Membros Este é um post popular. Davi Leichsenring Postado Setembro 5 Membros Este é um post popular. Postado Setembro 5 (editado) Escrevo-lhes meu relato da viagem a Patagônia que fiz em Dezembro de 2023, ali antes de começar o verão. A minha viagem mesmo começou em Santiago e terminou em Porto Alegre, mas vou relatar apenas a parte interessante que foi visitar a região da Patagônia, nas cidades de Puerto Natales, El Calafate, El Chalten e Ushuaia Observações: Colocarei informações de preços na Argentina apenas em euros por dois motivos, uma que moro na Alemanha, então é a moeda que uso, outro que Argentina possui uma moeda muito volátil, os preços em pesos mudam a cada semana, logo ficaria com informações demasiadamente defasadas. O roteiro que segui foi esse: Dia 08/12 Puerto Natales Peguei o voo no meio da tarde em Santiago, o dia estava limpo com poucas nuvens que foi uma sorte muito grande, porque os Andes fica constantemente nublado. Eu que não sou bobo, já tinha reservado um assento no lado esquerdo na janela, pois como o avião não sairia do território do Chile, logo passaria ao oeste das montanhas, então a visão leste seria dos Andes. O avião decolou e em poucos minutos já podia ver os Andes na sua plenitude, é aquele mar de montanhas que não se acaba, como era quase verão, tinha bem pouca neve. A paisagem era a mesma por umas 2 horas de viagem, cheguei a dar uns cochilos, mas então a paisagem começou a mudar pouco a pouco, o que se via da montanha nua, agora era uma roupagem branca. Era hipnotisante ver aquele mar de neve eterna, se via picos e vales por muito tempo e ainda sim não tinha chegado na melhor parte. Parece um tapete de neve Na parte final do voo, começa a ver a própria Patagônia com seus lagos azuis, vales largos e também a parte da Argentina. O sol brilhava e praticamente não tinha nenhuma nuvem no céu, era como viajar pelo Google Maps mas ao vivo, na verdade muito melhor que isso, pois nenhuma foto se compara com o ao vivo. Nisso comecei a reconhecer alguns pontos famosos, como o lago San Martin de azul turquesa e alguns glaciares, logo em seguida apareceu uma das montanhas mais famosas da Argentina, o Fitz Roy. Fitz Roy Isso foi quando todo mundo do avião começou a vir pro lado esquerdo para dar pelo menos uma bisbilhotada e tirar uma foto da montanha, e eu estava ali com a janela toda para mim (ainda passei um alcool e um lenço para deixar bem limpo), pois a minha fileira estava vazia. Assim depois apareceu o lago Viedma, mas não dava para ver a cidade de El Chalten por ser muito longe e ela é bem pequena. Mais um pouco apareceu o lago Argentino e pude observar o famoso glaciar Perito Moreno do alto, mas também não era possível ver El Calafate, por estar muito longe. Algum glaciar por aí Perito Moreno Seguindo o voo, os Andes começa a se afunilar, então a paisagem fica mais diversificada podendo ver as terras largas da Patagônia e outros lagos. Nos minutos finais, quando o avião sai da altitute cruzeiro e começa a descer lentamente, o avião passa mais perto do Parque Nacional Torres del Paine, e claro, ali estava a sua própria montanha homonima no seu explendor, pois não tinha nenhuma nuvem por perto, e assim o avião desce e começa a se preparar para o pouso. Como o aerporto é perto de Puerto Natales, ainda dá para dar uma boa olhada na cidade por cima, até que o avião pisa no chão. IMG_8678.MP4 Torres del Paine O lago do Parque Nacional Assim que sai do avião, se sente a paisagem incrível que é o lugar, um grande lago com montanhas ao fundo com seus topos salpicados por neve. Não chega nem dar vontade de tirar muitas fotos, pois não tem câmera que mostre a grandiosidade de estar em pé naquele lugar, sentir a brisa e o sol, e por onde olha tem a natureza no seu estilo patagônico de ser. O Aeroporto de Puerto Natales nada mais é que uma pista de pouso com uma construção de uma salinha com poucas cadeiras. Assim que peguei a mochila que tinha despachado, segui para a saída na qual tinha uma mulher já na porta vendendo tickets pro transfer pra cidade. Ali não tem erro, não tem como não a vê-la, porque todo mundo vai estar indo comprar seus tickets com ela. Logo que passa da porta, você está do lado de fora e tem as vans e vários taxistas, basta seguir pra fila das vans, entregar o ticket pro outro funcionário, que ele pega sua mochila e joga no bagageiro e você se joga no banco. Em menos de 20 minutos você vai estar na cidade. O motorista vai te perguntar qual hostel, hotel ou pousada em que está, e ele vai te deixar na entrada dele. A cidade é pequena, então ele conhece já todos os endereços. Desci onde ficava meu hostel, Corner Hostel, de esquina para a praça Bernado O'Higgins. A localização é boa, cerca de 10min a pé da estação de ônibus e outro tanto para o lago. Fiz o check-in, deixei minhas coisas e saí pra conhecer a vila e comer alguma coisa. Na beira do lago que não é lago, é um depaço do mar A cidade, se é que se pode chamar de cidade, é um povoado sem nenhum atrativo, exceto claro pela localização e pela paisagem em volta. Mas não tem muito o que fazer, tem alguns mercadinhos tipo biboca e um mercadão sempre cheio, pois é o único grande do lugar, e alguns restaurantes por ali e por aqui. Caminhei até a praia do lago, dei quase uma volta inteira no povoado e voltei pro hostel, comprei umas coisinhas pro dia seguinte num mercadinho perto, pois eu iria subir até o Torres del Paine, e no final da noite, depois de um banho tomado, dei uma outra saída para comer alguma coisa. Eu não vi tanta opções de restaurante, é uma vila na verdade, sexta a noite e não tinha muito movimento, tinha um ou outro restaurante fechado, entui em um perto do hostel, comi umas carnes, total 24CLP (24€) e então voltei pro hostel para me preparar pra deitar, pois tinha que acordar cedo no dia seguinte. IMG_8690.MP4 Descida do avião, se pode avistar o aerporto e o povoado logo em seguida. Gastos do dia: Passagem de avião Santiago - Puerto Natales - 180€. Transfer para centro Puerto natales - 4000 CLP (cerca de 4€) Gasto mercado (biscoito, agua, e umas outras coisinhas) - 10000 CLP (cerca 10€) Janta - 24CLP (cerca de 24€) Hostel 2 noites - 32€ Editado Setembro 6 por Davi Leichsenring 1 7 Citar
Membros D FABIANO Postado Setembro 6 Membros Postado Setembro 6 @Davi Leichsenring O peso chileno já valia cerca de 1 euro ao que vejo.Esse mercado que fala ainda é o Unimarc ou mudou o nome? Citar
Membros Davi Leichsenring Postado Setembro 6 Autor Membros Postado Setembro 6 O peso estava bem próximo de 1000 para 1, então era fácil converter. Ainda é o Unimarc, e é típico do que acontece em cidade praiera nas férias, filas gigantes de turistas, mesmo com todos caixas abertos. Eu acabei desistindo e fui comprar nesses mercadinhos. Citar
Membros Este é um post popular. Davi Leichsenring Postado Setembro 6 Autor Membros Este é um post popular. Postado Setembro 6 (editado) Dia 09-12 Puerto Natales - Torres del Paine Acordei as 6 da manhã, tomei um café meia boca e um pedaço de pão, pois eu não sou de comer cedo, e parti para a rodoviária. Eu já tinha comprado o bilhete do ônibus e a entrada do parque com um mês de antecedência , pois não se tem muitas opções e é um tanto concorrido o ônibus, melhor não deixar para última hora. Em uma pequena caminhada de 10min cheguei na rodoviária e fiquei esperando meu ônibus, que sairia as 6:45, junto com outros tantos mochileiros que iriam para o parque Torres del Paine. O ônibus atrasou uns 15 minutos, mas nada que afetasse o itinerário. O meu plano era fazer a trilha do Torres de Paine no dia e voltar ainda no fim da tarde, nada de circuitos O ou W, pois sou um pouco sedentário para essas aventuras, e não tinha tanto tempo assim. Chegando na entrada do parque, cerca de 2h de viagem depois, você precisa descer do ônibus, passar no escritório para confirmar o seu ticket (ou comprar na hora), para assim entrar de fato no Parque. Para quem vai seguir viagem para a estância Pudeto, volta pro ônibus, mas para quem vai para a trilha do Torres del Paine, seja qual for, deve pegar uma outra van ali na entrada. Se quiser economizar 4000CLP (cerca de 4€), você pode seguir a pé até o Centro de Boas-Vindas, onde tem uma estrutura de restaurante e loja e é onde se começa a trilha por Torres, mas isso são umas 2h de caminhada, e se quiser evitar a fadiga, basta pagar ali na hora na van para fazer esse trajeto, que dura cerca de 15min. (Lembre-se de levar dinheiro em espécie, pois quase fiquei para trás na volta por causa disso). IMG_8716.MP4 Ainda no ônibus quando entra no Parque Cheguei no centro de Boas-Vindas umas 9:15, tirei meus bastões da minha pequena mochila e segui para a trilha. Aqui começa o caminho de dor e sofrimento, se eu fosse uma pessoa esportiva, com anos de trilhas e sempre ativo, não seria tão difícil, mas a realidade de quase todo mundo que vai pro Torres, e provavelmente a sua, que está planejando subir também, é de pessoas normais, que são levemente sedentárias mas ainda sim tem um pouco de energia para fazer essas aventuras mirabolantes. Digo que não é impossível, vi gente quase idosa e outras bastantes pesadas subindo também, a maior diferença é que você vai chegar lá em 3h ou 6h, o corpo dá um jeito, todos conseguem subir, e também descer. Mas é uma trilha nada fácil. A primeira parte parece tranquila, você caminha numa região plana com chão de terra por umas meia hora. Então você se depara com o primeiro desafio, subir uma ladeira por uns 40 minutos, o que complica é que o chão é cheio de pedregulho, é como se fosse (ou é) um leito de riacho, com a terra levemente escavada, sendo difícil ter um apoio de pé firme, e toda hora pisando em pedra solta e fazendo zigue-zague. Assim que chegar na parte alta (da trilha, não do morro) tem a segunda parte que é seguir pela encosta do morro, sendo ela de subida e decida. O chão ruim de andar O que complica é que o chão é de uns pedregulhos pequenos e soltos, e você está toda hora deslizando pela estrada. Em certas partes seus pés ficam levemente patinando, igual carro tentando subir um morro íngrime, o que acaba gastando mais energia que gostaria. E nisso você vai subindo e descendo, infelizmente mais descendo que subindo (porque vai ter que subir tudo de novo), e chega até o nível do rio, onde se encontra o refúgio Chileno. A trilha descendo novamente pro rio O rio Ali tem uma estrutura para você dar uma parada, descansar um pouco e comer algo, mas ainda é metade do caminho. Seguindo a trilha, ao menos o terreno de caminhada é mais firme, mas nem tanto, e você continua patinando pelas pedras soltas, e segue levemente subida por um bom tempo até chegar em uma parte íngrime onde a trilha vira a esquerda para dentro da montanha, pois é ali atrás que está o seu destino final. Isso já se foi umas 3h de caminhada e você já está morto de cansado. Você olha aquela subida toda e pensa, estou quase chegando (spoiler, não está). Ao menos seu corpo está aquecido, a temperatura, mesmo no verão, é amena, então não passa muito calor. Virada íngrime a esquerda Após quase uma hora de subida você percebe que ainda tem uma última pernada, mais íngrime e mais cheia de pedra. Mas, você não chegou tão longe pra desistir na parte mais difícil, o jeito é seguir adiante. Com o resto de força que lhe sobrou (quase literalmente), você vai subindo lentamente, as vezes apoiando a mão nas pedras por perto, fazendo cada esforço para subir um passo por vez. Ao menos não é longa essa última parte, cerca de meia hora, e então você finalmente chega ao mirador do Torres del Paine, mas certamente a primeira coisa que vai olhar é onde se sentar, porque seu corpo já pediu arrego. Mas uma coisa eu digo sem sombra de dúvida, valeu cada metro que andei naquele Parque, é algo que mesmo com dificuldade vale a pena fazer. Está vendo aquela pedra ali no meio da foto, quase no topo? Ela tem uns 8 metros de altura, você passa por de trás dela. Se olhar atentamente, á esquerda se vê um ponto preto, que é uma pessoa. Consegui subir em 4h de caminhada, pude então finalmente descansar satisfeito, olhando aquela paisagem de cartão postal e comendo meu almoço, no caso um pacote de biscoitos, pois não gosto de comer muito quando faço trilha. Fiquei cerca de uma hora ali em cima, tirando fotos e apreciando a paisagem, então já me senti com energia suficiente para voltar, o que não seria nada fácil também. O troféu do mochileiro Pode não parecer, mas a descida é quase tão complicada como a subida, devido ao terreno acidentado e íngrime, você gasta muito o músculo dos joelhos, esse que a gente usa pouco no dia a dia, e dá uma canseira, porque você fica toda hora amortecendo as passadas para baixo. Chegando de volta no rio, você precisa subir toda aquela parte que eu comentei, que se desce mais que sobe, na encosta do morro, mas agora com muito mais cansaço que anteriormente, eu chegava a parar a cada 10 metros em certas partes para pegar energia. A parte final parece que nunca chega, quando você está de volta ao terreno plano, pensa logo que já está chegando, mas são pelo menos umas meia hora de caminhada até chegar no Centro de Boas-Vindas, parece uma trilha infinita, porque não se tem mais nenhuma energia para continuar. Agora fazer o caminho de volta, trilha de subida a direita Depois de um total de quase 9h (4h para ir, 4h pra voltar e 1h lá em cima), 25km andados, dor por todo lado, cheguei um pouco antes das 18:00 no Centro de Boas-Vindas, onde tinha começado a trilha. Ali me desabei num banco, de alívio, fiquei ali uns 20minutos me recompondo sentado, até que começou a chuviscar (grande sorte, porque não peguei 1 pingo de chuva na caminhada), então resolvi entrar no estabelecimento. A infra estrutura do lugar é boa e moderna, tem banheiros grandes e limpos, uma lojinha e uma lanchonete. Ainda morto de cansado, pude finalmente descansar e comer de verdade, comprei ali mesmo um sanduíche, um gatorade e um refri (ninguém é de ferro), e foi menos caro que pensei, mas ainda sim um tanto caro, cerca de 13.000 CLP (13 euros) pelo sanduíche e 5.000CLP (5 euros) por cada bebida. O Chile é um país caro e ainda mais numa parque isolado em uma região isolada do mundo, não foi um preçõ exagerado. Última parte que parece infinita Era cerca de 18:30 quando fui ver como voltar pra entrada do parque, descobri então que as vans saiam apenas a partir das 19:30, pois os ônibus para a cidade saem a partir das 20:00. O funcionário que vende os bilhetes estava por lá, então pedi para comprar um bilhete no cartão, pois eu não tinha mais dinheiro em espécie, e ele simplesmente disse que não aceitava. Daí bateu aquele mini desespero, como fazer pra voltar? pois não dava tempo de ir a pé, o jeito seria então mendingar por 4.000 CLP por aí "Eu poderia estar matando ou roubando mas só quero voltar pra casa". Mas antes de tudo, fui no caixa da loja perguntar se eles trocavam dinheiro ou se eu pudesse comprar no cartão e me devolveriam em espécie uns trocados, a guria disse que não podia fazer isso, então expliquei a minha situação para ela. A moça então disse, "espere um minuto", e foi atrás do cara que vende as passagens. Daqui a pouco ela volta junto com o rapaz segurando a maquininha de passar cartão na mão. Agradeci algumas vezes a atendente e comprei o bilhete da van com meu cartão de crédito. Ao que me parece, a empresa é obrigada a oferecer pagamento com cartão dentro do Parque. Passados uma hora, chegou o ônibus para levar a entrada do Parque, porém eram apenas dois, então quando ele lotava, ele partia e esperavamos o próximo que partiria em 15 minutos, esperei ali na fila e entrei assim que o ônibus retornou. Já de volta ma entrada do parque,tinha que esperar umas meia hora ainda para a partida do ônibus (que eu tinha comprado com antecedencia ida/volta uns meses antes) com saída as 20:20, então sentei nos bancos ali enquanto enquanto aguardava. Quando deu 20:05, o ônibus marcado para sair esse horário não estava cheio, então o motorista começou a chamar qualquer um que tinha passagem pela Bus-sur, não importando o horário, para que pudesse entrar, pulei rapidamente para dentro do ônibus, e em 5minutos ele partiu para sua viagem de volta. Dua horas depois chegamos na cidade, como eu já tinha 'jantado' e era umas 22:00 horas, voltei me arrastando para o hostel, tomei um banho e fui dormir. Gastos do dia: Passagem de ônibus ida/volta pela Bus-sur - 30€ (comprei online um mês antes) Transfer ida / volta dentro do Parque - 8000 CLP (cerca de 8€) Gasto no estabelecimento - 23000 CLP (cerca 23€) Entrada do Parque: 32€ (Preço fixo de 35 dólares) Editado Setembro 6 por Davi Leichsenring 2 3 3 Citar
Membros Guillherme Postado Setembro 10 Membros Postado Setembro 10 Seu relato tá ficando excelente! Tô acompanhando, porque pretendo fazer esse roteiro em 2025. Obrigado por tantos detalhes! 1 Citar
Membros Este é um post popular. Davi Leichsenring Postado Setembro 10 Autor Membros Este é um post popular. Postado Setembro 10 (editado) Dia 10-12 El Chaltén Tive que acordar cedo novamente, pois meu ônibus partia às 7h30. Tomei meu café, arrumei meu mochilão e fui para a rodoviária. Esse seria um dia apenas de "em trânsito"; eu estava indo para a Argentina. Como não existe ônibus direto para El Chaltén, tive que comprar os trechos separados: um de Puerto Natales a El Calafate e outro de El Calafate a El Chaltén. O ruim é que não há como pegá-los em sequência, já que os ônibus para El Chaltén partem ou de manhã ou no fim da tarde. Portanto, tive que esperar a tarde toda na rodoviária de El Calafate. Rodoviária de Puerto Natales O ônibus saiu um pouco atrasado de Puerto Natales, mas isso não fez muita diferença para mim. Ele seguiu o mesmo trajeto que vai para o Parque Torres del Paine, então ainda tive uma última oportunidade de ver as montanhas do Parque do Torres del Paine ao longe, mas no fim da Ruta 9, seguimos à direita em direção à Argentina. O ônibus era confortável, mas nada excepcional. Atravessamos a fronteira sem muita demora; todos descemos, fomos para a imigração, entregamos o papelzinho chileno e fizemos a saída. Falando nisso, esse papelzinho eu acho muito estranho. Enquanto alguns países aboliram até o carimbo, outros criam mais burocracia. Não entendo por que é necessário carregar um papel extra, já que todo passaporte tem chip de identificação e espaço para carimbo. Eles passam seu passaporte na máquina para verificar de qualquer forma, têm todas as suas informações de entrada, então qual o sentido de levar aquela "nota fiscal"? Enfim, fica aqui meu desabafo. Atravessamos a fronteira e descemos novamente para fazer a entrada na Argentina. Esse processo é mais simples, pois não há carimbo; as informações do passaporte são registradas no sistema deles, fácil e indolor, assim entramos na Argentina. Chegamos quase uma hora da tarde na rodoviária de El Calafate, e agora eu precisava esperar 5 horas para o próximo ônibus, em pleno domingo. Eu poderia ter ido a pé para o centro para passar a tarde, ver a cidade e comer algo, mas eu estava todo dolorido por causa do dia anterior. Além disso, a rodoviária não tinha guarda-volumes (ou tinha, mas estava fechado por ser domingo), então resolvi ficar por ali mesmo, esperando o ônibus. Eu ainda tinha um pacote de biscoitos, que acabou sendo meu almoço, pois ao redor da rodoviária não havia praticamente nada (havia um restaurante em frente, mas estava fechado). A rodoviária fica praticamente fora da cidade, então o jeito foi esperar olhando pro teto, ao menos eu tinha levado meu Kindle e fiquei lendo para passar o tempo. Aproveitei também para trocar alguns euros por pesos argentinos, uns 100 euros. Como a cotação na rodoviária não era das melhores, troquei apenas o suficiente para o tempo que passaria em El Chaltén. No fim, paguei quase tudo com cartão de crédito na viagem toda, pois, como meu banco é da Alemanha, não tenho IOF e a cotação euro x dólar é boa, então valeria a pena trocar de moeda em espécie apenas se encontrasse uma cotação de pelo menos 1.000 ARS para 1 EUR, mas na Patagônia jamais encontrei a esse valor, pagava-se em torno de 950 para 1 (mas não tentei Western Union), apenas em Buenos Aires tinha cotação melhor, coisa de 1050 para 1. Depois de passar a tarde toda esperando, finalmente chegou o ônibus para El Chaltén, pontualmente. Subi e segui viagem. O trajeto tem uma paisagem única, e apesar de ser início de noite, era verão (faltavam 10 dias para o início oficial do verão, na verdade), e o sol se punha depois das 21h00 naquela região. Assim, o dia ainda estava bem claro durante a viagem. A paisagem entre as duas cidades é a "verdadeira" região Patagônica, a que vem à mente quando se fala em Patagônia, com aquele semi-deserto de cor verde fosco, descampado, sem nenhuma árvore e com vegetação rasteira. Diferente de Puerto Natales, que é bosque (ainda que seja o bosque patagônico), com áreas verdes e úmidas, típico da parte encostada nos Andes. Sentei-me do lado esquerdo do ônibus, pois é onde se vê a paisagem mais bonita. Dali se avista tanto o Lago Argentino, de cor azul característica, quanto o Viedma. É uma daquelas paisagens que nem uma foto consegue demonstrar um décimo do que é ver ao vivo: os lagos com cores quase turquesa, cercados por vegetação rasteira em tons de verde desbotado e musgo, e ao fundo dos lagos, bem ao longe, numa visão em paralaxe, os Andes com seus picos cobertos de neve. Mas quando se chega a El Chaltén, a paisagem volta ao bosque patagônico, parecido com Puerto Natales. Caminho para El Chaltén e a patagônia no meio No fundo aos pés dos andes o lago argentino de cor lago argentino O ônibus chegou pontualmente à minúscula rodoviária. Em El Chaltén, se faz tudo a pé, pois a cidade é uma vila, onde em poucos minutos de caminhada se chega a qualquer lugar. Chuviscava um pouco, então fui direto para o hostel. Fiz o check-in, deixei minha mochila no quarto e saí para encontrar algo para comer. Observei que El Chaltén é mais preparada para o turismo do que Puerto Natales; na avenida principal, há muitas opções de restaurantes, dos simples aos mais sofisticados, além de diferentes tipos de hotéis. Acredito que há uma razão para isso: em Puerto Natales, as pessoas precisam sair bem cedo de manhã, antes das 07:00 e voltam tarde da noite, depois das 21:00, após visitar o Parque, então não têm tempo para sair e jantar ou fazer outra coisa. Já em El Chaltén, no fim da tarde, todos já retornaram das trilhas antes das 19:00, então há a noite toda para fazer algo. Assim, encontrei um restaurante e jantei um hambúrguer por 12€, que certamente não valia o preço, mas a cidade era cara mesmo, não há muito o que fazer. Depois disso, voltei para o hostel, porque ainda estava todo dolorido do dia anterior, mal conseguia me mover. O problema é que fui para El Chaltén especificamente para subir a Laguna de los Tres, onde fica o Fitz Roy, mas já estava começando a duvidar se teria condições para tal proeza. Perguntei na recepção se havia uma van para chegar ao Senda El Pilar, mas a recepcionista ligou para a operadora de van e não havia mais vagas para o dia seguinte. Para quem não sabe, é possível subir ao Fitz Roy por duas rotas: uma que começa na saída da cidade, onde se faz tudo a pé, e a outra que é pegar uma van até o Senda El Pilar, que fica cerca de uns 10 km ao norte, e partir dali. Essa segunda trilha é mais curta, talvez uns 3 km a 4 km a menos, e mais plana, então é bem mais tranquilo de se fazer, pois evita bastante subidas. Se não me engano, custava cerca de 7€ pegar a van, e eu estava disposto a pagar o preço que fosse, porém não tive essa opção. Então o jeito era esperar o dia seguinte para saber se eu me sentia em condições de fazer a trilha ou não, então fui pro quarto dormir um pouco mais cedo que usual para descansar bem para o dia seguinte, mas ainda na dúvida se eu faria ou não a subida ao Laguna de Los Tres. Gastos do dia: Passagem de ônibus Puerto Natales - El Calafate: 32€ (comprada um mês antes pelo recorrido.cl) Passagem de ônibus El Calafate - El Chaltén: cerca de 20€ (comprada um mês antes pelo site da Taqsa) Hostel (2 noites): 36€ Hambúrguer: 12€ Editado Setembro 10 por Davi Leichsenring 4 1 Citar
Membros D FABIANO Postado Setembro 10 Membros Postado Setembro 10 @Davi Leichsenring Não é só Chile que tem esse papel para carregar por aqui. Argentina tinha, agora não sei nem quero saber,é outros países também tem como Colômbia, Peru, Ecuador e,se não me falha a memória, México. Uma vez eu perdi em Puerto Madrin e fui correndo ao escritório de migraciones. Pensando no tamanho da bronca que ia levar, mas era melhor que uma multa na saída da Argentina. Até que não foi tão grande como pensei e disseram para eu falar na saída que eles haviam me autorizado a voltar ao Chile e que já sabiam. O cara da fronteira é quem deu de engraçado e ficou rindo de brasileiro,como sempre fazem por ali,mas ainda bem multado não fui como queria. Agora,o papel é feito no computador. Naquela época era a pessoa quem preenchia e tinha bem claro,se perder,multa,então todos viam ao preencher. O que não entendo é o check mig da Colômbia e região. Esse eu fiz no final do ano para entrar em Curaçao. É um saco, pela internet,mas finalizar que é o problema. No caso, o computador não quis finalizar e tive que imprimir para levar comigo.Haja paciência, por essas coisas detesto migraciones, seja lá de onde for. Citar
Membros Luan Sehn Postado Setembro 10 Membros Postado Setembro 10 Relato top e super detalhado. Estarei acompanhando, obrigado por compartilhar conosco. 1 Citar
Membros Davi Leichsenring Postado Setembro 11 Autor Membros Postado Setembro 11 9 horas atrás, D FABIANO disse: @Davi Leichsenring Não é só Chile que tem esse papel para carregar por aqui. Argentina tinha, agora não sei nem quero saber,é outros países também tem como Colômbia, Peru, Ecuador e,se não me falha a memória, México. Uma vez eu perdi em Puerto Madrin e fui correndo ao escritório de migraciones. Pensando no tamanho da bronca que ia levar, mas era melhor que uma multa na saída da Argentina. Até que não foi tão grande como pensei e disseram para eu falar na saída que eles haviam me autorizado a voltar ao Chile e que já sabiam. O cara da fronteira é quem deu de engraçado e ficou rindo de brasileiro,como sempre fazem por ali,mas ainda bem multado não fui como queria. Agora,o papel é feito no computador. Naquela época era a pessoa quem preenchia e tinha bem claro,se perder,multa,então todos viam ao preencher. O que não entendo é o check mig da Colômbia e região. Esse eu fiz no final do ano para entrar em Curaçao. É um saco, pela internet,mas finalizar que é o problema. No caso, o computador não quis finalizar e tive que imprimir para levar comigo.Haja paciência, por essas coisas detesto migraciones, seja lá de onde for. Argentina 10 anos atrás sim, lembro que final de 2013 não só o estrangeiro que entrava que tinha esse papel, mas o argentino ao sair tinha que carregar o mesmo tipo, mas desde 2022 ou 2023 não tem mais isso. O Chile, teoricamente, é bem mais desenvolvido que a Argentina, eles deveriam ter isso faz muito tempo. O Canadá, já do outro lado do espectro, não tem nem cabine com o agentes de imigração. Você escaneia seu passaporte na máquina, responde as mesmas perguntas que fez no visto, imprime um papel e entrega para uns guardinhas na saída, eles só verificam se o papel está escrito OK e você entra. Na saída não tem isso, você entra direto no avião e vai embora. Citar
Colaboradores luizh91 Postado Setembro 11 Colaboradores Postado Setembro 11 Acompanhando! Quero (finalmente) fazer esse roteiro em janeiro. Citar
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