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Postado (editado)

Olá, mochileiros,

Eu planejei essa viagem por um certo tempo (um boooom tempo, na real), porém várias coisas no meio do caminho me fizeram adiar esse sonho.
É meu primeiro mochilão sozinho fora do Brasil. Há um certo tempo atrás, eu e meu amigo Bruno fizemos um grupo no WhatsApp para trocar experiências e nos organizarmos para viajar juntos. Aconteceu que não consegui viajar junto com ele e mudei completamente os meus planos. Ressalto tanto a importância desse blog quanto desse grupo que criamos. Foi, é e está sendo importante para quem está se aventurando com uma mochila nas costas e um sonho.

Queria deixar menção à Karine, que hoje chamo de Lindinha. Esteve comigo todos os dias dessa linda viagem, desde os dias mais tensos, em que quase perdi meus voos, até os dias incríveis que tive o prazer de compartilhar.
Até fiz uma ligação de uma "MONTANHA" (1 para a Entel e 0 para a Tim). Minha viagem foi muito especial com você.

Vou escrever e/ou separar minhas experiências por aqui, dia a dia, para ficar mais fácil de entender e de uma forma cronológica.

Sempre planejei tudo (literalmente tudo). Para essa viagem, eu fiz e refiz esse roteiro mais de 200 vezes, tenho certeza disso. Todas as variáveis possíveis, se acontecesse alguma coisa, eu já estava preparado (e aconteceram VÁRIAS, por sinal). Tudo bem que era um certo receio da minha parte, o medo do desconhecido e tudo mais. Se eu pulasse de paraquedas em qualquer lugar da Bolívia, eu ia saber me virar mesmo sem internet.

Algumas dicas antes de realmente começar esse relato:

- Não reserve nada pelo Booking. Antes disso, pegue o nome do hostel/hotel, pesquise no Google e procure pelo número da acomodação. Geralmente, todos têm WhatsApp. Quando fazia isso, eu perguntava o valor do quarto diretamente com eles e comparava com o Booking. Absolutamente sempre eu pagava bem mais barato dessa maneira.

- Em relação à internet, não fique na noia como se você fosse para outro planeta sem acesso à informação e sem comunicação. Geralmente, hostels, restaurantes, cafés etc. têm Wi-Fi. Alguns você paga, outros não. Sobre o famoso "chip" de internet, é fácil de achar, é só "hablar", apenas. Eu comprei o meu em uma loja da Entel lá em Sucre. Foi "tranquilo" de comprar e ativar.

- Sobre comida, eu não tive "problemas" de comer na rua nem nada. Obviamente, eu comia em lugares com o mínimo de higiene, e sinceramente, por lá você paga por isso. O prato é o mesmo, porém, devido ao local, chega a ser mais que o dobro do valor. Então, é uma questão de pesquisar bem.

- O câmbio. Eu levei quase todo o meu dinheiro em espécie (foi a melhor coisa que fiz e a pior também). Uma parte estava em USD e outra em reais. Ambos os câmbios estavam ótimos. Quase todo o meu dinheiro foi trocado na rua com cambistas e em uma sorveteria lá em Sucre (sim, uma SORVETERIA!). Tinha até loja da Samsung fazendo isso. Eu até pensei em trocar dinheiro nas casas de câmbio em cada cidade que estava indo, porém a cotação era bem ruim em relação aos cambistas. Só troquei um pouco no aeroporto para emergência quando cheguei e, no Uyuni, 50 reais, pois o câmbio estava 1.75.

- As passagens para a Bolívia eu comprei usando milhas com a Gol, totalizando 41 mil milhas. Como fiz uma transferência bonificada via Livelo, fiquei com 19 mil milhas e, como tinha assinado o Clube Smiles anual, ganhei mais 16 mil milhas. Já tinha milhas, então só emiti a passagem com essa diferença. O custo disso foi de R$101,98 + 6400 pontos Livelo, que eu ganhava comprando coisas em sites parceiros e/ou comprando quando tinha promoções em datas específicas.

 


Dia 0: O começo de tudo

CWB-GRU, GRU-VVI

Eu já tinha preparado tudo o que precisava, porém estava bem ansioso, não só devido à viagem que acabava de começar, mas também por várias questões pessoais. Fui a uma farmácia pesar minhas mochilas e, sim, minha cargueira de 50 litros estava bem acima do aceitável. Porém, eu decidi ir mesmo assim. Chamei um Uber até a rodoviária depois de visitar minha mãe no hospital. Minha passagem era para 10h. Fiquei esperando tranquilo, até que não ficou tão tranquilo assim. Começou a chegar o horário do ônibus e nada. Conversei com um rapaz da empresa de ônibus e ele me disse que ia atrasar, porém não falou quanto. Comecei a ficar levemente preocupado.

O ônibus chegou depois de um certo tempo. Estava levando alguns lanches e água comigo, pois pretendia jantar lá perto da rodoviária do Tietê, porém, aparentemente, esse plano não era para acontecer... Depois de um tempo de viagem, o trânsito começou a ficar bem lento, até parar completamente. Isso era por volta de 13h.

Quando já fazia um tempo parado, chegou a notícia de um acidente feio na pista entre um caminhão e uma carreta. Estávamos no meio da serra sem internet. Comecei a ficar mais preocupado, pois não tinha atualização da situação. A fila começou a andar só por volta das 17h30, porém de uma forma bem lenta. Ainda estava "longe" da rodoviária do Tietê. O trânsito parou de novo depois de um tempo e eu decidi fazer uma coisa:

Conversei com o motorista e perguntei se dava para eu sair do ônibus, pois eu ia achar alguma maneira de sair dali, senão ia perder meu voo (que era às 22h40 '-'). Eu saí do ônibus, porém, caso o trânsito voltasse a andar, o motorista me disse que não ia parar para eu embarcar novamente. Então, sim, foi uma aposta.

Andei por alguns quilômetros até chegar na barreira da concessionária. Vi um grupo de motoqueiros e ouvi eles conversando sobre o acidente e tudo mais. Decidi ir conversar com eles. Foi aí que conheci o Marcelo, meu anjo da guarda.

Ele me questionou por que eu estava sozinho com duas mochilas ali, e eu só disse: "Preciso chegar na Bolívia". Ele e seus amigos estavam indo para Aparecida do Norte. Depois de um tempo conversando, o inacreditável aconteceu: ele decidiu me ajudar e me dar uma carona até o aeroporto!

Sim, era eu, o Marcelo, sua moto e eu com duas mochilas enormes por quilômetros. Ele decidiu me ajudar com uma condição: que um dia eu fosse a Aparecida com ele. Não como uma forma de pagar "promessa" ou apenas para fazer companhia, mas sim como uma forma de agradecimento.

Devido ao horário que cheguei para o embarque, eu não parei para comer nada desde a hora que saí de Curitiba. As coisas comigo ficam piores em todos os sentidos quando estou com fome. Porém eu estava tão tenso com a situação que não sentia fome nem sede, apenas um cansaço físico e mental absurdo.

Depois de tudo isso, quando já estava no avião indo para Santa Cruz, eu desmaiei. Só acordei quando a comissária veio entregar o "lanche".

Chegando em Santa Cruz, logo depois do pouso, minha internet do celular funcionou tranquilamente. Eu uso Tim, liguei pra operadora pra ativar o roaming internacional para emergência, peguei o pacote mais simples apenas para o dia que ia ficar em Santa Cruz e se por algum motivo não conseguisse comprar meu chip por 7 dias no total. Se eu não me engano, eles têm parceria com a Tigo.
Eram poucos GBs, porém, para WhatsApp e pesquisar, era o suficiente. Minha chegada foi de madrugada, então tinha poucas opções de transporte e hostel. Eu perguntei sobre o valor do táxi pra sair de lá, porém estava 100 BOBS '-'. É, não dava.

Fiquei andando lá dentro do aeroporto até achar uma casa de câmbio que estava "aberta", porém não tinha ninguém. Eu chamava, porém ninguém respondia, nem uma alma viva aparecia. Resolvi ir sacar um valor suficiente para o Uber, tinha visto no aplicativo que estava por volta de 70/80 BOBS. Fui testando meu cartão da Wise em vários caixas eletrônicos lá, e todos cobravam uma taxa de 8 USD para o saque.

Até que cheguei em um que simplesmente travou meu cartão, por exatamente 21 minutos ("É pronto, tô sem meu cartão, casa de câmbio só com o Gasparzinho funcionando, agora vou ter que dormir aqui..."). Depois desse tempo, meu cartão saiu, porém eu decidi ficar lá na frente da casa de câmbio até aparecer alguém.

Chegaram duas moças, ficaram na minha frente chamando ou batendo no vidro, até que apareceu uma velha que estava tirando o soninho de beleza dela. Fiz câmbio e fui ver o valor do carro no aplicativo chamado Yango. Deu 53 BOBS o carro e fui até meu hostel Travelero Hostel & Tours, que paguei 80 BOBS.

Oficialmente, cheguei na Bolívia.

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Depois do meu soninho da beleza, fui tomar um café da manhã e explorar um pouco o centro da cidade. E uma coisa que já falo de antemão: o calor lazarento que é Santa Cruz, nossa! Nesse dia, estava 34 graus.

Eu almocei em um restaurante/bar próximo do hostel, paguei 14 BOBS e fui até um mercado comprar duas garrafas de água de 2L, que paguei 9 BOBS. A praça principal é bem bonita, vários museus e prédios históricos, porém era domingo… então fiquei na base do olho.

Fiz câmbio com um cambista na praça. É muito fácil de achar eles, geralmente usam umas bolsas laterais e ficam nas esquinas (é diferente de uma garota do job no caso kkkk). Eu achei um depois de conversar com uma senhora que vendia sorvete (que, sinceramente, era ruim, o gosto parecia remédio). Troquei um pouco de dólar e reais com ele e voltei para comprar um sorvete com a senhora como uma forma de agradecimento pela dica de onde encontrar esses cambistas.

Andei até meu hostel, me despedi do pessoal, fiz o checkout e chamei um Yango até a rodoviária. Andei por lá até ir a uma empresa que me indicaram, era a Flota Capital. Cometi um erro de principiante, eu confesso: não olhei o ônibus antes de comprar a passagem.

Eu negociei com o rapaz da agência, ele me fez o valor de 100 BOBS no "leito", que vi depois que não era leito (Maldita máfia do leito cama). Resumindo: chovia mais dentro do ônibus do que fora, minha poltrona estava estragada, uma das molas não ficava "esticada" completamente, e eu ficava segurando um dos pés para deitar o banco.

Vários vendedores aleatórios circulavam por dentro vendendo coisas aleatórias, tipo pomada milagrosa da Shopee. Algumas galinhas e um cachorro viraram meus companheiros por um tempo.

É, essa viagem de ônibus foi engraçada.

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Dia 1 - Sucre, a Cidade Branca

Cheguei a Sucre por volta de 5h da manhã. Depois de um tempo, fui para o meu hostel, o Villa Oropeza Hostel. Paguei 50 BOBS e o anfitrião era muito acolhedor, me recebeu cedo durante uma chuva lazarenta.

Depois de me acomodar, tomar um banho e descansar, decidi começar meu tour na cidade. Porém, antes, fui comprar meu chip da Entel. Paguei 55 BOBS para 10 dias com internet ilimitada. Conheci a Catedral de Sucre e sua história, o Museu do Chocolate, a Praça 25 de Maio, o Convento San Felipe Neri, o Convento Mirador La Recoleta e sua feirinha, dentre outros pontos turísticos conhecidos. Fiz tudo andando, pois, na maior parte do tempo, as ruas eram retas.

Uma dica para câmbio: vá até o Mercado Central de Sucre. Ao redor, tem uma sorveteria, a única por sinal. A cotação estava 11,35 por dólar, e para real estava 1,85. A feirinha lá do Mirador La Recoleta vale muito a pena, porém tem que negociar. Consegui alguns souvenirs assim, na base do choro.

Se possível, compre os chocolates para ti, é o mais famoso em toda a Bolívia, e em Sucre é mais barato devido às lojas direto da fábrica.

Com toda certeza, essa é a cidade mais bonita de toda a Bolívia. Sua arquitetura única, ruas estreitas com calçadas de paralelepípedos… É chamada de Cidade Branca. Só indo lá para entender.

Eu voltei para o meu hostel bem no final da tarde, já tinha feito tudo o que queria. Estava com muita fome e uma sede desgraçada. Chegando ao hostel, fiquei descansando até dar o horário de fazer meu checkout, que, na minha cabeça, ia ser por volta de 20h. Porém, para minha surpresa, tinha uma brasileira no meu quarto. Ficamos conversando ali até 21h mais ou menos, porém, até então, eu não tinha comprado a passagem para Uyuni. Eu ia meio que na sorte e comprar direto.

Quando estava saindo, vi no site Tickets Bolivia que o último ônibus era para 22h30. Eu fui andando com duas mochilas até a rodoviária, não passava um táxi sequer. Quase morri de andar com todo aquele peso...

Chegando lá, para minha surpresa, as únicas empresas que fazem esse trajeto não tinham mais passagem ‘0’ (é, azedou). Não fiquei desesperado nem nada, pelo menos no momento. Comecei a pesquisar passagem para Potosí e, em seguida, Oruro, porém também não tinha mais à venda.

Imediatamente, mandei mensagem para o hostel em que estava e pedi mais um dia. Porém, eu não saí da rodoviária no momento, fiquei na porta do embarque esperando alguma passagem para venda ou alguém que tivesse desistido de ir para Uyuni.

E sim, apareceu um rapaz depois de um tempo me oferecendo a passagem dele por 100 BOBS, basicamente o mesmo preço que pagou. A empresa de ônibus era EMPERADOR, muito boa por sinal, era semi-leito dessa vez.

Mesmo sendo muito confortável, eu não consegui dormir muito bem. Acordei várias vezes durante a noite. A viagem em si foi tranquila tirando essa parte. Chegamos ao Uyuni por volta de 6h.

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A sorveteria que fiz câmbio

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Editado por Jorge Lucas
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