estelas. Os maias de Tikal cultuavam 14 deuses do bem e, também, uns nove deuses do mal! Segundo o guia, assim como faziam oferendas aos deuses do bem, os maias também faziam oferendas para os deuses do mal, para evitar que eles causassem desgraças, claro. Espertinhos esses maias, hein? 🤣🤣🤣 .

Entre os templos I e II, ao norte da Gran Plaza, fica a Acrópole Norte, que era o mausoléu dos nobres de Tikal. Muitas tumbas e oferendas foram encontradas no local, com imagens dos reis nos mausoléus. Uma imagem interessante tinha a figura do rei cheio de plumas, o guia explicou que eles associavam aves a algo divino, alguma simbologia com a figura do rei sempre no topo.

Figura VI51: Templo I, o Templo dos Jaguares

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Figura VI52: Templo II, o Templo das Máscaras

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Figura VI53: Gran Plaza, vista do alto do Templo II

image.thumb.png.42cebfb7ae599f38f573e1496fd28549.png

Figura VI54: Acrópole Norte

Figura VI55: Imagem de rei com plumas

Salvei um vídeo da Gran Plaza no canal, vista do alto do Templo II (Cap VI20).

Seguimos caminhando e passamos pelo Templo III, que está quase todo coberto de vegetação, só dá para ver o seu topo. A melhor forma de avistá-lo é do topo do Templo IV. Mesmo com os trabalhos de restauração, os guias dizem que 80% das estruturas foram engolidas pela floresta. Em vários trechos caminhando pelo parque, o guia mostrava o que parece ser uma pequena colina, mas que, na verdade, era uma construção maia que ficou encoberta pela floresta.

Logo chegamos no Templo IV. Com seus 72 metros de altura, é o mais alto do mundo maia e famoso por proporcionar um lindo nascer do sol em Tikal. Apesar do Templo IV ser o mais alto, apenas o seu topo é visível, todo o resto do templo também foi tomado pela terra e pela vegetação, meio engolido pela floresta. No entanto, foram construídas escadas permitindo alcançar o seu topo. Lá do alto, tem-se uma linda vista do topo dos outros templos e da exuberante floresta que parece não ter fim.

Figura VI56: Templo III (à direita), Tempo I e Templo II

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A Acrópole Sul, também chamada de Mundo Perdido, é a parte mais antiga de Tikal. Enquanto a Gran Plaza foi construída por volta de 600 d.C., essa parte data dos primeiros séculos depois de Cristo. Subimos uma pirâmide que tinha apenas algumas de suas faces restauradas. Também gostei muito da vista lá do alto, que rendeu fotos bonitas, especialmente com o lindo céu azul. Quem vê as fotos com esse céu lindo nem imagina o mega pé d'água que tomamos 10 minutos antes!

Alguns guias fazem uma distinção entre os “templos” e as “pirâmides”, apesar de, teoricamente, os templos também ficarem no topo de construções piramidais. Diferente dos templos, as pirâmides de Tikal são mais quadradas, tem a base maior e escadarias nas 4 faces. Teoricamente, os templos eram lugares de cerimônias religiosas, e depois serviam como cemitério para alguns nobres. Já as pirâmides seriam mais para observação astronômica, para controlar o tempo/calendário.

Depois da pirâmide, ainda fomos conhecer o Templo V, que achei o mais bonito e o mais bem conservado. No caminho de volta, passamos ainda pelo edifício Teotihuacano, que não é muito imponente, mas chama atenção pelos detalhes com imagens de Tlaloc, deus da chuva e da água, mas vou falar mais dele na minha viagem do México.

Figura VI57: Pirâmide na Acrópole Sul

Figura VI58: Templo IV, visto da pirâmide

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Figura VI59: Templo V

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Figura VI60: Edifício Teotihuacano

No total, foram 4h conhecendo Tikal. O lugar é muito grande, em 4h, acabamos não conhecendo todas as áreas, como a zona norte e o Templo VI, mas conhecemos o principal... Durante nossa visita, o clima estava doido. Em alguns momentos, fazia um baita calor, mas também choveu forte em dois momentos e tivemos que ficar um tempão esperando a chuva passar.

Depois, almocei por lá mesmo, saímos de Tikal por volta das 15h e quando chegamos em Flores, estava nublado e chovendo. Muito cansado, só dei uma voltinha no centro, jantei e finalmente tive uma bela noite de sono para tirar o atraso.

Tikal: #imperdível

Tikal versus Chichen Itza

Figura VI61: Chichen Itza, México

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Uns 10 anos antes, eu tinha ido a Chichen Itza, outro sítio arqueológico dos maias. Localizada na Península de Yucatan, México (próximo a Cancun), Chichen Itza foi eleita uma das 7 maravilhas do mundo moderno.

Como minha visita já faz muito tempo, não lembro tantos dos detalhes, mas lembro que a pirâmide de Chichen Itza, chamada Templo de Kukulcán, me pareceu mais bonita do que as de Tikal. Os patamares, os detalhes nas fachadas, no topo, as serpentes, tudo bastante restaurado. Em algumas faces, as pedras estão bem alinhadas e perfeitinhas (às vezes, até demais....), já em outras faces é possível notar alguma erosão. Não sei se Chichen Itza foi melhor/mais restaurada, ou se simplesmente resistiu mais ao tempo, mas, de forma geral, suas construções estão mais bem conservadas que Tikal.

Os templos de Tikal são maiores em altura, o Templo V tem 57 metros de altura, enquanto a pirâmide de Chichen Itza tem 30 metros. Os templos de Tikal parecem mais “finos” e esticados, não tem escadaria nas 4 faces, enquanto a pirâmide de Chichen Itza tem a base bem mais larga e escadaria nas 4 faces.

Assim como Tikal, Chichen Itza possui características arquitetônicas que simbolizam os conhecimentos avançados dos maias em astrologia e calendários. Muito legal também essa simbologia: a pirâmide foi projetada para criar sombras triangulares durante os equinócios, criando uma impressão de uma serpente descendo a pirâmide ao fim da tarde.

O sitio arqueológico de Chichen Itza é menor e tinha muito movimento, muitas excursões, muito ambulante, tudo meio calçado ou com terra ou grama/vegetação baixa. Ou seja, não tinha muita mata e floresta. E tem bem menos construções em quantidade que Tikal. Em compensação, as construções de Chichen Itza costumam ser maiores em tamanho/área, como a pirâmide, o campo do jogo de pelota maia, um local que tinha um mercado, colunas e templos. Também não sei se restauram mais ou se eram maiores mesmo...

Chichen Itza foi totalmente limpa na década de 1930, hoje tem tudo catalogado e muito bem explicado. Já Tikal é muito mais amplo em termos de terreno, com atrações mais espalhadas e ainda tem muita coisa não escavada. Tikal desperta muito a curiosidade! Suas ruínas parecem sempre esconder algo, estejam elas envoltas pelas neblinas do amanhecer, ou cobertas por floresta tropical.

Em Tikal você pode subir em alguns templos através de algumas plataformas (antes podia subir no templo mesmo), e o ambiente é repleto de vida: animais, aves, macacos, quatis e muitas árvores. Muitas construções ainda não foram restauradas ou estão cobertas de terra e vegetação, florestas crescendo por cima das ruínas, como se a cidade abandonada estivesse sendo lentamente engolida pela natureza. Todo esse ambiente dá um clima mais de contato com natureza, enquanto Chichen Itza tem um jeitão mais de cidade ou de “parque temático” arqueológico...

Para sair de cima do muro, acho que eu gostei um pouco mais de Tikal, mas os dois são incríveis, vale a pena conhecer os dois!

Dia 8 -> Flores -> Lanquin

Como eu já sabia da confusão de transfers da Guatemala, quando eu reservei o hotel em Flores, já garanti uma reserva no transfer de Flores até Lanquin, a cidade-base para conhecer Semuc Champey. É um trajeto muito demorado, a estradinha tem muita curva, e só tinha um horário de transfer por dia, saindo de manhã. Perde-se um dia inteiro só fazendo esse translado, saí às 8h de Flores e cheguei às 17:h20 em Lanquin.

Me chamou a atenção que, na hora de sair, o cara do transfer toda hora contava os passageiros e parecia que faltava um atrasadinho. Ficamos uns 30 minutos esperando, o cara fazendo ligação/WhatsApp, mas no final acabou saindo só quem já estava lá, ninguém entendeu nada...

Nas estradas da Guatemala, o pessoal vai de carona aonde der, sempre cabe mais um! Vai gente em qualquer canto, e não refiro apenas a ônibus lotado. Nas estradas, via tuk-tuk carregando famílias inteira (famílias com 4 filhos ou mais), moto com 3 pessoas, vi uma turma entrando na caçamba de um caminhão chiqueiro com os porquinhos, vi guatemalteco viajando no teto do Chicken bus... Mas o que mais me chamou a atenção foi que muita gente, inclusive famílias com bebês, viaja na caçamba das picapes. Até na principal rodovia do país, a Rodovia Panamericana, vi famílias inteiras na viajando na caçamba! É o famoso jeitinho guatemalteco “coração de mãe”, sempre cabe mais um...Essa foto foi no caminho para Lanquin.

Figura VI62: Galera na caçamba

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Figura VI63: Tem um filho no meio do casal na moto....

E, por falar em moto..., uma coisa que eu percebi no interior é que quase ninguém usa capacete. O próximo vídeo salvo no canal, Cap VI21. Eu gravei em Panajachel, mais para ver os Chicken bus e os tuk-tuks, mas reparem nas motos que passam depois dele. Para cada 4 motos que passavam, apenas uma tinha gente de capacete! Mas as máscaras de covid, os motoqueiros usavam 🤣🤣🤣 .

Nessa viagem para Lanquin, um motoqueiro me chamou a atenção, pena que não tirei foto. Ele estava andando de moto sem usar capacete, mas tinha um capacete amarrado na garupa da moto, não era por falta de capacete que ele andava sem... Justiça seja feita: na capital Cidade de Guatemala, quase todo mundo usava capacete.

Enfim, só fui chegar em Lanquin depois das 17h. Lanquin é uma cidade muito pequena mesmo. A cidade em si só tem algumas lojinhas que vendem comida, um único restaurante mais turístico, e por isso os poucos hotéis e hostels acabam tendo uns restaurantes mais turísticos e bares. O pequeno centrinho de Lanquin só tem um pouco de comércio local. Foi bacana para conhecer como é uma cidadezinha mais típica (quase “não turística”) do interior da Guatemala.

Salvei 3 vídeos no canal circulando por Lanquin (Cap VI22, Cap VI23 e Cap VI24). E olha a cerveja vendida na Guatemala, não confundir com Brahma, hein 🤣🤣🤣 :

Figura VI64: Cerveja Brahva

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Figura VI65: Lanquin

Mas quando eu cheguei em Lanquin, tive uma péssima notícia. O brasileiro que eu tinha conhecido no Acatenango chegou lá um dia antes e me mandou um zap dizendo que Semuc Champey estava “zoado”! Semuc Champey é um rio pequeno que passa em um vale e forma umas piscinas naturais bem bonitas, com água cristalina e bem clarinha, mas, por causa das chuvas, o rio estava muito cheio e Semuc Champey estava todo marrom e barrento.

Quando cheguei no hotel, o cara da recepção me confirmou que Semuc Champey estava “sujo” mesmo! Que raiva, gastei um dia inteiro para vir até aqui, vou gastar outro dia inteiro para sair, chego aqui e descubro que o rio estava zoado. Como diriam uns amigos “das antigas”... “perdeeeeeu”! Para mim, depois dos vulcões ativos, essa seria a principal atração da Guatemala. Deixei de conhecer um monte de coisas, como o Vulcão Santiaguito, vir até aqui. Que derrota!

E para piorar, em Lanquin não tinha mais quase nada para fazer. Mas já que eu estava aqui e não tinha mais o que fazer..., tá no inferno, abraça o capeta. No dia seguinte, eu ia ver Semuc Champey “sujo” e barrento mesmo!

Dia 9 -> Semuc Champey

Conversando com o pessoal da recepção do hotel, me disseram que é super raro Semuc Champey ficar com as águas barrentas. Mesmo na época de chuva, era muito difícil “sujar” o rio. No dia anterior, eles mencionaram que, se não chovesse à noite, Semuc Champey até poderia estar bom no dia seguinte. E naquela noite só deu uma garoa de leve, nada de chuva forte. Não sei se eles falaram isso só da boca para fora, para tentar me animar quando viram a minha cara de velório, ou se eles realmente acreditavam naquilo... Enfim, amanheceu bem nublado, mas pelo menos não estava chovendo. “Bora” ver Semuc Champey marrom!

Depois do café da manhã, fui procurar o transporte de Lanquin até Semuc Champey. A chegada até Lanquin atualmente está toda asfaltada, mas, para Semuc Champey, não. E adivinha como era o transporte? Umas picapes para galera ir na caçamba, como aquelas que eu via em todas as estradas da Guatemala 🤣 .

Algumas eram mais modernas, outras cobertas com lona, algumas com banquinhos, “tipo” versão miniatura daqueles caminhões jardineiras que tínhamos no Brasil. Mas a maioria só tinha essas estruturas metálicas em volta pelo menos para o pessoal não cair.

E lá fui eu para caçamba de uma delas. Obviamente que, como todo guatemalteco, o cara do transfer lotou a caçamba da picape. Quer dizer, para mim, parecia lotado, mas toda hora o cara parava e subia mais um 🤣🤣🤣 .

São 9 km de Lanquin até lá, e demorou 45 minutos. Balançava para caramba! Mas, para quem tinha acabado de voltar de uma viagem de carro no Jalapão na época de chuva, essa estrada parecia uma Autobahn alemã... A maioria era estrada de chão, mas já tinham alguns trechos asfaltados ou com calçamento nas subidas.

Foi divertido, também salvei dois vídeos no canal do transporte até Semuc Champey (Cap VI25 e Cap VI26).

Figura VI66: Transporte para Semuc Champey

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Figura VI67: É “nóis” na caçamba....

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Quando chegamos na ponte antes da entrada do parque, vi pela primeira vez o Rio Cahabón, que estava muito cheio e completamente marrom.

Figura VI68: Rio Cahabon

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Não dava para dizer que eu não imaginava que o rio estaria todo marrom, mas, no fundinho, a gente sempre tinha uma gotinha de esperança de chegar lá e ser surpreendido... Que pena. Já estava lá mesmo, paguei o ingresso e fui conhecer Semuc Champey.

Primeiro o pessoal costuma seguir até um mirante natural, e depois ir até as piscinas naturais. É uma subida não muito difícil, uns 30 minutos com passarelas, escadas, corrimãos ou cordas, bem estruturada. E, “ni qui” eu cheguei lá no mirante...:

Figura VI69: Semuc Champey

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Figura VI70: Primeiras piscinas

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Figura VI71: Surpreendido (positivamente!)

É, galera, “deu bom”!!! Quem diria, Semuc Champey estava lindo! Boa parte das piscinas estava azulzinha. Também salvei um vídeo do mirante, Cap VI27.

No hotel, o funcionário estava me falando que o problema de “sujar” Semuc Champey ocorria quando “o rio enchia as piscinas”, mas eu não entendia direito o que ele estava falando. Chegando lá eu fui entender. Na verdade, aquele rio que estava marrom é um rio grande, chamado Cahabón. No trecho de Semuc Champey, ele afunda, entrando em um túnel subterrâneo por uns 300 metros, e some completamente! Na superfície desse trecho, onde o rio Cahabón afunda, se formam diversas piscinas azulzinhas, que, na verdade, são alimentadas por outros afluentes do Rio Cahabón. São as águas que descem das montanhas que formam as piscinas naturais de Semuc Champey, e após 300 metros de piscinas, vão se encontrar com o rio Cahabón em uma última queda d’água!

Agora entendi o que o funcionário do hotel quis dizer: se o rio Cahabón estiver muitíssimo cheio, ele transborda e parte da sua água entra na região das piscinas, sujando tudo. Era isso que tinha acontecido no dia anterior! E não é que a noite sem chuva fez o rio diminuir um pouco o volume, o suficiente para não transbordar mais e voltar para caverna?!

Figura VI72: Rio Cahabón “sumindo”

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Depois do mirante, descemos para ver as piscinas naturais de perto. Tinha muita lama em todo o caminho para subir e depois descer do mirante. Ainda assim, se estiver de tênis, é bem tranquilo.

A explicação química da formação dessas piscinas, eu vi nos relatos do Mundo por Terra (Ref. 31😞 as águas de Semuc Champey são ricas em bicarbonato de cálcio e, quando esquentam, produzem carbonato de cálcio, cujos cristais se aderem aos micro-organismos da água e se precipitam. Assim vão consolidando os terraços onde estão as piscinas!

Durante o dia todo, o clima ficou nublado. Até ameaçou abrir um solzinho, mas não abriu... Lá tem alguma estruturazinha de vestiário para se trocar e alguns lockers para deixar mochila, a dica é lembrar de levar cadeados para nadar despreocupado. Estava uma temperatura agradável para caminhar, uns 23oC, eu até tinha levado roupa de banho e cadeado..., mas achei meio frio para nadar e refuguei (a lá Baloubet du Rouet nas olimpíadas de Sydney 🤣). Fiquei mesmo só admirando as piscinas, foram muitas e muitas fotos!

Figura VI73: Primeiras piscinas, mais azuis

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Figura VI74: Piscinas do final, mais verdes

Figura VI75: Semuc Champey se juntando ao rio Cahabon

Salvei 3 vídeos no canal, do rio Cahabon “afundando”, das primeiras e das últimas piscinas de Semuc Champey (Cap VI28, Cap VI29 e Cap VI30)

Além do parque nacional com as piscinas, do outro lado do rio Cahabón, tem uma área particular que não tem vista para as piscinas, mas tem alguns outros atrativos. Pelo que eu tinha pesquisado, tem uma cachoeira e um tubing (descendo de boia pela correnteza do rio), mas o passeio principal é uma caminhada pelas cavernas do rio Cahabón, naquela parte que passa por baixo de Semuc Champey. Precisa de calçados adequados, de preferência sapatilhas aquáticas se não quiser andar com seu tênis no rio. Mas, como o volume do rio estava muito grande, não estavam oferecendo nem o tour da caverna, nem o tubing nesse dia.

Achei Semuc Champey muito bonito! Seguramente, não foi o dia que as piscinas de Semuc Champey estavam mais cristalinas e bonitas. Algumas estavam mais azuis, outras um pouco mais verdes, outras mais barrentas e menos transparentes. Certamente não estava tão azul-turquesa como nas fotos da internet. Mas, para quem estava achando que ia ver tudo marrom e que tinha dado muito azar, “deu bom”, ficou aquela sensação de copo meio cheio.

Semuc Champey: #imperdível

Dia 10 -> Lanquin -> Cidade da Guatemala -> Cidade do México

Meu voo era às 18h, então acordei muito cedo para poder chegar à Cidade da Guatemala a tempo. Precisava pegar um transporte local de Lanquin até Coban, cidade maiorzinha da região, e de lá um ônibus até a capital. Nos dias anteriores, estava difícil descobrir qual horário mais cedo do transporte de Lanquin para Coban. No meu hotel, me falavam uma coisa, na pracinha central, uns caras do transporte falavam outra, na vendinha em frente ao ponto, mais uma versão.... Eu já falei que a logística na Guatemala é complicada?...

Descobri que quem faz esse transporte, na verdade, são moradores locais. Não existe uma empresa de transporte pública ou privada propriamente dita. Eles saem no horário que quiserem e fazem o trajeto que desejarem. Normalmente há uma van saindo às 8h, outra às 9h, algumas mais cedo, mas não tinha horário fixo. O pessoal sabe mais ou menos quando tem demanda, e vai saindo mais ou menos de hora em hora. Por isso que cada pessoa que eu perguntava tinha uma resposta diferente...

Esclarecida a confusão, o cara do hotel me recomendou estar na bifurcação na saída de Lanquin às 5h da manhã, pois deveria ter alguma vanzinha passando. Saí às 4h30. Detalhe: como na cidade não tem estrutura turística, os hotéis geralmente tem bar e música, e ficam até altas horas. Naquela noite, teve música alta no meu hotel até 1h da manhã, não dormi nada. Parecia que a caixa de som estava dentro do meu quarto, que inferno...

Lá pelas 5h, eu estava indo para o cruzamento da saída de Lanquin quando passou um micro-ônibus recolhendo pessoas, obviamente pegando o máximo de gente possível. Confirmei que ele estava indo para Coban, e finalmente peguei meu primeiro transporte coletivo na Guatemala. Mas fiquei triste quando vi que não era o tradicional Chicken bus... Era uma vanzinha “véia” para umas 23 pessoas (já incluindo aqueles miniassentos dobráveis, bem trevas). Quando eu entrei, tinha umas 10 pessoas, mas em dez minutos circulando lotou. E, na saída de Lanquin, devia ter umas 30! Sim, a lotação era 23 pessoas...., quatro caras e o "cobrador" estavam indo em pé, uma criança no colo, e outra sentada em cima capô do motor ao lado do motorista.

Ao longo do caminho entre Lanquin e Coban, algumas pessoas desceram, outras iam subindo, e assim seguia os transportes guatemaltecos “coração de mãe”. Todo vilarejo que passava, eu torcia para não ter ninguém esperando ônibus, mas sempre entrava mais um 🤣🤣🤣 .

Em um momento, já quase lotado, o motorista parou e foi conversar com uma família com umas 8 pessoas. E cheios de bagagem... Eles ficaram uns 10 minutos conversando, não sei onde eles iriam colocar aquele pessoal todo, no teto? No fim, acabaram não indo no nosso mini-ônibus.

Chegando em Coban, eu precisava achar o terminal da empresa do ônibus até Cidade da Guatemala. Na Guatemala, as cidades não tem rodoviária, cada empresa tem seu terminal, que, nesse caso, ficava perto do “ponto” final do meu mini-ônibus. Tinha ônibus de hora em hora para capital. Um deles saía às 7h, e foi a minha vez de tirar proveito dos atrasos daqui. Cheguei 7h05, e não só consegui a passagem para o busão das 7h, como ainda deu tempo de pegar um café e um pão antes de embarcar.

E esse meu segundo transporte rodoviário também não foi de Chicken bus, infelizmente. Chicken bus é o “apelido” dos ônibus de transporte público mais baratos e populares utilizados na Guatemala e alguns países da América Central. Geralmente ônibus escolares aposentados dos Estados Unidos, os Chicken bus costumam ter aparência extravagante e coloria, como esse da foto a seguir. Alguns deles até possuem iluminação especial, olhem que estiloso o Chicken bus no vídeo Cap VI31 do canal!

Figura VI76: Chicken Bus

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Foi uma longa viagem de Coban até Cidade da Guatemala, mas bem tranquila. Como na maior parte da Guatemala, passamos por muitas e belas montanhas, vulcões e vales cobertos de floresta tropical, além de estradas com muitas curvas e belas paisagens. A quilometragem entre as cidades não é tão grande, mas demora muito para chegar de um lugar para o outro. Também observei que passamos por muitas obras, duplicando e asfaltando estradas. Parece que estão melhorando a infraestrutura, mas ainda tem um longo caminho.

É possível chegar a todos os lugares, mas a logística pode ser complicada para quem tem pouco tempo. O pessoal é enrolado, mas é gente fina. Na hora de ir embora, já na área de embarque do aeroporto, fui procurar água de graça, mas todos os bebedouros estavam desligados por causa da pandemia. Entrei em uma loja de souvenir, não ia comprar nada, apenas queria perguntar à moça da loja se ela sabia onde tinha um bebedouro. Ela me disse que não tinha, mas eu poderia pegar a água dela e encher minha garrafinha.... Muito simpático o povo daqui!

E, para fechar com chave de ouro, quando me sentei na janela do avião, olha que beleza: aeroporto com vista para vulcão! Vulcões, na verdade, vários deles, e na hora do pôr do sol.

Figura VI77: Aeroporto com vista para vulcões

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Depois de acordar 4h30 em Lanquin e fazer múltiplos traslados, finalmente cheguei no meu hotel na Cidade do México, tarde da noite. Só tive energia para tomar um banho e desmaiar! Estava morto, mas feliz porque finalmente eu iria dormir 3 noites seguidas no mesmo hotel! Era o final da minha jornada na Guatemala, obrigado, Guatemala e guatemaltecos, que país incrível!

Dia 11 -> Cidade do México

Pessoal, a minha idéia era postar o capitulo VI completo do livro/ebook, mas estou com uma certa dificuldade de colar aqui todo conteúdo, e organizar as fotos no relato.... vou fazer uns testes para ver como vai ficar o tópico aqui no mochileiros, mas de qualquer forma,  o relato completo está no livro Destino Vulcões no amazon.com.br!

Sinopse do livro: 

Nesta obra, compartilho minhas aventuras em busca dos vulcões mais espetaculares do planeta. É um relato pessoal de mais de 90 dias de viagens, ao longo de 10 anos, explorando 15 países em 6 continentes, ilustrado com fotos e vídeos do próprio autor.

Expressões absolutas da força da natureza, os vulcões fascinam na mesma medida em que amedrontam. Quem já assistiu a uma erupção com lava pode confirmar que os vulcões oferecem uma das cenas mais impressionantes da natureza.

E não é preciso ser um aventureiro radical para explorar esses destinos — basta estar disposto a viver experiências inesquecíveis. Além de paisagens vulcânicas impressionantes, descobri culturas vibrantes e outras belezas naturais que tornaram essa jornada ainda mais enriquecedora.

Convido você a me acompanhar nessa aventura, repleta de histórias fascinantes e paisagens deslumbrantes ao redor do mundo. 

Capa:

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Ficou faltando o postar o resto do Capítulo VI, os seguintes subtitulos, vamos ver se  vou conseguir atualizar

Dia 11 -> Cidade do México

Dia 12 -> Teotihuacán e Basílica

Dia 13 -> Popocatepetl

Dia 14 -> Cidade do México -> São Paulo

O que eu acertei e o que eu faria diferente

Ranking das atrações

Editado por DestinoVulcoes
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pra atualizar visto que sua viagem já tem 3 anos

estive na Guatemala mÊs passado, o vulcão fogo infelizmente está dormente desde janeiro....

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@FCRO, que pena... De fato, a atividade vulcânica é muito imprevisível. Alguns são mais imprevisíveis, outros menos (como os strombolianos), mas mesmo os mais previsíveis, nunca dá para garantir 100%. Eu falo um pouco disso no meu livro/ebook. E deixo alguns sites / comunidades q costumam ter atualizações sobre a atividade dos vulcões q costumo pesquisar (colei no fim do post), além de procurar info com agencias locais. Fiquei sabendo que alguns meses no início de 2025 o Fuego ficou dormente, mas agora dia 10/mar/2025 ele voltou a atividade!

Abs

 

Ref. 1: Turismo de Aventura em Vulcões, Rosaly Lopes

Ref. 3: Bulletin of the Global Volcanism Network; publicado pelo Smithsonian Institution, EUA volcano.si.edu/reports_bgvn.cfm

Ref. 4: Volcano Discovery.  www.volcanodiscovery.com ; www.instagram.com/volcanodiscovery ; www.facebook.com/VolcanoDiscovery ; twitter.com/volcanodiscover

Ref. 5: Volcanian; volcanianoficial.com; es-la.facebook.com/volcanianoficial; www.instagram.com/volcanian_oficial ; twitter.com/_Volcanian_ ;

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