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Tudo começou quando confirmei que ia a um evento científico em Juazeiro e Petrolina. Como não posso perder uma oportunidade pra viajar, ainda mais quando alguém ia pagar minhas passagens de avião pra ir pra um lugar assim tão longe do Rio Grande do Sul como o sertão nordestino, decidi que ia ficar pelo menos uma semana a mais pra conhecer algum outro lugar próximo. Olhei no mapa pra ver as opções. Pensei bem brevemente em Salvador e Recife, mas as duas são litorâneas e eu tava louca pra viajar na caatinga. Nisso encontrei a Chapada Diamantina, indo pro sul, e a Serra da Capivara, indo pro oeste. Considerando que a Bahia é bem mais viável de visitar pensando na logística de voos e possibilidades, achei que sim ou sim tinha que ser pro Piaui, era esse o rolê que eu queria planejar. Me juntei com um querido que conheci pelo instagram, a partir de projetos comuns e esses contatos acadêmicos, fui com ele e a galera da facu dele pra Petrolina e Juazeiro e depois disso íamos fazer nosso rolê por São Raimundo Nonato. Durante os dias do evento, ficávamos tentando combinar as coisas, desenrolar transportes, hospedagens e guias, eu tava mais nervosa e querendo resolver tudo antes de ir, enquanto ele, pelo contrário, dizia pra gente ir e a partir de lá conseguiríamos desenrolar tudo. 

A Serra da Capivara é um rolê que idealmente precisa ser planejado. Fica longe, num pico bem isolado com o centro urbano maior mais próximo sendo Petrolina, a uns 300km de distância. Precisa de carro, precisa contratar guia pra entrar no parque, precisa ter um grupo pra visitar junto caso tu não queira pagar toda a grana do guia e do carro sozinho. E a gente não queria planejar muito, mas também não queria gastar muito. Queríamos, no nosso jeito meio hippie, que as coisas fluíssem naturalmente. Ficamos pesquisando tudo durante a semana que passamos no São Francisco, pra decidir ir pra lá e ver o que rolava com a certeza de que íamos visitar o parque pelo menos um dia, de algum jeito. 

O parque é alucinante, eu amei demais, é um pico que com certeza vale muito a pena a viagem, mas que enfim pra quem quer gastar pouco e não costuma se planejar com antecedência, acaba sendo complicado embora possível. Fomos bem na sorte, botando fé que tudo ia dar certo e no fim deu, mas também poderia não ter dado. Tivemos a oportunidade de ir três dias no parque, mas decidimos ir só dois por causa da grana e porque também estávamos bem cansados em um dos dias. Nos juntamos com duas mulheres que conhecemos no museu, elas tinham carro e tinham guia, aceitaram nossa companhia e nos grudamos. 

Um pouco mais objetivamente antes de começar o relato, alguns pontos importantes são:

1. como disse, o centro mais próximo é Petrolina. Pra chegar em São Raimundo Nonato (SRN) tu pode ou alugar um carro em Petrolina (em SRN é bem difícil encontrar), ou pegar uma van. Acabei perdendo o contato do Seu Francisco da van, mas a localização de onde saem essas viagens é essa:

https://maps.app.goo.gl/2M1dj2CEfzwBLViPA

só chegar lá e perguntar que vão saber informar. Sai três vezes por semana, tanto a ida quanto a volta, em dias e horários mais ou menos fixos. Nos saiu 80 reais por pessoa cada viagem. 

2. pra entrar no parque é necessário ter um guia contratado, que pode levar até 8 pessoas. A diária geral dos guias é de 300 reais e a lista deles pode ser encontrada aqui: 

www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/unidade-de-conservacao/unidades-de-biomas/caatinga/lista-de-ucs/parna-da-serra-da-capivara/informacoes-sobre-visitacao-2013-parna-da-serra-da-capivara/arquivos/Lista_dos_condutores_05.02.24.pdf

Acabei perdendo o contato do nosso guia e não encontrei ele na lista, então não vou poder indicar. O parque em si não cobra entrada, então o único gasto desse tipo é direto com o guia contratado.

3. é bom estar em grupo pra poder dividir os custos, a não ser que tu esteja bem da grana e possa gastar. Achei que 4 pessoas foi o ideal, assim cabe todo mundo em um único carro e todos ficam junto do guia nos transportes, além de não ter gente demais durante os trajetos a pé. Os guias não fazem a função de juntar grupos, pelo menos não os que eu contatei. 

4. no geral os guias já planejam as paradas de almoço. Valor base de 50 reais por refeição na cerâmica e no restaurante trilha da capivara (os dois que fomos), mas tu também pode combinar com o guia de levar teu próprio lanche caso prefira. A gente até preferiria, mas como estávamos com duas senhoras desconhecidas, concordamos que o melhor seria seguir o roteiro delas. 

5. talvez meio desnecessário avisar, considerando que quem vai pra lá sabe que tá se metendo no semi-árido brasileiro, mas bem importante estar bem vestido, com roupas confortáveis e de preferência mangas compridas e calçado pra trilha, chapéu, pouco peso de carga pra não se cansar muito, bastante água e algum lanchinho. 

O problema de ter deixado passar mais de meio ano entre a viagem e o relato é que coisas se perdem nesse caminho, como os contatos, os valores, detalhes tipo os nomes dos trajetos que fizemos, enfim, essas coisas. Mas melhor escrever com o que me é possível do que deixar de lado as histórias desse pico tão maravilhoso.
    
Dia 0: Pré-Piauí, Petrolina e Juazeiro (8 a 12/07/2024)

Dia 1: viagem Petrolina - SRN, instalação e noite na cidade (13/07/2024)

Dia 2: Museu do Homem Americano e Museu da Natureza (14/07/2024)

Dia 3: Circuito Desfiladeiro da Capivara (15/07/2024)

Dia 4: descanso e visita à feira do produtor (16/07/2024)

Dia 5: Circuito Pedra Furada, feira outra vez e Sítio João Pimenta (17/07/2024)

Dia 6: viagem SRN - Petrolina e volta ao "RS" (ou seja, Florianópolis) (18/07/2024)

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Dia 0: Pré-Piauí, Petrolina e Juazeiro (8 a 12/07/2024)

Antes de começar a jornada pelo Piaui, passei a semana entre Petrolina e Juazeiro porque estava participando de um congresso. Nesses cinco dias de evento me encontrei com quem ia nessa comigo, até o momento um desconhecido, e ficamos o tempo todo tentando desenrolar como iam ser as coisas. Esse processo foi bem estressante e caótico pra mim porque faltava muito pouco e eu pensava que ia dar tudo errado, mas ele me acalmava e ajudava a ir vendo as possibilidades sem planejar muito oficialmente.

Nas cidades irmãs conheci alguns lugares como a Ilha do Fogo, que fica no meio do rio com acesso pela ponte que liga os dois lados da orla; o bodódromo, a oficina do artesão Mestre Quincas e a Casa do Cordel Mulheres Cordelistas em Petrolina; o Nego D’água e a feira de agricultores em Juazeiro. Não deu pra passear muito além disso porque estávamos em função desde cedo até tarde, mas rolou aproveitar um pouco as cidades. 

Dia 1: viagem Petrolina - SRN, instalação e noite na cidade (13/07/2024)
ou van do Seu Chiquinho pra SRN e hospedagem no filósofo sertanejo raiz

Foi todo um drama encontrar transporte de Petrolina pra São Raimundo Nonato. O mais comum é que a galera alugue um carro em Petrolina, mas não estávamos com essa disponibilidade de grana então estávamos buscando outras alternativas. Ouvimos uns boatos de que tinha umas vans saindo de Juazeiro, mas que outros diziam que saíam de Petrolina, e outros diziam que saía de Juazeiro, e outros de Petrolina.… em direção a SRN. Passamos uns dois dias pra lá e pra cá entre as duas cidades tentando descobrir de onde saíam essas vans e ninguém sabia, até que na sexta dia 12 fui seguindo um rumo que alguém me deu até chegar na esquina da rodoviária de Petrolina, um posto de gasolina que não funciona mais e é onde ficam as vans pro Piauí. Conseguimos o contato do Seu Francisco, que vai e volta de Petrolina a São Raimundo Nonato 3 vezes por semana, combinamos com ele e por 80 reais por pessoa partimos sábado de manhã dia 13, às 8h, em direção à Serra da Capivara.

São umas 5 horas de viagem e é um transporte bem local, cheio de gente, mercadorias pegas pelo caminho, paradas em cidadezinhas, sacos de insumos agrícolas, calor, cachorro, causos, só faltou levarmos umas cabras também. O Seu Francisco no meio da viagem passou o volante pro primo que também é motorista e ficou no banco da frente, virado pra trás, contando de quando ele era caminhoneiro e foi assaltado 5 vezes. Paravam o caminhão, faziam meter no meio da caatinga, levavam todos os butijão de gás e dinheiro. Depois de algumas experiências, ele resolveu andar com menos grana e com algumas declarações falsas de que tal pessoa de tal lugar tava devendo o dinheiro da mercadoria pra ele, pra enganar os assaltantes.

Nessa viagem também fomos falando com os outros passageiros, entre eles uma moradora de SRN e um guia do parque, que nos esclareceram várias coisas. A essa altura, ou seja, indo pra cidade, ainda achávamos que não íamos precisar de um carro e que talvez conseguíssemos fazer o passeio sozinhos, pegar um taxi até o parque, caminhar… esse guia nos colocou na real de que precisávamos planejar algo. Nos deu várias dicas e fiquei um pouco mais nervosa por perceber que tinha que decidir coisas, mas um pouco mais tranquila por ter entendido melhor como funcionava a dinâmica do rolê.

O dia 13 de julho é o dia do rock, por isso quando chegamos vimos que estavam montando palco em uma pracinha no centro da cidade. Nos instalamos e fomos pro centro ver o que ia rolar. Tinham algumas bandas locais, na real eram bandas bem ruins, mas ficamos por ali, comemos uma pizza, saímos pra caminhar um pouco, depois voltamos pra praça e tava tocando uma outra banda mais legalzinha. Curtimos esse agito e voltamos pra casa.

Nessa noite ficamos na casa de um senhor que ia nos hospedar de favor, um desconhecido que encontrei no facebook. Eu não queria falar com ele pra pedir pouso porque não me senti segura, além de ser um completo desconhecido do face ele ainda tinha parecido ser bem esquisito, puxava uns papo meio noia, mandava uns áudios meio loucos, mas meu parceiro de role insistiu e acabei falando. Fomos pra lá, dormimos meio assustados no chão de um quarto cheio de sujeira e tralha, com luz só na sala. O cara era querido, mas bem esquisitão, peculiar, não sabíamos o que esperar, dormimos meio tensos, enfim, essa história já seria um relato à parte de perrengues de viagem. 

Dia 2: Museu do Homem Americano e Museu da Natureza (14/07/2024)

Acordamos nos sentindo melhor, vendo que sobrevivemos à noite. Dormimos super tensos e decidimos que íamos procurar alguma hospedagem na cidade pra próxima noite. Tomamos café da manhã com ele, que nos fez uns beiju pra comer com queijo, e fomos caminhando até o Museu do Homem Americano num trajeto de mais ou menos 40 minutos baixo o sol escaldante da caatinga. Nesse caminho, íamos observando tudo. A vegetação super seca e uns grilos gigantescos que quando voavam pareciam uns pássaros de tão grandes, nunca tinha visto algo parecido. 

Chegando no museu, nosso anfitrião tinha ido até lá de moto nos encontrar e fazer o passeio com a gente. A entrada custa 30 reais, paguei 15 com o desconto de estudante. Entrando no museu, chorei lendo os painéis e vendo a primeira peça exposta, um crânio de quase 10 mil anos. Me dei conta de como era emocionante, quase um sonho realizado, estar alí. Como há 10 anos atrás soube do parque em uma aula de pré história quando tive que apresentar um trabalho sobre esses sítios, e na época nem de longe imaginava que um dia realmente poderia estar ali. E agora era verdade, eu tava em São Raimundo Nonato, dentro do Museu do Homem Americano, vendo os objetos encontrados nas escavações de um dos locais mais importantes pra história da América… foi demais pra mim. Passei um bom tempo parada na primeira sala, lendo as paredes e olhando os objetos, muito emocionada.

Pelo resto do museu, muitas outras coisas. Gostei especialmente dos escaneamentos 3D das pinturas rupestres, mostrando a perspectiva por trás dos ângulos dos desenhos, fazendo imaginar como realmente contam histórias. Na sala principal tem um painel enorme com projeções das pinturas e um documentário passando, com bancos pra sentar e assistir. As outras salas, uma era mais sobre as urnas e enterros, e a outra tinha objetos arqueológicos mais recentes como cerâmicas e umas pontas, incluindo uma de cristal translúcido muito linda.

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Durante a visita, ficamos de olho na presença de duas mulheres que estavam ali, porque, afinal, não tínhamos nada combinado e estávamos em busca de companhia pra fazer os passeios no parque nos dias seguintes. Saindo do museu, vimos as duas paradas em um canto e fomos conversar com elas. Eram duas senhoras que moram em Florianópolis, duas professoras que iam entrar três dias no parque, tinham um carro alugado e estavam naquele dia fechando as visitas com um guia. Sugerimos nos juntarmos a elas pra diminuir os custos e elas aceitaram.

Como era um domingo e os museus não abrem segunda e terça, combinamos com elas de nos encontrarmos depois do almoço pra irmos pro Museu da Natureza, que fica longe, lá perto da entrada do parque, a uns 30km do centro de SRN. Voltamos do museu a pé até onde a van tinha nos deixado no dia anterior porque lembramos de ter visto uma hospedagem ali. Encontramos o local, a Pousada dos Viajantes, e o valor era 35 reais por pessoa num quarto pra 2 com ventilador, e 70 se fosse com ar condicionado. Ficamos ali, obviamente. É um lugar bem simples, quartos bem pequenos, limpo, chuveiro frio. Suficientemente bom e barato, foi nosso grande achado.  Voltamos a pé pra casa do nosso anfitrião pra pegar nossas coisas e levar pra nova estadia. Como fizemos tudo a pé, o que demorou muito, não tivemos tempo de almoçar, mas pelo menos na pousada tinha open de pão com margarina e açúcar com café e nos empanturramos esperando nos buscarem pro outro museu.

Tomamos o rumo pro Museu da Natureza, a entrada custou 40 reais, 20 pra estudantes. Era um museu bem diferente do outro, primeiro por estar no meião da caatinga, dentro do parque, e depois por ter outra intenção, que não é falar do parque em si, mas sim da história da vida na terra, da geologia, paleontologia, das plantas e animais atuais, das paisagens, realmente um museu de história natural e não um museu antropológico igual o outro. Ele tá organizado de forma mais ou menos cronológica, começando com as origens da Terra, a formação dos continentes, as eras geológicas e glaciações, passando nisso pelos fósseis de cada período, falando dos animais e das plantas e terminando em uma sala bem psicodélica com espaço pra deitar e olhar projeções no teto ouvindo umas reflexões sobre o planeta e a humanidade. Saindo do museu, dá pra subir no terraço e olhar a vista panorâmica da caatinga. Foi lindo ter o primeiro vislumbre de o que íamos ver nos dias seguintes. Gostei do museu, especialmente do óculos de realidade aumentada que a gente colocava pra deitar num balanço suspenso e passear 5 minutos flutuando pelas paisagens do parque, incluindo um mergulho por dentro do buraco da pedra furada. Além disso, por ser bióloga, não teve nada de muito novo pra mim, inclusive fiquei com algumas críticas construtivas de coisas que poderiam ser melhores na minha opinião,  mas enfim, sempre incrível ver uns fósseis de megafauna, ainda mais quando eles são ali do local que tu tá. 

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Voltamos pra hospedagem, saímos pra comer algo, escolhemos um restaurante na Avenida dos Estudantes que nos custou uns 25 reais num baita dum rango e voltamos pra descansar pra saída cedinho do primeiro dia de passeio. 

Dia 3: Circuito Desfiladeiro da Capivara (15/07/2024)

Nossas companheiras nos buscaram pelas 8h da manhã e fomos em direção à Serra da Capivara. Fizemos o Circuito Desfiladeiro da Capivara, passando por várias tocas e lugares lindos. Eu pirei na caatinga, ficava olhando as plantas, as rochas, as pinturas, pensando o quão foda era aquilo tudo. 

Tava muito quente e era cansativo, mas recorríamos uma parte de carro e descíamos pra caminhar um pouco, depois íamos mais uma parte de carro, e assim fomos indo. Passamos pelo local que entra pra trilha dos veadinhos azuis, era um lugar que eu queria muito ir ver, essas cores diferentes das pinturas, mas não tava no nosso roteiro porque era bem distante e precisaríamos de mais dias de visita pra ir lá. O parque tem algumas das tocas com acessibilidade pra cadeirantes, o que achei legal. Sendo um sítio arqueológico super relevante, tem bastante estrutura de escadas, corrimões e limites pra que as pessoas não pisem nem toquem nas rochas, o que é bem importante pra conservação do local. 

Almoçamos na cerâmica, onde também fizemos um breve passeio guiado pra ver como funciona ali a feição artesanal das coisas. Tem ali junto a fábrica de camisetas e a loja, recomendo muito não comprar camisetas nos museus (como eu acabei fazendo) e esperar pra ver ali, por ter muito mais opções que nas lojas menores espalhadas pelos outros locais de visita. Os preços são todos tabelados, então não importa onde tu compre qualquer coisa das oficiais do parque, vai ser o mesmo valor. 

Nesse dia, o guia nos ofereceu pra irmos no Boqueirão da Pedra Furada de noite. A princípio esse passeio custa 115 reais à parte do guia, mas rolou algo que tinha um outro grupo que ia ir e podíamos nos juntar por só 15 reais por pessoa. Uma das nossas companheiras queria muito ir e fomos todos. Achei legal, o escuro e as luzes dão umas vibes diferentes e também dá pra ver outros detalhes diferentes de ver aquilo de dia, mas na real se não fosse a tia querer muito muito ir eu não faria questão, além de que não pagaria 100 reais só pra ver as pinturas iluminadas no escuro sendo que no dia seguinte de passeio eu ia ver elas ali durante o dia. 

Voltamos do passeio e estávamos esperando o contato de uma família de amigos de amigos que ia nos hospedar, mas como estávamos podres do dia acabamos ficando mais essa noite na pousada. Apesar disso, nos buscaram e fomos jantar cuscuz e beiju na casa de uma família queridíssima de piauienses que nos receberam quase que como filhos, uma experiência linda todo o acolhimento que tivemos e ainda teríamos. 

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Dia 4: descanso e visita ao mercado do produtor (16/07/2024)

Esse dia acordamos um pouco mais tarde e fomos em busca desse mercado do produtor que nos tinham dito. Tem várias bancas com principalmente farinhas e bruxarias, mas no geral quase todas tem meio que as mesmas coisas. Acho impressionante a quantidade de diferentes farinhas de mandioca que existem, já que aqui no RS tem só uma, a farinha de mandioca. De bruxaria, um monte de óleo de planta, sementes, ervas, rapé, banha de cascavel e mais um monte de coisa. Demos uma volta, compramos uns doces de buriti e farinha e mel e óleo e coisa. 

Nesse dia também nos mudamos da pousada dos viajantes pra casa da família que ia nos hospedar a partir desse dia, então ficamos lá conversando e comendo e descansando. Na noite fomos dar um rolê, queríamos jogar uma sinuca, achamos um bar tocando música altíssima onde só tinha velhos muito muito loucos tomando uns litrão de skol e cantando alto, um pico bem insalubre com muito cheiro de mijo, mas ficamos por lá pelo tempo de 1 litrão e 1 sinuca pra viver essa experiência. Daí voltamos pra casa a pé, tudo meio perto, e no outro dia era mais um dia de parque. 

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Dia 5: Circuito Pedra Furada, mercado outra vez e Sítio João Pimenta (17/07/2024)

Nos encontramos com nossas companheiras e me frustrei por descobrir que só íamos no parque durante a manhã, durante a tarde elas iam no mesmo mercado do produtor que fomos no dia anterior. O passeio delas pela Serra Branca tinha sido muito longo e cansativo, então decidiram fazer o terceiro dia mais curto. Tudo bem, elas que tavam planejando tudo, estávamos indo assim de colados, então não tinha o que fazer sobre.

Apesar disso, foi alucinante. Me frustrei em outro momento, em que íamos fazer um trajeto com escalaminhada e a senhora mais velha não tinha condições de ir, como o guia tem que ficar com o grupo inteiro junto e não pode separar as pessoas, fomos todos juntos por um caminho ao lado que era uma trilha normal. De qualquer forma chegamos no topo de onde daríamos com a escalaminhada, e foi um ponto que chorei de tão lindo e emocionante que achei. Depois disso fizemos uma travessia que foi incrível, embora não lembre o nome; caminhamos bastante conhecendo a caatinga sem necessariamente ver sítios arqueológicos até chegar em um mirante no topo de uma rocha. Sol rachando o coco, mas tão gratificante cada centímetro de pele queimada pra lidar no dia seguinte. Como me interesso especialmente pelas plantas, ficava perguntando pro guia e ele nos respondia o quanto sabia. Aprendemos a diferenciar o mandacaru, o xique-xique e o facheiro, que é o cacto que faz barulho de chuva quando tu passa os dedos de cima pra baixo nos espinhos. Maravilhoso como o sertão, seco como é, imita a água que ali falta. 

Vimos a Pedra Furada tanto de cima como de baixo, de frente, mas estavam montando a estrutura do palco pra Ópera da Serra da Capivara, então a vista tava poluída com esses andaimes e ferros e palcos e tudo mais. Foi meio triste que a viagem foi logo depois das festividades de São João e logo antes desse rolê da ópera, justo no momento entre dois eventos que teria sido muito legal vivenciar, mas de qualquer forma seriam só extras que de forma alguma diminuíram a experiência de estar lá no parque.

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Passeio finalizado, nos direcionamos pro Restaurante Trilha da Capivara pra almoçar. Rango bem normal, na real os dois almoços dos dias de parque custaram 50 pila e achei menos bons que os rangos que comemos pra dois pela metade do preço na cidade. O guia foi embora, deixamos a mulher mais velha no hotel e fomos com nossa outra companheira pro mercado do produtor. Nisso, eu que não tava cansada e ainda queria conhecer algo da serra da capivara, comecei a falar do Sítio João Pimenta. Instiguei essa curiosidade e acabamos indo pra lá depois de tomar um sorvete no Frutos de Goiás, que pra quem não conhece (no RS não tem, sei que pelo resto do Brasil é mais comum) recomendo muito provar os sabores de frutas nativas em sorvetes e picolés. 

O Sítio João Pimenta é indo na direção da Serra Branca, outra estrada que não a da entrada do parque por Coronel José Dias. Lá funciona como pousada e camping, a Niede Guidon queria comprar pra fazer parte do parque, afinal tem uns sítios de pinturas e gravuras, mas acabaram deixando assim mesmo porque de qualquer forma é um local que ajuda a preservação desse patrimônio. No geral são poucas pinturas, não valeria a pena visitar só por isso, mas é bem bom poder ter autonomia de fazer trilhas sem guia e ficar tranquilo com o tempo e o trajeto, além da possibilidade de poder acampar.

Não ficamos muito tempo e não fizemos nenhuma das trilhas além dessa das pinturas e da parte onde dá pra ver a revoada das andorinhas. Não vimos porque pelo jeito elas só baixam se tá em silêncio e tinha uma criança conversando bem alto com o pai e o cara que trabalha lá, então apareciam algumas aves mas a revoada não rolou, pelo menos não durante o tempo que tentamos esperar pra ver. 

A entrada lá custou 10 reais por pessoa. Fiquei feliz de ter podido apreciar um pouco mais a paisagem do que só o turno da manhã no parque com guia. 

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Dia 6: viagem SRN - Petrolina e volta ao "RS" (ou seja, Florianópolis) (18/07/2024)

E chegou o dia de ir embora… Pegamos de novo a van do Seu Francisco, que combinamos com antecedência, de manhã cedo rumo a Petrolina. Nesse dia tivemos mais uma comprovação de que o povo nordestino é muito querido e amoroso, entramos em contato com a prima da mulher que nos hospedou em SRN e ela deixou a chave da casa dela com um vizinho pra entregar pra nós, dois completos desconhecidos, passarmos o dia descansando na casa. Chegamos lá, entramos na casa dela bem de boa, dei uma dormida no sofá, depois ela chegou com a maior normalidade do mundo encontrando dois desconhecidos dormindo, conversamos um pouco, ela foi embora e nos deixou lá super à vontade. Deixamos nossas coisas e fomos dar uma volta, procurar um almoço, comprar umas lata de pitu pra trazer pro sul. E foi isso… aeroporto, espera, voo, mais aeroporto, e de volta pra Florianópolis, ainda não o destino final, afinal o aeroporto de Porto Alegre ainda tava sem funcionamento por causa da destruição da enchente e essas fita. Eu tinha uma passagem com ID jovem Floripa - PoA pro dia seguinte, passei uma noite em um hostel qualquer, e no outro dia foi uma eterníssima viagem de quase 10 horas mas não se pode reclamar de algo que se pagou apenas 13 reais neam. Triste de voltar pra casa, mas sempre feliz de ter finalizado uma viagem linda.

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Editado por miranlauberf
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Considerações finais:

- Se tivesse sido possível, eu com certeza ia querer ir mais dias no parque. O pico é muito lindo, alucinante, eu queria muito há muito tempo conhecer a caatinga e atingiu e superou qualquer expectativa. Uma pena que não tenha dado pra conhecer mais, mas de qualquer forma eu amei e não sinto que perdi coisas por ter ido só dois dias. Foi experiência suficiente, embora certamente ter disponibilidade de mais dias seria fantástico.

- Achei boa a experiência com nosso guia, ele era bem parceiro, na minha opinião explicava bem as coisas, nos acompanhou durante o dia inteiro ao contrário de alguns relatos que tem aqui no fórum de guias que só trabalham até meio dia, então achei bem proveitosa essa escolha. Pena que não tenho mais o contato dele pra indicar. 

- Ficar em São Raimundo Nonato pode ser bem barato, assim como também pode ser bem caro. Como disse, pra duas pessoas gastamos 70 reais por dia na hospedagem, bem simples, mas suficiente. Lugares mais cômodos podem ter toda a gama possível de valores, dependendo do que tu busca. Estávamos por gastar o mínimo possível, então foi ótimo. 

- Não vou resumir os gastos finais até porque faz tempo e não lembro de tudo, mas com o que fui colocando aí no texto dá pra ter uma ideia. 

Fimmm, espero que todos que queiram ir pra Serra da Capivara consigam de fato ir, qualquer coisa to à disposição pra trocar ideia sobre essa viagem. 

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Essa logo na esquerda do último pedaço do cacto dá pra ver a pedra furada e dentro essas listras cinzas são a estrutura do palco pra ópera da serra da capivara, eu ficava mexendo os ângulos pra tentar tirar foto sem mostrar os ferro mas tava difícil

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Não coloquem a mão nas pinturas galera kkk perdão por essa mas foi só essa 

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mocó, roedorzinho onipresente seja por estar ali de boa ou pelos cocô que tu fica desviando durante todo o trajeto

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o museu da natureza à direita, pra lá da foto só segue o mar infinito de caatinga

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essa a parte da escalaminhada que não fizemos, passamos pela trilha que tem à direita mas de qualquer jeito chegamos lá em cima em um desvio da trilha antes de seguir rumo

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Editado por miranlauberf
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