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Norte Argentino de novo - Com barraca de teto - 06 a 19/07


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A última foto foi da mecânica que me atendeu. Seu dono o Guilhermo foi bem recomendado por amigos viajantes e realmente é uma pessoa competente e seu serviço ficou ótimo. Mas o preço para os padrões brasileiros foi salgado, porém eu já esperava por isso e não é culpa dele. Os preço de manutenção são maiores na Argentina mesmo.

Endereço: Rua Virgilio Tedin, 923 - 1/4 de Mila Car Servis.

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14/07/24 – Susques a La Quiaca – 321 km.

Acordei tarde pois o sol estava nascendo as 8 h da manhã, então não adiantava levantar mais cedo. Não tinha café no hostal então me virei com o que tinha no carro, barras de cereal, amendoim japonês e água, hehe. Coloquei as coisas no carro e segui para a estrada.

Como falei na outra postagem a estrada na província de Jujuy é muito boa. Sem erosões e desbarrancamentos como em Salta. A ruta é muito linda, com visuais maravilhosos. Uma pena eu estar sozinho pois seria bom ter mais alguém para tirar fotos. 

Num dado momento da estrada ela entra num cânion e segue por 11 km no leito de um rio, só que no inverno não chove quase nada por ali então quase não tinha água a volta, e quando tinha, devido ao frio estava toda congelada. Alias a todo lado onde havia água havia gelo, lagos congelados além das dezenas de corregos que tive de cruzar a todo instante.

No caminho ha dezenas de povoados minúsculos que você fica pensando como aquelas pessoas vivem naquela altitude e secura e do que subsistem. Passa-se por Coranzuli, Nuevo Pirquitas, Orosmayo, Liviara, Cusi Cusi e o vale de la Luna, Paicone, San Juna y Oros, Cabreria e o farallon de la Cabreria (formações rochosas impressionantes), Cienaguillas até finalmente se chegar a La Quiaca.

Depois de ficar embriagado pelas belezas do caminho, cheguei até a placa que indica o final (início) da ruta 40 e tirei umas fotos para comemorar.

Já era umas 18:30h. Procurei algumas pousadas, mas não achei vaga. Ai decidi que ia acampar mesmo. Busquei no app Ioverlander um local e achei na saida da cidade no leito de um rio. Fui até lá e fui entrando na estradinha que era muito arenosa. Em certo momento teria de cruzar um local onde estava bem humido e achei que mesmo com o 4x4 ligado eu poderia atolar.

Nesse momento resolvi dar a ré, mas não prestei a atenção e por isso a roda traseira esquerda subiu um torrão de terra argilosa, mas seca e bem compactada, e em seguida desceu desse morrinho fazendo com que o carro ficasse preso com o torrão travado no estribo do carro. 

Não adiantou o 4x4, a areia era muito fofa e com o carro travado eu não conseguia sair. Sai do carro desconsolado. Não havia ninguém por perto que pudesse me ajudar. Mas como sou um cara previnido, levei uma pá para uma emergência. Foi minha salvação. Passei uns 30 a 45 minutos tentando cavar aquele torrão duro de terra para destravar o carro. Eu também levei duas pranchas de desatolagem curtinhas e depois de conseguir destravar o carro do torrão, coloquei as duas nas rodas que estavam sem apoio na areia e ainda usei um tapete na terceira roda. 

Assim, com o 4x4 ligado em duas tentativas consegui sai do aperto, suado e cansado. kkkk

Desisti do local e fui buscar outros. As outras indicações não deram certo. Então, perto da entrada da cidade vi uma rua entre duas empresas com grandes muros e que parecia não haver nada atrás. Entrei na estradinha e nos fundos tinha uma área abrigada e sem nenhuma casa por perto. Fiquei por ali mesmo.

Montei a barraca, fiz a janta e me preparei para a noite mais fria de minha vida. Lá pelas 9 já estava dentro da barraca, fiquei vendo um filme que eu tinha baixado. Depois que desliguei comecei a ouvir barulhos estranhos. Fiquei atento. A toda hora havia um barulho diferente. Isso somado ao frio que estava fazendo, de -9 graus, quase não me deixou dormir. Foi uma noite tensa. Acho que dentro do muro da empresa devia haver algum tipo de animal, não sei se era porco, llhama ou sei lá o que que fazia barulhos estranhos.

Só peguei no sono lá pelas 2  da manhã.

 

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15/07/24 - La Quiaca a Humahuaca a Tilcara –  250 km.

Acordei de madrugada, umas 6 da manhã. Tinha muito barulho estranho vindo do outro lado do muro, não sei que animais eram, mas eram barulhentos. 

Havia gelo por dentro e por fora da barraca. O frio era de -9° C. Tive de achar minhas luvas para começar a arrumar a barraca. Dobrei as cobertas e sai. Não tinha vento,mesmo assim estava frio demais. Nunca tinha experimentado essa temperatura congelante. Para desmontar a barraca foi um sofrimento pois tudo estava gelado, doiam as mãos mesmo com luvas. Depois de desmontada e arrumada fui colocar a capa que parecia de plástico rígido de tão dura que estava.

No dia anterior eu tinha comprado empanadas na cidade e um achocolatado como Chocomilk. Esquentei ele no fogareiro, comi as empanadas e depois peguei a estrada. 

Na estrada vi um nascer do sol lindo pois o céu estava totalmente sem nuvens. A estrada até Humahuaca é muito bela, mas pela posição do sol as fotos não ficaram muito boas.

Chegando a Humahuaca fui logo até o posto Ypf abastecer. Tinha uma fila de uns 5 carros na minha frente. Não demorou muito e fui atendido. Após isso fui achar um lugar para estacionar perto do centro. Mais tarde ao passar no posto de novo ví que levei sorte pois agora a fila de abastecimento tinha umas duas quadras.

Sai bater perna no centro da cidade vendo as dezenas de loja e vendedores de rua vendendo aquelas mesmas mercadorias que tem em toda a cidade pequena do norte da Argentina: muito artesanato de todo tipo, blusas, roupas, toalhas, cachecois etc. Comprei duas blusas, uma com desenhos típicos e outra sem desenhos. Custaram 65 reais cada na conversão. Almocei algumas deliciosas empanadas com refri na feirinha mesmo.

Após isso resolvi subir para conhecer a montanha colorida do cerro Hornocal. O caminho até lá é uma estradinha de terra muiiiiiito poeirenta que sai de 3000m e chega a 4700 m no mirador do cerro. Mesmo sendo segunda feira como era férias o movimento na estrada era muito grande, então dá-lhe poeira e mais poeira.

Lá no topo o visual é muito lindo, mas com 20 minutos a gente já cansa e procura voltar. Comprei uns artesanatos e duas empanadonas na brasa para reforçar o almoço. Depois de comer iniciei a descida da serra e  voltei para a rodovia para ir a Tilcara.

Chegando em Tilcara eu estava querendo um hotel pois a noirte anterior tinha sido bem gelada e cansativa.Porém os preços estavam bem altos e os mais baratos estavam lotados. Resolvi achar um camping. Após dar umas voltas na cidade achei um camping perto do centrinho da cidade.

Montei a barraca e depois fui passear até o centrinho que como toda cidade dessas bandas tem uma feirinha de artesanatos. Ali comprei mais uns recuerdos como tinha feito em Humahuaca. Depois fui jantar numa lanchonete bem bacana. Peguei um belo x quakquer coisa com fritas e refri.

Mais tarde votei para o camping pois já havia escurecido. Abri um vinho, entrei na barraca, vi uns vídeos e fui dormir.

 

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16/07/24 – Tilcara a Purmamarca a Presidencia Roque Sáenz Peña, Chaco, Argentina –  775 km.

Acordei tarde de novo. Fiz um café e para comer tinha uma empanada que tinha comprado dia anterior. Arrumei as tralhas, desmontei a barraca e coloquei a capa nela.

Os planos anteriores eram de viajar e voltar dia 20. Porém devido ao custo do conserto do carro resolvi voltar antes, pois se voltasse quando eu estava planejando eu não conseguiria trazer vinho$$.

Então sai de Tilcara e resolvi começar o retorno ao Brasil. Só que antes resolvi dar uma passadinha em Purmamarca pois adoro aquela cidade.

Peguei a ruta 9 e alguns kms a frente entrei a direita na ruta 52 para ir até Purmamarca que ficava uns 3 kms do entroncamento. Como sempre a estrada estava com muiiiiito movimento, Ao chegar na cidade resolvi estacionar ao lado da rodovia como outros veículas já estavam. E o bom é que fiquei perto dos guardas que estavam na entrada da cidade, ou seja, mais segurança.

Antes de entrar na cidade resolvi ir a um mirante do lado direito da rodovia e que eu já conhecia de outras viagens. Subi uns 60 a 80 m por uma trilha bem pedregosa em zig zag. Chegando no mirante tirei várias fotos dali. Na hora de descer fiz um caminho diferente e quase fui dessa pra melhor. Estava descendo tranquilo e sem pressa quando pisei numas pedras soltas e cai de bunda no chão ao lado de um barranco de 4 metros. Consegui me segurar e levantei com as pernas trêmulas.

Depois fui para o centro passear, comprar recordações e tirar fotos. Fiquei uma meia hora na cidade.

Depois meti o pé na estrada. Ai nenhuma novidade, só a mesma velha estrada no Chaco argentino com suas intermináveis retas. Rodei até a cidade de Presidencia Roque Saenz Pena. Pelo Google achei um hotel de beira de estrada chamado hotel Riposo. Bom preço, 10 mil pesos ou R$ 41,00.

Antes de ir dormir fui até o posto da YPF para jantar um belo sandubão,

Voltei ao hotel e fui dormir.

Editado por Marcelo Manente
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17/07/24 – Roque Sáenz Peña a Bernardo de Irigoien –  820 km.

Acordei cedo, peguei as malas e levei para o carro. Uma desvantagem do hotelzinho é que não tinha café da manhã, por isso fui ao posto que era perto para tomar um café com medias lunas e comprar uns salgadinhos e energéticos para a estrada.

Segui para a ruta 16. Logo após passar Corrientes comecei a notar um movimento exagerado na estrada com carros parados ao lado e gente indo a pé. AI lembrei do ano passado que fiz esse mesmo caminho na mesma época, era uma Peregrinação de San Luis del Palmar a Itatí em louvor a Virgem de Itatí.

Logo aconteceram paradas no transito e a estrada seguiu lenta por uns 100 km ou mais. Passado esse movimento só pé na estrada.

Um pouco antes de entrar na província de Missiones, ainda na provincia de Corrientes um policial paro meu carro e também uma pickup com placas do Brasil. Pediu documentos, carta verde, pediu para abrir o carro, pediu para ver o extintor etc. Ai foi para a outra viatura e fez o mesmo procedimento. Vi que o brasileiro estava meio chateado quando o guarda veio me pedir extintor para mostrar a ele. O cara não tinha extintor no carro, ou seja, ele não pesquisou sobre a legislação da Argentina antes de viajar. Lá é obrigatório ter extintor no carro.

Depois que o guarda me devolveu o extintor eu fui saindo e o outro brasileiro ficou lá debatendo com o guarda. Provavelmente levou uma multa ou pagou uma propina para ser liberado. Dai essas pessoas voltam ao BR dizendo que deram multa que são corruptos sendo que a culpa é deles mesmos que não pesquisaram direito.

Depois desse acontecimento foi só estradão. Quando estava perto de Bernardo de Irigoyen eu parei num hotel de beira de estrada. Hotel don Geraldo era o nome. Cheguei, acionei a campainha e nada. Nisso na casa ao lado chegou um carro. A mulher que desceu disse que era para eu esperar que ela já me atenderia. Logo ela voltou e falei que queria um quarto, ela me falou que o preço era 90 reais sem café da manhã.

Aceitei e ela me levou ao penultimo quarto que era no final de um longo corredor. O hotel tinha 18 quartos. Paguei a mulher e perguntei se tinha um lugar para jantar próximo ai ela disse que ao lado da casa dela tinha um. Fui até lá e os donos estavam chegando das compras. Eles me disseram que poderiam fazer uma milanesa com papas fritas só que demoraria uma meia hora. Aceitei e voltei para o hotel. Estava tudo vazio, nem a mulher estava lá... Lembrei do filme "O Iluminado", hehehe. Depois de 45 minutos eu fui ao "restaurante" e a comida estava pronta.  

Jantei e voltei ao hotel abandonado :-) para dormir. A noite havia um incomodo barulho de gotas pingando no quarto ao lado. Bem chato. Mas dormi tranquilamente.

Editado por Marcelo Manente
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18/07/24 - Bernardo de Irigoyen a Araucária via Guarapuava - 547 Km

Último dia de estrada. Acordei não muito cedo, estava sem fome, mesmo que quisesse comer eu estava sem um misero peso. 

Peguei minhas coisas e desci do hotel vazio. Na recepção tive de tocar uma campainha para a dona que mora ao lado viesse abrir a porta da frente para eu poder sair, kkkkk.

Segui para a cidade e ainda tentei comprar mais algumas coisitas com o cartão de dolar da C6 Bank que levei na viagem. No primeiro mercado não aceitavam, mas no mercado Ceferino aceitaram. Trouxe doces de leite, alfajores, azeitonas e picanha que estava a 35 reais o kg.

Depois disso fui para a fronteira e a passagem foi muito tranquila em ambos os lados. No lado BR nem pediram para eu parar.

Então foi só estradão passando por Guarapuava, visto que pela outra estrada estava péssimo de passar. Cheguei em casa as 18 h.

E assim foi mais uma aventura solo pelo mercosul. Agora só planejar para o final de ano a próxima viagem que vai ser no Peru de novo.

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