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Cusco -- Trilha Inca -- Machu Picchu -- Puno -- La Paz: 14 dias


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Viajamos eu e o Fred, um amigo de longa data. Quatro amigos haviam planejado viajar há um ano e meio. Um se casou, outro teve dificuldades financeiras e, ao cabo, fomos só nós dois. A ideia desde sempre era ir ao Peru e chegar a Machu Picchu pelo Caminho Inca. Mais tarde, decidimos descer para a Bolívia.

Compramos passagens pela TACA, saindo de Guarulhos, apesar de morarmos em Belo Horizonte, com destino final em Cusco.

Só depois percebi que escolhemos mal. Preste atenção: se você pretende ir a Peru e Bolívia, pense em começar por esta e não por aquele. Os voos à Bolívia, segundo pesquisas que fiz, são mais baratos que ao Peru, e a viagem é mais curta. Nós viajamos de ônibus do Peru para a Bolívia e de volta ao Peru, mas a melhor opção seria da Bolívia ao Peru e de volta à Bolívia.

 

05/03

Partimos de Belo Horizonte no voo de 19h40, último em direção a Guarulhos. No Aeroporto de Guarulhos, jantamos, demos um tempo e, perto das 23h00, fomos ao hotel que há dentro do próprio aeroporto, mas não havia quartos disponíveis. No saguão de desembarque, nos ofereceram um hotel na cidade por 130 reais e com transporte gratuito na ida e na volta para o aeroporto. Decidimos ir, embora a decisão tenha sido um pouco tardia, pois, se tivéssemos ido mais cedo, dormiríamos mais.

O micro-ônibus do hotel chegou em meia hora e chegamos ao Hotel Mônaco pouco depois da meia noite. Dormimos até 3h45, quando saímos sem café da manhã, claro, e pegamos o ônibus no hotel até o aeroporto. O hotel oferece saídas regulares, havendo um às 4h00.

Recomendo o hotel para quem precisa pernoitar em Guarulhos. O quarto é muito bom e o transporte e café da manhã estão incluídos.

 

CUSCO

 

06/03

Fizemos o check-in. O voo saiu pontualmente às 6h25 para o aeroporto de Lima, onde fizemos conexão para Cusco. Ver os Andes pela janela do avião é muito bacana. Assegure sua janela ao viajar. Chegamos em Cusco às 13h.

Na saída do aeroporto, esperamos muito pouco pela empregada do Hostel Pirwa da Plaza San Francisco. Ela combinou de nos pegar quando fiz a reserva. O táxi ficou por conta do albergue.

Como o quarto ficava no segundo andar do edifício, ao chegar nele, depois de subir as escadas, já senti o efeito da altitude. Estava ofegando por tão pouco!

Ficamos em um quarto com oito camas, por 26 soles a diária, incluído o café da manhã. O quarto nunca esteve cheio e a estadia foi tranquila. Recomendo o Pirwa.

Era domingo de carnaval e as pessoas brincavam nas ruas de jogar água uns nos outros. O aviso foi dado e, de fato, nem os turistas escapavam. Saindo do hostel, virando a primeira esquina em direção à Plaza de Armas, recebi um tiro de água na barriga, disparado de alguém que passava de carro. A Plaza de Armas era a praça principal da guerra. Como não estava à vontade para entrar no clima, me esquivei das brincadeiras e fomos almoçar. Fomos ao cardápio mais típico e pedimos lomo saltado, Inca Kola e cerveja Cusqueña.

Aproveitamos o resto da tarde para trocar dinheiro, olhar roupas para o caminho inca, pesquisar sobre passeios e conhecer a cidade a pé. A Av. Sol tem muitas casas de câmbio (ou melhor, balcões de câmbio, instalados dentro de farmácias, lojas de roupas, etc.). O preço varia de um a cinco centavos de uma para outra. Ao final, concluí que não precisava comprar dólares, pois era muito fácil trocar reais.

Fomos ao Humberto, da Pumas Trek, para pagar a segunda parte da Trilha Inca. Ele havia dito por e-mail que estaria mesmo no domingo. Mas não estava. Eu estava preocupado porque, até então, meu nome não estava no site do governo peruano que controla a Trilha Inca.

Fechamos na agência que fica no próprio albergue o city tour (S/25) e o Valle Sagrado (S/35).

Essa noite e a noite seguinte foram as frias que pegamos em Cusco. Chegou-se a 5 graus.

 

07/03

De manhã, visitamos o mercado de Cusco, onde comprei uma calça com pernas destacáveis para ir à Trilha Inca e ainda olhei presentinhos. Observei antropologicamente os hábitos alimentares locais e decidi mesmo não comer nada pelas ruas. Na Av. Sol, compramos o boleto turístico. Mesmo não tendo tempo para visitar todos os locais possíveis, e mesmo tendo que pagar separado a Catedral e o Qorikancha, na ponta do lápis, o boleto vale a pena.

Fomos ao Humberto, que recebeu o restante do dinheiro e falou novamente que, a despeito do nome não estar incluído no site do governo, a entrada na Trilha estava garantida. Ele ainda ofereceu mostrar o documento mostrando a reserva, ligou para alguém para ver se nos podia mandar o documento, mas a resposta foi negativa, pois a pessoa não poderia comparecer àquela hora.

Depois do almoço, alguém nos chamou no albergue e nos levou ao ônibus para o city tour, que inclui a Catedral, Qorikancha, Sacsayhuamán, Qenko e Tambomachay. Durante o passeio conhecemos quatro turistas de São Paulo que começariam a Trilha Inca no mesmo dia que nós.

A Catedral é riquíssima por dentro e vale a pena apreciar cada detalhe, mas... cá entre nós, ainda prefiro as igrejas de Minas Gerais... as de lá são maiores, só isso.

Quanto ao Qorikancha, infelizmente, só restam alguns muros. Mas já é o suficiente para ver como eram bem cortadas as pedras e como era perfeito feito o encaixe entre elas. Palmas para os senhores incas!

O passeio em Sacsayhuamán foi prejudicado pela chuva, que nos obrigou a comprar uma segunda capa de chuva (a primeira havíamos deixado no albergue). Sinceramente e com o perdão de quem pensa o contrário, para quem já visitou o México e todo o tamanho e suntuosidade das pirâmides ou palácios astecas ou maias, a maioria das construções incas só chama atenção pela habilidade em construir nas montanhas e pela urbanização. Os incas construíam edifícios com um ou, no máximo, dois pavimentos.

Assim, com esse pensamento de “só isso”, segui para Qenko e Tambomachay. Este último foi pior, pois choveu mais ainda. Mas, em compensação, ao descer se abriu um arco íris duplo, nascendo à esquerda numa serra que o sol tingia de amarelo bem vivo. Comemoramos comendo um choclo com queso, um milho quente com um queijinho que as senhoras vendem fora do sítio arqueológico.

O city tour ainda passou por uma fábrica de roupas de lã de alpaca, onde nos explicaram que a maioria do que se vende pelo Peru e Bolívia é feito com tecido importado da China (tinha que ser!) e não com lã de alpaca verdadeira. O lamentável é que os vendedores juram que é lã de alpaca legítima. Não falaram a respeito, mas outros tipos de artesanato também são chineses, tá!?

 

08/03

Acordamos bem cedo, pois nos chamariam ao passeio do Valle Sagrado logo. Aproveitei para entrar na internet (ponto fraco do Pirwa: só há dois computadores e o Wi-fi funciona muito mal) e vi que, finalmente, meu nome estava no site do governo, um dia depois de pagar a segunda parcela (não sei se por coincidência) e um dia antes de começar a Trilha Inca.

Fomos chamados ao ônibus que partiu para o Valle Sagrado. Realmente, é um passeio que vale a pena ser feito, embora a Trilha Inca e Machu Picchu, ao final, tenham esmaecido as lembranças que guardei do Valle Sagrado. Embora Pisac seja interessante (principalmente pela paisagem), o ponto alto do passeio é, sem dúvida, Ollantaytambo, única cidade Inca que é ainda habitada. As paredes das edificações são originalmente incas até a metade, seguidas de construções contemporâneas até o telhado. Quase no meio da subida de uma das montanhas está uma construção que hoje é identificada como um celeiro, onde os antigos guardavam cereais para que fossem melhor preservados, considerando a ventilação sempre abundante. Não conhecia a teoria, contada pelo guia, de que a formação rochosa ao lado do depósito, que lembra um face de homem com barba (os índios locais não tinham e não têm barba), refere-se a vikings que teriam chegado ao Peru.

A última etapa do passeio foi uma visita ao povoado de Chincheros, onde assistimos ao vivo como se fazem os tecidos típicos com lã de alpaca. O mais interessante foi ver como as senhoras tiram as cores da natureza.

 

TRILHA INCA

 

Equipamento comprado para a Trilha Inca

 

Bota Nômade Azimut Pro – R$280, na Blackboots da Av. Getúlio Vargas, Belo Horizonte;

Meias Selene Coolmax – R$20,00 o par (comprei 2) na Blackboots da Av. Getúlio Vargas, Belo Horizonte;

Mochila Trilhas & Rumos Crampon 44 – R$150,00 na Mário Caça e Pesca da Av. Paraná, Belo Horizonte;

Saco de dormir Trilhas & Rumos Micropluma – R$150,00 na Mário Caça e Pesca da Av. Paraná, Belo Horizonte;

Calça com pernas destacáveis – S/30,00 no Mercado de Cusco;

Jaqueta Polar + Corta vento North Face – S/80,00 numa lojinha na Plaza de Armas de Cusco;

Agasalho segunda pele transpirável Under Armor – S/150 na loja Conquista em Cusco.

 

O que levei à Trilha Inca

 

No corpo, nos bolsos ou nas mãos:

Cueca boxer 1

Calça de pernas destacáveis 1

Camiseta sintética 1

Par de meias para caminhada 1

Par de botas para caminhada 1

Bastão para caminhada 1

Chapéu 1

Máquina fotográfica 1

Telefone celular 1

 

Na mochila:

Saco de dormir 1

Isolante térmico 1

Travesseiro inflável 1

Pacote de lenços umedecidos 1

Estojo de higiene bucal 1

Rolo de papel higiênico 1

Sacolas plásticas 2

Repelente 1

Protetor solar 1

Desodorante 1

Óculos de sol 1

Lanterna pequena 1

Cuecas boxer 4

Ceroula 1

Bermuda 1

Pares de meias para caminhada 1

Pares de meias comuns 2

Camisetas 3 (incluindo a do Cruzeiro, claro)

Agasalho segunda pele 1

Agasalho jaqueta polar + corta vento 1

Cachecol 1

Touca de lã 1

Luvas de lã 1

Toalha de rosto 1 (que serviu tranquilamente para o corpo todo)

Capa de chuva 1

Barra de chocolate 2

Barra de cereal 2

Saquinho de folhas de coca 1

Cantil 900ml 1

Estojo de remédios (neosaldina, tandrilax, band-aid, herpesil e penvir – leve estes últimos se você sofre de herpes labial, pois é incrível a quantidade de gente que sofre disso ao longo do caminho, vi muita gente com a aparência horrível) 1

 

 

09/03

Neste dia, começamos a Trilha Inca, projeto mais importante da viagem. Uma das guias nos chamou no albergue e sua primeira pergunta foi no sentido de confirmar se levávamos o saco de dormir. – Sim, moça! Estamos preparados!

Viajamos novamente até Ollantaytambo, onde se inicia o trajeto, e onde fizemos compras que faltavam (folhas de coca, chocolates, cereais e um bastão, no meu caso; isso e mais cordas e presilhas, no caso do Fred) e omamos nosso café da manhã. No café, voltamos a encontrar os paulistas que conhecemos no city tour. Nós nos encontramos inúmeras vezes ao longo dos quatro dias.

Antes de passarmos o posto de controle, o grupo foi apresentado. Éramos quinze caminhantes, acompanhados de quatro guias. Um guia era particular e atenderia somente o terceiro brasileiro do grupo, um capixaba que conhecemos lá. Além dos três brasileiros, havia um americano, uma chilena, sendo o resto de argentinos. Fizemos um grande grupo, camaradas! Amigos que espero reencontrar adiante!

Houve uma demora muito chata no posto de controle: cerca de quarenta minutos. Os guias explicaram que eles têm tido problemas com o sistema novo de controle.

Iniciamos, finalmente, o trajeto. Durante este dia, houve sol o tempo todo. À medida que eu caminhava, sentia o peso da mochila. Eu havia planejado levar, no máximo, seis quilos, que é cerca de 10% do que eu peso (68Kg). Mas saí um pouco mais pesado. Andei pensando no quanto isso atrapalharia minha caminhada.

Ao longo da trilha eu fui reparando no que os outros levavam consigo. Havia mochilas bem maiores e mais pesadas que a minha. Muita gente não liga para as recomendações de equipamento: tinha gente trajando calças jeans e calçando até sapatos! Como todos terminaram, digo que o risco de não usar equipamento recomendável (como botas) é seu, mas mesmo assim é possível fazer a trilha.

Na única subida pesada do primeiro dia, encontramos duas meninas que, estando em seu segundo dia de caminhada, desistiram da caminhada e voltavam para trás. Isso indicava que o segundo dia, como falam, realmente é o maior desafio!

A melhor coisa do primeiro dia é a visão que se tem de Patallacta lá em baixo, à margem do rio Urubamba.

Acampamos por volta das cinco da tarde e as condições do local não eram horríveis. O banheiro era uma choupana de teto baixo e de cheio muito ruim. De um lado, a latrina, de outro, um chuveiro do qual saía pouca água, mas água gelada. Apesar de ter levado lenços umedecidos, como havia feito sol durante o caminho e eu estava muito suado, não me dei outra opção: tomei banho.

 

10/03

A chuva começou durante a noite e avançou pelas primeiras horas da manhã, o que nos forçou a usar capas de chuva, que incomodam, mas são necessárias. Eu e Fred havíamos comprado daquelas capas descartáveis que são vendidas em qualquer lugar por cerca de cinco soles. Elas ajudaram bem, mas tiveram mesmo de ser jogadas fora ao final.

A subida do segundo dia já começa no início da trilha, mas é certo que a subida inicial não dá ideia do que há pela frente. Embora a chuva tenha cessado no meio da manhã, as dificuldades aumentaram.

São cinco quilômetros de subida, começando dos 2900 metros acima do nível do mar e terminando aos 4200. Sem dúvida, essa foi a prova mais difícil a que submeti meu corpo. Depois disso, a retirada do dente siso semana que vem vai ser moleza!

A questão é que, quanto maior a altitude, mais difícil é captar oxigênio. Então, você se cansa mais fácil. Durante a subida eu me lembrei que a preocupação do dia anterior era a mochila, mas agora eu nem me lembrava dela: minha preocupação agora era respirar!

Nos trechos finais, eu caminhava cinco minutos e parava para descansar. Em três minutos estava completamente renovado, para então andar mais cinco e me esgotar de novo! Impressionante! Não se trata de uma fadiga muscular, é simplesmente a falta de oxigênio!

O Fred, diferentemente, não teve dificuldades e só parava para me esperar (ele é estudante de educação física e jogador amador de basquete e tem melhor preparo físico que eu). Nesses descansos, a propósito, a gente ia fazendo amizade com os outros membros do grupo.

Mas eu cheguei! Isso prova que condicionamento físico é bom para a Trilha Inca, mas não é indispensável. Eu, magro, mas sedentário, cheguei lá! Não é fácil, mas também não é uma experiência de quase-morte. A perseverança pode vencer as limitações físicas. No fim da subida, no auge do meu esgotamento, eu só pensava em dar um passo e depois outro, na certeza de assim eu chegaria. Nem se a Shakira estivesse subindo e rebolando na minha frente eu deixaria de dar atenção ao meu objetivo, que era tão simples: um passo e depois outro.

Chegar aos 4200m é um alívio gigantesco. Lá, reunimos todo o grupo. Alguns haviam chegado há uma hora e outros demoraram mais uns quinze minutos para chegar. Tiramos fotos juntos e passamos a descer. Ah, faz muito frio lá em cima.

Não! Depois da subida, a descida não é a melhor coisa do mundo! As escadarias são infindáveis e tombos podem acontecer facilmente. Os joelhos são muito maltratados. Minhas pernas tremiam ao final, se ficasse parado. Não sei dizer se o bastão foi mais útil na subida (quando nele eu me escorava de cansaço) ou na descida (quando ele eu usava para me firmar e evitar tombos, além de amenizar o impacto nos joelhos).

Chegamos ao acampamento por volta das 15h e eu estava muito cansado. Fazia frio e a água era mais gelada que no dia anterior, mas a ideia de relaxar depois de um banho novamente me seduziu. Me banhei na água mais gelada da minha vida, deitei na barraca e descansei até a chamada para o almoço.

Como a caminhada terminou cedo, tivemos mais tempo para enturmar o grupo, com jogos e muita conversa. E eu ganhei um grande oportunidade de aprender mais espanhol.

Essa noite foi a mais fria. Creio que a temperatura beirou zero grau. Na manhã seguinte, muita gente se queixou de não ter dormido bem por causa do frio. Eu me dei bem usando, além do saco de dormir, meias, uma ceroula e uma calça, uma camiseta e uma segunda pele e uma jaqueta, e uma touca.

 

11/03

Há mais subidas no início do terceiro dia. Dessa vez, segui respirando pela boca e isso ajudou muito. Meu rendimento foi melhor dessa vez e eu passei a dica a outras pessoas que seguiam com dificuldades. Apesar de não ter chovido pela manhã, havia neblina e isso dificultou a visão de algumas ruínas, sobretudo Phuyupatamarka.

À tarde, a chuva fina foi e voltou todo o tempo. A neblina persistiu e nos impediu de ver as montanhas ao redor. Há ondulações no caminho, mas as descidas são maioria e o bastão me foi mais uma vez muito precioso.

Finalmente, chegamos ao último acampamento, que me decepcionou. Ao ouvir falar sobre um bar e água quente no acampamento do terceiro dia, eu imaginava um pedacinho de casa no meio das montanhas peruanas. Mas a água, apesar de morna (não quente) era pouco abundante e sem pressão. O ralo não funcionava muito bem e água se acumulava no chão. O bar, por sua vez, é apertado e barulhento, dificultando conversas entre o grupo. Mas há tomadas onde se pode recarregar aparelhos e há sinal de celular. Ah, também não se pode aproveitar muito, pois o despertar ocorre às 3h30 da madrugada seguinte.

Nesta noite, nos despedimos dos porteadores e nos organizamos para lhes dar gorjetas. Fechamos entre nós um piso de 20 soles por caminhante, que seriam entregues ao líder deles e distribuído. Cara, que trabalho difícil eles fazem! Eu adornado de equipamentos de caminhada e eles andando de sandália e com 20Kg nas costas, às vezes amarrados só com uma manta daquelas de levar bebês. Várias vezes os vi passando e me envergonhava, pensando se eu era um gringo explorador do trabalho deles. Penso, ao final, que infelizmente este é o trabalho que lhes está disponível e é melhor fazê-lo que não ter dinheiro. Se tivessem alternativas melhores, certamente não seriam porteadores.

Para finalizar, devo mencionar que o Fred perdeu a lanterna. Ao que tudo indica, ele esqueceu na barraca na noite anterior e quem encontrou escolheu não devolver (claro que nem todo porteador é bonzinho...). Então, não deixem nada na barraca!

 

12/03

Finalmente! O último dia, cara!

Acordamos às 3h30, sem chá de coca servido na barraca desta vez, já que os porteadores necessitavam de imediato desmontar todas as barracas e pegar o primeiro trem de volta.

Com tudo arrumado, esperamos por cerca de meia hora no último posto de controle. Aproveitamos esse tempo para passar uma lista de e-mails (hoje já tem um monte de gente se cumprimentando diariamente pelo Facebook). Estava amanhecendo quando vencemos o posto de controle e, infelizmente, o nevoeiro ainda persistia.

Esta última etapa da caminhada é tranquila. Só há uma escadaria bem inclinada, mas ela não intimida ninguém, pois Machu Picchu está logo ali.

Alimentei durante todo o caminho a esperança de que o nevoeiro se extinguisse quando alcançássemos a Porta do Sol. Mas não aconteceu. De lá vimos o branco, o branco e o branco. A única coisa que se pôde fazer foi descansar, juntar todo mundo, organizar o grupo e descer até o controle de entrada na cidade, quando você, estranhamente, tem que sair e entrar. Entre a saída e a entrada é possível guardar a mochila num depósito e usar o banheiro. Ao usar qualquer banheiro no Peru, faça como eu, certifique-se de que há papel, e não como o amigo argentino que, com a cabeça entre a porta e parece, teve que me pedir para buscar para ele.

Pronto! Não vou detalhar Machu Picchu, seja por falta de tempo ou por falta de capacidade técnica. Só conto que não subi Huayna Picchu porque não havia mais vagas e também porque, mesmo havendo vagas, muito provavelmente eu não o faria por cansaço.

Por fim, conto que, quando o guia Juvenal foi se despedir e distribuir as passagens de trem de retorno, as nossas não estavam presentes. Ele logo me tranquilizou, dizendo que, já que me haviam vendido também a passagem, tudo se resolveria e o acontecido seria só um engano. Rodamos uma pequena parte de Machu Picchu procurando um sinal de celular. Em umas três ligações, o Humberto confirmou que nos vendeu o bilhete e o Juvenal me pediu que pegasse os papéis no restaurante “El Chaski”, em Águas Calientes.

Por volta de 1h00, saímos de Machu Picchu. Eu desci de ônibus e o Fred a pé (mas sem a mochila, que eu levei comigo). Como o ônibus desce devagar e o caminho de pedestre é mais curto que o de veículos, só lá embaixo na margem do Urubamba nós ultrapassamos o Fred, exatamente quando começou a chover, coitado.

Quando cheguei no restaurante, as passagens já estavam lá. O Humberto, parece, as mandou por fax. No El Chaski eu comi o meu melhor ceviche do Peru, de truta!

Como nossa passagem de trem era para as 19h00, ficamos a tarde toda na pracinha de Águas Calientes, onde, em pouco tempo, para nossa surpresa e aos poucos, reencontramos parte do nosso grupo de trilha: o capixaba e alguns argentinos.

 

PUNO

 

13/03

Nós havíamos fechado com o Humberto um pacotinho para Puno, incluindo ônibus, passeio às ilhas flutuantes e hospedagem por um dia. Tudo por 100 soles, caprichosamente pechinchados – uma magnífica obra do Fred. Ele combinou de levar as passagens às 7h30 no albergue.

Mas, quando Humberto chegou, já era quase 7h45, sendo o ônibus para saída às 8h00. Foi por muito pouco! Chegamos na rodoviária com o rapaz fechando as portas do bagageiro.

Certamente, esta viagem de Cusco a Puno só perdeu em desconforto para uma outra que fiz de BH a Anápolis em um micro-ônibus escolar cujo assento não reclinava. O ônibus, da empresa San Luis, fez diversas paradas saindo de Cusco, botando para dentro até uma senhores para vender pão. Além disso, deixaram embarcar pessoas locais que viajaram sem assento.

Foram longas sete horas... Tudo bem que há paisagens bonitas no caminho, mas, na minha opinião, elas não compensam viajar acordado de dia. Talvez porque a estrada é ruim, o ônibus andava muito devagar e isso só fazia o tédio crescer.

Antes de Puno, o ônibus fez paradas em uma cidade cujo nome não me lembro e outra em Juliaca. Com meu coração aberto, registro minha dispensável opinião, com todo respeito ao povo peruano, no sentido de que Juliaca é a cidade mais feia que já vi. Me lembrou Mogadíscio no filme “Falcão Negro em Perigo”. É tudo tão cinzento e empoeirado...

Embora não seja tão feia, Puno também não é bonita. As únicas partes agradáveis são a Plaza de Armas e a calle Lima. Chegamos na rodoviária, fomos recebidos por uma senhora do Hotel Qorikancha, onde ficaríamos. O hotel é simples, mas muito limpo. Eu recomendo.

Almoçamos em um restaurante cujo nome não me lembro, mas que fica na esquina de Moquegua e Libertad. Muito recomendável. Pedimos um truta à especialidade da casa e foi o prato mais bem servido que comi no Peru: acompanha arroz, batatas fritas, ovo frito, bananas fritas, legumes e, finalmente, abacate.

Depois, fomos às ilhas flutuantes num barco que saiu às 15h00. Fomos recebidos pelo “presidente” da ilha, que explicou como as ilhas são construídas e como vivem os moradores. Depois disso, as mulheres fizeram exposição do artesanato e as crianças começaram a nos convidar para conhecer as casas. Li muito dizendo que as coisas lá são teatrais. Bom, e o que que se relaciona a turismo e não é teatral? É teatral sim (isso ficou evidente com as criancinhas treinadas para te levar à casa delas), mas vale muito a pena. É um lugar diferente de tudo o que se pode ver.

No retorno do barco ao porto, eu tive um pirepaque na visão que ainda não está completamente explicado: eu não conseguia olhar para um objeto determinado, como se eu só tivesse a visão periférica. A visão não ficava escura e nem embaçava, eu simplesmente não conseguia olhar para um objeto determinado, embora tivesse a noção das coisas ao redor dele.

Isso se repetiu, indo e voltando, por uma noite, um dia inteiro e manhã do dia seguinte. Minha médica disse que não deve ser nada grave, já que não voltei a sentir. Segundo ela, provavelmente foi efeito da altitude, embora eu não tenha tido enxaqueca, que normalmente acompanha esse problema. Ela me mandou fazer exames de glaucoma por via das dúvidas.

 

LA PAZ

 

14/03

Saímos às 8h de Puno rumo a La Paz, com uma parada em Copacabana, pela empresa Titicaca Bolívia. Por volta das 11h, cruzamos a fronteira, sem filas ou aborrecimento. A fronteira é só um arco, pelo qual se passa caminhando. De um lado estão os escritórios peruanos e de outro o boliviano. Troca-se dinheiro por todos os lados.

Depois da fronteira, logo se chega a Copacabana, onde há uma parada e troca de ônibus. Tivemos quase duas horas livres e almoçamos na beira do porto. Conhecemos um pouco da cidade, não muita coisa. Depois, nos colocaram em um ônibus menor que seguiu para La Paz.

As paisagens do Titicaca entre Copacabana e La Paz são muito bonitas. Em um ponto, é necessário atravessar um estreito no lago, quando os passageiros descem e pagam a travessia de barco, enquanto o ônibus segue de balsa.

Chega-se a La Paz pela cidade de El Alto, cujas imagens me lembraram as que tenho em mente sobre a Índia: ruas e prédios sujos com um monte de gente perambulando e um monte de vans enlouquecidas no meio do tráfego.

No terminal de ônibus de La Paz, logo saímos pesquisando os preços e horários do retorno ao Peru. Compramos duas passagens por Bs. 130 no balcão da Nuevo Continente para o dia 17/04. Depois, trocamos reais por bolivianos no próprio terminal a Bs. 3,80.

Era umas 4h da tarde e nossa preocupação era arrumar logo um hotel e fechar passeio para o dia seguinte. Tomamos um táxi para o Hotel Sagárnaga, bem recomendado no “Guia do Viajante Criativo da América do Sul”. Havia quartos duplos por Bs 120. Perguntamos por algo mais barato e o cara nos ofereceu um por Bs. 50. Segundo ele, a diferença era camas menores, só isso. Não era bem verdade... o quarto foi o pior da minha vida. Não vi coisa tão ruim nem ficando em hotéis baratos pelo interior de Minas. Havia muita umidade, os colchões eram meio tortos, o carpete sujo e estragado, a TV antiquíssima quase não funcionava (funcionou a tempo de ver novela brasileira dublada – um barato!). O banheiro era escuro e tinha cheio de querosene e o chuveiro estragou de forma que a água só saía de cima...

Ficamos com o quarto por falta de tempo para procurar outra coisa e por que o preço não sugeria maior qualidade. Então, saímos e fechamos Chacaltaya no dia seguinte, em uma agência abaixo do hotel, por Bs. 60 a cabeça. Fomos à Xtreme (atenção: a de cima e não a que fica perto do hotel) para conversar sobre o downhill e gostamos do que vimos. Consultamos outras duas agências também, mas fechamos com a Xtreme. Eu paguei Bs 480 pela bicicleta de dupla suspensão. O Fred pagou Bs. 370 pela de suspensão dianteira, apenas.

Já era noite e fomos conhecer um pouco da cidade e jantar. O Fred experimentou um sanduíche na rua, coisa que eu não recomendei a ele e não recomendo a ninguém. Não é frescura, pois eu comeria em BH. É que eu acho que não compensa assumir o risco de passar mal e perder tempo na viagem. Sem falar no sentimento de desamparo fora do seu país. Jantamos quase todos os dias na Pollos Copacabana da rua Socobaya, perto da Plaza Murillo, que vende frango frito (três peças + batata + refrigerante = Bs. 30).

 

15/03

CHACALTAYA

Acordamos cedo para ir a Chacaltaya e esperamos por quase uma hora nos chamarem, de tanto que atrasaram. Enquanto isso, perguntamos pelo quarto de Bs. 120, pois havíamos decidido não ficar no anterior. Para nossa surpresa, o quarto era satisfatório: sem cheiro ruim, boas camas e TV a cabo. Só o banheiro era ruim, pois alagava depois do banho.

Na espera pelo guia a Chacaltaya, conhecemos uma garota de Curitiba que também iria conosco. No ônibus, ainda encontramos um casal do Rio e um senhor de Sergipe. Parece que esse passeio é o mais frequentado por brasileiros: rara chance de ver neve, não é!?

O ônibus sobe La Paz até El Alto e há a possibilidade de visões mais amplas da capital boliviana. Eles fazem uma parada para compra de biscoitos e etc., pois não há parada para o almoço, uma vez que o passeio normalmente segue de Chacaltaya para o Valle de la Luna (os dois incluídos no preço). Também há paradas para fotos no caminho, que é mais belo na subida do monte. A estrada é estreita e perigosa em alguns trechos.

O ônibus ficou na estação de esqui, onde nevava fininho, e os turistas subiram a pé até o primeiro dos dois picos do Chacaltaya. Havia neve suficiente para saciar a curiosidade brasileira. Nós fizemos até um boneco. É frio: vá agasalhado. E suba devagar: são 5300m de altitude.

No retorno, os brasileiros, claro, cultivaram a amizade no ônibus e decidiram que seria melhor explorar La Paz que ir ao Valle de la Luna (o carioca já tinha ido e disse que não é interessante assim...). Acabou que ninguém foi ao Valle de la Luna, nem os gringos.

Aproveitamos a tarde para conhecer a rua das bruxas e descer mais ainda pela avenida principal (que muda de nome várias vezes) até a Praça do Estudante. Também conhecemos vários outros pontos da cidade, apesar da chuva que caía de vez em quando.

Numa dessas andanças, vimos quatro mulheres tentando por um saco de batatas para dentro da polleria, sozinhas. Eles, juntas, iam demorar dois dias para completar o trabalho. Os cavalheiros do Brasil decidiram ajudar as mocinhas e tomaram o saco de batatas (ugh... pesado mesmo). Não viram, mas havia um segundo. Eles ajudaram de novo e ganharam uma coca-cola como gratidão do povo boliviano.

Depois da coca-cola a gente viu que tinha um carinha na polleria que estava só olhando as mulheres fazer o trabalho... Putz! Em seguida, eu observei melhor que no comércio de La Paz trabalham praticamente só mulheres. Onde estão os homens? Engordando na mesa da gerência?

 

16/03

DOWNHILL A COROICO

Acordamos bem cedo, de forma que não dava tempo de tomar o café no hotel – e esta é uma desvantagem do Sagárnaga: café só a partir das 7h30. Mas isso não foi problema no dia, já que o pacote da Xtreme inclui um café da manhã, que é tomado no início da descida.

Na agência, vestimos as roupas e seguimos para a van. A viagem até La Cumbre tem paisagens muito interessantes que se pode ver de dentro da van. Em La Cumbre, tomamos o café e nos apresentamos. Éramos nós do Brasil, uma canadense, um francês e dois israelenses. Bom, um francês e dois israelenses era um mau presságio, de acordo com as histórias lidas aqui no “Mochileiros”...

Em seguida, colocamos o equipamento de proteção. O equipamento da Xtreme completo é: calça e jaqueta impermeáveis, luvas, joelheiras, cotoveleiras e capacete com frente fechada. No meio do caminho, não encontramos nenhuma agência com ciclistas mais protegidos que nós. Alguns tinham só o capacete (com frente aberta) e um colete.

Na primeira parte, a descida é pelo asfalto e a velocidade é maior. Há mais veículos, mas nenhum abusava da sorte. Faz frio e as mãos, mais expostas ao vento, quase congelam. As paisagens são muito bonitas e diferentes do que se vê na estrada de terra: grandes montanhas rochosas, algumas coberta por neve, e pequenas quedas de água.

No início da estrada de terra, a verdadeira estrada da morte, a visão já estava parcialmente encoberta pela neblina. Era possível enxergar uns 100 metros a frente, apenas. Nada que tornasse insegura a viagem, mas a visão dos abismos não era boa.

Além disso, uma chuva fininha caía, o que poderia ter me tapado a visão, não fossem meus óculos (de grau) de um tipo hidrorrepelente.

O movimento de automóveis na estrada era pequeno. Somente quatro carros subiu enquanto descemos, inclusive um ônibus. Com o ônibus eu fiquei impressionado. Eu não tomaria um desses nunca! Tenham certeza de que, na estrada da morte, a bicicleta é o veículo mais seguro possível!

A descida durou a manhã toda, sem susto nenhum. Eu levei só um tombinho besta quase no final, mas sem arranhão nenhum (por causa da roupa da agência, que é grossa). Quando a estrada ficou mais larga e não havia abismos do lado, resolvi correr acima do que havia feito na parte mais perigosa e, então, numa curva ondulada, custei a manter o controle da bicicleta e, quando estava quase parando, caí. Levantei na mesma hora e segui.

Faltando uns 100 metros para o final, a corrente da bicicleta arrebentou! Sem choro, pois foi só seguir a pé até o boteco onde paramos, tiramos a roupa e ganhamos nossa camisa de sobrevivente!

Depois, voltamos para a van e seguimos para o hotel, onde há uma boa ducha, uma piscina bacana e um almoço razoável.

FANTÁSTICO o passeio! Se tivesse um dia a mais e dinheiro bastante, repetiria no dia seguinte. Se fosse possível, repetiria na tarde do mesmo dia!

Para mim, contratar a Xtreme valeu cada centavo investido. O guia não era dos mais carismáticos, mas era bom. O café da manhã e o lanche eram ótimos. As bicicletas são seguras e a única que deu problema foi a minha (o que não me custou nada, já disse). O equipamento de segurança é de primeira! Além disso, no final, eles ainda se apressaram para me entregar o cd com fotos no mesmo dia, já que na manhã seguinte viajaríamos antes de eles abrirem a loja.

 

17/03

Nosso ônibus era para 8h30 rumo a Puno. Por isso, acordamos cedo para fazer tudo em cima da hora: café, check-out e táxi.

No check-out, uma decepção vinda de um mal-entendido, quero acreditar. Quando fechamos a conta, o balconista, o mesmo que nos recebeu no primeiro dia, revelou que aquele quarto fedorento não era Bs. 50 o quarto, mas Bs. 50 por pessoa! Por esse preço, o quarto é um absurdo de caro! Um roubo! Se soubesse que era assim, não teríamos ficado nem a primeira noite, pois a diferença de um quarto fedorento para um quarto bom seria só de Bs. 20. Portanto, se forem ao Sagárnaga, estejam seguros de como estão cobrando: por quarto ou por pessoa.

Tomamos o ônibus a Puno, acomodados entre quatro argentinos bagunceiros e cruzando a fronteira desta vez por Desaguadero. O caminho é mais curto, mas as filas de ambas as imigrações foi bem maior, nos tomando uma hora no total. Leve sua caneta e evite “alugar” canetas dos oportunistas que ficam por lá oferecendo. Ah, na imigração boliviana, notei que quem leva só o documento de identidade, não o passaporte, tem que entregar cópia deles. Isso aconteceu com os argentinos bagunceiros de que falei.

Sobre os ônibus de Peru e Bolívia, a impressão que tenho é que eles compram do Brasil (só viajei em Marcopolo) quando as amenidades já não funcionam. Logo, os carros têm ar condicionado, bebedouro, cafeteira, banheiro... mas nada disso funciona. O ônibus anda... e mais nada.

O cúmulo dessa limitação dos veículos foi o que aconteceu com uma turista de aparência gringa. Eu vi a garota subindo a escada para a parte de cima, voltando para seu assento, e logo a seguir subiu o “comissário” do ônibus disparando um desodorizador, como se estivesse desinfetando o caminho que ela tomou. Ao subir, ele brigou com ela, pois ela usou o banheiro para fazer o n. 2, o que não se podia, e agora ninguém mais poderia usar o banheiro. Cara, que grosseria! Eu me coloquei no papel da garota e imaginei a vergonha a que ela foi exposta... Lembrando que nunca falaram sobre essa limitação do banheiro e não havia aviso escrito sobre isso.

Chegamos a Puno por volta das 13h e voltamos a almoçar no restaurante da truta farta, antes deixando a bagagem na loja da San Martin, de quem compramos passagem a Cusco por S/ 20 soles. Procuramos guarda-volumes, mas não há.

Não fizemos nenhum outro passeio. Ficamos à toa até enjoar, e nesse tempo reencontramos um casal de argentinos que fez a trilha inca conosco. Depois, gastamos umas duas horas numa lan house, navegando na internet ou jogando.

Quando anoiteceu, fomos para a rodoviária e lá vimos jogos da Copa Libertadores. O ônibus saiu às 22h e, durante a viagem, fez muito frio. Eu me servi do saco de dormir e viajei tranquilo. Ah, desta vez avisaram sobre o que não fazer no banheiro.

 

18/03

Quando chegamos a Cusco, o sol ainda não havia se levantado. Aguardamos a luz do dia, quando procuramos um guarda-volumes e descobrimos que também não existe em Cusco. Deixa-se a bagagem nas lojas de ônibus (algumas têm cartazes se oferecendo). Como não compramos outra passagem, tivemos que pagar pelo serviço.

Fomos a Cusco para visitar mais uns lugares, comprar uns últimos presentes e comer.

Chegamos no aeroporto duas horas antes do voo, que saiu às13h50. No check-in, eles perguntam se você leva folhas de coca. O rapaz da TACA, que falava português, nos dispensou da revista de bagagem, mas não o fez para o gringo que chegou depois. Ah, que gostosa vingança é ver um gringo sendo discriminado (risos)...

Na sala de embarque, o cara da lojinha de lembranças quis comprar minha camisa do Cruzeiro, mas era a única que eu tinha no corpo. O resto foi despachado.

Em Lima, perguntamos sobre táxis para conhecer a cidade enquanto aguardávamos o voo. O mais barato que nos ofereceram foi S/ 50. Achamos que não valia a pena pagar isso duas vezes para gastar 1h30 ou 2h em Lima. Então, nos acomodamos, deitamos e esperamos, levantando de vez em quando para dar uma volta. Gastei meus últimos S/ 30 soles com uma massagem. Sobraram só moedas de lembrança...

 

19/03

Finalmente, chegamos às 4h30 em Guarulhos e esperamos o voo de 8h00 para BH.

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Oi Anderson!

Seu relato está ótimo. Lí apenas a parte que me interessa (Machu Pichu e Puno). Amei o jeito que vc escreve, colocando sua opinião pessoal em cada detalhe da aventura. Obrigada por compartilhar. Estarei em MP e Puno em janeiro de 2012 e pretendo fazer a trilha Inca. Já anotei todas as dicas... Que sinistro sua visão na chegada de Puno...

Bjs e Boas Viagens!

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Oi Anderson!

Seu relato está ótimo. Lí apenas a parte que me interessa (Machu Pichu e Puno). Amei o jeito que vc escreve, colocando sua opinião pessoal em cada detalhe da aventura. Obrigada por compartilhar. Estarei em MP e Puno em janeiro de 2012 e pretendo fazer a trilha Inca. Já anotei todas as dicas... Que sinistro sua visão na chegada de Puno...

Bjs e Boas Viagens!

 

Que bom que agradou, Carla.

 

Se tiver dúvidas, pergunte. Talvez eu possa ajudar.

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  • Membros de Honra

Salve Anderson! Em julho vou pra lá com minha namorada, mas começamos em la paz e terminamos em lima, como vc sugeriu tbm.

Vamos as perguntinhas:

 

1º - Tem como ficar em la paz após o chacaltaya mesmo que o restante do grupo queira ir pro vale da lua? (tipo em el alto já serve, pq daí eu pego um taxi, ou coisa parecida)?

2º- o hotel que vcs ficaram em puno tem vista pro lago titicaca? alias, a vista de puno do lago é legal? pq eu e minha namorada pensamos em sair de la paz cedinho rumo a copacabana, almoçar lá e logo após o almoço ir pra puno, visitar as ilhas dos uros, durmir na cidade e cedinho ir pra cuzco (não queremos fazer puno-cuzco a noite, pq queremos chegar em cuzco no máximo ao anoitecer). que vc acha?

3º- será que é possivel fazer o city tour em cuzco aos domingos? será que eu encontro agência aberta ao menos pra comprar o boleto turistico? sabe se as atrações ao menos são abertas aos domingos?

 

Acho que por enquanto é isso. obrigado.

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Salve Anderson! Em julho vou pra lá com minha namorada, mas começamos em la paz e terminamos em lima, como vc sugeriu tbm.

Vamos as perguntinhas:

 

1º - Tem como ficar em la paz após o chacaltaya mesmo que o restante do grupo queira ir pro vale da lua? (tipo em el alto já serve, pq daí eu pego um taxi, ou coisa parecida)?

2º- o hotel que vcs ficaram em puno tem vista pro lago titicaca? alias, a vista de puno do lago é legal? pq eu e minha namorada pensamos em sair de la paz cedinho rumo a copacabana, almoçar lá e logo após o almoço ir pra puno, visitar as ilhas dos uros, durmir na cidade e cedinho ir pra cuzco (não queremos fazer puno-cuzco a noite, pq queremos chegar em cuzco no máximo ao anoitecer). que vc acha?

3º- será que é possivel fazer o city tour em cuzco aos domingos? será que eu encontro agência aberta ao menos pra comprar o boleto turistico? sabe se as atrações ao menos são abertas aos domingos?

 

Acho que por enquanto é isso. obrigado.

 

1 - Sim. No nosso caso, o ônibus passaria de qualquer forma em La Paz, antes de seguir para o Vale da Lua. Se só vocês quiserem descer, é só avisar e combinar um ponto de desembarque. Mas pergunte isso na agência para ter certeza.

 

2 - O hotel não tinha vista para o lago e, se tivesse, não seria grande coisa, pois o lago não é bonito em Puno, talvez por que a cidade não é pequena e a margem é ocupada pelas construções. Há hoteis perto do lago que talvez tenham visão para o lago, mas duvido que algum tenha uma visão satisfatória, pois os prédios são todos baixos. Só haveria, penso, um hotel cinco estrelas que te atenderia, se você puder pagar o preço. Ele fica afastado da cidade, no alto de um morro à beira do lago. Olha, acho Puno interessante, mas não é um lugar para namorar. Quem sabe vocês não pensam em dormir na Ilha do Sol em Copacabana? Sobre a viagem de dia, acho muito cansativa e não faria de novo, exceto com remédio para dormir.

 

3 - Creio que é possível fazer o city tour aos domingos. Cusco é voltada para o turismo e tudo voltado para o turismo se esforça para atender também em domingos e feriados. Muitas agências estarão abertas. Mas o boleto turístimo é vendido por um órgão público municipal... e esse não sei se abre no domingo...

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