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Em 24/02/2024 em 18:48, vhCode da backupalien disse:

"Sinceramente, vc tinha que escrever um livro, pois você escreve muito bem."

Poxa obrigado, eu tenho um blog tb chamado Vasto Campo onde posto umas coisas variadas incluindo uns textos e poemas sobre a viagem que não são relatos, e caso te interesse pela poesia tenho um livro publicado rsss que mando pra todo Brasil e tb vendo a versão digital, e gratuito na internet tem o audiolivro parcial.

Aproveitando a deixa pra me divulgar hahaha vou dar uma olhada no canal!

Editado por miranlauberf
  • 2 semanas depois...
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PARTE 4: 7 dias em Arequipa

Dia 18 (25/1): Chegando em Arequipa, conhecendo latinos e mirantes

Então cheguei a Arequipa pelas 5h da manhã, era uma segunda. O dia tava recém amanhecendo, nublado, com pouca gente. Peguei um taxi do terminal e pedi pra me deixar na plaza de armas, e não no meu hostel, porque eu tava a fim de dar uma caminhadinha inicial pra conhecer o centro antes de dormir a manhã toda pra compensar a noite mal dormida no ônibus. Era cama, mas não era muito bom não... enfim, tudo tranqui. 

Fui pro Hostel Viajeros, reservei pelo booking a 19 soles a noite, a princípio duas noites mas com intenção de ficar umas 3. Mal sabia eu que ia me apaixonar pelo mexicano voluntário do hostel e ficar uma semana toda sem pagar porque me mudei pro quarto dele kkkkkkkkkk mas isso é fofoca pros amigos e não pro fórum. Pois cheguei cedinho às 6 da manhã, dormi até umas 10h. Quando acordei, conheci o argentino que tava faxinando o quarto e ele me convidou pra passear pelos miradores da cidade. Saí pra tomar café da manhã, comi alguma coisinha e um suco de laranja, fui comprar umas coisas que tinha perdido pelo caminho tipo um cadeado e outras que precisava tipo um creme hidratante (o clima seco já tava fazendo minhas mãos sangrarem de novo, e olha que tava na estação de chuvas...), e pelo meio dia me encontrei com ele. Levou junto um casal de espanhóis que tava no hostel e saímos caminhando. Eles tavam meio perdidos pra falar a verdade, mas curto passear assim meio em busca de um rumo.

Passamos pela Ponte Chilina, que tem um monte de mensagens sobre suicídio pra que as pessoas procurem ajuda pra que talvez não queiram mais saltar (tem um grande histórico ali nessa ponte) e seguimos caminhando em direção a Carmen Alto. Arequipa é a cidade dos vulcões, mas todos os dias que fiquei ali o tempo tava majoritariamente nublado, então não dava ter essa vista. Nessa direção a Carmen Alto tem os terraços pré incas que ainda são cultivados, é muito doido passar no meio da cidade e ter umas plantações que são feitas ali há alguns milênios. Fomos andando e sentando pelos cantos pra ficar vendo a paisagem por vários lados diferentes. Ali provei um queso helado, que é um sorvete tradicional ali da região, e não gostei. Primeiro que tenho trauma de canela depois que passei 10 dias mal incluindo 2 no hospital em Cochabamba, e depois que não achei uma boa mistura não essa de queijo e sorvete... mas enfim, vale a pena provar as coisinhas tradicionais sempre que possível.

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Chegamos no mirador oficial de Carmen Alto mas como tinha que pagar 5 soles acabamos voltando, também não achamos que ia ter uma vista tão melhor que as que já tivemos no caminho, e também eu já queria voltar porque tava super cansada das horas de caminhada juntando com o pouco sono. Ao todo pra ir e voltar foram umas 4h, é bem longinho (e também fomos com calma), e ainda por cima começou a chover um pouco no caminho.

Gostei bastante de estar nesse hostel porque foi o primeiro que não tava cheio de gringos, tinha esse argentino, dois mexicanos, um casal de espanhóis, a peruana que trabalhava ali, e eram todos muito legais, ao contrário dos gringos fechadões tipo os que tinha em La Paz por exemplo. 

Dia 19 (26/1): Um pouco de nada

Esse dia é meio complexo e deixo meio em off kkkk Pela manhã fiquei tomando mates com o pessoal, também tinha um casal de italianos que chegou. De tarde me convidaram pra ir numa sauna, por Bolívia e Peru é bem comum, algo que eu nunca tinha imaginado em fazer aqui no Brasil. Fomos na Sauna Central, não lembro quanto pagamos pela sauna e pra entrar na piscina, talvez uns 20 soles por pessoa. Passamos ali toda a tarde, depois pegamos um ônibus pra voltar pro centro. Na noite saí pra jantar com os dois mexicanos, já era meio tarde (os restaurantes fecham cedo, devia ser umas 10 e quase não tinha nada), comemos uns arroz chaufa e fomos pra um karaokê. Isso também é bem normal por Bolívia e Peru, bem comum que as festas tenham karaokê em uma parte e festa na outra. No caminho provei outra coisa bem tradicional ali do Peru chamado emoliente, é uma bebida que eu tinha curiosidade desde Puno mas nunca tinha parado pra perguntar. Se vende em carrinhos na rua, é uma mistureba de linhaça e vários extratos de plantas e chás digestivos, tem uma consistência de gosma mas um gosto bom (mas não consegui tomar pela consistência de goma; depois me disseram que pode pedir sem linhaça, esse sim deve ser bem bom). Ficamos pouco na festa, até meia noite talvez, curto como a galera é bem animada mas não estávamos muito na pilha.

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Dia 20 (27/1): Mais um pouco de nada

Gente sério, eu sinceramente não sei o que fiquei tanto fazendo em Arequipa. Fiquei super viajando na minha cabeça kkkkkkk Meio que não fiz nada esse dia, fiquei pelo hostel sei lá fazendo o que, lendo, tomando mate, conversando, sei lá. Acompanhei um do hostel que toca violino na rua a tocar, depois passei no bar que um outro trabalhava, passeamos um pouco pela noite e foi isso.

Dia 21 (28/1): Indo a Mollendo, Catarindo e acampando na praia

Nesse dia, o mexicano do hostel tinha que trabalhar pela manhã e fiquei esperando ele pra de tarde irmos pra Mollendo. Estávamos meio corridos porque no dia seguinte ele tinha hora pra voltar pra trabalhar, mas fomos igual. Pelas 14 mais ou menos fomos pro terminal, é o Terminal Terrestre de Arequipa mas não é tipo a rodoviária grande onde tem todos os transportes, é do outro lado da rua e menorzinha, tem um nome especifico ali mas esqueci... se me lembrar atualizo. Mas é o primeiro lugar que tu chega se vai de ônibus, e daí se vai em taxi é só pedir pra te deixarem onte saem as minivans pra Mollendo. São essas minivans que saem quando enche, então pagamos 20 soles cada e ficamos esperando, não muito, pra sair.

São umas duas horas de viagem, baixando os Andes e indo pro litoral numa paisagem completamente desértica. Achei incrível. Chegando lá, pedimos pro motorista uma sugestão de lugar pra almoçar e seguimos atrás da rua que ele indicou (meu relato tá sendo bem pouco preciso nos lugares porque eu tinha escrito tudo num documento em mais detalhes, com os nomes das ruas e preços e tudo pra lembrar, mas perdi o arquivo reiniciando meu celular, então perdão). Achamos o lugar e inclusive encontramos com ele lá almoçando, o bom desses picos é que sempre tem almoço a qualquer hora. Comemos um ceviche de entrada, um peixe de prato principal e algum refresco por uns 13 soles se não me engano. As senhoras eram super amáveis, conversaram muito com a gente, deram dicas, perguntamos sobre os lugares que queríamos ir, nos disseram pra tomar cuidado e pra aproveitar bastante.

Tava um calor horroroso. Fomos baixando a lomba até a praia, porque o terminal é numa parte da cidade um pouco mais elevada. Vocês não tem noção do alívio que senti nessa cidade, apesar do calor. Já fazia 5 meses que eu tava vivendo acima dos 2500m, e a facilidade de caminhar e respirar ali aos 0 metros outra vez foi inacreditável. Eu quase não cansava pra caminhar, minha mochila parecia ter o peso real dela e não vários kg a mais igual eu sentia na altitude. Já tinha me acostumado com a altitude e não imaginava que ia ser assim tão brusca a diferença, mas foi. Enfim, fomos descendo pra chegar na praia. Já eram umas 17h, finzinho de tarde.

A paisagem me impressionou muito. Primeira vez que eu cheguei no Pacífico... e era completamente diferente de qualquer mar que eu já tinha visto. Primeiro que tava uma névoa muito louca, parecia que eu tava andando em um sonho. Meio nublado, apesar de muito quente, e parecia que o ar era meio turvo, meio nevoento. A luz do fim do dia era bem branca, a areia brilhava de um jeito diferente, talvez por ser mais escura que as areias de praia que to acostumada no Brasil. E muita, muuuuita gente, um absurdo de gente, além da visão dos paredões de pedra meio desérticos, mas ao mesmo tempo no meio da cidade. Achei tudo uma loucura. 

Fomos acampar. Tinham nos dito que podíamos ir pra terceira praia, que lá tinha gente que acampava, mas fomos indo e eu não curti muito. Tinha gente demais, muita muita gente mesmo, e eu tava a fim de procurar um lugar mais tranquilo. Antes de viajar pra lá tinha ouvido falar da praia de Catarindo, que parecia bem linda, e convenci o mexicano a ir pra lá. Estávamos com pressa porque já ia anoitecer e precisávamos montar nossa barraca. Conseguimos achar um taxi que nos levou pra Catarindo por 15 soles.

E que prainha maravilhosa Catarindo... É uma baía cercada por montes, a praia bem pequenininha e cheia de pedras, cheia de gente também, mas com capacidade limitada por causa do tamanho. Nos banhamos ali esperando a galera sair pra montar nossa barraca. Vimos o pôr do sol no Pacífico... algo que nunca se pode ver no Brasil (Mas depois lembrei que em Florianópolis já vi, afinal é uma ilha e eu tava virada pro lado do continente, mas enfim, do outro lado do continente é outra coisa que do outro lado da ilha, né). Tava muito gostosa a água apesar de meio fria, mas o mar ali era super violento e eu, que morro de medo de água, não me senti muito segura. As ondas não eram grandes, mas a ressaca era fortiiissima, inclusive uma hora me desequilibrei com a intensidade do empuxo e a onda me levou rolando, saí com o joelho sangrando, bem violenta a água.

Daí a galera começou a ir embora e fomos achar um canto pra minha barraca. Quando percebemos as placas de proibido acampar... putz. Ficamos conversando com os comerciantes, alguns diziam que não se podia e que iam passar os polícia pra nos mandar embora, outros diziam que não podia acampar na praia mas podíamos armar a barraca no estacionamento... enfim, depois de pensar muito, decidimos voltar pra terceira praia. Vamos lá tomar outro taxi, mais 15 soles, pra chegar o mais rápido possível, afinal já tinha anoitecido e estávamos ali sem saber onde passar a noite.

O taxi nos largou na primeira praia e seguimos caminhando até a terceira. De fato tinha muita gente acampando na praia, e ache isso muito legal. Mas apesar de ser muito legal a ocupação da praia, eu queria um lugar mais tranquilo... fomos andando pela praia até achar um lugar com menos barracas. De qualquer forma, muito legal essa cultura da galera de ir ali dormir. Passamos uma noite conversando, tomando umas cevinhas, olhando pro mar. Foi uma noite bem quente, não passamos frio, tava bem tranquilo de dormir. Mas o barulho do mar era absurdo, nunca tinha visto um mar tão violento na minha vida. Umas ondas gigantes, fora da minha realidade das praias brasileiras que já conheci. E também muito doido estar em um lugar onde tem placas indicando rotas de fuga em caso de tsunami. Uma outra realidade.

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Dia 22 (29/1): Curtindo a terceira praia e voltando a Arequipa

De manhã acordamos, tomamos um banho nessa praia e ajeitamos nossas coisas pra partir. O mar na terceira praia, apesar das ondas muito maiores, era mais tranquilo na questão do repuxo. Me sentia mais tranquila pensando que o mar não ia me puxar do nada mas as ondas eram inesperadamente grandes, então fiquei bem na beirinha pra poder ficar tranqui. Também não tinha salva vidas, né. Mas foi um delicioso banho. 

Fomos voltando. Almoçamos um ceviche no mercado central, foi uns 25 soles e tava delicioooso, primeira vez que comi. É incrível como a mistura de texturas é perfeita, e como é fresco e perfeito pra um dia extremamente quente, tem a batata doce molinha e docinha, o peixe salgado, os grãos de milho torrado, o picante, o ácido, o frescor, eu amei kkk e de aí seguimos pro terminal. A volta a Arequipa nos custou 25 soles por pessoa.

O mexicano foi trabalhar e eu fui dar uma volta pelo centro, queria encontrar uma agência de turismo pra ir pro Canyon del Colca no dia seguinte. Como chegamos tarde e já tava tudo meio fechando, comprei um tour full day a 60, mas outro dia tinha encontrado o mesmo tour a 50 soles. No dia seguinte ia dar esse rolê. 

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Dia 23 (30/1): Tour del Colca full day

Passei muuuito tempo pensando se faria ou não esse tour, isso desde antes de sair de Cochabamba. Pesquisei muito sobre fazer por mim, sobre ir pros pueblitos, sobre o trekking do canyon, enfim, fui vendo de tudo... e não queria fazer por agência, mas no fim eu já tava me estendendo muito mais do que pretendia em Arequipa. Tinha que ir embora no dia seguinte, e queria muito conhecer essa região. Então fui assim.

Me pegaram no hostel às 3h da manhã. Quase me perderam porque deixei meu número de telefone errado kkkkkkkk e não tavam conseguindo me ligar... mas fiquei esperando no lugar que eu tinha dito, e com algum atraso eles chegaram pra tentar me encontrar pela última vez, porque já tinham passado ali e já tinham me ligado e não me encontravam. Enfim, deu tudo certo e fomos. 

A primeira parada foi no Mirados de los Volcanes, pico completamente maravilhosos com vista pra vários vulcões da região, afinal ali é o Valle de los Volcanes. Paramos em Chivay pra tomar café da manhã e seguimos pro pueblo de Maca, onde paramos na praça principal por um tempo. Lá tinha um trago e um suco com a fruta chamada sancayo, que vem de um cacto da região. Por fora é super espinhenta e por dentro parece uma mistura de pitaya con kiwi, porque é igual a pitaya só que verde igual um kiwi. O suco custava uns 7 soles e o trago com pisco, chamado Colca Sour, devia estar uns 15. Eu queria afu provar, mas tinha gastado toda toda minha grana no dia anterior, só tinha 2 soles, então me contentei com um pedacinho da fruta fresca que me deixaram provar. Super ácida, mas muito gostosa. 

De aí fomos pro Mirados Cruz del Condor, a guia tava em contato com outro guia que já tava lá e ele disse que tinha um condor voando, então era bem provável que a gente encontrasse a ave ao chegar. Seguimos. Lá fizemos uma trilhazinha até o mirados, uns 20 minutos, e depois nos deram só mais 25 minutos pra ficar lá... achei super pouco, fiquei meio de cara. E era super maravilhoso, mas achei que ia ser mais impressionante... digo, o Canyon del Colca é o mais profundo do mundo e achei que ia ter esse visu, mas a região do mirador ele é bem mais raso que isso, apesar de ser ainda bem imenso. Enfim, foi lindo, só achei bem pouco tempo e esperava que o mirador fosse em uma parte mais marcante da formação geológica, mas a real é que o foco dali são os condores e não o canyon en si.

Depois disso fomos almoçar num restaurante que custava uns 40 soles, como eu já sabia do preço e tinha míseros 2 soles, levei meu pãozinho com abacate, limão e sal de sempre. Seguimos viagem em direção às aguas termais de Chacapi em Yanque, que também tinha que pagar à parte 15 soles se não me engano. Esse vale muito a pena, outra coisa que aprendi na viagem: águas termais são uma coisa muito deliciosa. Ali eram 7 tanques com diferentes temperaturas, dois menos quentes, dois médios, dois bem quentes e um frio. Nos deixaram ali 40 minutos mais ou menos, e depois fomos voltando.

Na volta, ainda paramos em uns bofedales na Reserva Nacional de Salinas pra ver umas alpacas, mas bem rapidinho, e seguimos voltando. Em alguns lugares do caminho demos umas paradinhas rápidas em outros miradores também, mas aí já não sei os nomes e nem consegui encontrar na internet. 

O tour, ao todo, se fizer todos os gastos opcionais, não sai assim tão barato. São 60 que tu paga pra agência, mais 40 pra entrada no Geoparque, mais 40 pro almoço, 15 pras águas termais, mais o trago de sankayo se quiser provar, e aí se quiser tirar foto com a lhama, com o condos, essas coisas todas que não me importo. Gostei de ir, porque se não fosse assim em tour não ia ter dado tempo pra conhecer esse lugar. Achei que ia ser mais maravilhoso, mas claro que de qualquer forma foi maravilhoso. Voltei pro hostel completamente podre, mas ainda tive que fazer a mão de passar em um western union pra pegar grana pq eu já não tinha um único pila no bolso, tinha acabado minha água e perguntei numa tienda se tinha alguma água por menos de 2 soles, então por sorte pra não morrer de sede gastei até o último solzinho disponível. 

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Dia 24 (31/1): Último passeio na cidade e partida a Cusco

Pois eu não queria ir embora, mas não tinha opção. Meu voo de Lima pra São Paulo já tava comprado pro dia 6 de fevereiro, e eu precisava ir logo a Cusco porque já tava quase sem dias pra viagem... e Cusco tem um milhão de coisas pra ver, tinham me dito. Minha amiga argentina ainda tava lá, eu tinha combinado de chegar 3 dias depois dela, e no fim ia chegar no último dia dela na cidade antes de ela ir pra Arequipa. Até pensei em ficar em Arequipa esperando ela pra gente se ver mais uma vez e eu passar mais uns dias de amor com o mexicano kkkk mas isso não fazia o menor sentido pra minha viagem, eu precisava de qualquer jeito ir pra Cusco. Então, com alguma dificuldade, resolvi que ia partir nesse dia. 

Minha ideia era fazer o Camino del Silar, mas no fim não ia dar tempo. Achei melhor conhecer umas coisas mais próximas. Fui caminhando até o Mirador Yanahuara, passando pela Puente Bolognesi na ida e pela Puente Grau na volta. O mirados não achei nada de mais sinceramente, já tinha tido vistas melhores da cidade por Carmen Alto e, além disso, ainda tava o tempo nublado e meio chuvoso. Voltando pro centro, encontrei um museu do ladinho da Plaza de Armas chamado Centro Cultural UNSA, tinha umas exposições muito boas que amei visitar, de artistas arequipeños e tal. Fiquei lá um tempo, sentada olhando quadros e escrevendo. Almocei num vegetariano chamado Omphalos, tava deliciosa a massa com pesto ali também.

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Foi isso o dia, um último role sozinha pela cidade, com calma, apreciando bem as paisagens, tirando umas fotos, curtindo. Um peruano chegou em mim falando em inglês perguntando se eu falava inglês, primeiro não entendi e falei que eu falava espanhol, mas ele tava na real fazendo um trabalho de inglês e precisava conversar com gente na rua, ele tava gravando audio e um outro guri tava gravando video... me perguntou o que eu mais tinha gostado da comida de Arequipa, menti que foi o queso helado kkkkk e perguntou outra coisa também que menti porque não consegui pensar em nada na hora. Treinei um pouquinho meu inglês com esse ocorrido aleatório. 

Y pues, arrumei minhas coisas e não sem tristeza me mandei pro terminal. Ia passar a noite toda viajando mais uma vez, 60 soles de Arequipa a Cusco. Sinceramente, pensando na rota de viagem, não foi uma boa ideia fazer esse roteiro e não recomendo: se tu tá em Puno, vai pra Cusco e DEPOIS pra Arequipa, faz muito mais sentido, principalmente se depois tu tem que ir pra Lima igual eu. Essa rota ferrou bastante meu tempo, na próxima parte do relato falo melhor sobre isso. Mas, pessoalmente falando, valeu a pena, porque consegui não ficar dependente de pessoas conhecidas, pude encontrar esse amor e curtir o rolê, pude descansar bastante também... foi ruim porque nessas de ficar de preguiça e romance perdi de fazer cosias que queria pela região, mas foi bom viver coisas lindas e inesperadas. Isso que é tão legal das viagens... não importa o que tu faça, sempre vai ser bom. Tem coisas melhores e piores dependendo do ponto de vista, algo ruim olhando por aqui pode ser bom olhando por lá, e o mesmo pro inverso... então, pra mim foi bom que tudo tenha passado assim. Aproveitei muito. Mas recomendo que, se querem conhecer bem os lugares, não se apaixonem pelos empregados do hostel kkkkkkkkkkk

Considerações sobre Arequipa

Eu amei a cidade, queria muito passar um tempo morando lá. Talvez porque já tinha uma certa idealização de lá por um amigo arequipeño que tenho no Brasil, talvez porque conheci pessoas que gostei muito, ou talvez simplesmente porque achei uma cidade super cativante... muito bonita também, toda branca e por serem pedras brancas de verdade, e não pintada de branco igual é Sucre na Bolívia (não que eu tenha ido a Sucre pra comparar)... Achei um pouco parecida com minha cidade Porto Alegre em alguns sentidos, mas mais calma e com o povo peruano, que achei tão maravilhoso e acolhedor. Não sei, gostei muito. Se não fosse por Cusco, como disse, teria ficado, mas foi bom ter ido a Cusco porque em breve ia me apaixonar por outra cidade e não querer ir embora de lá. 

Recém consegui um computador e ainda to na função de organizar os arquivos, então por enquanto fica sem fotos, mas assim que tiver tempo atualizo. Já to chegando no fim do relato, e morro de saudades escrevendo tudo. Logo sigo com as aventuras em Cusco, mais um episódio maravilhoso dessa mochileada.

Editado por miranlauberf
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PARTE 5: 5 dias em Cusco

Dia 25 (1/2): Chegando em Cusco e encontrando amizades

Depois de alguma enrolação, cheguei a Cusco! Cedinho, por umas 6 da manhã eu acho. Peguei um taxi e fui na direção do Hostel Magic San Blas, paguei menos de 20 soles por noite, não lembro bem. Cusco é uma cidade cheeeia de ruas peatonales, ou seja, que não passam carros, e essa parte de San Blas que fiquei é bem assim. O cara do taxi queria me cobrar uns 30 soles, falei que não eras, acho que consegui ir por uns 20. Ele me largou a umas duas ou três quadras do hostel, daí tive que subir as ruas e escadas (sim, subir, já vai preparado).

Gostei do hostel, trabalhavam lá dois argentinos e duas peruanas eu acho, de café da manhã tem pão com abacate/manteiga/geleia, café e chás, tinha uma criancinha bem fofa por lá filha dos donos, daí sempre fica passando uns desenhos na TV. Algumas coisas tipo com frequência não tinha papel no banheiro e tinha que pedir, não eram todos os chuveiros que funcionavam, mas não é um hostel grande e não acabava sendo um problema essas coisas, e como lado positivo sempre tava bem limpinho, faxinavam todos os dias. Os quartos são pequenos, no meu tinha 3 camas e o máximo deve ser 5 ou 6, o que eu gosto também em vez de esses quartos enormes com mil camas que tem em alguns lugares. Achei bem valendo e também, como os donos eram argentinos né rsss sempre rolava uma marijuana, uma galera bem tranquila e legal de trocar ideia.

Cheguei e dormi um pouco, tinha combinado de me encontrar com minha amiga argentina aquela de La Paz e Copacabana. Meio dia me encontrei com ela na Plaza San Blas, estavam montando um palco e levando uns adornos, de noite ia ter festa! O melhor de chegar nas cidades é já cair ali em dia de festa. Ficamos de voltar pela noite. Fomos almoçar no Mercado San Blas, ali pertinho, comemos um negócio meio árabe vegetariano mas ali tem um monte de opções de menu (sopa e segundo prato) bem bons e com preço bem valendo. Depois dar uma volta pela cidade. Já fazia 9 dias que ela tava em Cusco, era o último dia dela, então queria ir comprar uns presentinhos e tal e dar uma última volta pelo centro. 

Fomos na Plaza de Armas e em uma outra praça ali pertinho, não sei agora se foi a San Francisco ou a outra Kusipata. E, como é sempre lindo de ver na viagem, do nada encontramos mais dois argentinos que tínhamos conversado brevemente em Copacabana quando estávamos lá. Eles também tinham recém chegado de Arequipa assim como eu, e justo nos encontramos os quatro outra vez nessas coincidências loucas e incríveis. Eles tavam tomando uma cerveja, compramos mais umas e ficamos bebendo na praça y charlando. Daí do nada uma pomba caga em cima de mim kkkkkkkk e um coco de respeito, não imaginava que podia ser tanto kkkkkkkkkkk bah que desastre mas pelo menos eu tava de top e tinha levado um casaco, daí pude tirar a blusa cagada e continuar meio fresca... tomem cuidado com que árvore vcs resolvem sentar embaixo kkkkk

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Aí nos juntamos de vez com os argentinos, queríamos wifi e um banheiro, resolvemos entrar no ChocoMuseo, que é isso, um museu do chocolate. Ali tinha chocolate de tudo que é coisa e é também a fábrica, estávamos só pelo interesse mas aceitamos a visita guiada. Um carinha nos explicou como é feito o chocolate, nos mostrou a fábrica e as etapas, e o melhor, teve degustação de tudo. Tinha vários licores com pisco e chocolate e frutas, e tudo que é chocolate pra provar também. Foi bem por acaso essa visita mas foi bem legal, recomendo e é gratuito entrar ali e degustar.

Seguimos caminhando por aí e tomando unas chelas e chegamos na Plaza San Blas de novo, era dia da Fiesta de Compadres. Tinha bancas de comida (foi a primeira vez que vi os cuy fritinho assim montados um em cima do outro, coitadinhos kkkkk), de trago, bandas folclóricas, umas escultura dos santos e tal. Ficamos ali curtindo e depois de um tempo o rolê virou uma dança com um facão e a galera dançando ao redor de um eucalipto no meio da praça com a intenção de cortar ele, ficavam passando o facão a quem queria tentar derrubar a árvore enquanto tocava umas músicas folclóricas. Era uma alegria total, tinha gente jogando espuma e papelzinho, tomando muito trago, comendo e tentando cortar um eucalipto no meio da praça, eu amei. Era uma quinta, na quinta seguinte ia ser o Dia de Comadres e uns dias depois o carnaval, que disseram que é muito doido com guerrinha de balão com água assim de jogar coisa em qualquer um que tá passando na rua.

A argentina foi pra rodoviária seguir seu rumo e continuei com os outros dois, fomos até bem tarde na festa, depois voltei pro hostel pra dormir. 

Dia 26 (2/2): Buscando em vão cavernas e cascatas

Esse dia resolvi dar uma volta ali pela cidade de Cusco mesmo, vi no maps que tinha umas cavernas e cascatas subindo pra Circunvalación e fui atrás. Sofri subindo escadaria, beeemmm devagarinho e fui indo, cheguei lá em cima e não entendi os mapa, fui andando e não tinha nada sinalizado, acabei não encontrando os pico que eu queria visitar e depois de tipo uma hora e algo desisti. Já era fim de tarde, só saí depois do almoço porque realmente tomamos muito trago no dia anterior e eu acordei com uma ressaca absurda e incapacitante. Uns dias depois descobri que eu cheguei pertinho do Templo de la Luna e que era meio por ali o lugar que eu tava procurando. De aí fui na direção do Acueducto, caminhando devagarinho curtindo a cidade. Cusco é muito linda e essa região que eu tava caminhando é alta, então tem um visu pra toda a cidade e é bem bonito. De vez em quando caía umas garoinha, o que pra mim deixava mais linda a paisagem. No aqueduto fiquei um tempo viajando, observando as pessoas, seguindo um grupo de turistas furtivamente pra ouvir os guiar, vendo umas criança brincando, sentindo o rolê. Depois quis descer pro centro e visitar algum museu, me perdi no caminho mas acho legal me perder, cheguei na Plaza de Armas, sentei ali e fiquei viajando mais um pouco, desisti dos museus pq tava cansada e vazei pro hostel. Depois tinha a continuação da festa de ontem.

Me encontrei com os argentinos, eu tinha perdido umas participações muito boas da festa eles disseram, umas danças bem loucas, uma pessoa com roupa de touro soltando fogo por umas estruturas giratórias. Tavam vendendo té piteado, compramos uns e ficamos tomando. É um trago bem bom, tipo umas cachaça quente com frutas, vendiam por ali em garrafinhas de meio litro por 8 soles. Era bem louco que tinha uns 3 grupos diferentes tocando na mesma praa, era bem poluição sonora mas tava bem divertido. Resolvemos voltar pro hostel, pegar nossos instrumentos e sentar em algum lugar pra tocar, os dois chicos tavam viajando fazendo som nos ônibus e eu tava com uns chocalhos, subimos uma escada e ficamos ali tocando junto com uma peruana do meu hostel que se juntou com nós. Depois fomos em uma festa de dub que tava rolando, uns reggae, dub, rap, eles ficaram até tarde mas eu vazei meio cedo porque queria ter tempo de visitar o Vale Sagrado. Sabia que tinha poucos dias em Cusco e não podia desperdiçar eles passando de ressaca e saindo de noite, por mais divertido que seja curtir a noite em outras cidades de outros países. Meus planos eram ir pra Ollantaytambo, e com isso em mente fui dormir.

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Dia 27 (3/2): Indo a Písac

Pois eu não ia pra Ollantaytambo? É... No dia anterior eu tinha conversado com uma cusqueña muito querida que trabalha no hostel e ela me explicou direitinho como chegar a Pisac, pegando transporte na Calle Puputi, e a Ollantaytambo, pela Calle Pavitos. Daí pensei: dale, amanhã vou pra Ollanta, e olhei o mapa onde ficava Puputi. Meus planos eram sair bem cedinho, tipo umas 8h no máximo, mas acabei saindo quase às 10. Quando cheguei lá na Puputi, a surpresa da minha sequela de ter ido pra rua errada... perguntei como ia pra Ollantaytambo, descobri que a Pavitos era meio longe e pensei tá né então dale, vou me aproveitar da minha sequela, aproveitar que já tá meio tarde (porque Ollanta é mais longe que Pisac) e ir pra esse pico aí mesmo.

Paguei 5 no transporte, são uns 30km de Cusco. Toda minha viagem por Cusco foi sem bem pesquisar, só fui ouvindo falar de coisas e fui indo atrás, e, como deu pra ver no dia anterior, às vezes não dá certo. Tinham me dito que as ruínas de Pisac não ficavam tão pertinho da cidade, tinha que caminhar, dai eu tá, beleza... mas chegando lá, encontrei um casal de alemães, me juntei com eles e perguntei que onda, eles disseram que a caminhada era umas 2 horas... e né, Vale Sagrado, pura subida... um taxi nos ofereceu pra subir a 35 soles, mas eles queriam caminhar e fui junto. Chegamos na entrada, subi um pouquinho e logo desisti, eu tava super cansada e com bastante dificuldade pra respirar. Tentei pijchar mas não foi o suficiente pra me dar energia. Deixei os alemães e voltei pra praça do pueblito procurando um taxi. Mas 30 soles sozinha eu não ia pagar de jeito nenhum. Fui perguntando, fui indo na direção da entrada do pueblo, perguntei pra umas motinho fechada, não sei explicar como é esse transporte mas enfim, e eles não levam, só os taxis. Perguntei se tinha algum transporte público, ele me disse de umas kombis que passam ali e deixam perto, mais ou menos na metade do caminho, a 2,5 soles. Feito! Perguntei pra uma minivan, ele disse que não era ele e que só tinha taxi (!!! viu? tem que se ligar, tem uma galera que não quer que os turistas paguem os preços baratos e mentem que tal transporte não existe), mas perguntei pra outra pessoa e encontrei. Se não me engano é na Calle Bolognesi, tem que procurar as vans que levam a Cuyo e pedir pro condutor te avisar no lugar mais próximo da entrada das ruínas de Písac. 

De onde baixei da van, deu mais uns 20 minutos de caminhada numa beira de estrada até a entrada das ruínas. Muito melhor do que subir tudo, e digo porque: é um caminho looongo todo o trajeto das ruínas, e fazendo ele de baixo pra cima tu vai morrer de cansaço. Se tu sobe em transporte e faz o trajeto de cima pra baixo, dá pra aproveitar muito melhor. Mas tem que ter em mente que se tu contrata um guia na entrada, só vão te levar ali na parte de cima e não fazer todo o trajeto. Tive muita sorte: desceram comigo da van dois nativos de Cusco. Perguntei se tavam indo pras ruínas e disseram que sim, me juntei com eles e fomos juntos. Eram pessoas muito legais, nos demos super bem e eram bem conhecedores da história e dos mitos ali da região. Comprei meu boleto turístico do Vale Sagrado por 70 soles na entrada, válido pra 2 dias e 4 ruínas diferentes. Meus amigos entraram de graça, já que são moradores de Cusco. Passamos o dia todo juntos. Eles conheciam os caminhos, me levaram por todas as partes. No topo encontramos um nativo vendendo flautas que ele faz, ficamos trocando ideia com ele sobre flautas, plantas, histórias de lá, artesanatos. Písac é fantástico, maravilhoso, sem palavras, eu adorei. Fizemos todo o trajeto até sair na entrada de baixo, a que dá no pueblo.

De aí, eles iam tomar chicha na loja de uma amiga. Fui junto, Coca Runa Wasi se chama, é restaurante vegetariano, loja de coisas de coca, chichería e hostel, tudo junto. A dona é super querida, Um copão de chicha custou 4 soles, muuuito valendo, deliciosa sério. Tem chicha natural (só de milho), com coca e com muña, que é uma ervinha andina tipo um poejo ou uma hortelã. Ficamos lá um tempo trocando ideia na beira do rio Urubamba. Foi um dia maravilhoso, um desses que me faz perceber que quando tu tá em viagem, acontece tudo do jeito que tem que acontecer. O cara que tava comigo foi pra uma outra cidade e eu voltei com a menina pra Cusco, mais 5 soles).

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Desci de novo na Calle Puputi, era umas 7 da noite já, ou até mais tarde. Me perdi na volta, como Cusco tem muitas ruas sem tráfeco de carros, as ruas de pedestre às vezes não tem saída e tem que dar toda uma volta. Enfim, cheguei no hostel por umas 9h eu acho, me ajeitei e fu idescansar. Dessa vez pesquisei bem como chegava em Ollantaytambo, porque no dia seguinte tinha que ir. Meus amigos queriam sair na noite, mas eu fiquei pra aproveitar as ruínas em vez do rolê, e assim dormi.

Dia 28 (4/2): Ollantaytambo, Urubamba, Maras e Chinchero

Esse dia já foi um questionamento daquela de o que tem que acontecer acontece... foi bom e ruim, positivos os lugares bonitos que visitei, mas com um final bem negativo e que me deixou bem mal. Também foi todo um dia bem confuso e perdido, de vai pra um lugar, vai pra outro, de pensar que uma coisa ia rolar e no fim não... pontos negativos de não se planejar direito e não saber bem pra onde ta indo.

Então esse dia sim, fui pra Calle Pavitos e pequei a van pra Ollantaytambo, são uns 60km por 10 soles. Chegando lá, as ruínas são bem na cidade, só cruzar o pueblo e chega. Já dá pra ver de longe a grandiosidade. Todo o caminho até ali é tremendo, muito lindo. Entrei com o mesmo boleto turístico do dia anterior, que também é válido pra esse sítio. Na entrada, um guia me ofereceu uma visita guiada a 100 soles. Falei que não eras, ele baixou pra 70. Falei que não eras, ele perguntou quanto eu podia pagar, falei que não tava em condições, ia deixar passar e visitava assim sem guia mesmo... Então ele me ofereceu pra me dar uma aulinha ali na entrada por 40 soles e depois eu percorria sozinha, falei que também não podia gastar tanto... E vazei, fui passear sozinha. Mas daí comecei a olhar aquele monte de pedra, de ruína, de escada, de coisa que não diz nada se tu não sabe um pouco da história... fui e voltei várias vezes pra perto do guia. Eu realmente não podia gastar, tava economizando porque tinha pouca grana e ainda mais alguns dias pela frente. Depois de um tempo indo e voltando, pedi pelo guia e ofereci 20 soles pro cara me falar um pouco do lugar. Ele topou, recebi uma aulinha particular ali embaixo e depois fui recorrer as ruínas. No Peru é assim, tudo é negociável e as pessoas, no geral apesar de algumas exceções, querem te ajudar e te ensinar as coisas lindas da cultura deles. 

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Recorri tudo ali dentro do sítio e saí com a intenção de subir a montanha da frente, Pinkuylluna. Meu amigo de Písac me disse que pode subir ali sem precisar pagar, só cruzar a cidade até o outro lado e ir. Mas eu tava tri cansada, tava bem no meu ciclo e bem sem energia. Além disso, procurei a rua que entrava na trilha e não encontrei, dei um giro ali perto por umas ruazinhas e nada... daí já era passado meio dia, queria visitar as salinas de Maras e as ruínas de Moray, então fui perguntando. Descobri que tinha que pegar uma van até Urubamba, e dali outra até Maras, e dalí podia recorrer. Fui pedindo informação até encontrar as vans, paguei 3 soles até Urubamba. Dalí, foi só dando tudo errado. Primeiro não encontrei o caminho pra Pinkuylluna, mas isso pensei que era até bom porque eu ia desistir no meio da subida. Mas daí, de Urubamba peguei a van pra Maras pensando que as ruínas de Moray ficavam no pueblo e que as salinas dava pra ir a pé. O motorista da van disse que não, que é longe, que caminhando ia dar umas 3 horas, e que o que o pessoal faz é contratar um taxi. Quando chegamos no centro do povoado de Maras, ele me ofereceu um taxi a 80 soles pra me levar a Moray e depois nas salinas de Maras. Pues ni en pedo... perguntei se tinha transporte publico e ele disse que não, todo mundo vai em tour ou em taxi. E tava tri vazio o centro de Urubamba, não tinha mais pra quem eu perguntar, então fiquei ali sentada na praça pensando o que ia fazer da vida, tinha ido até Maras por nada. O taxista disse que até 70 soles me fazia, mas sem chance. Fiquei pensando e resolvi perguntar pra ele quanto me cobrava pra levar só até as salinas de Maras, ele disse 35, consegui baixar pra 25 e fui. Mais 10 soles pra entrar nas salinas, porque essa não tá inclusa no boleto turístico. O motorista tinha horário pra voltar porque ia jogar um futebol kkkk tá ok, respeitei o tempo dele, deu pra visitar, ali não tem muito o que olhar porque só tem o mirador pras salinas, não tem nenhum trajeto pra percorrer nem nada. A entrada de 10 soles te dá um saquinho de 100g de sal rosa de maras, ganhei 200g porque deram um saquinho pro motorista e ele deu pra mim rsss e voltamos. Ele me largou na beira da estrada que passam as vans em direção a Cusco e fiquei ali na rua esperando.

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Ainda não tava tão tarde e eu tava sentindo que meu dia não tinha rendido... Do boleto turístico tinha visitado só Písac e Ollanta, não consegui ir a Moray e o outro lugar era Chinchero. Vi no mapa que esse povoado é caminho pra Cusco e que fechava às 17... tá, vamo dale. O tempo tava fechando, ia cair chuva a qualquer momento, mas fui. Por 3 soles, fui da beira da estrada em algum lugar perto de Maras até Chinchero. E, botando o pé pra fora do bus, começa a cair uma chuva que eu nunca tinha visto antes desde que tava na Bolívia e Peru.

Daí começa uma parte bem ruim da história. Fiquei na frente de uma venda pra me proteger da chuva, esperando, esperando. Devo ter chegado ali por umas 16. Um veio puxou papo comigo, me ofereceu um té piteado enquanto não passava a chuva e disse que me acompanhava até as ruínas, eu tava preocupada com o tempo mas ele tava dizendo que conseguia fazer a gente entrar e tal. Enfim, essa história é péssima, mas o resumo é que estranhamente entramos sem ninguém pedir meu bilhete turístico, recorremos ali, já tava ficando escuro, a galera tava vazando e eu queria voltar pra Cusco também. O cara acabou voltando comigo, ficou me enchendo o saco toda a viagem, e chegando em Cusco vazou. Mas fiquei tri mal, eu tava segura, mas não apaga o fato que fiquei horas sendo assediada e não consegui me tirar da situação. Essa é uma foda pras manas que viajam sozinhas, sempre tem a possibilidade de aparecer uns cara merda, e tem que estar muito firme pra se proteger. Eu me sentia segura porque sempre tava em lugares com gente e sabia que não ia passar nada além do desconforto que eu tava sentindo, mas devia ter cortado essa situação bem antes. No fim voltei pro hostel me sentindo um lixo e achando que todo o dia não tinha valido a pena. Nem sei o que dizer das ruínas de Chinchero por causa dessa situação.

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Nessa noite íamos em uma outra festa em Cusco. Chegando perto do hostel encontrei meus amigos, falei que tava me sentindo mal e voltei pro hostel, um dos argentinos foi lá e me deu um apoio que não imaginava receber de um praticamente desconhecido em viagem, mas me acalmou e pude dormir bem, eles foram na festa sem mim. Passam coisas ruins em viagem, mas sempre tem umas preciosidades que encontramos pelo caminho pra nos ajudar a seguir bem. Fiz muitas amizades lindas e tive encontros incríveis que apagam as malas vibras desses momentos péssimos.

Dia 29 (5/2): Templo de la Luna e a viagem chegando ao fim...

No dia anterior, meus amigos do hostel tinham ido pro Templo de la Luna. Falei que queria ir também, e eles simplesmente resolveram ir de novo pra ir comigo junto. De manhã fomos ao Mercado San Pedro comprar umas coisas pra levar pro passeio, pegamos um bus que o nome era algo como Inka Tour ou Inka ~algo~ por 1 sol que nos deixou lá em cima na Circunvalación no lugar onde tínhamos que fazer a trilha a pé pro Templo de la Luna. Aqui tem uma rota de como chegar a pé: O templo da Lua em Cusco | Machupicchu Terra

Eu tava muito triste de ser meu último dia em Cusco e queria aproveitar ao máximo. Fomos em 4 pessoas, os dois tucumanos que já conhecia e mais uma argentina de Ushuaia. Levamos comidas e instrumentos e fomos indo bem de boa. Conversando, curtindo as paisagens, parando pra descansar e apreciar. Ficamos lá em cima de um morro sentados em umas pedras comendo sanduiches e fazendo música juntos. Foi uma ótima despedida. Passamos o dia todo bem de boa, tranquilos, apreciando um pico lindo, gratuito e quase sem gente. 

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Eu tinha voo pra Lima pelas 20h. Os planos iniciais eram ir de ônibus, mas são 20h e eu queria aproveitar todo o tempo possível. Comprei o voo uns dois dias antes, me saiu uns 250 soles eu acho, não tenho certeza. No crédito, óbvio, pq já não tinha mais muito e ainda precisava passar um dia em Lima antes de voltar pro Brasil. Ai, que tristeza! Como queria seguir em Cusco, mesmo que fosse pra ficar fazendo nada no hostel... ou ir pro Vale Sagrado, pra Písac me hospedar naquela chichería... achar um canto pra acampar com minha barraca quebrada, vestígio de Copacabana... Mas vida que segue, tinha que partir.

Arrumei minhas coisas e fui chamar um taxi. Coloquei o pé pra fora do hostel e começou a chover PEDRA cara, era Cusco dizendo pra eu ficar kkkkk foi um absurdo, do NADA não tava chovendo nem nada, e começa a cair granizo. Enfim, esperei parar um pouco, enrolei o máximo possível e fui pro aeroporto.

Já tinha reservado um hostel em Lima pertinho do aeroporto, eu ia só dormir aquela madrugada e pegar meu voo pra São Paulo na mesma noite. E no voo aconteceu algo muito louco, caiu um RAIO no meu avião galera... Foi super assustador. Deu um brilho vermelho e um barulhão do lado da asa que eu tava perto, deu um tremelico, um grito geral, uma senhora no banco de trás começou a rezar sem parar, todo mundo assustado... pensei que eu talvez não fosse chegar a Lima. Já comecei a paranoiar que o avião tava se inclinando pro lado, já tava sentindo o avião caindo e a senhorinha atrás de mim rezando rezando em espanhol, pedindo de tudo pra deus pra jesus cristo e tudo, cantando aleluia... depois de uns minutos de pânico silencioso generalizado no avião, o piloto falou pelo radinho que tinha caído um raio, mas que tinham checado tudo e tava tudo bem, íamos chegar a Lima em tantos minutos. Mas a senhorinha continuou rezando e cantando aleluia em voz alta o voo inteiro. Ela que nos salvou.

Com essa termino o relato de Cusco e sigo pro finzíssimo do meu mochileo.

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Editado por miranlauberf
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PARTE 6:

Dia 30 (6/2):  Um dia em Lima e fim de viagem 😭 

Cheguei de madrugada no aeroporto. Foi um perrengue. Eu tava quase sem bateria no celular, com 2%, tava morrendo de sono, cheia de coisas, ainda assustada do raio que caiu no avião durante a viagem, só queria descansar. Tentei chamar um uber mas não me aceitavam, cancelavam, e eu tava nas últimas do celular ligado... Fui atrás de um taxi. Em Lima os valores são tabelados. Meu hostel era ridiculamente perto do aeroporto, 5 minutos em carro, e queriam me cobrar 45 soles. Não teve jeito, consegui fazer a 40, achei o taxi meio suspeito, achei que iam me sequestrar, até mandei minha localização pra alguém (como se alguém fosse ver minha localização às 5 da manhã, mas só por precaução...), mas cheguei tranquila no Paypurix hostel, tirando a parte de que tive que gastar 40 conto em uma viagem ridícula porque não tinha opção. 

Dormi até umas 9h. O quarto era gigante, era meio separado em 3 partes interligadas, tinha tipo umas mil camas sei lá kkk muitas, mas pelo menos tava meio vazio. Tinha ventiladores e ar condicionado, e também banheiro no quarto. Dormi bem confortável, e no outro dia acordei com a má notícia de que cobram pra guardar equipamento. Dei uma baita chorada pra moça da recepção, falei que minha grana tava contada, disse ali pra ela quanto tinha e o máximo que podia pagar, ela aceitou guardar minhas coisas o dia todo pelo absurdo de 13 soles, mas tá, dale. Deixei ali e saí pra passear por Lima.

Chegar em Lima foi um choque cultural pra mim. Passei por muitas cidades e nenhuma tinha um ônibus grande de verdade, além dos Puma Katari em La Paz, que mesmo assim são a metade dos que to acostumada na minha cidade. Mas em Lima tinha. Era muito barulhenta, absurdamente quente, grande, tudo longe, cheia de gente. Algo que pra mim é normal na minha vida normal, mas era fevereiro e eu tava fora do Brasil desde agosto. Comecei a pensar que não queria estar ali, e que não queria ir embora. queria voltar pra Cusco, não ia me acostumar de novo com minha vida em Porto Alegre. Mas tá, noias à parte, reflexões da vida, fui passear no centro.

O aeroporto é meio longe do centro, peguei uma van e depois fui no metropolitano, que é basicamente um ônibus que anda numa pista especifica com estações específicas parecendo um trem. Acho que 1 sol a van e 2,50 o metropolitano, uma menina passou o cartão pra mim e paguei a passagem pra ela. Desci na estação central e fui caminhando até a praça de armas. Achei super esquisito, tava toda fechada, cercada, não dava pra entrar na praça, e era tri grande... tinha que contornar ela pra chegar do outro lado, tava toda uma função, achei bem chato. Eu tava bem no perrengue esse dia porque realmente não tinha mais grana nenhuma, pensei que não ia precisar passar no WU mas tive que fazer a mão. Não tinha dinheiro nem pra almoçar, depois de pagar aqueles 40 soles do taxi mais os 13 das minhas mochilas no hostel. E o que fazer se meu aplicativo do WU não tava funcionando... entrei num restaurante vegetariano com meus últimos 20 soles e pedi o almoço, na esperança de que ia conseguir sacar. Se não conseguisse, sei lá o que ia fazer, mas botei fé. Liguei pra um amigo do Brasil e pedi pra ele transferir pra mim pelo WU que eu fazia o pix pra ele. Fiquei ali enrolando no restaurante, inclusive um almoço delicioso, Manantial o nome, acho que foi menos de 15 o almoço com entrada, prato principal, chá de camomila e sobremesa. Queria fazer um monte de coisas em Lima, saí do restaurante e fui caminhando aí pelo centro.

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Passei pela Jirón de la Unión, cheguei na plaza central com sua catedral imensa, fui seguindo, queria ir nas Catacumbas mas não tinha grana, daí entrei só na Casa de Literatura Peruana, bem interessante, gostei bastante de visitar ali já que me interessam as letras, mas eu tava meio sem atenção pra ler as coisas e queria ir logo pra Miraflores, também tinha horário pra encontrar uma amiga brasileira que mora lá. Procurei no app moovit que bus pegava pra chegar no Parque Kennedy e fui. Lá tem muitos gatos, eu amei, é o parque dos gatinhos, tem um monte dormindo e andando por ali. Comi uns picarones ali no parque, que são tipo umas rosquinhas fritas com um molhinho doce tipo um caramelo, bem bom, e resolvi seguir o conselho do mexicano de arequipa e alugar uma bicicleta pra passear pelo malecón. 

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É tipo o Bike Itaú de Lima, que funciona só pelo Miraflores. Se chama City Bike Lima, baixei o app, vi como funcional contratei o plano de um dia que custa tipo 5 soles, achei bem valendo. Mas o susto que levei quando entrou no meu cartão de crédito um pagamento de 50 soles... que merda é essa? fiquei puta da cara, comecei a ver todas as letras pequenininhas, até que um tempo depois, procurando muito, do nada recebi uma notificação de que o pagamento tinha sido ressarcido... aí que encontrei que eles faziam essa cobrança de 50 soles só pra testar o cartão e depois devolviam, fazendo o pagamento real de 5 soles. Ufa, mas estresse a nada. Peguei a bicicleta e saí de rolê. Fui indo pelo malecón, primeiro pro norte, parando nas pracinhas, e depois voltando pro sul. Foi bem bom pedalar, é um bom jeito de conhecer a cidade, recomendo muito. Tem que cuidar com o tempo, largar a bike e pegar outra a cada 30 minutos pra não te cobrarem extra, mas bem tranquilo. Tirando que tava um calor dos infernos e eu não encontrava uma alma nessa cidade vendendo água. Já tava com saudade do comércio de rua informal das outras cidades que tinha passado... Lima me pareceu tão metropolitana, tão qualquer cidade grande que já conheço na minha vida. Tem sua diferença, tem sua beleza, mas não é o que eu mais gosto de visitar não.

Fui indo na direção da puente de los suspiros, onde ia encontrar minha amiga. larguei a bicicleta no posto errado e tive que caminhar muito, tipo uns 4o minutos até encontrar ela. Descemos Barranco em direção à praia, minha segunda vista do Pacífico. Algumas praias são com pedra, as mais pro sul já são com areia, mas em geral a faixa de praia é bem curta e com a rua bem perto. Também é cheio de gente, tipo abarrotado. Fui com essa amiga num encontro de contação de histórias infantis, ela tava com o filho pequeno e assim conheci a Playa de los Yuyos. Vimos o pôr do sol no mar e ela chamou um uber pra mim até o Parque Kennedy outra vez. Ah, eu tinha conseguido sacar grana no WU. Mas viajei muito na praia e no fim tava super atrasada, o trânsito de Lima é um absurdo. E eu tava de novo na rua com a questão de não ter bateria no celular.

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Minha intenção era ir de bus até o hostel, pegar minhas coisas e ir de taxi pro aeroporto. Pedi pra umas gurias na rua chamarem um taxi pra mim, deu 60 soles!!!! um absurdo mas eu simplesmente não tinha o que fazer, de bus nunca ia chegar a tempo do meu voo, e além disso não conseguia encontrar nos aplicativos que bus tinha que pegar pra chegar no hostel. Peguei o uber, que levou mais de 1h pra chegar no hostel. Eu já tava achando que ia perder o voo, mas o motorista era um venezuelano tri querido que sem aumentar o preço me esperou no hostel e me levou direto pro aeroporto. 

Assim tava terminando meu rolê... eu tava infinitamente fedida do calor absurdo desse dia, muito cansada e estressada desses perrengues e de ter gasto tanta grana que não queria gastar, mas pelo menos eram meus últimos dias no sentido de que não tinha mais nada com que gastar além disso, então não ia comprometer meus próximos dias pq a viagem tava acabando. Ai, a viagem tava acabando...... que tristeza. Mas foi assim, cheguei no aeroporto, usei meus últimos 33 soles pra comprar uma garrafa de pisco a 32 soles e quase meia noite peguei meu voo de volta pra São Paulo.

  • 4 meses depois...
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Em 25/03/2024 em 22:48, miranlauberf disse:

PARTE 6:

Dia 30 (6/2):  Um dia em Lima e fim de viagem 😭 

Cheguei de madrugada no aeroporto. Foi um perrengue. Eu tava quase sem bateria no celular, com 2%, tava morrendo de sono, cheia de coisas, ainda assustada do raio que caiu no avião durante a viagem, só queria descansar. Tentei chamar um uber mas não me aceitavam, cancelavam, e eu tava nas últimas do celular ligado... Fui atrás de um taxi. Em Lima os valores são tabelados. Meu hostel era ridiculamente perto do aeroporto, 5 minutos em carro, e queriam me cobrar 45 soles. Não teve jeito, consegui fazer a 40, achei o taxi meio suspeito, achei que iam me sequestrar, até mandei minha localização pra alguém (como se alguém fosse ver minha localização às 5 da manhã, mas só por precaução...), mas cheguei tranquila no Paypurix hostel, tirando a parte de que tive que gastar 40 conto em uma viagem ridícula porque não tinha opção. 

Dormi até umas 9h. O quarto era gigante, era meio separado em 3 partes interligadas, tinha tipo umas mil camas sei lá kkk muitas, mas pelo menos tava meio vazio. Tinha ventiladores e ar condicionado, e também banheiro no quarto. Dormi bem confortável, e no outro dia acordei com a má notícia de que cobram pra guardar equipamento. Dei uma baita chorada pra moça da recepção, falei que minha grana tava contada, disse ali pra ela quanto tinha e o máximo que podia pagar, ela aceitou guardar minhas coisas o dia todo pelo absurdo de 13 soles, mas tá, dale. Deixei ali e saí pra passear por Lima.

Chegar em Lima foi um choque cultural pra mim. Passei por muitas cidades e nenhuma tinha um ônibus grande de verdade, além dos Puma Katari em La Paz, que mesmo assim são a metade dos que to acostumada na minha cidade. Mas em Lima tinha. Era muito barulhenta, absurdamente quente, grande, tudo longe, cheia de gente. Algo que pra mim é normal na minha vida normal, mas era fevereiro e eu tava fora do Brasil desde agosto. Comecei a pensar que não queria estar ali, e que não queria ir embora. queria voltar pra Cusco, não ia me acostumar de novo com minha vida em Porto Alegre. Mas tá, noias à parte, reflexões da vida, fui passear no centro.

O aeroporto é meio longe do centro, peguei uma van e depois fui no metropolitano, que é basicamente um ônibus que anda numa pista especifica com estações específicas parecendo um trem. Acho que 1 sol a van e 2,50 o metropolitano, uma menina passou o cartão pra mim e paguei a passagem pra ela. Desci na estação central e fui caminhando até a praça de armas. Achei super esquisito, tava toda fechada, cercada, não dava pra entrar na praça, e era tri grande... tinha que contornar ela pra chegar do outro lado, tava toda uma função, achei bem chato. Eu tava bem no perrengue esse dia porque realmente não tinha mais grana nenhuma, pensei que não ia precisar passar no WU mas tive que fazer a mão. Não tinha dinheiro nem pra almoçar, depois de pagar aqueles 40 soles do taxi mais os 13 das minhas mochilas no hostel. E o que fazer se meu aplicativo do WU não tava funcionando... entrei num restaurante vegetariano com meus últimos 20 soles e pedi o almoço, na esperança de que ia conseguir sacar. Se não conseguisse, sei lá o que ia fazer, mas botei fé. Liguei pra um amigo do Brasil e pedi pra ele transferir pra mim pelo WU que eu fazia o pix pra ele. Fiquei ali enrolando no restaurante, inclusive um almoço delicioso, Manantial o nome, acho que foi menos de 15 o almoço com entrada, prato principal, chá de camomila e sobremesa. Queria fazer um monte de coisas em Lima, saí do restaurante e fui caminhando aí pelo centro.

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Passei pela Jirón de la Unión, cheguei na plaza central com sua catedral imensa, fui seguindo, queria ir nas Catacumbas mas não tinha grana, daí entrei só na Casa de Literatura Peruana, bem interessante, gostei bastante de visitar ali já que me interessam as letras, mas eu tava meio sem atenção pra ler as coisas e queria ir logo pra Miraflores, também tinha horário pra encontrar uma amiga brasileira que mora lá. Procurei no app moovit que bus pegava pra chegar no Parque Kennedy e fui. Lá tem muitos gatos, eu amei, é o parque dos gatinhos, tem um monte dormindo e andando por ali. Comi uns picarones ali no parque, que são tipo umas rosquinhas fritas com um molhinho doce tipo um caramelo, bem bom, e resolvi seguir o conselho do mexicano de arequipa e alugar uma bicicleta pra passear pelo malecón. 

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É tipo o Bike Itaú de Lima, que funciona só pelo Miraflores. Se chama City Bike Lima, baixei o app, vi como funcional contratei o plano de um dia que custa tipo 5 soles, achei bem valendo. Mas o susto que levei quando entrou no meu cartão de crédito um pagamento de 50 soles... que merda é essa? fiquei puta da cara, comecei a ver todas as letras pequenininhas, até que um tempo depois, procurando muito, do nada recebi uma notificação de que o pagamento tinha sido ressarcido... aí que encontrei que eles faziam essa cobrança de 50 soles só pra testar o cartão e depois devolviam, fazendo o pagamento real de 5 soles. Ufa, mas estresse a nada. Peguei a bicicleta e saí de rolê. Fui indo pelo malecón, primeiro pro norte, parando nas pracinhas, e depois voltando pro sul. Foi bem bom pedalar, é um bom jeito de conhecer a cidade, recomendo muito. Tem que cuidar com o tempo, largar a bike e pegar outra a cada 30 minutos pra não te cobrarem extra, mas bem tranquilo. Tirando que tava um calor dos infernos e eu não encontrava uma alma nessa cidade vendendo água. Já tava com saudade do comércio de rua informal das outras cidades que tinha passado... Lima me pareceu tão metropolitana, tão qualquer cidade grande que já conheço na minha vida. Tem sua diferença, tem sua beleza, mas não é o que eu mais gosto de visitar não.

Fui indo na direção da puente de los suspiros, onde ia encontrar minha amiga. larguei a bicicleta no posto errado e tive que caminhar muito, tipo uns 4o minutos até encontrar ela. Descemos Barranco em direção à praia, minha segunda vista do Pacífico. Algumas praias são com pedra, as mais pro sul já são com areia, mas em geral a faixa de praia é bem curta e com a rua bem perto. Também é cheio de gente, tipo abarrotado. Fui com essa amiga num encontro de contação de histórias infantis, ela tava com o filho pequeno e assim conheci a Playa de los Yuyos. Vimos o pôr do sol no mar e ela chamou um uber pra mim até o Parque Kennedy outra vez. Ah, eu tinha conseguido sacar grana no WU. Mas viajei muito na praia e no fim tava super atrasada, o trânsito de Lima é um absurdo. E eu tava de novo na rua com a questão de não ter bateria no celular.

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Minha intenção era ir de bus até o hostel, pegar minhas coisas e ir de taxi pro aeroporto. Pedi pra umas gurias na rua chamarem um taxi pra mim, deu 60 soles!!!! um absurdo mas eu simplesmente não tinha o que fazer, de bus nunca ia chegar a tempo do meu voo, e além disso não conseguia encontrar nos aplicativos que bus tinha que pegar pra chegar no hostel. Peguei o uber, que levou mais de 1h pra chegar no hostel. Eu já tava achando que ia perder o voo, mas o motorista era um venezuelano tri querido que sem aumentar o preço me esperou no hostel e me levou direto pro aeroporto. 

Assim tava terminando meu rolê... eu tava infinitamente fedida do calor absurdo desse dia, muito cansada e estressada desses perrengues e de ter gasto tanta grana que não queria gastar, mas pelo menos eram meus últimos dias no sentido de que não tinha mais nada com que gastar além disso, então não ia comprometer meus próximos dias pq a viagem tava acabando. Ai, a viagem tava acabando...... que tristeza. Mas foi assim, cheguei no aeroporto, usei meus últimos 33 soles pra comprar uma garrafa de pisco a 32 soles e quase meia noite peguei meu voo de volta pra São Paulo.

Olá minha querida tudo bem? Sabe dizer se os onibus funcionam em 24 e 31 de dezembro?

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